Angústias de um advogado nº 1, o Destino do Fulano.
Por JOÃO THIERS PEREIRA LIMA | 09/11/2009 | CrônicasAngústias de um advogado nº 1, o Destino do Fulano.
Ele era três anos mais novo que eu, mas tínhamos situações parecidas éramos jovens, filho de mães solteiras, tivemos oportunidades diferentes, e talvez destino diferentes, porém que se encontraram por uma questão de Direito.
Ele era usuário de drogas, mas afirmou
, que já estava se recuperando e não usava mais “aquelas paradas”. Eu como advogado, não o podia julgar, e muito menos, como ser humano, era capaz de emitir qualquer juízo de valor sobre aquele sujeito. Todo mundo tem o direito de se regenerar.
Realmente, os tóxicos o levaram uma situação que não o dava condições de trabalho. E acreditei na situação que ele me contara. Ressalta-se que eu advogo na área previdenciária (junto ao INSS), verificando possibilidades de concessão de benefícios sociais.
Ele tinha ido para o judiciário outras vezes, porém desacompanhado de advogado, e naquela oportunidade que me procurara, inclusive, já havia entrado novamente com outra ação junto ao juizado, e esta estava em andamento.
Sua aflição era visível, ia sempre acompanhado de sua mãe ao escritório onde eu atendia numa destas cidades do interior. Ele sempre pedia pressa no processo, queria que eu liberasse o benefício logo, para se mudar junto com sua mãe para outra localidade, pois afirmava, segundo ele, que estava jurado de morte, talvez em virtude do envolvimento com drogas.
Arrumei a documentação necessária para dar seguimento no processo dele. Inclusive, tinha sido alertado da periculosidade do mesmo por uma serventuária da justiça, que também me alertara da forte possibilidade de o processo ser julgado improcedente, que ele não teria direito. Mesmo assim, me cadastrei no processo do fulano e fiz os atos que acreditara ser necessários.
Para nossa surpresa, o julgamento do processo, em um primeiro momento, fora favorável para o meu cliente. Entretanto, o INSS entrara com recurso afirmando a existência de coisa julgada, o que não daria a parte o direito de novo julgamento, o que foi confirmado pelo Juiz revisor do processo, sendo acompanhado dos seus pares. Modificando a sentença exarada pelo juiz inicial.
Tinha a convicção do direito de meu cliente. Entrei com novo recurso, e conseguir novamente a modificação do julgado, sendo esta definitiva. Ele estava esperando somente a decisão deste julgamento para ir viver a vida em outro lugar, e quem sabe melhorar dos problemas que a droga tinha o trazido.
Foram alguns meses de angústia daquela mãe e daquele filho, quanto mais havia atos processuais, mais aumentava a aflição daqueles dois. Praticamente de maio a outubro daquele ano viveram naquela incerteza. Porém o resultado tinha sido satisfatório, ele somente estava esperando aquele resultado para “se mandar”.
Em novembro daquele mesmo ano, eu estava em Recife, tinha ido fazer uma prova, quando o celular tocara, e a pessoa dizia:
- Doutor, fulano, aquele seu cliente foi assassinado com 32(trinta e dois) tiros!