Análise - Lord of the Rings: Conquest (PC)
Por Luiz Soares | 14/06/2009 | TecnologiaDe volta ao universo de Tolkien
Todo ser humano com um nível mínimo de informação deste planeta já deve ter ouvido falar da saga O Senhor dos Anéis – especialmente depois da épica trilogia de filmes dirigida por Peter Jackson. A fascinante história de J.R.R. Tolkien já rendeu, além dos filmes e produções em diferentes mídias, diversos jogos de vídeogame, sendo o mais novo exemplar The Lord of The Rings: Conquest.
LotRC (com iremos abreviar) pode ser classificado como um game de ação em terceira pessoa, estilo “Hack and Slash”, centrado basicamente no combate e uso intenso de botões para promover a pancadaria. Toda ação ocorre no ambiente já conhecido dos filmes, dos quais vemos até pequenos trechos no início de cada fase. Prepare-se, portanto, para reviver as batalhas épicas dos filmes, dos dois lados da história, do bem e do mal. Para os fãs será um verdadeiro refresco na memória poder não apenas se lembrar das batalhas, mas participar delas. Porém, seria este novo game um avanço ou retrocesso em relação à sua franquia?
Boa variedade recheada de missões banais
A história de Conquest no modo campanha não é muito diferente daquilo que já vimos nos filmes, com exceção da segunda etapa, na qual jogamos pelo lado do mal. Se você se perguntava como seria se a Sociedade do Anel tivesse falhado ou mesmo se Frodo não conseguisse jogar o anel na Montanha da Perdição, você terá as respostas. Inclusive, uma das primeiras missões da segunda parte da campanha é exatamente esta: impedir Frodo de aniquilar o anel.
Durante o progresso, o que o jogador praticamente fará é invadir, proteger e pilhar locais famosos dos filmes, entre eles Portões de Mordor, Minas de Tirith e Abismo de Helm, entre outros. Cada cenário vem recheado de vários objetivos como, por exemplo, dominar e defender determinados pontos de captura por tempo determinado, combater ondas de inimigos e enfrentar de vez em quando um herói como se fosse um chefe de fase. Apesar da aparente variedade, as missões se mostram repetitivas e banais em sua maioria.
Há vários tipos de inimigos no jogo: soldados, oficiais, capitães, gigantes e heróis. Os soldados são os inimigos mais fáceis de serem derrotados – até demais. Já os oficiais conseguem se defender mais efetivamente, sendo superados pelos capitães, estes sim, difíceis demais. Entre os gigantes, temos os Trolls e os Ents. Além disso, há também diversos monstros a serem derrotados e que até mesmo podem ser usados na batalha, como os Olifantes.
O jogador pode escolher entrar para a batalha utilizando uma das quatro classes: Guerreiros – fortes e mais eficientes no combate corpo-a-corpo, podendo usar ataques com espada flamejante; Batedores (Scouts) – não tão fortes como os guerreiros, porém hábeis e velozes no combate corpo-a-corpo, podem se camuflar adquirindo invisibilidade parcial para matar inimigos por trás (útil para capturar um ponto de controle esquecido ou matar um herói do outro time); Arqueiros – usando de flechas comuns, flamejantes ou envenenadas, são úteis no combate à distância e podem causar ferimento crítico ao inimigo; Magos - soltam raios e conseguem recarregar sua própria a saúde e de aliados, além de utilizar um escudo de defesa; e, por fim, os Heróis, que são versões melhoradas das classes de combatentes acima referidas. Os heróis possuem habilidades diferenciadas e num determinado momento da batalha temos a opção de jogar utilizando um deles.
Combates imprecisos e desequilibrados resultam em um game difícil
No geral cada classe de combatentes que o jogador escolhe (citada no parágrafo anterior) usa basicamente três a quatro diferentes tipos de ataques, mas essa diversificação não salva o jogo no quesito combate. Mesmo jogando no modo casual, o game se mostra muito difícil, graças a um sistema de batalha desequilibrado e impreciso. Desequilibrado porque, além do que já foi dito de inimigos fáceis e difíceis ao extremo, o computador não é muito inteligente no combate em equipe. Os personagens controlados pela IA que deveriam dar suporte, acabam deixando que o jogador cuide de toda a encrenca sozinho, enfrentando variadas classes de inimigos, estes sim, muito bem organizados no seu objetivo e quase sempre cercando e atacando por trás. Para piorar, há um número exagerado de oponentes por metro quadrado e isto somado a imprecisão de alguns golpes (especialmente no corpo-a-corpo) faz os diferentes comandos de ataque serem esquecidos, transformando tudo em uma overdose descontrolada de cliques no mouse. Em algumas fases, chega a ser desesperador ver o nosso herói cercado por todos os lados e sendo mais malhado do que um Judas.
Além disso, há diversas formas pelas quais o jogador pode ser derrotado. Morrer é a mais óbvia, mas ter inimigos demais em um ponto de controle também é fatal. É fato que LotRC se mostra um jogo difícil mais pelos seus problemas do que por qualquer outra boa intenção.
Boa performance em gráficos que deixam a desejar
Na qualidade gráfica Conquest fica aquém da geração de jogos atuais. Não que seja terrível, mas com certeza poderia ser melhor. Apenas alguns cenários do jogo realmente trazem mais qualidade – o restante deixa a desejar. As cenas ao fundo, por exemplo, não agradarão olhos mais exigentes. Há momentos de cores intensas, mas nada que impressione ou aproveite todo o potencial dos processadores nos computadores e consoles atuais. O que se destaca como positivo é a performance do jogo, que conseguirá ser rodado em resoluções altas como 1680 x 1050 com todos os filtros ligados e alta taxa de frames.
Há uma boa variedade de cenários que remetem aos filmes. Todavia, o design de cenários dos mesmos não chega a impressionar. Por vezes, há os infames muros invisíveis, ao mesmo tempo que em alguns lugares o jogador pode cair desavisado em um abismo. No mais tudo é feito dentro do óbvio sem nada muito interessante.
Já o som é satisfatório, preenche os requisitos para um jogo de batalhas épicas, com músicas condizentes, sendo que o único problema é a voz de um comandante que relembra infinitamente o jogador do que há de ser feito.
Multiplayer divertido, mas peca por não inovar
Para aqueles que quiserem se divertir acompanhados, LotRC traz alguns modos multiplayer, a começar da possibilidade de jogar toda a campanha no modo cooperativo. O único empecilho é a dificuldade de achar alguém para jogar, ou mesmo, quando se disponibiliza o jogo online, achar alguém interessado. Pela pouca quantidade de pessoas que encontramos, a melhor alternativa é mesmo ter paciência ou combinar previamente com algum amigo.
Os outros modos de jogos são os já encontrados em qualquer game que tenha funcionalidade multiplayer. No modo Conquest há uma disputa entre times para dominar pontos de controle do mapa. O clássico modo de captura a bandeira está presente, chamado de Capture the Ring - trata-se de um anel que é colocado em determinado local do cenário, geralmente no meio. Os times devem então levar o anel para a sua base respectiva. E, por fim, o clássico Team Deathmatch – nada mais do que o famoso mata-mata em dois times, que possui também uma variante com o Hero Team Deathmatch onde o jogador poderá jogar apenas com os heróis.
Neste aspecto online, o jogo é bem interessante e divertido. Contudo não traz nada de inovador. Além disso, o que pode atrapalhar é a tendência dos jogadores utilizarem algumas classes em exagero.
E vale a pena?
Respondamos a pergunta inicial: seria este novo game um avanço ou retrocesso em relação à sua franquia? Levando em conta tudo o que vimos até aqui, está certamente mais para um retrocesso, mas não a ponto de ser uma tragédia total. O jogo agrega valor por ser ambientado no universo do Senhor dos Anéis, por fazer com que jogador reviva a história nas batalhas épicas, pelos combates viscerais e pela possibilidade de sabermos o outro lado história que não foi contada nos cinemas – o do mal.
Por outro lado, não há como ignorar as limitações da jogabilidade de Conquest, especialmente no combate desequilibrado, difícil e impreciso, e apesar de oferecer diversão na parte online, não traz nada de realmente novo e inovador a um mercado já saturado com títulos semelhantes e melhores.
Aos menos exigentes e fãs da franquia, é uma boa pedida, com reservas. Mas, àqueles que procuram por algo realmente marcante, LotRC não atenderá as expectativas.