ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por MAIRA LEILAINE PEREIRA DA SILVA | 29/10/2016 | EducaçãoRESUMO
É impossível falar de Arte e educação sem citar a sustentabilidade como principal elemento dessa atividade.
Trabalhar com arte e sustentabilidade requer sensibilidade pois o que se quer com tal atitudes é trabalhar de maneira educativa e conscientizar da utilidades da matéria prima reciclável como produto da própria Arte.
Todo trabalho cultural, seja ela manual ou não, deve ser incorporado por meio da expressividade dos alunos, da tendência cultural que a comunidade já possui. As práticas culturais predominantes da comunidade são as melhores possibilidades de exploração das capacidades do aluno e de construção dos repertórios próprios, o que facilita a concepção de artesanato difundida em uma comunidade.
EDUCAÇAO INFANTIL E CRIATIVIDADE
Até recentemente a educação infantil não estava inserida no ciclo básico, mas a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.394/96 permitiu que este estágio pedagógico encontrasse sua própria posição no esforço de formação das crianças; da mesma forma a arte abriu caminho neste espaço pioneiro, uma vez que ela exerce uma tarefa essencial nesta esfera educacional, englobando os fatores do conhecimento, da sensibilidade e da cultura.
A criança assim como o artista tem uma mentalidade muito parecidapois ambos ingressam facilmente no universo do faz de conta e aplicam o dom de fantasiar a tudo fingindo que algo é alguma coisa muito diferente. Assim, uma simplestoalha de banho torna-se uma capa de super herói.
As crianças veem o mundo de uma forma diferente e assim o tratam.
Este período criativo permanece na criança até cerca de 6 ou 7 anos de idade, por conta de inúmeros fatores psíquicos, e a partir deste momento a maior parte dos indivíduos deixa de lado esta tendência potencial e segue outros caminhos. Neste momento tudo passa a ser como tal e os momentos de criação tornam-se cada vez mais inexistentes. Infelizmente os movimentos pedagógicos dominantes, ao invés de estimular os futuros adultos a desenvolverem seus dons artísticos, optam por refrear os impulsos criativos e a livre capacidade de expressão dos aprendizes. As escolas e os meios também ajudam. Podam os seres criativos e os tornam leitores da vida real.
Assim, a educação, que deveria privilegiar a liberdade de manifestação dos alunos, acaba por reprimir o lado perceptivo das crianças, antes que possa ser plenamente aprimorado. Os professores levam para as salas de aula seus pontos de vista sobre a arte, o qual espelha o discurso predominante na esfera social. Assim, eles reforçam determinadas ideias, como, por exemplo, a de que a produção artística é algo que emana do nada, da mente de um gênio criador.
Desta forma, a ideia que estes professores têm sobre o ensino da arte reflete-se nos seus planejamentos, na aplicação dos métodos à prática pedagógica, na seleção dos instrumentos com os quais os alunos irão trabalhar, e na própria interação do aluno com esta disciplina. Não é de se admirar, portanto, que eles ofereçam aos estudantes atividades que envolvem a pintura de imagens mimeografadas, cópias de linhas distintas, colagens sobre formatos anteriormente elaborados pelos mestres, bem como o aprendizado de variadas técnicas artísticas.
A maior parte dos educadores não leva em conta que tais metodologias estão completamente defasadas dos modernos mecanismos de interação com o campo visual, não se ajustam à relação que, desde cedo, as crianças mantêm com o universo imagético. Não levam em conta que estes são os causadores de pessoas cada vez mais criativas que poderiam contribuir mas ao invés matam a criatividade já nas escolas com seus imensos e insignificativos planejamentos. Neste caso, o critério de excelência das aulas destes docentes, é o quanto o aluno consegue aproximar sua produção artística do molde que lhe foi concedido. Não importando se quer a liberdade de interpretação de cada criança ou o toque de qualidade de sua obra, independente da fidelidade ao modelo imposto pela prática pedagógica.
Edith Derdik (1989), alerta sobre o quanto os imaginários infantis sendo mediados e formulados pelas diversas produções culturais, dizendo que:
Cada vez mais a conduta infantil.......
A ARTE E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
As Artes Visuais são linguagens, por isso é uma forma muito importante de expressão e comunicação humana, isto justifica sua presença na educação infantil. O ensino de Arte aborda uma série de significações, como o senso estético, a sensibilidade e a criatividade.
A criança desde bebê se interessa pelo mundo de forma muito peculiar. Ela emite sons, movimenta seu corpo, “rabisca” as paredes da casa e desenvolve atividades rítmicas. Ela interage com o mundo sem precisar ser estimulada por ninguém. Por si só, ela produz e realiza a arte.
Fazer arte reúne processos complexos em que a criança sintetiza diversos elementos de sua experiência. No processo de selecionar, interpretar e reformar, mostra como pensa, como sente e como vê. A criança representa na criação artística o que lhe interessa e o que ela domina, de acordo com seus estágios evolutivos. Uma obra de arte não é a representação de uma coisa, mas a representação da relação do artista com aquela coisa. [...] Quanto mais se avança na arte, mais se conhece e demonstra autoconfiança, independência, comunicação e adaptação social. (ALBINATI, 2009, p. 4).
Desta forma, a arte propicia à criança expressar seus sentimentos e ideias, colocar a criatividade em prática, fazendo com que seu lado afetivo seja realçado.
O professor além de utilizar as artes visuais para trabalhar o afetivo e a interação social da criança, deve utilizá-las no auxílio da motricidade infantil, que no geral, deve ser bem trabalhada desde a infância para que futuramente, ela possa sentir a diferença desse recurso na sua vida pessoal, escolar e profissional de todos.
Trabalhar com as diferentes modalidades da disciplina Arte, possibilita ao professor enriquecer seu repertorio e contribuir não só para a vida do educando mas também para as suas praticas docentes.
Nas aulas de arte a criança deve ter liberdade para exercer sua criatividade, executar ideias criativas, caprichar, picar papel, pintar com as mãos, modelar com a imaginação.
A arte possibilita varias aprendizagens. Barbosa (2003, p. 4) ressalta que: Arte não é apenas básica, mais fundamental na educação de um país que se desenvolve. Arte não é enfeite, arte é cognição, é profissão e é uma forma diferente da palavra interpretar o mundo, a realidade o imaginário e é conteúdo. Como conteúdo, arte representa o melhor trabalho do ser humano.
CONCLUSÃO
Os estudos sobre a educação estética, a estética do cotidiano, complementando a formação artística dos alunos, bem como, o encaminhamento pedagógico- artístico que tem por premissa básica a integração do fazer artístico, a apreciação da obra de arte e sua contextualização histórica são preconizados nos PCNs (1998, p. 31).
As Artes de um modo geral estão presentes no cotidiano da vida infantil. Ao rabiscar e desenhar no chão, na areia e nos muros, ao utilizar materiais encontrados ao acaso (gravetos, pedras, carvão), ao pintar os objetos e até mesmo seu próprio corpo, ao dançar, ao fazer de conta, ao brincar, a criança pode utilizar-se das Artes para expressar experiências vividas.
Desse modo, em diferentes contextos socioculturais e/ou nas salas de aula, nossa sensibilidade e nossas formas expressivas devem estar em consonância com a da vida das crianças, propiciando e proporcionando atividades e exercícios que possam exercitar os processos sensíveis e criativos dessas crianças.
Desta forma, é fundamental que as crianças desenvolvam-se com alegria, ao brincar. Que elas construam e descubram o mundo, existente a sua volta, tendo sempre como figura presente o professor, que exerce papel fundamental neste processo de descoberta da criança, abrindo a mente para novas ideias e novos materiais, não só entendendo, mas vivenciando as linguagens da arte juntoa criança.
Para Martins, Picosque e Guerra (1998, p. 94):(...) a aula de arte não é apenas a sala de aula, seja ela específica para seu uso ou não, pois a arte também é um convite para sair de suas quatro paredes. Expedições exploratórias pela escola e seus jardins, mesmo que sejam diminutos, ou pelos arredores, certamente abrirão oportunidades de olhar e escutar pelos olhos do pensamento, do sentimento, da percepção, da imaginação.
Então, o professor que é o principal mediador destes saberes deve ousar criar, participar, imaginar e submeter-se as novas ideias e perspectivas no âmbito da arte, sejam elas nas escolas, nas salas de aulas, nos museus, nas praças ou em outro lugar. Ele deve liberar seu lado infantil ao mesmo tempo que estabelece um olhar crítico e positivo em torno das atividades desenvolvidas pelas crianças buscando sempre um olhar reflexivo diante dos rabiscos, desenhos, expressões etc.
A partir do momento em que o professor torna a arte como algo importante para a formação cognitiva da criança, este está abrindo um leque de possibilidades e alterando a forma como este educando irá encarar o mundo. Tem a partir daí uma visão mais criativa, sensitiva de tudo o que o cerca. Segundo Buoro (2003, p. 20):
A Arte, enquanto linguagem, interpretação e representação do mundo, é parte deste movimento. Enquanto forma privilegiada dos processos de representação humana, é instrumento essencial para o desenvolvimento da consciência, pois propicia ao homem contato consigo mesmo e com o universo.
BIBLIOGRAFIA
BARBOSA, Ana Mae. Arte Educação no Brasil: do modernismo ao pós-modernismo. São Paulo, 2003. Disponível em: http://www.revista.art.br/site-numero-00/anamae.htm Acesso em: 26 abr. 2010.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : arte, Brasília : MEC, 1998.
BUORO, Anamélia Bueno. O Olhar em Construção: uma experiência de ensino e aprendizagem da arte na escola, 3 ed. São Paulo: Cortez, 2000.
COLL, César; TEBEROSKY, Ana. Aprendendo arte: conteúdos essenciais para o ensino fundamental, São Paulo: Ática, 2000.
MARTINS, Mirian C.; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha Telles. Didática do ensino de arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte, São Paulo: