Artigo: O fim muito próximo da guerra civil na Síria e a tentativa de fuga de Bashar al-Assad
Por Roberto Jorge Ramalho Cavalcanti | 06/12/2012 | PolíticaArtigo: O fim muito próximo da guerra civil na Síria e a tentativa de fuga de Bashar al-Assad
Roberto Cavalcanti é advogado, jornalista e estudioso em assuntos internacionais
A Agência de notícias France Press notícia que a violência na Síria causou mais de 42.000 mortos, em sua maioria civis, desde o início da revolta contra o regime de Bashar al-Assad há mais de 20 meses, de acordo com informações passadas nesta quinta-feira pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Segundo a ONG com sede em Londres, e que recolhe informações de uma rede de fontes militares e médicas ao menos 29.455 civis morreram desde 15 de março de 2011. O número de soldados mortos chega a 10.551 e o de desertores a 1.426.
De acordo com o presidente do OSDH, Rami Abdel Rahman "É preciso acrescentar outras 652 pessoas mortas, cuja identidade não pôde ser estabelecida", afirmou, o que eleva o número de mortos em 20 meses a 42.084.
Estes balanços não incluem, no entanto, as milhares de pessoas desaparecidas na prisão, nem a maioria dos mortos filas dos "chabiha" (milicianos pró-regime).
E o jornal Haaretz, de Israel, divulgou nessa quarta-feira (5.12.12) que o Presidente da Síria, Bashar al-Assad, estaria procurando asilo político na América Latina para ele próprio, para os seus parentes e para os seus aliados políticos.
Segundo a publicação, o Vice-Chanceler sírio, Faisal al-Miqdad, já teria apresentado cartas pessoais do líder para os governantes de Cuba, Venezuela e Equador.
A notícia foi divulgada por jornal israelense e confirmada por veículo da Venezuela. O jornal venezuelano El Universal confirmou a entrega de uma carta de Bashar al-Assad ao Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, na quarta-feira, 28 de novembro, antes dele viajar para Cuba, onde está fazendo tratamento contra o câncer.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, tem sido um grande apoiador de Bashar al-Assad desde o início do conflito, mas a sua posição diante do pedido de asilo do líder sírio não se tornou pública até o início desta semana.
A fuga do ditador e Presidente sírio, Bashar al-Assad, de deixar o seu país, segundo avaliação dos analistas internacionais são por diversos fatores, como o aumento da pressão internacional diante de uma suposta movimentação de armas químicas do governo sírio, assim como uma possível sinalização da Rússia de que as suas posições poderão ser reavaliadas em relação à Síria e ainda à intensa violência que ocorre em Damasco e em outras cidades do país.
Na quarta-feira, (5.12.12), o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, havia sugerido não ser a favor de um acordo para o asilo de Bashar al-Assad como forma de por um fim à guerra civil síria. Disse Ban Ki moon na oportunidade: “Quem comete violações de direitos humanos deve ser responsabilizado e levado à Justiça. Isto é um princípio fundamental dos direitos humanos.”
Por sua vez, o jornal The New York Times e o analista político russo Fyodor Lukianov disseram na terça-feira, (4.12.12), que Bashar al-Assad já se considerava um homem política e fisicamente morto. Ele acredita que poderá ser morto por membros do próprio governo, se deixar o país, ou por grupos de oposição, se ficar.
A guerra civil da Síria ou conflito armado sírio é um tipo de combate interno em atualmente em andamento na Síria, e que começou como uma série de grandes protestos populares em 26 de janeiro de 2011, progredindo para revolta armada em 15 de março de 2011, sendo influenciados por outros protestos simultâneos na região que foram batizados de “Primavera Árabe” e que terminaram por depor diversos ditadores como o da Líbia Muammar Kadafi, que terminou sendo assassinado pelos opositores rebeldes.
Segundo analistas internacionais as manifestações populares por mudanças na Síria objetivando tirar do poder o ditador Bashar al-Assad do governo foram descritas como "sem precedentes".
Segundo avaliação de analistas internacionais enquanto a oposição diz estar lutando para destituir o presidente Bashar al-Assad do poder para posteriormente instalar uma nova liderança mais democrática no país, o governo sírio afirma simplesmente estar apenas combatendo "terroristas armados que visam desestabilizar o país".
Em 29 de novembro passado, o Comitê Nacional de Coordenação para Mudança Democrática, único grupo de oposição "tolerada" e “aceito” pelo regime do presidente Bashar AL-Assad, que e que "repudia a interferência estrangeira nos assuntos internos sírios" afirma querer instaurar uma democracia na Síria, e que estava disposta a negociar com as autoridades sírias uma mudança no sistema político do país e propôs utilizar "agentes externos", mas apenas para conseguir frear a violência no país. A reunião deu-se na Rússia, uma aliada do atual regime sírio.
No entanto, outra organização auto-intitulada Coalizão Nacional Síria, grupo este formado pela união das principais frentes opositoras a Assad e reconhecida por governos ocidentais diz que o ditador sírio só está querendo ganhar tempo para permanecer no poder.
E nessa quarta-feira, (5.12.12), fontes internacionais afirmaram que o governo de Bashar AL-Assad prepara-se para fazer uso de armas químicas e biológicas o que foi repreendido pelo ocidente.
Segundo a imprensa dos EUA, a Secretária de Estado Americana Hilary Clinton disse que se o ditador da síria fizer uso dessas armas de destruição em massa, não haverá outra alternativa senão uma ação enérgica do governo americano e da OTAN.
Concluindo, creio que não existe outra maneira senão o ditador da síria negociar a saída do poder a fim de evitar uma intervenção militar dos EUA e da OTAN. Bashar al-Assad a essa altura não mais tem o apoio sequer de seus aliados mais próximos: a Rússia e a China.