Arrependimento e o autogerenciamento vivencial
Por CLÁUDIO DE OLIVEIRA LIMA | 01/02/2012 | PsicologiaARREPENDIMENTO E O AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL
Para o autogerenciamento vivencial, arrependimento quer dizer mudança de atitude, ou seja, atitude contrária àquela tomada anteriormente. Na realidade, o arrependimento se restringe a um pedido de perdão, de desculpa; não é visto como uma ferramenta de autotransformação. Embora, em ambos os casos, é necessária a admissão do erro, há neles caminhos diferentes. O primeiro nos induz à autorreflexão que inicia o processo de autotransformação que, por sua vez, nos leva à mudança de atitudes. Já o segundo caracteriza uma intenção cujo objetivo é o de somente nos libertar de um sentimento de culpa.
O arrependimento, segundo o autogerenciamento vivencial, pode ser entendido de duas maneiras: em relação ao tempo vivencial e em relação ao tempo virtual, social.
Em relação ao tempo vivencial:
Como o tempo vivencial só tem presente, não é possível arrepender-se das atitudes e comportamentos realizados. O acontecido agora faz parte do passado, logo só pode ser lembrado, modificado jamais. Para o tempo vivencial, não há nada que modifique o ocorrido. A única maneira de não repetir o ato é agir de maneira diferente.
A memória, nessas condições, só serve para permitir um parâmetro entre o passado e as nossas mudanças de atitudes. Somente nós mesmos é que nos mudamos. O poder está em nós, a partir do momento presente. O passado serve apenas como fonte de informação, como orientador, mas por si só não é capaz de implementar transformações em nossas vidas. Não existe tampouco continuidade entre o passado, presente e futuro; cada momento é único; compete a cada um de nós escolhermos que tipo de vida desejamos viver agora. Quanto mais longa for à demora para mudar o que de ruim estamos vivendo, maior o tempo perdido. Aqui não existe arrependimento com sentido de desculpa. O tempo que se passou mal vivendo, perdido está para sempre. Podemos até realizar o mesmo ato, num novo presente, mas jamais será realizado da maneira que foi realizado no momento passado. A vida, em relação ao seu tempo vivencial, é um caldeirão fervente, sempre a produzir o novo.
A autorreflexão é a principal ferramenta que permitirá o ajustamento correto entre o nosso querer e o tempo vivencial. Algumas vezes, o nosso querer não será realizado da maneira que planejamos. Mas se não aceitarmos o jeito que a vida nos propõe, nunca seremos felizes. Perderemos muito mais, revoltando-nos do que aceitando os limites. Não podemos nos esquecer que cada momento de nossas vidas é precioso.
Precisamos evoluir e aceitar essa realidade. Para o tempo da vida não existe arrependimento com sentido de desculpa. O que se fez está feito e o perdeu está perdido. Não há como mudar o jeito do que já foi vivido. Mas a vida sempre nos oferece novos momentos. Não precisamos nos prender ao passado na tentativa vã de corrigi-lo. Não precisamos nos remoer de dor, achando que isso vai mudar a nossa condição. Precisamos sim viver o presente de maneira diferente. E para isso, o autogerenciamento vivencial é fundamental. Ele desenvolve em cada pessoa o autorrespeito. Não vale a pena maltratar-se, pois é, por sermos humanos, que sentimos, que sofremos e choramos.
Em relação ao tempo virtual, social
Como tem passado, presente e futuro, há uma continuidade causal, a interpretação dos fenômenos da vida segue por outro caminho.Aqui é possível arrepender-se e corrigir o erro cometido.
A sociedade e a religião precisam dessa continuidade para existirem, sendo essa a única forma de validarem as suas verdades e os seus poderes sobre nós humanos. A sociedade em nome dos cidadãos e a religião em nome de Deus corrigem erros vivenciais cometidos pelas pessoas e não a própria pessoa.
Surge então a pergunta: O que seria da sociedade e da religião, sem esse poder ? O que seria de nós, sem esses gestores dos nossos erros? Seríamos eternos culpados?!
Mais perigoso ainda é que além de justificarem as nossas atitudes censuráveis como matar, roubar e outras coisas, sob a alegação de que tais atos fazem parte da nossa natureza, enfim, compõem a nossa índole, também se colocam à nossa disposição (a sociedade e a religião) para expurgarem os nossos erros vivenciais. Para isso, basta o nosso arrependimento para que, através da sociedade e da religião, alcancemos o perdão e logo em seguida um bem maior.
Essa forma de lidar com os erros, em termo de educação vivencial; acaba gerando uma irresponsabilidade vivencial, já que teremos ao nosso dispor a sociedade e a religião para perdoarem os nossos desacertos vivenciais.
Torno a perguntar. Se fossemos eternos culpados aqui na Terra, como seria a nossa relação conosco e com os outros?
Enfim!!!Para o autogerenciamento vivencial, compete exclusivamente a nós a articulação entre esses dois mundos (vivencial e social) e buscar as verdades e os conhecimentos que nos libertem dos aprisionamentos cognitivos e vivenciais.
Acordemos! Quando há diferença entre o que se deseja e o que se faz, prevalece o que se faz. Cuidado com a forma de retroalimentação vivencial que escolheu para viver a sua vida. A dor, muitas vezes, realimenta a dor. Há muitas coisas mais imaginadas do que sofridas.
Realizar é o verbo que propicia a transformação, não basta só desejar.
Drº Cláudio de Oliveira Lima – psicólogo
Email:
c_lima_psico@yahoo.com.br
hotmail:
claudio.psico.lima@hotamil.com
blog:
wwwnovaconsciencia.blogspot.com