Aprimorando o conhecimento dos agentes comunitários de saúde do município de são desidério-ba sobre hanseníase

Por Eliene Alves dos Santos | 28/11/2011 | Cursos

APRIMORANDO O CONHECIMENTO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE SÃO DESIDÉRIO-BA SOBRE HANSENÍASE

 

 

Eliene Alves dos Santos[1]

Kadya Carlos Neves de Sá Pires²

 

 

RESUMO - A hanseníase é uma doença infecciosa causada pelo bacilo Micobacterium Leprae que acomete a pele, os nervos periféricos, a mucosa do trato respiratório, os olhos e outras estruturas do corpo. A doença chegou ao Brasil na época do descobrimento, espalhou-se e permanece até os dias de hoje, deixando o país em 4º lugar em números de doentes. A Hanseníase é uma doença infectocontagiosa, crônica, curável, causada pelo bacilo de Hansen que é capaz de infectar grande número de pessoas, mas poucos adoecem. Seu poder imunogênico é responsável pelo alto potencial incapacitante da hanseníase. Tem por agente etiológico o Bacilo álcool-ácido resistente intracelular obrigatório, denominado bacilo de Hansen ou Mycobacterium leprae. O homem é reconhecido como a única fonte de infecção. O estudo é de origem Bibliográfica, que visa reforçar o conhecimento dos Agentes Comunitários de Saúde que atuantes no Centro Municipal de Saúde I Florentino Augusto de Souza situado no município de São Desidério-Ba sobre a Hanseníase. O objetivo principal é de Aprimorar o conhecimento dos Agentes Comunitários de Saúde acerca da Hanseníase. Nessa perspectiva desenvolveu-se como tema “Aprimorando o conhecimento dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) do município de São Desidério-Ba sobre Hanseníase”. Sendo assim foi traçado os seguintes objetivos específicos: Observar as quantidades de casos detectados na comunidade trabalhada no ano de 2010. Abordar junto aos Agentes Comunitários de Saúde as formas de prevenção, tratamento, sinais e sintomas e analisar as formas de treinamento aos quais são submetidos. E por fim com um embasamento teórico rico a respeito da patologia busca-se o interesse em intervir.

 

 

Palavras chave: Hanseníase; Prevenção; Agentes Comunitários de Saúde.

 

 

 

 

 

 

 

ABSTRACT - Leprosy is an infectious disease caused by Bacillus Micobacterium Leprae which infects the skin, peripheral nerves, the lining of the respiratory tract, eyes and other body structures. The disease came to Brazil at the time of discovery, spread and remains to this day, leaving the country in 4th place in numbers of patients. Leprosy is a chronic disease, curable, infectocontagiosa, caused by Hansen's Bacillus that is able to infect large numbers of people, but few get sick. His power is responsible for high potential immunogenic crippling of leprosy. Etiological agent bacteria by alcohol-resistant acid, called Bacillus of intracellular binding or Mycobacterium lepraeHansen. The man is recognized as the sole source of infection. The study is of Bibliographical source, which aims to enhance the knowledge of community health agents who engaged in Municipal Health Center I Florentino Augusto de Souza located in the municipality of São Desidério-Ba on leprosy. The main objective is to improve knowledge of community health agents about leprosy. This perspective developed as theme "improving the knowledge of community health agents (ACS) of São Desidério-Ba on Leprosy". So was stroke the following specific objectives: Observe the quantities of cases detected in the community worked in the year 2010. Raise with community health officers forms of prevention, treatment, symptoms and signs and analyse the ways of training to which they are subjected. And finally with a rich theoretical background concerning the pathology search-if the interest in intervening.

 

 

KEY WORDS: Leprosy; Prevention; Community Health Agents.

 

 

INTRODUÇÃO

 

 A hanseníase é uma doença infecciosa causada pelo bacilo Micobacterium Leprae, que acomete a pele, os nervos periféricos, a mucosa do trato respiratório, os olhos e outras estruturas. É uma patologia que pode atingir pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade (FIGUEIREDO, 2008).

A Micobacterium Leprae é um parasita intracelular obrigatório que reside nos fagolisossomas dos macrófagos e nos vacúolos das células endoteliais e das células de Schwann dos nervos periféricos, a patologia é classificada como uma micobactéria que contém ácidomicólico, arabinogalactan e glicolipidio fenólico na parede celular (GOLDMAN; AUSIELLO, 2005). As Formas clínicas da doença são: Hanseníase Indeterminada (HI), que manifesta-se por máculas hipocrômicas, acrômicas, eritematosas ou eritêmato-hipocrômicas, de limites imprecisos, com alterações da sensibilidade; Tuberculóide (HT), esta deriva-se da transformação lenta ou rápida do tipo indeterminado. Hanseníase Virchowiana (HV), que pode iniciar sob a forma de eritema nodoso e infiltração difusa; a  Diforma (bordeline – HD), esta engloba os casos que se encontram entre os pólos tuberculóide e virchowiano, com características de ambos e originam-se do grupo indeterminado e podem ser crônicos ou reacionais (FILHO, 2000).

O referido estudo é de origem Bibliográfica, que visa reforçar o conhecimento dos Agentes Comunitários de Saúde (ACSs), atuantes no Centro Municipal de Saúde I Florentino Augusto de Souza situado no município de São Desidério-Ba sobre a Hanseníase. O objetivo principal é de Aprimorar o conhecimento dos Agentes Comunitários de Saúde acerca da Hanseníase. E os específicos: Observar as quantidades de casos detectados na comunidade trabalhada no ano de 2010. Abordar junto aos Agentes Comunitários de Saúde as formas de prevenção, tratamento, sinais e sintomas e analisar as formas de treinamento aos quais são submetidos.

 

 

DESENVOLVIMENTO

 

 

A Hanseníase foi descoberta em 1873 pelo cientista Gerharh Armauer Hansens, chegou ao Brasil na época do descobrimento, espalhou-se e permanece até os dias de hoje, deixando o Brasil em 4º lugar em números de doentes. Antigamente era chamado de Lepra, que provinha do grego Leprós, o que expressava imoralidade, pecado e transgressões; dessa forma constituíram como “síndrome religiosa”. Era considerada como uma punição divina e também vista como um carma e a mudança da terminologia Lepra para Hanseníase foi definida por Abrahão Rotberg, após a realização de um estudo abrangedor e enquete internacional, que ocorreu no intuito de desestigmatizar à moléstia (FOCACIA, 2005)

 De acordo com o Ministério da saúde a Hanseníase é uma doença infectocontagiosa, crônica, curável, causada pelo bacilo de Hansen, capaz de infectar grande número de pessoas por possuir alta infectividade, mas poucos adoecem devido à baixa patogenicidade. Seu poder imunogênico é responsável pelo alto potencial incapacitante. Tem por agente etiológico o Bacilo álcool-ácido resistente intracelular obrigatório, denominado bacilo de Hansen ou Mycobacterium leprae. O homem é reconhecido como a única fonte de infecção, embora tenham sido identificados em animais naturalmente infectados (BRASIL, 2006)

A África e a Índia são países que constituem o berço da moléstia, apesar de haver possibilidade de esta ser multifocal. De acordo a sua história na idade média, os infectados eram considerados impuros pela igreja e pela sociedade, sendo condenados a viver isolados em colônias afastadas das cidades. Com isso passaram a ser considerados excluídos da sociedade, praticamente mortos. Apesar desses cuidados, nos séculos XII e XIII a moléstia se expandiu violentamente. A pandemia era em toda Europa, se alastrava especialmente através dos soldados das cruzadas e dos comerciantes. O declínio da endemia na Europa ocorreu a partir do século XVI, atribuiu-se ao isolamento dos doentes. Porém hoje se interpreta que o declínio ocorreu na maioria dos países europeus devido à peste negra, originária da Índia e outras que ceifaram a vida de 25 milhões de pessoas  (FOCACIA, 2005).

Conforme define a Organização Mundial da Saúde, pessoas que apresenta um ou mais sintomas sugestivos da doença, com ou sem história epidemiológica, requer tratamento quimioterápico específico como lesões de pele com alteração de sensibilidade, espessamento de nervos periféricos acompanhado de alteração de sensibilidade e baciloscopia positiva para bacilo de Hansen (BRASIL, 2006).       A patologia afeta principalmente a pele e os nervos da face, dos braços e mãos, das pernas e dos pés e também outras partes do corpo, nas formas mais avançadas da doenças podem afetar olhos, nariz e algumas vísceras (CONASEMS, 1999).

 A Hanseníase aflinge a humanidade desde a antiguidade e como no passado  já afetou todos os continentes e deixou uma imagem assustadora, de multilação, rejeição e exclusão da sociedade na história e na memória da humanidade ainda atinge muitas pessoas nos dias de hoje.  Depois da introdução do tratamento com Polioquimioterapia (PQT) pela Oranização Mundial da Saúde (OMS) a Hanseníase passou ater cura quando diagnosticada na fase inicial da doença com um correto acompanhamento e término do tratamento. É transmitida diretamente de pessoa não tratada para outra, por meio das vias respiratórias (CONASEMS, 1999).

Como a saúde está relacionada às condições de vida, fazer uma análise do que se precisa para melhorar a saúde de uma comunidade é um trabalho grande e de equipe. O Agente Comunitário de Saúde é um auxiliar valioso para isto, pois além de fazer o cadastramento das famílias e mapeamento área, também observa as necessidades e ajuda a decidi as prioridades para saúde dessa comunidade. Quando se tem um diagnóstico comunitário preciso como ponto de partida para o trabalho em saúde, as ações são planejadas por gestores responsáveis, decididas e realizadas em comum, entre profissionais e comunidade, a partir de uma identificação local de problemas e recursos, de uma adaptação das prioridades do município às políticas de saúde estaduais e federais (BRASIL, 2000).

Os ACS participam na luta contra Hanseníase quando possuem um conhecimento especifico a respeito da patologia, reconhecendo seus sinais e sintomas mais simples, sendo assim, suspeitando da doença na comunidade o Agente acompanha e encaminha as pessoas que apresentam lesões sugestivas de Hanseníase aos Centros e Postos de Saúde (CONASEMS, 1999).

Pessoas suspeitas de Hanseníase são aquelas que possuem uma ou mais manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou acobreadas, com diminuição ou perda de sensibilidade (dormentes), que apresentam Dormência (perda de sensibilidade) na face, mãos e/ ou pés podendo também vir acompanhada de diminuição ou ausência de força muscular devido ao comprometimento dos nervos periféricos CONASEMS (1999).

Sendo assim os ACSs tem por obrigação, comprovar se os doentes confirmados deram inicio no tratamento com PQT, pois a colaboração do ACSs no acompanhamento se faz muito importante durante o tratamento. O ACSs pode e deve dar suporte na saúde onde pode Incentivar e orientar os pacientes, para que não deixem de tomar os medicamentos diariamente até o final do tratamento prescrito; acompanhar o tratamento para que estes não deixem de comparecer ao Centro de Saúde por pelo menos uma vez ao mês. Pode estar examinando a pele e encaminhando para receberem a vacina BCG, as pessoas que moram sob o mesmo teto e aquelas que o paciente mantém relações de trabalho e sociais. Obtendo o apoio e a participação da comunidade na divulgação sobre as manchas iniciais da doença, as facilidades do tratamento e a certeza da cura (CONASEMS, 1999).

A principal estratégia de eliminação da Hanseníase como um problema de saúde publica em nível municipal é diminuir a iniqüidade, ou seja, aumentar as oportunidades da população ser diagnosticada na fase inicial da doença, diminuindo as chances dos indivíduos apresentarem deformidades físicas. Assim, o esforço final para eliminar a Hanseníase em nível municipal envolve principalmente, integrar o diagnóstico e o tratamento na atenção básica. Dentro dessa perspectiva a missão dos gestores municipais de saúde passa a ser: Tornar o diagnóstico e o tratamento disponíveis gratuitamente, em todos os postos, centros e unidades saúde da família; Habilitar cada trabalhador de saúde a diagnosticar e tratar a hanseníase; Acabar com o medo da hanseníase, promovendo conhecimento dos sinais precoce da hanseníase incentivando as pessoas a procurarem o tratamento; Assegurar que todos os doentes de hanseníase sejam curados e  Estabelecer parcerias (CONASEMS, 2001).

 

 

BACTERIOLOGIA

 

 

O bacilo de Hansen é uma micobactéria que pertence à família Mycobateriaceae, à ordem Actinomycetales à classe Schizomycetes. O Mycobacterium leprae ou bacilo de hansen tem forma de bastonete linear ou levemente encurvado, às vezes em forma de clava ou vareta de tambor ou, ainda, em forma de halteres; o comprimento varia entre 1,5 a 8 µm e a largura entre 0,2 a 0,4µm e no entanto multiplica-se a cada 14 a 20 dias no animal de laboratório, admite-se que o tempo de multiplicação no homem seja mais longo, daí a característica de sua evolução lenta e insidiosa que decorre a moléstia, divide-se por fissão binária, é um gram positivo e fortemente álcool-ácido-resistente (FOCACIA, 2005)

É classificado como sendo um parasita intracelular obrigatório que reside nos fagolisossomas dos macrófagos e nos vacúolos das células endoteliais e das células de Schwann dos nervos periféricos, e esta analogia pode ser explicada pela observação de que a Mycobacterium Leprae possuem o poder de liga-se expecificamente aos componentes extracelulares da superfície da célula de Schwann, que leva a internalização do bacilo, é considerada como uma micobactéria que contém ácidomicólico, arabinogalactan e glicolipidio fenólico na parede celular (GOLDMAN; AUSIELLO, 2005).

De acordo as formas clínicas a Hanseníase ou Mal de Hansen é uma doença de aspecto infecciosa causada pelo Mycobacterium leprae, que tem curso crônico descontínuo por surtos reacionais, afetando a pele e nervos periféricos. Admite-se ser o homem o reservatório natural do bacilo, embora haja relatos de infecção natural em animais como tatus, macacos e chimpanzés. O contágio ocorre de indivíduo para indivíduo, sendo as vias de eliminação e entrada dos bacilos partes lesadas da pele ou mucosas e vias aéreas lesadas da pele ou mucosas e vias aéreas superiores.  Apesar de ser microrganismo de grande infectividade, é de baixa virulência e patogenicidade (FILHO, 2000).

Em meio ambientee natural, o bacilo permanece viável por 36 horas, variando entre 7 a 9 dias em ambiente com 77,6% de umidade e a 36,7º C.  A maioria da população é resistente à infecção pelo M. leprae, e esta resistência é verificada pela reação intradérmica de Mitsuda, que, quando positiva, indica resistência a este tipo de infecção. O período de incubação do bacilo de Hansen após invadir o organismo humano é de dois a cinco anos. No início, as lesões cutâneas mostram-se como máculas que, quando em pequena quantidade ou número e localizadas, indicam resistência imunológica, caracterizando o tipo clínico paucibacilar do tipo tuberculóide. Por outro lado, quando múltiplas, difusas e de limites imprecisos, mostram baixa ou mesmo com a ausência de imunidade, sendo esperada uma evolução para o tipo multibacilar do tipo virchowiano. Os doentes que mostram lesões com essas duas características encontram-se no grupo diformo ou boderline (FILHO, 2000).

A Hanseníase Indeterminada - HI manifesta-se por máculas hipocrômicas, acrômicas, eritematosas ou eritêmato-hipocrômicas, de contornos e limites imprecisos, com alterações da sensibilidade álgica. Em alguns dos casos, aparecem apenas distúrbios da sensibilidade em áreas aparentemente sadias. Nas lesões deste tipo, observam-se anestesia ou hiperestesia, e alopecia anidrose. Certos distúrbios motores e sensitivos estão ausentes pela inexistência de comprometimento dos troncos nervosos e as lesões cutâneas são geralmente ovulares ou circulares, isoladas ou confluentes, de localização e número variáveis. Surgem, em geral, nos indivíduos em convivência direta com pacientes bacilíferos, acometidos das formas diforma avançada ou virchowiana (FILHO, 2000).

Essas lesões podem permanecer estáveis por longo tempo, regredir em 70% dos casos ou evoluir para outras pessoas. Na derme e hipoderme, há infiltrado inflamatório linfo-histiocitário focal, em torno de vasos, anexos e filetes nervosos, que podem ser adentrados ou ter a sua estrutura mascarada pelo infiltrado. O diagnóstico determinante, no entanto, só é possível pelo achado de bacilos que, por vezes, são observados no interior dos filetes nervosos. Esta forma traduz uma fase de equilíbrio ou de tomada de posição entre o bacilo e o sistema imunitário (FILHO, 2000).

Outra forma é a Hanseníase Tuberculóide - HT esta deriva da transformação lenta ou rápida do tipo indeterminado. Nos casos de evolução lenta, o indivíduo mostra pequenos agrupamentos de células epitelióides com esboço granulomatoso que constituem as lesões denominadas de transição. Posteriormente, surge infiltração de toda a lesão ou apenas de sua borda, quando o limite externo é nítido e o interno, impreciso. A periferia é eritematopardacenta ou castanho-violácea, e a superfície é irregular pela presença de pequenas lesões papulóides. A placa apresenta anestesia térmica, dolorosa e tátil. São bem características as lesões “em raquete”, ou seja, uma placa infiltrada da qual emerge filete nervoso superficial espessado, e o “abscesso do nervo”, nome dado à necrose caseosa do nervo, correspondendo, clinicamente, a tumorações (FILHO, 2000).

 O material necrótico dessas lesões pode migrar pela bainha do nervo ou fistulizar-se, formando úlceras cutâneas. O acometimento intenso dos troncos nervosos pode levar à  sensoriais como as paresias, paralisias, amiotrofias, mão em garra, pé caído. Do tipo tróficos tal como o mal perfurante, reabsorções ósseas, mutilações e vasomotores: acrocianose (FILHO, 2000).

Enquanto a Hanseníase Virchowiana - HV pode iniciar-se como tal, sob a forma de eritema nodoso e infiltração difusa. Contudo, na maioria das vezes origina-se da forma indeterminada e se apresenta como máculas hipocrômicas que evoluem progressivamente. Esses pacientes indeterminados têm, quase sempre, um grande número de lesões que, ao se confluírem, conferem aspecto hipocrômico difuso. Seguem-se eritema difuso e pigmentação feruginosa de quase todo o tegumento. Posteriormente, há infiltração difusa ou localizada, com formação de placas e lesões modulares: os hansenomas. O número de lesões aumenta lentamente, e um tipo de reação, semelhante à tuberculóide, pode ocorrer de modo mais discreto, levando ao surgimento de novos hansenomas, e tornando os preexistentes congestos. Assim, nos virchowianos avançados observam-se hansenomas em vários estágios evolutivos. Devido à infiltração, podem surgir áreas de alopecia (FILHO, 2000).

A infiltração da mucosa nasal pode ocasionar dificuldade respiratória e até perfuração no septo. Rouquidão e dispnéia surgem em conseqüência de lesão da laringe. As víceras afetadas com mais freqüência são o fígado, baço, supra-renais, testículos e globo-ocular. As lesões neurais, inicialmente discretas, manifestam-se nos mesmos nervos acometidos no tipo tuberculóide: ulnar, mediano, ciático poplíteo externo, tibial posterior.  A epiderme mostra-se atrófica e reificada na maioria dos casos, tendo faixa de derme subjacente desprovida de infiltrado inflamatório, denominada faixa de Unna. Na derme, encontram-se grandes agrupamentos de macrófagos de citoplasma abundante e vacuolado, estendendo-se à hipoderme. Os linfócitos são raros ou ausentes, e os filetes nervosos são poupados ou penetrados pelo infiltrado, que se dispõe em camadas celulares concêntricas intraneurais. No eritema nodoso hansênico, ocorre vasculite leucocitoclástica, com neutrófilos e eosinófilos. Em torno dos vasos, surgem bacilos escassos e fragmentados e agregados de células espumosas. Macrófagos contendo bacilos estão dispersos na derme e tecido subcutâneo (FILHO, 2000).

A Hanseníase Diforma Bordeline – HD engloba os casos que se encontram entre os pólos tuberculóide e virchowiano, com características de ambos. Originam-se do grupo indeterminado e podem ser crônicos ou reacionais. Neste grupo, com estado imunitário instável, encontra-se a maioria dos doentes. A maioria dos diagnósticos se faz com duas biópsias de lesões cutâneas distintas em que uma revela estrutura tuberculóide e a outra, virchowiana.  Os Casos dimorfos reacionais lembram, clinicamente, os tuberculóides reacionais, embora haja comprometimento maior do estado geral e do sistema nervoso periférico; há também edema intenso das mãos e dos pés. Os surtos tendem a ser persistente, o que aproxima estes casos de virchowianos. Os casos dimorfos crônicos apresentam lesões de aspecto tuberculóide ou virchowiano (FILHO, 2000).

As lesões características são placas com pele normal no centro, borda interna de limite nítido e externa imprecisa. Às vezes, surgem placas com áreas arredondadas de pele aparentemente sadia configurando o aspecto “Queijo Suíço”.  Existem Casos dimorfos avançados, ainda com imunidade celular, que após tempo variável de tratamento mostram surtos reacionais semelhantes aos casos tuberculóides reacionais ou dimorfos reacionais. Surgem lesões agudas em placas de limites precisos e edema das mãos e dos pés. É a chamada “pseudo–exacerbação”, que parece estar relacionada com a liberação de antígenos dos bacilos destruídos (FILHO, 2000).

 

TRANSMISSÃO

 

Conforme o Ministério da Saúde o contato prolongado de indivíduos suscetíveis com pacientes bacilíferos não tratados, especialmente no ambiente intradomiciliar, facilita a transmissão, pois os pacientes multibacilares podem transmitir a hanseníase antes mesmo de iniciar o tratamento específico. A primeira dose de Rifampicina é capaz de matar as cepas viáveis do bacilo de Hansen em até 99,99% da carga bacilar de um indivíduo (BRASIL, 2006).

O homem é o reservatório natural do bacilo e a fonte de infecção ocorre pelo contato direto, intimo e prolongado com o doente de hanseníase bacilífero multibacilar não-tratado; ou seja, com bacilos viáveis , portanto, não-tratados, ou com bacilos resistentes às drogas usadas. A principal forma de contágio da hanseníase é inter-humana e o maior risco de contágio é a convivência domiciliar com o doente bacilífero. Quanto mais intimo e prolongado o contato, maior será a possibilidade de adquirir a infecção. Os bacilos são eliminados pelas secreções nasais, da orofaringe (perdigotos, muco nasal) e através de lesões ulceradas ou soluções de continuidade da mucosa nasal e/ou da pele de doentes multibacilar, também podem ser eliminado por leite materno, esperma, saliva, suor e até lágrimas, (FOCACIA, 2005).

Segundo Goldman e Ausielo (2005), a via inicial  da infecção em humanos dá-se por meio de uma laceração cutânea ou através do trato respiratório ou gastrointestinal. A inoculação direta via trauma ou ferimentos puntiformes poderiam resultar em uma lesão inicial contendo um foco de bacilos. Qualquer que seja a fonte e a via de infecção, em algum momento ocorre a disseminação hematogênica, com ampla disseminação pelo corpo. A incidência a doença em um domicilio onde reside um paciente com lepra turberculoide ou lepromatosa pode ser de 4 a 8 vezes maior que na população, no entanto a transmissão da doença ocorre apenas após anos de exposição.

 

 

TRATAMENTO E PREVENÇÃO

 

 

Segundo o Ministério da saúde, não é eticamente aceitável o uso de qualquer terapêutica monoterápico, sendo recomendável, portanto, a associação de drogas. Os pacientes devem ser tratados em regime ambulatorial. Os medicamentos preconizados para adultos – poliquimioterapia preconizados pela OMS são na forma paucibacilar: rifampicina (RFM) 600mg, uma vez por mês, supervisionada; dapsona (dds) 100mg/dia, auto-administrada e na forma multibacilar forma Rifampicina (RFM) 600mg, uma vez por mês,supervisionada; dapsona (DDS); clofazimina (CFZ) ,300 mg, uma vez por mês, supervisionada + 100mg em dias alternados ou 50mg/dia (BRASIL, 2006).

Todos os pacientes devem receber tratamento Poliquimioterapia (PQT) que é composto por 2 ou três medicamentos. Estes remédios são apresentados em forma de cartelas MB (casos multibacilares) ou PB (casos paucibacilares). As cartelas são chamadas de blister e estão disponíveis gratuitamente na maioria das Unidades de Saúde, o tratamento completo é: Casos PB- 6 cartelas(1 cartela=1 dose por mês. O tratamento completo de casos PB=6 doses em 6 meses); Casos MB-12 ou 24 cartelas (1 cartela=1 dose por mês. O tratamento completo desse caso = 12 ou 24 doses em 24 meses); mulheres grávidas também devem ser tratadas, após completar o tratamento o paciente estará curado (CONASEMS, 1999).                                                                                                                                     

Goldman e Ausiello (2005), recomendam que a droga mais comumente empregada na terapia da lepra é a 4,4-diamino-difenilsulfona; Dapsona, DDS. Devido à emergência disseminada das cepas de M. Leprae resistentes a Dapsona, atualmente todos os pacientes recebem terapias multidrogas. os componentes e esquemas variam dependendo da presença de cepas sensíveis à Dapsona e da região no qual o paciente reside. A OMS tem como esquema a terapia intermitente com rifampicina tem por base seu custo e os estudos clínicos e laboratoriais, alguns leprologistas usam a rifampicina em doses diárias de 450 a 600 mg por dois a três anos. A clofazimina, um derivado de fenazina, apresenta alguns efeitos colaterais desagradáveis com base na sua lipofilicidade, causando inquietação em pessoas de pele clara, se deposita no intestino delgado, onde em concentrações elevadas causa espessamento segmentar associado a dor em cólicas e diarréia.

A Lepra doença infecciosa, existe capacidade de cura com medicamentos apropriados. Uma vez identificando um caso em domicilio os ACS devem encaminhar este paciente ao atendimento de saúde mais próximo para que seja realizado exame clinico cuidadoso de todos os contatos acompanhando por biópsia das lesões suspeitas. A ameaça de contágio é muito maior em crianças com menos de 16 anos. Nesta categoria adolescente, o uso profilático de Dapsona deve ser considerado (GOLDMAN; AUSIELLO, 2005) .

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

A Hanseníase é uma doença de aspecto infecciosa causada pelo Mycobacterium leprae, que tem curso crônico descontínuo por surtos reacionais, afetando a pele e nervos periféricos que ainda não foi abolido no mundo. Para evitar ou controlar a patologia na comunidade deve-se buscar estratégias a fim de tentar evitar ou transgredir tais afecções.

A saúde está relacionada diretamente às condições de vida da comunidade e por fazer parte de uma constante análise do que se precisa para melhorar a saúde. É um trabalho de grande relevância que exige trabalho em equipe e o Agente Comunitário de Saúde é um auxiliar valioso para isto, pelo simples fato de estar próximo e em contato com diversas famílias. Os ACSs estão interligados como gestores municipais de saúde e como promotores da Saúde Pública com o intuito de levar informações a essas pessoas como medidas profiláticas e controle dessa doença.

Porém reduzir ou eliminar a Hanseniase como problema de saúde publica, significa manter controle das fontes de transmissão da afecção; No entanto se faz necessários profissionais capazes de reconhecer a patologia e identificar as complicações mais comuns e saber que se deve encaminhar para unidades especializadas com o intuito de resolver o problema, para isso se faz necessários profissionais treinados e capacitados já que estes acompanham de perto as famílias nas micro-áreas em que atuam.

Contudo a principal estratégia de eliminação da Hanseníase como um problema de saúde publica em nível municipal é diminuir a iniqüidade, ou seja, aumentar as oportunidades da população ser diagnosticada na fase inicial da doença, diminuindo as chances dos indivíduos apresentarem a forma grave da doença assim como as deformidades físicas.

 

 

 

 

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças Infecciosas e Parasitárias. 6. ed. Brasília-DF, ANVISA,  2006.

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde; Departamento de Atenção Básica. O Trabalho do Agente Comunitário de Saúde. 3. ed. Brasília-DF:  Revista ampliada e atualizada, 2000.

 

CONASEMS. Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde. Como os agentes de saúde vão acelerar a eliminação da hanseníase no Brasil. Brasília-DF, 1999.

 

CONESEMS. Jornal do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia. Ano I,  edição: nº 1, Fevereiro, 2001.

 

FIGUEIREDO, N. M. A. Ensinando a Cuidar em Saúde Pública. 2. ed.  São Paulo: Yendis, 2008.

 

FILHO, G. B. Bogliolo Patologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

 

FOCACCIA, R. V.. Tratado de infectologia. 3. Ed. São Paulo: Atheneu, 2005.

 

GOLDMAN, L . AUSIELLO, D. C. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

 

MICHEL, M. H. Metodologia e Pesquisa Ciêntifica em Ciências Sociais. São Paulo: Atlas, 2005.

 

TAFNER, M. A. TAFNER, J. FICHER, J. Metodologia do Trabalho Acadêmico. Curitiba: Juruá, 1999.

 



[1] Acadêmica de Enfermagem da Faculdade são Francisco de Barreiras (FASB). E-mail: eliene@alunos.fasb.edu.br.

² Acadêmica de Enfermagem da Faculdade são Francisco de Barreiras (FASB). E-mail: kadyaneves@hotmail.com