Artigo: a intolerância dos Black Blocs
Por Roberto Jorge Ramalho Cavalcanti | 27/10/2013 | PolíticaArtigo: a intolerância dos Black Blocs
Roberto Ramalho é advogado, jornalista, articulista e blogueiro
Black bloc vem do termo inglês, black, que significa negro, e bloc, que significa agrupamento de pessoas para uma ação conjunta ou propósito comum.
Black bloc é o nome dado a um modo estratégico de manifestação e protesto de natureza anarquista, na qual grupos de afinidade– e que estão sempre mascarados e vestidos de preto -, se reúnem com objetivo de protestar em manifestações antiglobalização e/ou anticapitalistas, como, também, em Conferências, Congressos, entre outros eventos no qual sejam debatidos temas sobre capitalismo, reformas monetárias e fiscais etc, utilizando a propaganda pela ação para questionar o sistema vigente.
No último fim de semana vários integrantes do grupo “Black Blocs” espancaram e quebraram a clavícula de um comandante da polícia Militar em São Paulo.
“Após a intervenção de um de seus seguranças e de ser acompanhado por outros PMs ele gritou: ‘segura a tropa, não deixa ela perder a cabeça”.
Já está preso o acusado de ferir o coronel PM Reynaldo Simões Rossi, comandante do policiamento da área central de São Paulo.
O elemento foi detido junto com outras 77 pessoas que participaram da manifestação no Terminal Dom Pedro II, na noite de sexta-feira (25).
Os outros 77 detidos foram liberados. O comandante foi espancado por 10 manifestantes mascarados adeptos à tática "black bloc" - que pregam o dano ao patrimônio público e privado como protesto.
Tudo aconteceu durante o ato que terminou em confronto e vandalismo na região central de São Paulo.
Algumas pessoas o agridem com pedaços de madeira e chutes. O policial foi atingido na parte de trás da cabeça e teve a clavícula quebrada.
Enquanto era socorrido, fez um apelo aos gritos a um subordinado dizendo: "Segura à tropa, não deixa a tropa perder a cabeça".
Durante a agressão, o coronel teve a sua pistola ponto 40 e um rádio comunicador roubados pelos integrantes do grupo anarquista, que não tem uma liderança fixa, um cabeça comandando o movimento, embora sejam extremamente organizados.
As Polícias Militar e Federal, além da ABIN, estão infiltrando seus membros para melhor definir como funciona o grupo delinquente.
Por conta desse episódio a presidente Dilma Rousseff classificou neste sábado (26.10.13) na sua conta do twitter como "barbárie" os atos de vandalismo ocorridos na noite de sexta-feira em São Paulo e cobrou punição dos responsáveis pelo quebra-quebra realizado por mascarados na região central da cidade.
"São barbáries antidemocráticas. A violência cassa o direito de quem quer se manifestar livremente. Violência deve ser coibida", afirmou a presidente por meio do microblog Twitter.
E acrescentou: "As forças de segurança têm a obrigação de assegurar que as manifestações ocorram de forma livre e pacifica".
Na sequência, ela cobrou que a Justiça puna os abusos, nos termos da lei. Os atos de vandalismo que geraram destruição no centro da cidade teve início durante o Ato do Movimento Passe Livre (MPL) em defesa do transporte gratuito.
Depois de sair do Terminal Parque Dom Pedro II e caminhar até a Praça da Sé,
a manifestação pela Tarifa Zero foi violentamente atacada pela PM com bombas e balas de borracha.
E em entrevista exclusiva ao Jornal Nacional na tarde de sábado (26), o coronel Reynaldo Rossi disse que foi surpreendido por um "grupo de vândalos, de criminosos", durante um tumulto na noite da sexta-feira (25) no terminal de ônibus do Parque Dom Pedro II, no Centro de São Paulo.
Ele concedeu a entrevista depois de receber alta do Hospital das Clínicas, para onde foi levado após ser violentamente agredido por um grupo de manifestantes conhecidos como black blocs.
Durante a entrevista o coronel narrou o momento em que foi cercado pelos manifestantes. Disse ele: “Fomos surpreendidos por um grupo de vândalos, de criminosos. Eles passaram a agredir a mim e a meu policial. Me recordo que fui projetado ao solo a partir de uma pancada na cabeça que eu levei. Na segunda onda de agressões, eu já estava perdendo um pouco a lucidez”, sustentou.
Apesar da violência com que foi brutalmente atacado, ele afirmou que não chegou a temer pelo pior. “A Polícia Militar não teme pelo pior. Eu, assim como todos os meus 60 policiais feridos, a gente cumpre a nossa parte”, disse.
O coronel é conhecido por ser o negociador da Polícia Militar nas manifestações que acontecem na região central de São Paulo.
De acordo com ele, há uma minoria que não aceita negociar. “Eu presumo que existe uma minoria que não quer interlocução, não quer negociação. Mas existe, sim, uma maioria que em conjunto com a Polícia Militar poderia coibir a invasão desses criminosos nas manifestações legitimas”, disse.
Embora o coronel afirme que o sentimento é de dever cumprido, pede mudanças na legislação. Disse ele: “Estou me sentindo como todos os policiais que se feriram até hoje, sentimento de dever cumprido, mas com uma clareza muito grande que só uma mudança legislativa e um conjunto de ações que transcendam as ações de polícia vão poder resolver esse problema”, ressaltou.
Mesmo ferido, ele procurou conter o ânimo dos seus comandados para preservar a integridade física das pessoas que transitavam pelo terminal de ônibus naquele momento. “Quando consegui chegar junto a policiais militares fardados, por cautela e formação profissional, pedi para alertar aos comandantes para continuar com a mesma estratégia operacional que havíamos adotado para aquela manifestação. Qual seja: garantir a ordem, preservar a integridade física das pessoas e que o fato de eu ter sido atingido não deveria mudar essa orientação”, revelou.
Segundo ele, a agressão sofrida foi um ataque ao estado democrático de direito. “Não é o homem que está sendo atingido ali, é o estado de direito. É o estado que está ali para inclusive garantir esse direito de livre manifestação”, destacou.
Isso tudo só demonstra e evidencia que é necessário urgentemente mudar o Código Penal Brasileiro, assim como o Código de Processo Penal, para que se possa enquadrar esse tipo de protesto criminoso, ilegal, intolerante, não pacífico, submetendo os denominados Black blocs ou outros vândalos a penas severas, além de prever a indenização pela destruição dos patrimônios público e privado.