ANATOMIA DA SEMENTE DO CAMU-CAMU (Myrciaria dúbia (H.B.K.) McVaugh, MYRTACEAE) E SUA CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DO FRUTO.

Por Luís Geovanny Penha Maciel | 23/11/2009 | Arte

Reunião Regional da SBPC em Tabatinga - Tabatinga / AM - 2009

 

C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal

ANATOMIA DA SEMENTE DO CAMU-CAMU (Myrciaria dúbia (H.B.K.) McVaugh, MYRTACEAE) E SUA CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DO FRUTO.

Luís Geovanny Penha Maciel1
Maria del Pilar Díaz Garcia1
Anayasi Albert Rodriguez1
Iatiçara Oliveira da Silva1

1. Universidade do Estado do Amazonas

INTRODUÇÃO:

Muitas espécies vegetais encontram-se em estado silvestre dispersas na região amazônica. O camu-camu Myrciaria dubia (H.B.K.) Mc Vaugh, é uma espécie arbustiva que se encontra em estado natural nas margens de rios e lagos da bacia hidrográfica do Amazonas e Orinoco. Ocorre naturalmente no Brasil, Colômbia, Peru e Venezuela especialmente na área amazônica (PETERS et al., 1986). O fruto é uma fonte natural de vitamina C, podendo produzir até 2,99 g de vitamina C por 100g de fruto fresco (CHAVEZ, 1999). A vitamina C é encontrada na polpa e casca do fruto que podem ser aproveitadas (CALZADA, 1980). Alvarado (1969), manifesta que o fruto de camu-camu tem usos diversos como suco concentrado, além disso pode ser usado na preparação de compostas, geléias, vinhos e licores (GUTIERREZ, 1969; CALZADA, 1980; CHAVEZ, 1999). Fazendo uma revisão literária, se observou que poucos trabalhos tratavam sobre os frutos e sementes de Myrciaria dubia. Nosso trabalho objetivou descrever a anatomia da semente da Myrciaria dubia (H.B.K.) Mc Vaugh, assim como caracterizar morfologicamente seu fruto, como subsídio para futuros estudos.

METODOLOGIA:

O estudo foi conduzido em área de terra firme, onde foram escolhidas aleatoriamente 05 plantas de aproximadamente 04 anos de idade cada com altura entre 1,50 m a 2.00 m, no Bairro Nova Cidade, no município de Benjamin Constant-AM. Foram coletados frutos maduros de camu-camu (Myrciaria dúbia) que apresentavam epicarpo de coloração vermelha ou púrpura, pertencentes a 05 indivíduos, onde de cada um coletou-se 20 frutos aleatoriamente fazendo um total de 100 frutos. O fruto completo e a semente foram previamente pesados em uma balança analítica de forma a obter-se o peso por fruto. Posteriormente foram feitas as descrições morfológicas dos frutos e as medidas biométricas de comprimento e largura com auxilio do paquímetro com precisão de 0,02 mm. Em seguida realizou-se o despolpamento das sementes de forma manual, as quais foram lavadas, friccionadas em água corrente para retirar o excesso de fibras aderidas ao tegumento. Em seguida as sementes, submetidas à secagem a sombra e à catação manual visando à eliminação das danificadas por brocas (Conotrachelus dubiae), para a obtenção de melhores resultados, usando-se para as medições a mesma metodologia que para o fruto completo. Para cada uma das variáveis obtidas, calculou-se a medida aritmética, o desvio padrão, o erro padrão e a amplitude de variação.

RESULTADOS:

O fruto é do tipo baciforme, esférico, globoso ou subgloboso. Seu comprimento é de 23,78 ± 2,06 mm e o diâmetro de 24, 89 ± 2,28 mm, o peso fresco é de 8,95 ± 2,20 g. Possui de 1 a 4 sementes envolvidas pela polpa, comestível, de sabor ácido, carnoso, brancomucilaginoso, totalmente aderido ao tegumento da semente. Apresentam fibras muito visíveis que se iniciam no hilo as quais se distribuem em toda a polpa. A semente varia em tamanho, com comprimento de 13,72 ± 1,53 mm e largura de 10,71 ± 1,48 mm, peso fresco de 1,51 ± 0,96. Externamente a semente é de cor marrom claro, forma reniforme, conspicuamente aplanada, com o tegumento delgado permeável e absorvente. Superfície rugosa coberta por uma malha de fibrilas brancas, como foi descrito por Villachica, et al., (1996). O hilo é opaco de tamanho médio latero-ventral, emitindo prolongações de fibras que se dispersam em toda a polpa. A semente não apresenta endosperma sendo assim classificada como exalbuminosa, fazendo um corte logintudinal observou-se o tamanho do embrião que é total, preenchendo todo o volume da semente, ocupando uma posição axial, invaginado, ou seja, reto. Este embrião é composto de uma massa cotiledonar esverdeada, volumosa, espessa que recobre ou esconde o eixo hipocótilo-radícular encontrando-se todo o material de reserva armazenado no volumoso cotilédone, estes cotilédones quando fechados são muito fusionados à soldadura dos cotilédones o que dificulta a separação sem que seja danificado.

CONCLUSÃO:

Fazendo-se um corte transversal da semente sem o tegumento observou-se na extremidade lateral oposto ao hilo uma proeminência ou protuberância mais ou menos triangular que é a região micropilar formado pelo tecido meristemático de onde emerge o eixo hipocótilo-radícular, o eixo hipocótilo-radícular não é distinguível podendo encontrar-se muito reduzido como foi observado por Anjos, (1998), ao estudar a morfologia e fisiologia das sementes de araçá-boi (Myrtaceae sp.) onde observou a inexistência de um eixo embrionário típico, podendo ser este característico da família Myrtaceae.

Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM

Palavras-chave: Camu-camu, Semente, Anatomia e Morfologia.