APRENDENDO COM O ALUNO
Por Marcelino Rodriguez | 02/02/2016 | CrônicasAPRENDENDO COM O ALUNO
Marcelino Rodriguez
Um aluno meu surpreendeu-me outro dia perguntando como testo as pessoas.
Olhei para ele surpreso, como se tivesse vendo uma nova possibilidade de interagir
com os outros daqui por diante, posto que nunca testei, propriamente, ninguém. Num primeiro momento,
confio em todo mundo. Claro que a experiência e o conhecimento
nos tornam mais céticos. Pessoas inteligentes e cultas sabem
que os egos humanos em geral só pensam em seus próprios interesses mesquinhos
e são poucos que se desenvolvem mentalmente e sentimentalmente o suficiente
para enxergar os outros; por isso, os iniciados se preservam
e são extremamente seletivos. Bruxos não se misturam com trouxas facilmente, já
disse a autora de Harry Potter.
Todavia, a experiência mostra que devemos confiar nas
pessoas completamente apenas após a primeira noite,
o primeiro negócio, a primeira briga. Os sedutores de todo tipo
quando chegam em nossas vidas se mostram
atenciosos, parceiros, encantadores, eróticos, generosos, honestos,
gentis e amáveis. Isso é sempre o mesmo modus operandi: lobos com peles
de cordeiros.
Eu sempre dei um voto de confiança aos outros, sem testar nada nem ninguém, sempre jogeui na vida de peito aberto,
mas seria interessante talvez pensar
em esperar sempre o dia seguinte ao baile para confiar de verdade nos outros, e rezar para a providência
nos proteger de todos os tipos de predadores, sobretudo os sentimentais, que
são os piores, porque simulam gostar da gente e depois que nos conquistam
pedem para que os esperemos enquanto eles vão ali dar mais uma voltinha
e seduzir outros inocentes. E ai de você se exigir lealdade,
responsabilidade, cuidado. Eles tiram o seu melhor sempre, mas entregam
o que possuem de pior e assim: onde você pensou haver um caráter,
não havia nada.