ARCANJO, POR UM POUCO HUMANO

Por Sávio Oliveira Lopes | 28/04/2015 | Poesias

 

Arcanjo, por um pouco humano

 

 

Das ruas de ouro

Para as ruas de terra;

Espada em punho,

Contra a hediondez ou bagatela.

 

Milênios atravessando.

Até quando?”

Resmungava o arcanjo.

 

Confusa se tornou a missão,

Pois a maldade humana

Ficou maior que os demônios

Da população.

 

A justiça divina

Beija a morosidade,

Malogrando a esperança

De quem no céu

Espera uma cidade.

 

O tempo fez

A espada pesar,

A asa doer

E o velho arcanjo

Não mais se prestar a defender.

 

Oh, maldita perdição!

Não mais se ter o escudo de fé

Que o defendia do pecado

De questionar a contradição.

 

Ele agora vê, sem entender,

Com olhos humanos e descamados,

A vida sendo dura para alguns,

Mesmo quando

Não foram culpados

Pelo fracasso.

 

Onde está a caridade?

A sorte de uns

É o infortúnio alheio

Nisto que chamam de humanidade.

 

Desistiu da andança,

Pôs um café, fechou os olhos,

E sentiu o fim

Descer pela garganta.

 

Ele disse olá para a vida

E ela lhe disse adeus,

Enquanto a morte o abraçava, dizendo:

Vinde ao reino de Deus.”

 

 

Sávio Oliveira Lopes