Antologia Profética da Água
Por Flávio Pereira da Silva Filho | 13/08/2010 | PoesiasANTOLOGIA PROFÉTICA DA ÁGUA
A água que jorra do peito do Mestre
Ornamenta o monte com glória celeste.
Derrama universos nas mãos de Elias,
Eclode em imenso poder e maestria.
Milhares de léguas em fúria consome
E unge a língua de trezentos homens.
Irrompe as fileiras de Baal-Perazim,
Rebenta as barreiras da terra até o fim.
Enxágua a pele dos filhos de Arão
E lava os pés dos que levam a arca,
Em fráguas impele à condenação
E leva Moisés entre muros de água.
Não toca nos lábios do rei de Israel,
Abranda o barro em oferta solene.
Na boca dos sábios, ou em gotas dos céus,
Demonstra-se exata, percorre perene.
O sopro de Deus num instante a congela,
E o abismo se torna superfície pétrea.
Relógios de Sol em constante espera
Aguardam a Voz que interrompe os féretros.
Levantai!
A força motriz de uma só palavra
Desmancha o frio que enfraquece a alma.
E o louvor contido em um copo de água,
Cedido ao profeta, salta para o Pai.
Está feito!
O brado divino atravessa os oceanos
E dissolve no homem a angústia dos anos.
Um grande clamor cruza todas as águas
E vai muito longe, desde o manancial da chaga.
Como os olhos de José inundaram Israel
E ribeiros transbordaram do semblante de Jacó,
Como o pranto de uma enchente, é o choro de Eliseu,
São as lágrimas de Cristo ao unir a Terra e o Céu.
Flávio Filho