Antes tarde do que nunca

Por Letícia Machado Dallacqua Assumpção | 20/06/2014 | Crônicas

Enquanto assistia Orange is the new Black eu pensava em como começar essa crônica. Não que de fato a série estivesse desinteressante ou algo do gênero mas eu tenho um desafio a cumprir e deixar isso de lado está totalmente descartado. Ok, sei que isso fica meio irônico vindo de mim: a maior largadora que já existiu. Já larguei natação, academia, inglês e por ai vai. Sou uma largadora profissional, fato. O pior é que eu só faço isso com coisas que de fato são importantes, coisas que envolvem dinheiro ou até meu futuro. E sabe quantas são as coisas que não me fazem bem e ainda continuam no meu pensamento e com um lugar bem escondidinho no meu coração? Acho que eu preciso mesmo é tomar vergonha na cara, ou pelo menos definir que certas coisas não devem ser descartadas assim.

Quero dizer -já que comecei isso com uma série por que não usar uma como exemplo?- por muito tempo eu tinha abandonado Skins, praticamente tinha a deixado na sarjeta, mas quando eu peguei-a de novo e disse a mim mesma “Você não vai abandonar de novo, você vai terminar essa série ou não vai começar nenhuma outra” tudo mudou. Eu de fato cumpri minha espécie descompromissada de promessa e no final ela tornou-se uma das minhas séries favoritas, se não a favorita, e no momento tudo o que eu quero é rever a primeira temporada. O que nos leva a outro ponto: por querer tanto rever essa tal temporada de skins eu começo a querer abandonar essa nova série que venho acompanhando. Mas eu não consigo fazer isso, e sabe o por quê? Simplesmente porque eu fiz essa promessa de não abandonar mais nada antes do final. E venho conseguindo manter ela, de verdade. Mas só com séries, o que acaba me deixando para baixo no final, admito.

 Orgulho, acomodação, preguiça, nunca sabemos qual é o real motivo de não voltarmos a fazer as coisas mas no fundo, mesmo não querendo admitir, sabemos que devemos fazer isso. Nosso coração grita por isso, a saudade bate, a culpa é de desesperar mas nosso corpo resiste e grita internamente “Eu estou vivo não estou? E estou muito bem para ser honesto então vamos parar com todo esse drama e voltar a fazer as coisas que sempre fazemos.” E acabamos perdendo essa luta e simplesmente seguindo em frente, nos resignando só pelo fato de continuarmos felizes mesmo sem isso. Mas sabe, se pensarmos um pouco veremos que seriamos ainda mais felizes se parássemos de enrolar e voltar a fazer as coisas que fazíamos porque enfim tudo estaria em paz aqui dentro. Pense agora comigo, você não iria dormir bem mais relaxado se terminasse aquele livro que deixou empoeirando há tempos? Não estaria mais satisfeito se voltasse a fazer aquelas aulas de dança que já te fizeram tão feliz? Sim, a resposta é sim não é? Por que sua mente tenta criar desculpas mas quem ganha no final é aquele sentimento de dever cumprido, de tarefa finalizada.

Então o que estamos esperando? Vamos definir metas, fazer até uma lista do que devemos retomar e tatuar em nossas mentes, de preferência do lado da memória frequentemente lembrada do rolo com tal menino para nunca esquecer e parar de criar tantas desculpas. E tenha sempre em mente: Antes tarde do que nunca, certo?