Aparências Enganosas
Por Paulo de Aragão Lins | 09/11/2008 | BíbliaRoboão era do tipo que gostava de manter as aparências a qualquer custo.
Quando Sisaque, rei do Egito, invadiu sua terra e levou todos os tesouros da casa do Senhor e da sua casa, levou também os escudos de ouro que Salomão tinha feito.
Os escudos de ouro eram belíssimos. Resplandecentes ao sol, quando a guarda do palácio os usava, faziam com que o povo ficasse inebriado diante daquele reino terreno.
Ao perder os escudos, Roboão não se conformou em privar-se daquela glória passageira.
Resolveu fabricar substitutos de metal bem menos precioso que, com o polimento adequado, poderiam rebrilhar ao sol, no momento em que era prestada guarda de honra ao rei.
O que importava era o brilho, a aparência reluzente, o engodo.
Desde que continuassem bonitos aos olhos do povo, não importava se os escudos fossem de ouro ou de cobre.
Para Roboão o ditado popular "Nem tudo que reluz é ouro", não tinha qualquer sentido.
O importante era a pompa, a grandeza e a glória, mesmo inautênticas, mesmo transitórias.
Alem do mais, independente dos escudos, o reino de Roboão era, nada mais, nada menos, do que um tênue arremedo do reinado garboso e pacificador de Salomão.
O de Roboão e de vários outros reis que o seguiram, nem lhe chegaram aos pés.
Podíamos até fazer uma comparação, dizendo que o reino de Salomão foi o do ouro e os de seus sucessores os reinados do cobre, ou do bronze.
Escudos de ouro, ou de bronze?
Realidade ou imitação?
Majestade ou imposição?
Originalidade ou falsificação?
Como poderia alguém se conforma com substitutos, em lugar de firmar-se na realidade?
Roboão, então, foi o pai das produções piratas.
Diante do povo, todo o brilho. Diante de Deus, a realidade de uma vida de infidelidade, divisão, guerra contra Joroboão e as outras dez tribos de Israel e a tolerância para a impiedade, idolatria e licenciosidade.
Roboão estava preocupado com trivialidades, quando coisas portentosas precisavam de sua atenção de rei.
Queria ser irrepreensível nas cerimônias, mas não ligava para a contundente fome espiritual sua e de seu povo.
Deixara a simplicidade da pura adoração a Deus, em busca dos vazios e gélidos cerimonialismo dos pagãos.
Sua glória crepuscular resumia-se naqueles seus escudos de cobre.
Naquele arremedo frustrante e infrutífero.
Dezessete anos de regressão para todo o povo.
Eis porque ele amava as aparências.
Porque era incapaz de ver a Luz maior da vontade gloriosa e soberana de Deus.