ANÁLISE LINGUÍSTICA DA LITERATURA MODERNA BRASILEIRA.
Por Roberto Remígio | 29/04/2009 | LiteraturaANÁLISE LINGUÍSTICA DA LITERATURA MODERNA BRASILEIRA.
Roberto Remígio Florêncio
A literatura brasileira moderna destaca-se no cenário artístico mundial desde a época posteriormente chamada de “primeira fase” do Modernismo Brasileiro, iniciado com a Semana de Arte Moderna de São Paulo, em fevereiro de 1922. Dentre outros acontecimentos marcantes, citamos a presença constante de elementos não-lingüísticos e extra-lingüísticos na elaboração da poesia e, com isso, a importante inovação brasileira no Concretismo, na Poesia-práxis e no Poema-processo, que fundamenta a presença da arte brasileira no cenário da literatura mundial.
A funcionalidade da arte e o tom irônico e caseiro da literatura marginal também se tornaram especialidades tupiniquins. Por fim, a grande quantidade de arte literária produzida entre os trópicos nas últimas décadas do século passado marcou profundamente o cenário artístico nacional e revelou alguns grandes nomes, - até então escondidos na literatura marginal - possibilitando ao grande público um conhecimento maior das muitas vanguardas surgidas neste momento. Também foi instaurada uma arte de consumo imediato e, muitas vezes, sem merecer o título de literatura.
Semana de Arte Moderna de São Paulo: estava lançada a pedra fundamental do Modernismo no Brasil. Era fevereiro do ano de 1922 e muitos intelectuais e artistas defendiam uma arte brasileira realmente voltada para o Brasil. Foi um período de críticas em jornais e revistas. Monteiro Lobato era um dos mais ferozes. Logo ele que, muito depois, pôde ser indicado como o grande mentor da renovação da linguagem proposta pelos modernistas. Mas, nem os próprios participantes do movimento eram tão unidos em relação às convicções sobre a arte literária ou sobre a própria linguagem. Os mais famosos, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Manuel Bandeira, de um lado, com o manifesto Antropofágico. Com total apoio dos principais nomes femininos da história recente brasileira, mulheres importantes tanto na sociedade da época como nas artes plásticas. Eram Patrícia Galvão (Pagu), Anita Malfati e Tarsila do Amaral. Do outro lado, menos famosos, mas muito mais radicais estavam Menoti Del Pichia e Cassiano Ricardo, entre outros, destruindo qualquer resquício de comodidade ou aceitação do clássico. Era o grupo da Anta, exagerado e utópico, pregava que a língua deveria ser completamente modificada. Algo meio Policarpo Quaresma, do pré-modernista Lima Barreto.
Depois de estabelecida a ordem, ou a nova ordem, ou a desordem do movimento modernista, três grandes fases ficaram muito distintamente percebidas: a primeira fase, em que a palavra de ordem era ousar, inovar, quebrar os padrões, fossem estéticos ou lingüísticos; a segunda fase, nascida realmente a partir de 1928, ficou com data marcada em 1930, foi o período da interiorização da literatura. O eixo São Paulo deixou de impulsionar a cultura sozinha, dando lugar a regiões até então esquecidas ou marginalizadas, era o caso da Região Sul, norte de Minas Gerais e o Nordeste. Surgiram os grandes romances, hoje considerados clássicos da literatura nacional: O Quinze, de Rachel de Queirós; O tempo e o vento, de Érico Veríssimo; Vidas secas, de Graciliano Ramos; Jubiabá, de Jorge Amado; Grande Sertão: veredas, de Guimarães Rosa; Menino de engenho, de José Lins do Rego e muitos outros. E a terceira fase, que deu ênfase a uma literatura mais voltada para outro tipo de interior, o do indivíduo. Era chegada a hora de analisar a alma humana. Surgem os textos introspectivos e reflexivos que analisam o comportamento humano e as convenções sociais. São contistas como Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, João Ubaldo Ribeiro, Murilo Mendes e Lygia Fagundes Telles e poetas como Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Mário Quintana, João Cabral de Melo Neto e Vinícius de Morais, entre outros.
A reboque dos acontecimentos políticos do Brasil nas décadas de 1960, surgem outros estilos literários não concretizados em Escolas Literárias, mas denominados Movimentos literários, entre os mais importantes, destaca-se a Literatura Marginal, que tinha preocupação político-ideológica e era considerada subversiva pela Ditadura Militar. No entanto, suas principais características eram a feitura manufatureira, xerografia, processo artesanal de produção e o lirismo inocente de seus principais autores, como: Paulo Leminski, Ana Cristina César, Chacal e Cacaso. A poesia concreta, dos irmãos Haroldo e augusto de Campos, já era um divisor de águas desta literatura e era constantemente aludida por estes artistas.