Apoteose inversa
Por JOAQUIM SATURNINO DA SILVA | 27/01/2010 | Poesias
Apoteose inversa.
- Há um canto na brisa!
- Mas ninguém mais quer
- ou julga precisar ouvi-lo,
- absorvê-lo.
- De que serviria um canto de paz,
- aos amantes da guerra?
- Qual a utilidade da vida,
- para os engenheiros da morte?
- Há uma mensagem em cada sorriso!
- Mas como lê-las se os olhos
- estão ligados a cérebros estéreis?
- Como interpretar sorrisos
- num tempo de chorar?
- Quem pagará, afinal, o tributo das lágrimas,
- aos homens que o exigem de outros homens?
- Há uma voz na liberdade por detrás da mordaça.
- Mas por quê fazê-la soltar-se,
- se os ouvidos estão tapados pela desconfiança?
- Há um poeta moribundo em cada ser humano...
- E assim, ausentar-se-á do mundo a poesia
- e a hipocrisia ocupará o trono,
- após a morte do resto da certeza.
- E na consumação de tantos atos cretinos,
- morrerá, enfim, a natureza
- levando junto seus assassinos.
- Mas ninguém mais quer