Anjo negro

Por jandaira fernandes | 27/04/2009 | Literatura

Quando nasci um anjo negro,

 desses que tanto protegeram os escravos me disse:

Vai  Janda! desbravar o mundo

 Função muito difícil para quem é filha da escravidão

 Minha história me vigia,e a pobreza me perseguia

 A vida não é cor de rosa

 E exclusão  já havia

 Os ônibus passam cheios de fome,desemprego e marginalização

  Por que tanta desigualdade  meu Deus

  Pergunta o olhar perdido

 

Porém minha boca

não pergunta nada

tenho medo de repressão

o homem de colarinho branco,atrás do volante

é sério,convicto e dominador

Não precisa fazer quase nada para progredir

Meu Deus, porque me me abandonaste

Se sabias que eu não  era da elite

 Se sabias dos 100 anos de escravidão

 

 

 Vida vida dura vida

  Se eu me chamasse Isaura

   Seria personagem de romance,de novela

   Sofreria por não corresponder a um amor

   Saberia tocar piano,sentar-me à mesa e escrever poemas

   Mundo,mundo vasto mundo

  Mais vasta é a minha desilusão

  Eu não devia ser assim

  Mas as escolas, a falta de oportunidades

  A falta de sonhos,o racismo velado

  Esta falta de expectativa

 esta falta de seriedade,de políticas públicas

  Não me desviarão da minha missão

           

Jandaíra Fernandes da Silva