Apelo
Por GILBERTO NOGUEIRA DE OLIVEIRA | 19/12/2011 | PoesiasAPELO
Belo Horizonte, 19-04-1977
Neste caminho infindável,
Que me enche de cansaço,
Que me perturba a mente,
Que me desgasta as energias,
Eu me conheci.
Eu sou um homem
Que embora nada me falte,
Eu vivo na miséria,
Eu vivo na tristeza,
Eu vivo na angustia.
Talvez a culpa seja minha,
Por não me compreender melhor,
Por me pensar
Um conhecedor da vida.
Na verdade eu conheço
Uma boa parte da vida.
É um por cento de prazer,
Enquanto que o resto
É loucura e angustia.
Talvez isso represente
Uma boa parte da vida
Mas, essa parte eu conheço.
Não por passar pela fome,
Não por passar pela vida,
E sim por conhecer
Os miseráveis e angustiados,
Que nada esperam da vida.
Quem são esses homens
Para sofrerem tanto assim?
Que fizeram eles
Para não ter o que comer?
O que eles não fizeram?
Não é esse povo
Os que mais produzem alimentos?
Porque eles nada tem,
Enquanto quem nada faz
Tem muito e joga fora,
Só pelo prazer de negar
Os restos de seus banquetes?
No dia em que um homem
Tentar consertar o mundo,
Peço a todos os sofredores
Que o ajudem em sua tarefa,
Mesmo que seja difícil.
Mesmo que seja por teus filhos.