APENAS UM NICKNAME
Por MCarmo Costa | 11/04/2009 | CrônicasO desejo de isolamento físico de mulheres motivadas pela
solidão e pela tristeza de não serem amadas por
si mesmas, por seus interiores vezes inseguros e indefesos, que a vida
cá fora as obrigam a inventarem-se corajosas, fortes,
determinadas, dando a isso um certo rebusque de domadoras, as fizeram
descobriu o fascínio do mundo virtual, as salas de bate
papo, especialmente as de Encontros e assim passaram a viver horas de
suas existências plantadas à frente de uma maquina
de grande ou pequeno porte, um PC, um notebook, ou outra que o valha,
mas que lhes dêem condições de se
relacionarem, de alguma forma, com outras pessoas mundo afora, que
mesmo distante estão sempre perto.
E muitas delas
vão ali para descansar da labuta do dia-a-dia e amenizar os
percalços de suas realidades cotidianas. E o fazem
loroteando, prozeando, jogando bobagens umas com as outras, colando
midis, fugindo assim das intempéries existenciais. Outras
buscando relacionamentos amorosos onde tudo acontece, até o
“sexo de letrinhas” que fica por ali mesmo ou sai
para o real de suas vidas.
E essa brincadeira, esse lazer, esse
divertimento especial, essa molecagem se torna veementemente um
hábito de todos os dias, de todas as noites, de todas as
madrugadas preenchendo assim seus dias vazios de
emoções.. sem vida. Com isso, vão se
esquecendo da falta do que antes lhes afligia .. o contato
físico, o aconchego de um carinho, de um olhar de ternura,
de um toque de mão.. de um beijo; uma simples companhia ou
um amor verdadeiro. E as palavras escritas substituem os atos e as
teclas expõem suas frias emoções.
Nessa
convivência nem sempre há a necessidade do
conhecer-se fisicamente porque já se fica cativado pela mera
forma de estar e quando muito se arvora a uma
ligação telefônica. Mas na maioria das
vezes desliga-se o computador e a lenda se desendereça.
Fazem-se amigas que em sua maioria se perdem dentro de seus tempos,
afazeres e espaços, na memória de suas
máquinas.
Elas se põem num grande
picadeiro onde, ao mesmo tempo, são atrizes e
platéias. São seres que formam o desconhecido
conhecido na roupagem de suas faculdades imaginativas, o ser novo com
seus mistérios camuflados, escondidos sob nicknames.
Nicknames frutos de uma fértil
imaginação, um engano dos sentidos,
saídos do fundo de seus desejos e encontrados nas salas de
bate papo de encontros. Nickname, pedaço entranhado,
ocultado, não liberado vivo apenas em remotas fantasias. Uma
descoberta ao acaso ejaculada no nome, no login, escancarada, quem o
usa, num novo mundo, no momento irrefutável de uma
navegação. Isenção fatal de
devaneios. Entrega sem talvez, sem depois vivida intensamente no
célere tempo da ilusão, da
imaginação dessas habitantes das salas de
Encontros, pelo querer fazer acontecer e fazer valer a pena acontecer
porque o que de real existe, nesse mundo de beleza fantasiada pelo
convívio ilusório de mulheres carentes
é APENAS UM NICKNAME!