Anestesiados

Por Ítalo Fernando Brevi | 07/03/2011 | Direito

Ao folharmos qualquer compêndio de leis podemos constatar as inúmeras leis e códigos que em seus dispositivos legais buscam regular o agir administrativo governamental e combater a sua má utilização, inclusive com punições às condutas ilegais e que burlam os limites da discricionariedade permitida nesses atos.
Igual constatação temos ao folharmos os jornais quando percebemos através dos inúmeros casos de corrupção deflagrados pelas forças coercitivas e inibidoras dessas práticas, a imensa regulação da administração pública que torna possível o combate a essas condutas.
Mas eis que surge um questionamento: se há uma legislação apropriada e inúmeros mecanismos de inibir a improbidade administrativa e a prática corruptora ? com dispositivos legais punidores no código penal inclusive ? porque tais práticas ainda são tão comuns em nossa sociedade? Seria preciso uma maior regulação sobre os atos ou maior apenação aos infratores? Estariamos vivendo em uma cultura permissiva da ilegalidade casada com a impunidade? Seria possível uma moralização política ou necessária uma remodelação na forma de se fazer política? Quanto custa tais desvios de conduta para a sociedade?
Não pretendemos aqui responder a essas questões, visamos apenas provocar a reflexão do quão habituados nos tornamos à essas práticas corruptas sem maiores reflexões sobre o tema e a busca de soluções para o mesmo, o que manifestamente ocorre com a ausência de iniciativas e mobilizações populares reivindicadoras havendo apenas esparsas vozes isoladas aqui e acolá.
Por fim, vivemos um momento histórico em que assistimos ao povo árabe mudando sociedades corruptoras por meio de sua força reivindicatória, um exemplo que se apresenta a nós, enquanto "anestesiados" de uma consciência transformadora da realidade política diante de toda a corrupção que vigora neste país.