ARTES NO ENSINO MÉDIO: UMA NECESSIDADE

Por GENECI DE SOUZA | 22/05/2017 | Educação

INTRODUÇÃO
O artigo tem o objetivo de mostrar que o ensino de Arte está alicerçado em dois pilares: a formação estética e o desenvolvimento cultural, importantíssimos no ensino médio para a construção de conhecimentos através da diversificação de linguagens e meio de expressão e comunicação.
O ensino de Arte no ensino médio deve desenvolver nos alunos um olhar diferenciado, sensível e crítico e promover espaço para manifestações espontâneas, através de atividades nos mais variados campos: artes visuais,
cênicas, música, dança e outros., sempre com a orientação dos professores.
Profissionais da educação devem entender que a produção de Arte na escola deve ser sempre contextualizada, promovendo a inserção do educando no mundo. Precisam também pensar na organização dos trabalhos, compreendendo o que é Arte e qual a sua importância nas aulas.
Sabemos que nossos alunos são oriundos de uma sociedade onde existe uma multiplicidade de culturas, por isso é de suma importância que as instituições de ensino médio promovam uma “educação em arte” que contribua para formar cidadãos conhecedores da Arte, elaborando propostas diversificadas com o intuito de melhorar a qualidade da Educação Escolar artística e estética de maneira que este ensino tenha um papel significativo na vida dos educandos.

 Palavras chave: Arte, conhecimento, diversificação de linguagemção de linguagem.

 

A Arte não tem importância para o homem somente como instrumento para desenvolver sua criatividade, sua percepção etc., mas tem a importância em si mesma, como assunto, como objeto de estudo (BARBOSA, 2000).
Devido o importante papel que a Arte ocupa na vida das pessoas e na sociedade, desde os primórdios da civilização, ela tem seu espaço reservado na educação geral e escolar desde a década de 1980.
A Arte nada mais é do que a manifestação da criatividade dos seres humanos.
Segundo Ferraz e Fusari (1999, p. 16) essa “atividade criativa é inerente ao ser humano por suas potencialidades, múltiplas combinações de idéias, emoções e produções nas diversas áreas do conhecimento”.
Ela apresenta aspectos muito particulares que precisam ser conhecidos independentemente de estarmos estudando ou produzindo Arte.
Quando nascemos, já entramos num mundo com uma história social e com várias produções que estruturam o nosso olhar estético.
Contemplamos seres da natureza e objetos culturais, ouvimos músicas e histórias, participamos de jogos e temos acesso a várias informações em nosso cotidiano através dos livros ilustrados, feiras, exposições, televisão, revistas, cartazes etc.
Por meio de tudo isso é que construímos nossa própria maneira de admirar, gostar ou não, julgar e também produzir Arte, de acordo com nosso grupo social.
As obras de arte, por exemplo, estão presentes em nossa vida, influenciando direta e indiretamente nossas manifestações estéticas.
Quando um autor ou artista produz uma obra, ele está na verdade, representando seu mundo natural e cultural, manifestando através dela, sua sensibilidade, sua imaginação, seus pensamentos e emoções, agindo e reagindo frente às pessoas e ao mundo à sua volta, de forma abrangente e diversificada.

A Arte deve compor os conteúdos de estudo e mobilizar as atividades que diversifiquem e ampliem a formação artística e estética dos estudantes. As vivências emotivas e cognitivas tanto de fazeres quanto de análises do processo artístico nas modalidades artes visuais, música, teatro, dança, artes audiovisuais, devem abordar os componentes do processo artístico (artistas – obras – público – modos de comunicação) e suas maneiras de interagir na sociedade. (FERRAZ; FUSARI, 1999, p. 17).


As escolas de ensino médio , portanto, deve abrir espaço para que educandos, entendam o processo artístico e sua história, constituam novos saberes artísticos e estéticos e, com a mediação dos professores, desenvolvam e vivenciem a Arte tanto na prática como na teoria, adquirindo condições para analisar diferentes produtos culturais, compará-los e ampliar seu raciocínio crítico.
Para tanto, torna-se imprescindível o conhecimento da Arte e sua história, das influências culturais que nela são incorporadas e das práticas artísticas. É necessário que se faça uma análise de como a inter-relação artística e estética vem ocorrendo no processo histórico-social da humanidade e de que forma tais relações geram valores, conceitos de mundo, conceitos sobre o ser humano, gostos variados e diversos grupos sociais.
Ao longo da história o ensino de Arte no Brasil vem ocorrendo através da constituição de práticas pedagógicas artísticas em diversos momentos.

Uma referência importante para compreender o ensino de Arte no Brasil é a célebre missão Artística Francesa, trazida em 1816, por Dom João VI, quando foi criada a Academia Imperial de Belas Artes, que após a proclamação da República passou a ser chamada de Escola Nacional de Belas Artes. O ponto forte dessa escola era o desenho com a valorização da cópia fiel e utilização de modelos europeus. (MARTIN Set al. 1998, p. 10).

Principalmente no Estado de Minas Gerais, o Brasil passava pela explosão do estilo Barroco, porém o estilo assumido pelas elites e classes dirigentes como “mais moderno” foi o Neoclassicismo.
Nessa época a Arte era considerada “artigo de luxo”, acessível apenas à elite privilegiada e, nesse tempo, não se valorizava nenhuma produção artística que não tivesse a conotação “de luxo”.
A partir dessa época, o ensino da Arte centrava- se no autoritarismo (valorização do produto e da figura do professor como dono absoluto da verdade). Nessa fase, a ênfase estava no desenho e ensinava-se a copiar modelos. Todos elaboravam o mesmo desenho e o professor os avaliava segundo critérios de boa coordenação motora, precisão, técnica, limpeza e ordem nos trabalhos, acreditando que contemplando esses itens os alunos estariam preparados para a vida profissional, uma vez que eram em sua maioria, desenhos técnicos ou geométricos com o objetivo de servir à ciência e à produção industrial utilitária.

necessárias para a proposição das aulas. Por volta dos anos 1970 / 1980 a situação se agravou e essa disciplina passou a ter um caráter indefinido.

Assim, em 20 de Dezembro de 1996 a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LBD, nº 9.394) estabeleceu em seu artigo 26 parágrafo 2º que o ensino da Arte passaria a ser obrigatório em todos os níveis da educação básica, visando o desenvolvimento cultural dos alunos. Os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) de Arte estabeleciam que a área passasse a ser designada Arte e não mais Educação Artística, com conteúdos ligados à cultura artística e não simplesmente como atividade.
Desta forma, o conhecimento sobre a Arte tornou-se ponto principal, articulando-se em três eixos: criação/produção, percepção/análise e conhecimento da produção artístico-estética da humanidade
(histórica e culturalmente). Segundo os PCNs de Arte, esses três eixos denominam-se: produção, fruição e reflexão.

 

A produção refere-se ao fazer artístico e ao conjunto de questões a ele relacionadas, no âmbito do fazer do aluno e dos produtores sociais de arte. A fruição refere-se à apreciação significativa de Arte e do universo a ela relacionado. Tal ação contempla a fruição da produção dos alunos e da produção histórico-social em sua diversidade. A reflexão refere-se à construção de conhecimento sobre o trabalho artístico pessoal, dos colegas e sobre a Arte como produto da história e da multiplicidade das culturas humanas, com ênfase na formação cultivada do cidadão. (BRASIL, 1998a, p. 56).

A escola tem a tarefa de proporcionar nos educandos, em cada nível Até 1950 o ensino da música não teve muita ênfase nas escolas, pois se resumia na memorização dos hinos pátrios. Só depois dessa década é que este ensino entrou para o currículo escolar.

Na mesma época foram criadas as “artes domésticas”, “trabalhos manuais” e “artes industriais”.
Nessas aulas eram separados grupos de meninos e grupos de meninas, pois havia artes consideradas de caráter feminino (bordado, tricô, roupinhas de bebê, aulas de etiqueta) e artes de caráter masculino (uso de serrotes, serrinha, martelo para produzirem bandejas, porta-retratos, tapetes de sisal e outros.).
Por volta das décadas de 1950 e 1960 surge um movimento chamado Escola Nova, que já acontecia na Europa e EUA desde o final do século XIX.
Esse movimento sugeria um ensino centrado no aluno, nas aulas de Arte, valorizando a livre expressão e a importância do processo do trabalho.
O professor abria espaço para que os alunos se expressassem de forma espontânea e pessoal, instigando a criatividade, ponto-chave no ensino da
Arte.


Porém, essa prática escolar valorizava demais o processo sem se preocupar com os resultados e como os alunos tinham uma aula muito livre em termos de produção, não se conquistava muitos conhecimentos em termos de aprendizagem de Arte.
Para dirimir esses problemas, em 1971, com a Lei nº 5.692, foi agregada ao currículo escolar a disciplina de Educação Artística, que tinha por objetivo trabalhar os seguintes aspectos: conteúdo de música, teatro, dança e artes plásticas, nos cursos de 1º e 2º graus. Com isso foi criada a figura de um único professor que deveria abarcar toda essa diversidade de competências.

Embora a criação dessa disciplina tenha sido considerada um avanço para a formação dos indivíduos, havia problemas em relação ao preparo dos professores que não tinham todas as habilitações de desenvolvimento, a compreensão da linguagem da Arte por meio da utilização dos recursos pessoais, habilidades, pesquisa de materiais e técnicas, avaliação dos possíveis significados das formas, sob pontos de vista variados, bem como ressaltar a importância de se conhecer a cultura em que o trabalho artístico foi produzido, a história da Arte e os elementos e princípios inseridos na produção artística. Os educandos devem compreender o “fazer artístico” como ampliação de conhecimentos específicos sobre sua relação com o mundo que os cerca e como aquisição de capacidades de percepção, imaginação, sensibilidade etc.
Ana Mae Barbosa salienta que: Por meio da Arte é possível desenvolver a percepção e a imaginação, apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo ao indivíduo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada. (BARBOSA, 2002, p. 18).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam como objetivos do ensino fundamental que os educandos sejam capazes de:1.
Perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente;
Desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania;
Conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva;
Utilizar as diferentes linguagens – verbais, matemática, gráfica, plástica e corporal – como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias, interpretar e usufruir das produções culturais em contextos públicos.

A Linguagem é uma forma de comunicarmos com o mundo e através da arte exercitamos nosso modo de olhar, agir e nos conscientizamos da realidade que nos cerca.
Nesses termos, a aprendizagem artística passa a ser constituída como um conjunto de diversos, tipos de competências com o objetivo de trazer novos significados, que se modificam no tempo e no espaço, transformando o ser humano e promovendo a percepção das diferenças e semelhanças expressas nas produções artísticas em diferentes contextos históricos.
O objetivo principal do trabalho com linguagens artísticas no ensino médio é fazer com que os educandos adquiram sensibilidade e aprendam a lidar com sons, melodias, ritmos, imagens, formas, cores, falas, gestos, bem como ter acesso às obras produzidas por artistas e por elas próprias.
As atividades que são propostas com o intuito de promover a expressividade dos educandos devem ser muito bem pesquisadas, eles precisam estar familiarizados tanto com os materiais utilizados como com o processo do fazer artístico.
No ensino médio, primeiramente, os professores precisam verificar o que os educandos já sabem, a forma como se expressam que tipos de trabalho gostam de produzir, ver e escutar. e posteriormente propor atividades que façam sentido para elas. Os educadores devem trabalhar para desenvolver a imaginação do alunado e isso pode ser feito através de jogos simbólicos, narrativa de histórias e trabalhos diversos com desenho, música e teatro. Quanto mais diversificadas forem as propostas de trabalho com os educandos mais elas ampliarão suas percepções sensoriais, articulando as linguagens que já conhecem ou até mesmo criando novas linguagens.
A arte deve ser fonte de alegria e prazer, pois ela exerce grande influência no desenvolvimento da personalidade, estimulando os sentidos e a imaginação podendo o indivíduo expressar pensamentos e sentimentos.
Ainda hoje, o que vemos em relação ao trabalho com linguagens visuais são atividades que não ampliam o universo dos educandos, pois a criação visual é tida como simples recreação, passatempo ou entretenimento. Um exemplo disso é o trabalho de pintar desenhos prontos, repetido diversas vezes ao longo do ano. Atividades como essa seguem na contramão dos objetivos reais da Arte que apontam para o desenvolvimento e para a manifestação de todo potencial criativo educacional.
No campo da produção visual, a arte do ensino médio e em outros níveis de ensino deve-se cultivar a expressão do educando no sentido de promover experiências voltadas inicialmente para o modo exploratório, a fim de que eles possam se apropriar de diferentes procedimentos. Dessa forma, o educando compreendendo alguns aspectos das linguagens visuais como contraste, tamanho e cor acaba por relacioná-los a outros aspectos de outras linguagens através da leitura, fruição e produção de atividades organizadas culturalmente com a pintura, a escultura, a fotografia e a colagem.
As Artes Visuais estão presentes no dia a dia do individuo. Quando rabiscam ou desenham nas paredes ou no chão, na areia, nos muros utilizando-se de materiais que sempre encontram por acaso, como gravetos, carvão, pedrinhas e outros, estão na verdade trabalhando sentimentos e pensamentos através da organização de diferentes linhas, formas, pontos, traços, volume, espaço, cor e materiais.
Se levarmos em conta que a Arte na educação deve ser vista como algo que colabora para o conhecimento dos educandos e não apenas como auto- expressão, é necessário que estes tenham acesso às informações e transformações da Arte no decorrer da história, desde o passado até os dias atuais, ampliando o seu panorama cultural. Há quatro anos (15 de junho de 2010) o então presidente Luís Inácio Lula da Silva sancionou a lei 12.247, substituindo o parágrafo segundo do artigo 26 da lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB). O novo texto ratifica a obrigatoriedade do ensino da arte nas escolas de Educação Básica (Educação infantil, Ensino Fundamental e Médio. “especialmente em suas expressões regionais”. O objetivo era promover o desenvolvimento cultural de todos os educandos.

O ensino da arte no ensino médio não é promover atividades de recreação, expressão criativa ou treino de habilidades motoras, mas principalmente que através da disciplina os educandos ampliem seus conhecimentos teóricos sobre ela, conhecendo como se produz uma obra de arte, passando pela apreciação do produto pronto, analisando cada aspecto envolvido e refletindo acerca do contexto histórico que envolve uma obra.
É de suma importância que os educandos adquiram conhecimento de novas tecnologias para utilizar em suas próprias produções e que através das diferentes linguagens artísticas passem a reconhecer e se apropriar dos mais variados significados, das possíveis interferências culturais, econômicas e políticas intrínsecas em determinados trabalhos artísticos.
Por intermédio de desenhos, pinturas, modelagens, fotografias, cartazes e outros tipos de produções artísticas, os alunos do ensino médio precisam ter a oportunidade de vivenciar diversas experiências da prática artística e quanto maior for o número de formas de arte conhecidas por eles, maior será a sua capacidade de exercitar o seu processo criador, obtendo um maior domínio artístico e estético sobre suas obras e também ampliando de forma progressiva e significativa os seus conhecimentos sobre o papel que a Arte desempenha nas culturas humanas.
Tradicionalmente temos como artes visuais aquelas que envolvem a pintura, a escultura, o desenho, a gravura, a arquitetura, o artefato, o desenho industrial e outros. Com a modernidade e devido aos avanços tecnológicos, passamos a ter também incluídos nas artes visuais a fotografia, as artes gráficas, o cinema,
a televisão, o vídeo, a computação. Todas essas variações e possibilidades possuem um modo particular de utilização e trazem em si inúmeras possibilidades de combinações que devem ser utilizadas pelos alunos para a comunicar e expressar.
O trabalho com Artes Visuais implica na relação de elementos como pontos, formas, linhas, planos, cores, brilhos, luzes, movimentos e outros.
Esses elementos se articulam entre si originando uma configuração de códigos que sofrem modificações ao longo dos tempos.
O papel da escola é trabalhar com os educandos (além das informações históricas, produtores de obras e cultura) a percepção, imaginação, sensibilidade, compreendendo os conceitos de determinada obra e assumindo uma postura crítica diante da mesma.
Os movimentos físicos são as primeiras formas de aprendizagem do individuo e estão diretamente relacionados à sua atividade mental. Em nosso dia a dia estamos constantemente em movimento, buscando, inconscientemente, explorar o ambiente e adquirir uma melhor mobilidade.
Nesse contexto, as atividades relacionadas à dança no ambiente escolar do ensino médio buscam desenvolver nos educandos uma melhor compreensão de como o seu corpo funciona e como utilizá-lo com maior autonomia, inteligência e sensibilidade.
Nas atividades em grupo, o improviso tem a importante função de oportunizar experiências com a sua plasticidade corporal, potencialidades motoras e relacionamento interpessoal, onde eles entenderão que as expressões e habilidades devem sempre se pautar no respeito e na cooperação.
Desse modo, a proposta dos PCNs de Arte (BRASIL, 1998a) pressupõe três blocos de conteúdos:
a) A comunicação e expressão humanas através da dança (imitação e recriação de movimentos individuais, através da exploração de gestos e movimentos observados em dança);
b) A dança como manifestação coletiva (movimentos diversos em duplas, grupos etc.);
c) A dança vista como produto cultural e de apreciação estética (reconhecimento de estilos de dança e aspectos artísticos de diferentes culturas regionais, nacionais e internacionais).
Em relação ao ensino da música, é necessário priorizar propostas que permitam ao educando trazer para a sala de aula toda a diversidade musical a que temos acesso hoje (devido aos avanços tecnológicos). Somente por meio da diversidade é que o educando poderá construir hipóteses sobre nosso patrimônio musical e obter crescimento pessoal nas atividades de apreciação e produção musical.

O teatro foi concebido como arte pelos gregos.
Inicialmente as apresentações simbolizavam as concepções religiosas, depois passaram a ter um caráter mais centrado na cultura e no conhecimento.
Todo individuo tem dentro de si a capacidade teatral. Portanto, é tarefa da escola proporcionar condições para que os educandos possam exercitar essa capacidade de maneira consciente, colaborando para a obtenção e ampliação progressiva da linguagem dramática.
Ao permitir que os educandos tenham liberdade para imaginar, perceber, intuir, bem como demonstrar sua emoção, raciocínio e memória, a escola está, na verdade, inserindo – aos poucos – no universo desses indivíduos, a visão crítica e o conhecimento de conteúdos sociais e culturais de seus grupos.
Entendemos que no ensino médio o teatro tem como objetivo promover, de forma individual, a ampliação das capacidades expressivas e artísticas dos educandos, maior domínio do próprio corpo, melhor verbalização e maior capacidade de organização do tempo. Torna-se necessário também exercitar as relações interpessoais, melhorando o diálogo, o respeito mútuo, a flexibilidade, a cooperação e a compreensão das diferenças, tão importantes nas atividades teatrais.

 

CONCLUSÃO

O ensino de Arte proporciona o desenvolvimento de habilidades e a ampliação de conhecimentos em diversas áreas de estudo. Enfim, ela faz parte do conhecimento humano por suas potencialidades múltiplas, combinações de ideias, emoções e produções nas diversas áreas do conhecimento. Ela apresenta aspectos muito particulares que precisam ser conhecidos independentemente de estarmos estudando ou produzindo Arte. Devido ao importante papel que a Arte ocupa na vida das pessoas e na sociedade, desde os primórdios da civilização, ela tem seu espaço reservado na educação geral e escolar desde a década de 1980. Os PCNs de Arte estabeleciam que a área passasse a ser designada Arte e não mais Educação Artística, com conteúdos ligados à cultura artística e não simplesmente como atividade. Desta forma, o conhecimento sobre a Arte tornou-se ponto principal, articulando-se em três eixos: criação/produção, percepção/análise e conhecimento da produção artístico-estética da humanidade (histórica e culturalmente).
Ao construir seus conhecimentos artísticos os educandos fazem relações entre o seu processo de criação e sua reflexão pessoal sobre diversas linguagens. Passam a manifestar seu ponto de vista, colocando- -se como conhecedores e produtores de Arte.
Assim, no ensino médio, o educando aprendiz de Arte, terá um sentimento de competência para criar e interpretar objetos artísticos e aprenderá a Arte de modo a compreendê-la como produção social e histórica, mantendo uma atitude transformadora, buscando seu aprendizado dentro e fora da escola por meio do contato permanente com todos os tipos de manifestações artísticas.
É importante lembrar que o estudo representa apenas o início de sua trajetória para a construção de conhecimentos sobre arte.

REFERENCIAS

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental: arte. Brasília, 1998 a.
______. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, 1998b.

BARBOSA, A. M. T. B. Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo: Cortez, 2002.

FERRAZ, M. H. C. T.; FUSARI, M. F. R. Arte na educação escolar. São Paulo: Cortez, 1999.

MARTINS, M. C.; PICOSQUE, G.; GUERRA, M. T. T. A didática do ensino da arte: a língua do mundo. São Paulo: FTD, 1998.