Ansiedade nossa de cada dia
Por Anissis Moura Ramos | 18/09/2017 | PsicologiaNa maioria das vezes temos dificuldade de identificar o que nos causa tanta ansiedade no nosso dia-a-dia. Mal sabemos que geralmente a origem está nos primórdios de nossa vida e que acabam repercutindo no decorrer dela.
Por vezes, não percebemos o quão ansiosos somos e quando temos noção da nossa ansiedade, procuramos justifica-la com problemas do nosso dia-a-dia, pois não sabemos que a raiz desta está lá no início da nossa vida, na relação que estabelecemos com a figura materna.
Não podemos esquecer que a ansiedade, assim como o estresse são necessários em nossa vida, pois são eles que nos movem e fazem com que caminhemos em busca de nossos sonhos e objetivos. Ansiedade e estresse se tornam problema, quando começam a atrapalhar nossa vida, nos causar prejuízos, a tirar o sono fazendo com que precisemos nos valer de medicações para dormir. Existem pessoas que não conseguem se focar em nada; sofrem por antecipação; vivem tensas; têm medo de tudo; apresentam problemas de ordem fisiológica e/ou psicológica em função da ansiedade; outros se valem do álcool e/ou outras drogas para amenizar o desconforto que a ansiedade lhes causa.
Ao sermos lançados para fora do útero de nossa mãe, tudo o que precisamos é de seus cuidados. O bebê precisa de mãe e quando isso não acontece, porque ela se afasta, o deixando despreparado, assustado, amedrontado, desamparado, o preço desse abandono, dessa rejeição pode ser alto demais. Existe um tempo certo para a criança se separar da mãe, pois a presença da mãe representa a segurança à criança.
Para criança, não importa o tipo de mãe que ela tem, mas sim, poder estar na presença dela, mesmo que corra risco. Claro que pela necessidade de preservar a criança, às vezes, faz-se necessário fazer a separação de forma abrupta, porém precisa-se ter claro que isto irá gerar sofrimento e ansiedade para ela.
A ansiedade de separação se dá pela verdade literal de que se não tivermos alguém para tomar conta de nós, morreremos. Tanto que o primeiro terror que vivemos é o medo de perder a mãe, pois ela é a pessoa responsável por nos cuidar.
Quando a mãe deixa o filho precocemente, sem que ele tenha a capacidade de entender que ela irá voltar, isso acaba por gerar um sofrimento à ele, afinal, ainda não está preparado para entender que ela tem uma vida à parte da dele. Faz-se, então, necessário que aprendemos a sobreviver as ausências temporárias dela. Essa ausência temporária nos gera um temor que pode, muitas vezes, nos marcar para toda vida, principalmente, quando isso ocorre nos primeiros meses de vida. A ausência da mãe, a privação da presença que tanto desejamos, poderá nos provocar uma dor imaginável e um prejuízo não fatal, mas que pode ser permanente.
A falta de conhecimento da importância da presença da mãe para o bebê é que faz com a ansiedade se desenvolva nele e perdure por sua vida. O importante é poder compreender esse momento da vida, saber o que aconteceu lá, aprender a lidar com as situações ansiogênicas que ela oferece e que acionam os sentimentos vividos no início da nossa vida, quando a mãe se afastava e que o terror tomava conta de nós. Hoje não precisamos mais viver isso, porque temos condições de entender o momento e as experiências vividas. Conhecer e saber lidar com a raiz da ansiedade, poderá ajudar a mudar o nosso nível de ansiedade e melhorar a nossa qualidade de vida.