Análise Dos Impactos Socioculturais Na Praia De Piedade, Jaboatão Dos Guararapes / Pe, E Os Reflexos Para Atividade Turística

Por Evelin Ermida | 19/11/2007 | Sociedade

ANÁLISE DOS IMPACTOS SOCIOCULTURAIS NA PRAIA DE PIEDADE, JABOATÃO DOS GUARARAPES/PE, E OS REFLEXOS PARA ATIVIDADE TURÍSTICA

Evelin Maria Tourrucôo de Ermida e Flávio Romero Tavares Cardoso[1]
Robson Nascimento da Mota[2]

RESUMO

O trabalho ora apresentado aborda os impactos socioculturais positivos e negativos tendo como referência em sua elaboração pesquisas bibliográfica e, também, visitação in loco na praia de Piedade, Jaboatão dos Guararapes/PE. Como contribuição à visão dos residentes, foi de grande relevância, constatada através de questionários aplicados entre os moradores, proporcionando uma percepção critica da atual situação desta região, com potencial histórico, cultural, ambiental e econômico, para atividade turística.

PALAVRAS-CHAVE

Turismo, Impactos Socioculturais e Praia de Piedade, Jaboatão dos Guararapes/PE.

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho é o resultado de um exercício acadêmico, visando à elaboração de um projeto de pesquisa, a respeito dos reflexos da atividade turística na praia de Piedade-Jaboatão dos Guararapes/PE. Logo, visa assim contribuir com informações de relevância para conscientização dos residentes e dos turistas, sobre a importância sociocultural da atividade turística.

Diante de constantes mudanças sociais, surge à necessidade de coletar dados, e, através dessas informações procura-se despertar as adequações necessárias para desenvolvimento do turismo, resultando em crescimento responsável para todos os envolvidos direta e indiretamente.

A atividade turística propicia impactos positivos e negativos para as nas relações socioculturais entre os turistas e os residentes, na praia de Piedade, Jaboatão dos Guararapes/PE?

Na medida em que o turismo apresenta ser uma atividade ambígua a população local sofre influências nos aspectos socioculturais, produzindo efeitos às vezes de reflexos positivos e negativos. Desta inter-relação, verifica-se através da literatura, ora trabalhada, alguns elementos que possibilitam detectar modificações dos residentes em várias situações, identificadas, também, in loco, bem como, um completo desconhecimento da situação desta região.

Desta forma, objetiva-se neste trabalho analisar os impactos socioculturais para atividade turística na praia de Piedade, Jaboatão dos Guararapes/PE, e seus reflexos, ademais, a caracterização da praia de Piedade, Jaboatão dos Guararapes/PE, como também, pesquisas sobre os impactos mencionados na literatura e a identificação dos citados impactos na localidade em questão.

Com a definição do tema do projeto, iniciaram-se as pesquisas bibliográficas, para o embasamento da composição textual e sua fundamentação teórica.

Em seguida, para obtenção de dados sobre o problema a ser investigado, foram necessárias realizações de pesquisas, as quais segundo Lakatos e Marconi (2001), não se restringem a um levantamento de dados, mas a investigação de caráter empírico que busca informações quantitativas e qualitativas para embasar a análise de um fato ou fenômeno. Para tal, foram adotados procedimentos de entrevista por meio de questionários, com perguntas fechadas, contendo alternativas de resposta fixas, delimitando as possibilidades de respostas do entrevistado.

Segundo Nogueira apud Dencker (2004): “O método científico é a sucessão de passos pelos quais se descobrem novas relações entre fenômenos que interessam a um determinado ramo científico ou aspectos ainda não revelados de um determinado fenômeno”. (p.19)

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 - CARACTERIZANDO A PRAIA DE PIEDADE, JABOATÃO DOS GUARARAPES/PE

Pernambuco é um dos vinte e sete Estados da República Federativa do Brasil, estando localizado na região do Nordeste. O Estado é composto por 184 municípios, e, dentre eles, Jaboatão do Guararapes, cuja localização na Região Metropolitana do Recife – RMR, a 14 km da capital, Recife, com seus limites quase imperceptíveis, estando atrelado ao perímetro urbano da capital.

O município de Jaboatão dos Guararapes, o segundo em arrecadação e importância da RMR, limita-se ao norte com o Recife e São Lourenço da Mata, ao leste com Oceano Atlântico, a oeste com cidade de Moreno e ao sul com o Cabo de Santo Agostinho. O acesso viário para município se dá através das BR-101 e BR-232, bem como as vias que acessam as BR-104, BR-423 e BR-230, que se interligam com as principais. Disponível no site: www.pjg.com.br.

Jaboatão dos Guararapes tem uma extensão territorial de 256,02 Km2, com uma população aproximada de 581.556 habitantes (IBGE, 2004). O município passou a ser dividido em cinco Distritos, a saber: Jaboatão dos Guararapes, Jaboatão, Cavaleiro, Curado e Jardim Jordão. Informação disponível em: http://www.pjg.com.br/index.php?opcao=1 Acesso em: 28 set 2007.

No Distrito de Jaboatão, com uma população média de aproximadamente de 326.321 habitantes, encontra-se a sede da Prefeitura, no bairro de Prazeres. Sua localização em relação aos equipamentos é de grande relevância para o desenvolvimento deste, pois o Porto de Recife fica a 12 km, o Porto de Suape a 36 km e apenas a 2 km está localizado o Aeroporto Internacional do Recife/Jaboatão dos Guararapes - Gilberto Freyre. Vale salientar a construção do metrô de superfície, em andamento, como também as diversas linhas de transporte urbano que atendem este município, interligando-o com as mais diversas localidades do próprio município, assim como áreas adjacentes, facilitando o fluxo de entrada e saída da cidade. (site: www.pjg.com.br)

A praia de Piedade, objeto do estudo deste projeto está situada neste Distrito, com uma extensão de 4,5km e limitada ao norte pela praia de Boa Viagem, Recife, e ao sul pela praia de Candeias, Jaboatão dos Guararapes, disponível no site: www.recifeguide.com.

A existência da Igreja Nossa Senhora de Piedade situada ao norte, de estilo maneirista, com sua construção do ano 1683, pertence à Ordem Carmelita, como também, em anexo, houve a construção do Convento do século XVIII. Encontram-se restaurantes, edifícios com certa altura e bares que hoje se localizam em edificações instaladas no entorno desta Igreja. Ao longo da extensão desta praia são encontrados alguns edifícios residenciais, casas, bares, restaurantes e hotéis de alto padrão de qualidade, disponível em: <http://www.recifeguide.com/brasil/pernambuco/jaboatão-dos-guararapes.html> . Acesso em: 1º/10/2007 às 15h.

A praia tem característica climática quente-úmida, com chuvas entre maio e agosto, e com temperatura média entorno dos 25ºC. A vegetação encontrada é composta por coqueiros em pequena quantidade, em sua maioria agregados as edificações comerciais e residenciais. A água do mar é morna, de cor azul-esverdeada, a qual, constantemente, sofre alternâncias e a areia é fina e de aparência clara. Em sua área costeira os arrecifes encontram-se submersos inclusive na baixa maré, propiciando a ancoragem de embarcações em sua costa, assim como, ao sul, conferindo a formação de piscinas naturais. Informações contidas no site: (www.pjg.com.br/)

As diversas opções de hospedagem, com excelentes opções gastronômicas aliadas às opções culturais existente são componentes que tornam viável a escolha do destino turístico, constituindo de um visual altamente deslumbrante, favorecendo o descanso. No município é possível contar, também, com um Shopping Center, onde se podem apreciar atividades culturais como apresentações e atrações folclóricas de acordo com o calendário festivo da cidade. Trata-se do único shopping do estado que possui um “Teatro Artplex”, o qual oferece espetáculos locais e nacionais. Dados retirados do site mencionado acima. Disponível em: <http://www.pjg.com.br/turismo/index.php?opcao=32>. Acesso em: 1º out 2007.

A visitação ao Instituto Cultural Lula Cardoso Ayres é indispensável para aqueles que visitam este bairro. O espaço oferece além de inúmeros cursos, exposições permanentes de obras dos artistas distribuídas em galerias de artes, além de ser composto por uma biblioteca. Disponível em: <http://www.pjg.com.br/turismo/index.php?opcao=32.> Acesso em: 1º out 2007.

Existem alguns projetos em implantação para este município e, entre eles, um que privilegia a área de praia de Piedade, chamado de projeto “Jaboatão Sabor e Arte”: um festival gastronômico e cultural que busca agregar a culinária local, com as obras dos artesões e artistas deste município. O JABA, como foi apelidado, será realizado no mês de dezembro vindouro, sendo possibilitado aos artistas exportarem seus trabalhos nos restaurantes que farão parte desde projeto. Disponível em: <http://www.pjg.com.br/turismo/index.php?opcao=32.>. Acesso em: 1º out 2007. Através de proposta como essa será possível desencadear benefícios capazes de incrementar promoção, divulgação e o desenvolvimento da atividade turística nesta praia e, assim, fortalecer o município, repercutindo conseqüentemente de forma positiva para o Estado.

2.2 - CONCEITUANDO TURISMO

O Turismo, por volta dos anos 10, era visto apenas como uma atividade lucrativa, compreendida pela entrada e saída de turistas, movimentando principalmente o setor econômico da localidade visitada. Segundo afirma Herman Von Schullern apud Barretto (2003, p.9): “turismo é o conceito que compreende todos os processos, especialmente os econômicos, que se manifestam na chegada, na permanência e na saída do turista de um determinado município, país ou estado”. Para o autor o foco central eram os recursos financeiros que os visitantes empregavam na utilização do meio de transporte de ida e volta, bem como hospedagem, alimentação entre outros geradores a partir de seu deslocamento.

Após algumas décadas surgem outras definições acerca de turismo, o qual considera-se uma fusão entre a relação viagem x local a ser visitado, desde que o visitante não esteja motivado por questões de atividade lucrativa, como é explicado pelos dois economistas, Hunziker e Kraff (apud Sancho, 2001).

Em 1981, surge uma maior conotação, enfatizando a viagem, em cuja Brukart e Medlink apud Sancho (2001) definem o turismo como uma prática de viagem, num pequeno espaço de tempo, impulsionando as pessoas a deslocar-se para fora de seu entorno habitual, e desenvolvendo qualquer atividade a ser aplicada na localidade a ser visitada.

Como forma de padronização e unificação, entre os países integrantes da Organização Mundial do Turismo/OMT, adota o conceito de turismo transcrito por Sancho (2001, p.38): “o turismo compreende as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras.” (OMT, 1994). Então, de uma maneira sucinta, fica expressa a interpretação da OMT, deixando explicito a temporidade. Logo, a motivação, seja qual for, haverá a utilização dos equipamentos e serviços direta e indiretamente.

Tendo-se por vista que o conceito a respeito do turismo é bastante abrangente e que envolve interpretações distintas entre vários estudiosos, com passar dos anos surgiram outras definições sobre o mesmo, aprimorando, assim, cada vez mais essas relações. Quando se fala em turismo não pode esquecer que também existem inter-relações entre os diversos setores da área e das localidades a serem visitadas, como: meios de alojamentos, meios de transporte, atrativos e a relação de todos os serviços prestados, aos turistas, como nas relações comerciais, políticas e sociais, incrementada pela ação do turista no local (BARRETTO, 2003).

A vasta gama de aplicação de conceitos possibilita alguns conflitos entre si, o que é totalmente aceitável tanto para uns quanto para outros a interpretação de outro foca outro prisma, para Beni (2006) comenta em sua obra:

[...] o fato do turismo encontra-se ligado, praticamente, a quase todos os setores da atividade social humana é principal causa da grande variedade de conceitos, [...] Não se pode dizer que esse ou aquele conceito é errôneo ou inadequado quando e pretende conceituar o Turismo sob uma ótica diferente. (p.39)

Portanto, entre alguns conceitos mencionados resume-se o turismo como sendo um produto, que está proporcionalmente associado a sua produção, distribuição e o seu consumo de forma simultânea, interagindo com os aspectos econômicos, socioculturais, de forma sustentável (COOPER, 2001, p.201).

2.3 - CONCEITUANDO E EXPLICANDO OS IMPACTOS

Sensação produzida após um choque imaterial ou material de contato direto ou por observação sobre algo ou alguém, de forma temporal e espacial, entende-se por impacto, para o qual, o dicionário da língua portuguesa Aurélio (2004, p.463), tem a definição de: “[...] impressão causada, em alguém ou algo, por fato, ação, etc”. Sendo gerador de inter-relações de distintos fatores desencadeando diferentes reações.

Observa-se que essas reações, ou conseqüências podem surgir a parir de inúmeras ações, como por exemplo, a própria atividade turística, que através dos deslocamentos, hospedagem e utilização dos recursos, podem promover como explica Dias (2003, p. 55):

[...] o deslocamento de pessoas para a localidade onde estão os atrativos, o turismo contribui enormemente para a modificação nos hábitos e costumes da comunidade receptora. Essas modificações podem assumir papel positivo, à medida que o turismo leva informação, novas tendências, novidades, contatos interculturais que provocam a aproximação entre diferentes povos [...] aspectos negativos que podem acontecer devido a esses contatos [...]

Através da atividade turística é fácil enxergar os impactos socioculturais provocados em todas as áreas de sua extensa abrangência. Considerando ainda que o turismo tenda a ser localizado, verifica-se a provocação de alterações que se alastram entre a vasta gama de fatores. (LICKORISH e JENKIS, 2000, p.104-105). Faz parte do conjunto das relações ambientais de um SISTUR[3], que é delimitado em impactos ecológico, social, econômico e cultural, o qual segundo Beni (2003, p.51), não se caracteriza por estruturas e funções estáticas. Justamente por ser aberto, mantém um processo contínuo de relações dialéticas de conflito e colaboração com o meio circundante. No processo da globalização na qual a sociedade atual está inserida, é alavanca de intervenção no espaço sociocultural. (ibidem)

Foram identificadas na literatura, ora pesquisadas, aspectos positivos e negativos, em decorrência das atividades turísticas, por vezes similares, apresentadas por diferentes autores como Sancho (2001), Cooper (2001), Lickorish e Jenkis (2000), Ruschmann (1997) e Dias (2003). Os autores supracitados concordam entre si em relação às condicionantes manifestadas em lugares e população distintas, conforme tempo e espaço.

Entre os vários impactos positivos existentes no âmbito sociocultural verifica-se os seguintes:

A valorização do artesanato produzido pelos residentes, despertando o interesse em revitalizar o seu próprio trabalho, utilizando a matéria-prima disponível de sua região, agregada a habilidade de retratar seus valores, hábitos e vida cotidiana, por intermédio da confecção de peças artesanais (RUSCHMANN, 1997, p.51). Entre os elementos culturais que buscam determinados turistas, há destaque para o artesanato, como forma expressa da arte ali produzida.

Sancho (2001, p.28) afirma que: [...] “o turismo pode influir diretamente na estrutura social da uma região ou um país, pois o emprego no setor turístico é uma forma, para muitos moradores [...] ter mais mobilidade social”. Quando constatada a geração de oportunidade para o crescimento profissional, que além do ganho no poder aquisitivo, proporciona a evolução no âmbito social e cultural dos residentes de determinada localidade, adquiridos através de qualificação e capacitação.

O autor citado anteriormente diz o seguinte: “Normalmente o turismo traz consigo a melhoria das condições sanitárias da região em que se desenvolve, pois os turistas dão prioridade a todos os aspectos relacionados à saúde” (ibidem). Na perspectiva de melhor receber os visitantes são implantadas campanhas de vacinações e métodos preventivos como forma de combater possíveis epidemias, de maneira que beneficie ambos, anfitriões e visitantes.

É abordado por Ruschmann (1997, p. 53): “Os monumentos e prédios com valor histórico, diante de seu potencial de atratividade, passam a receber as atenções do governo e até de instituições privadas, que os restauram e conservam”. É a partir desta sensibilidade e comprometimento dos envolvidos, direta e indiretamente, que desencadeiam reaproveitamento e adequações que se obtém a valorização do patrimônio histórico, artístico e cultural de uma região, bem como sua população.

O desenvolvimento da atividade turística apresenta melhorias em alguns serviços essenciais como: coleta de lixo, fornecimento de energia, fornecimento de água, saneamento básico, pavimentação das vias públicas, sinalização, instalação de filiais de entidade financeiras, policiamento, aperfeiçoamento nas redes de comunicação, ampliação da oferta de transporte urbano, conforme abordado por Sancho (2001, p. 220).

Para Ruschmann (1991, p.52) a valorização da arte, música, gastronomia, o teatro, enfim, promove estimulo quanto ao resgate da herança cultural. É citado pelo autor: “As cerimônias religiosas, fotografadas e filmadas pelos turistas, são motivos de orgulho dos moradores e as paróquias estimulam a ampliação e a elaboração dos rituais”. Desta forma é proporcionado o resgate de originalidade expressado por intermédio das manifestações folclóricas, que traduzem o resgate e conservação da herança cultural de um povo.

Considerando a afirmativa: “As tentativa de informar os turistas sobre as normas comportamentais são equilibrada pelas tentativas de educar as comunidade quanto às diferenças culturais [...]. As comunidade anfitriãs devem se dar conta que precisam acolher bem seus hóspedes [...] procuram informar os benefícios que o turismo pode trazer e das diferenças nos padrões comportamentais [...]” (LICKORISH e JENKIS, 2000, p.111). Sendo através de campanhas educacionais o passo fundamental para a conscientização e respeito dos centros receptores como dos visitantes. “[...] as mudanças na sociedade podem ser imperceptíveis, mas cumulativa”. (ibidem) Assim, as modificações podem demorar a evidenciar-se, contudo estará em processo gradativo e constante.

Conforme mencionado por Sancho (2001, p.220) “efeito demonstração” tem seu potencial positivo ressaltando a partir do estimulo referencial oferecidos aos residentes em “lutar e/ou trabalhar”, e assim conquistar seu espaço diante da sociedade, alcançando equiparidade de valores.

Em relação aos impactos socioculturais negativos, foi constado através das obras consultadas, o que se segue:

Através das observações abordadas por Ruschmann (1997, p. 51) quando as produções dos objetos artesanais direcionadas ao consumo destas, pelos turistas, que por sua vez adquirem tais peçam para fins decorativos, fugindo de sua originalidade.

Entre alguns aspectos negativos considerados por Cooper (2001,p. 209-210), identificam-se os encontros sexuais, que geram a promiscuidade. Nessa ótica são observadas também doenças sexualmente transmissíveis. Portanto ante o exposto, o autor afirma: “muitos turistas dos países industrializados podem ter uma expectativa de relaxar sua moral durante suas férias”. (ibidem) Desta forma desencadeando conseqüências destrutivas, favorecendo uma imagem deturpada dos valores de uma localidade.

Dias (2003, p. 30) observa o seguinte: “os furtos e roubos de veículos e assaltos são os principais crimes enfrentados pelos turistas”. Os próprios turistas facilitam as ações dos bandidos, pois na euforia do passeio deixam de tomar determinadas precauções, pois sua maneira de vestir-se, de falar torna-os alvos fáceis, assim os vândalos agem, furtando como também depedrando o patrimônio público com atos perversos.

Diante do exposto: “cerimônias e rituais são muitas vezes levados a uma postura de exploração, reduzidos, tornados mais coloridos, mais dramáticos e mais espetaculares para capturar a atenção e a imaginação de uma audiência [...]” (COOPER, 2001, p.211). É identificada a transformação de representação em apresentações, em ambientes fechados e com capacidade limitada, caracterizando a comercialização, a qual o faz distanciar-se.

Para Ruschmann (1997, p. 54) há uma estilização do folclore quando “transformando-os em verdadeiros objetos de observação”. O autor acredita que tais manifestações acabam por fragilizar o interesse dos turistas que buscam espontaneidade e autenticidade. Os próprios moradores acreditam tratar-se de uma arrogância cultural essas manifestações.

Há ainda outros reflexos provenientes da saturação de certa região receptora, que sem planejamento estratégico, propícia o surgimento de inúmeros problemas, entre eles o congestionamento do tráfego em direção a determinadas localidades, por falta de alternativas de vias de acesso. (SANCHO, 2001)

O autor supracitado observa que uma demanda excessiva de pessoas, aliada a uma oferta de saneamento básico insuficiente para atender aos moradores e também os visitantes; a ausências de segurança preventiva e permanente monitoria; uma iluminação pública que permita uma maior abrangência territorial, no perímetro urbano. (ibidem)

Entre outros fatores o autor menciona que um grande fluxo de turista, como também sua constância, provoca em determinadas localidades danos nas estruturas de bens históricos, seja em relação ao excessivo tráfego de veículos como as ações depedratórias exercidas tanto pelos turistas como pelos residentes. A falta de conscientização de quem busca e os que ofertam, acarretam graves danos ao patrimônio cultural, histórico, artístico e natural. (RUSCHMANN, 1997, p. 55)

Em suma, foram identificadas inter-relações entre os impactos negativos e positivos no sociocultural. Contudo, as ações são interdependentes de outros impactos tantos econômicos como no ambiental, surtem reflexos expressivos no que concerne ao sociocultural. Isto é, qualquer acontecimento positivo ou negativo terá conseqüências diretamente no âmbito social e cultural nas localidades de fluxo turístico.

3. CONCLUSÃO

Através de entrevistas com aplicação de cinqüenta questionários obteve-se dados que expressam a realidade da praia de Piedade, Jaboatão dos Guararapes/PE, conforme a percepção de seus moradores, assim, a seguir relatam-se os resultados levantados.

Em relação aos dados pessoais dos entrevistados foram coletados, no que refere ao sexo, que 54% são mulheres e 46% homens. Considerando a faixa etária deles, de 26 a 35 anos e 36 a 45 anos obtiveram 30% cada uma, de 18 a 25 anos e 46 a 55 registram-se 18% cada uma e 4% para os acima de 55 anos.

Quanto ao estado civil 38% são casados, 36% solteiros, 16% outros e 10% de divorciados 10%. No aspecto, grau de escolaridade, foi constatado os seguintes percentuais: 36% possuem o ensino médio, 26% ensino fundamental, 24% nível superior, 12% são analfabetos e apenas 1% com pós-graduação.

No que concerne à ocupação (atividade profissional exercida) dos entrevistados, foram observados que 18% de estudantes; 8% são de recepcionistas; 6% em padaria, comércio e ambulantes; 4% de barraqueiros, donas de casa, atendente de farmácia e taxistas; 2% professora, cobrador (ônibus), manicure, cabeleira, auxiliar de produção, camelô, mensageiro, auxiliar de reserva, porteiro, empregada doméstica, babá, segurança, frentista, fiteiro, vendedor de coco e vendedora (loja).

Através das questões relativas aos impactos existentes na praia de Piedade Jaboatão dos Guararapes/PE, os residentes salientaram. Considerando os impactos positivos da atividade turística, no que concerne a melhoria da infra-estrutura urbana 56% são de opinião positiva, enquanto que 42% não e 2% não souberam responder.

Sobre a valorização do artesanato como forma de benefício no resgate da identidade desta localidade 40% responderam que sim, 40% disseram não e 20% não sabiam responder. Para os entrevistados as oportunidades sociais oriundas da atividade turística 50% não acreditam, 42% sim e 8% não sabia.

Quanto as oportunidade de lazer 48% acredita haver, 44% não e 8% não souberam responder. Em relação aos trabalhos de recuperação e conservação dos prédios e monumentos 62% não percebem alterações, 20% sim e 8% não sabiam responder.

Considerando as melhorias das condições sanitárias 60% não verificaram, 28% acreditam que sim e 12% não sabiam responder. No que diz respeito a identificação de desenvolvimento regional, deste destino 42 negativas, 36% não sabiam responder e 22% acham que sim.

No entanto, 78% dos entrevistados acreditam que o turismo trás divulgação para a divulgação para o município, entretanto 18% não e apenas 4% não souberam responder.

Sobre a conscientização e educação da comunidade 52% dizem não haver, 32% não sabiam, e 16% acreditam existir. Em relação à valorização da herança cultura 40% não percebe, 30% sim e também 30% não sabiam responder.

Em relação aos impactos negativos, foi questionado aos moradores o aumento de veículos, bem como congestionamento e para 78% dos entrevistados acreditam que sim, 18% não identificam e 4% não souberam responder.

Quanto à produção artesanal voltada para o consumo dos turistas, fugindo de sua característica original 36% não sabiam responder, 34% responderam que não e 30% acreditam que sim. Perguntado sobre o crescimento desordenado e o desequilíbrio sociocultural em decorrência da atividade turística 60% dos moradores não souberam responder, 22% não identificaram e 18% acreditam que sim.

Quanto ao surgimento da prostituição 82% acreditam que sim, para 12% dos entrevistados não e apenas 6% não souberam opinar. Em relação ao aumento da criminalidade e do vandalismo 88% dos entrevistados declararam sim, para 6% não e também 6% não sabiam.

No que consiste a perda de acesso as atividades de recreação e lazer 44% dos residentes disseram não ocorrer, 40% acreditam que sim e 16 são souberam responder. Sobre os problemas de infra-estrutura básica 86% sim, 8% não e 6% não sabiam.

No que diz respeito à comercialização e representação artística 40% dizem sim, 38% não sabiam e 22% dizem não. Já para a estilização das manifestações folclóricas, para 34% não há, 34% não sabia opinar e 32% disseram sim. Enquanto que a destruição do patrimônio histórico obteve 74% sim, 20% não sabiam responder e apenas 6% não identificaram.

Após amostragem dos resultados, ora apresentados, observa-se certas discrepâncias quanto ao conhecimento das questões abordadas.

A região oferece certos equipamentos essenciais, contudo, nem todos correspondem aos índices necessários para melhor aproveitamento da atividade turística. Por meio de entrevistas, como também do registro de informações paralelas às questões previamente selecionadas, foi observado grande desconhecimento dos possíveis benefícios. Com relação aos aspectos negativos são mais enérgicos, adotam postura critica, porém sem sugestões consistentes.

Durante as visitações in loco, como também, pesquisa via Internet verificaram-se diversas potencialidades nos âmbitos sociocultural, ambiental e econômico. Apesar desses recursos próprios a atividade turística atual é restrita principalmente na ocupação hoteleira, pois além da visitação ao Shopping Center Guararapes, e, também, alguns restaurantes, bem como a belíssima praia, ademais é pouco conhecida pelos turísticas e também pelos próprios moradores.

Há muito trabalho a ser feito, na presente gestão da Secretaria de Turismo, surgem diversos projetos direcionados à promoção turística desta região, como de todo o município de Jaboatão dos Guararapes, e toda sua representatividade histórica em Pernambuco.

Portanto, com planejamento participativo, o qual consista em ferramenta para o engajamento de todas as esferas do poder público, como também sociedade civil, empresários privados e ainda o Terceiro Setor. Desta forma, a conscientização sociocultural vai poder agregar a sustentabilidade ambiental e a sobrevivência econômica. Esse é o desafio a ser gerido, que necessita de pessoas certas nos lugares certos com atitudes empreendedoras.

REFERÊNCIAS

BARRETTO, Margarita. Manual de iniciação ao estudo do turismo. São Paulo: Papirus, 2003.

BENI, Mario C. Análise Estrutural do Turismo. 9. ed. São Paulo: Senac, 2003.

COOPER, Chris. et. al. Turismo, princípios e prática. Trad. Roberto Cataldo Costa. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

DENCKER, Ada de Freitas Maneti. Métodos e técnicas de pesquisa em turismo. 8 ed. São Paulo: Futura, 2004.

DIAS, Reinaldo. Planejamento do turismo: política e desenvolvimento do turismo no Brasil. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Hoalanda. Mini aurélio: o mini dicionário da língua portuguesa... [et. al.] – 6. ed. rev. atualiz. Curitiba: Posigraf, 2004.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Mariana de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 4 ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2001.

LICKORISH, Leonard e JENKINS, Carson. Introdução ao turismo. Tradução de Fabíola de Cravalho S. Vasconcellos – 5. ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2000.

RUSCHMANN, Doris Van de Meene. Tusimo e planejamento sustentável: a proteção do meio ambiente. 12. ed. Campinas, SP: Papirus, 1997.

SANCHO, Amparo. Introdução ao turismo. Traduzido por Dolores Martin Rodriguez Corner. 1. ed. São Paulo: Roca, 2001.

[1] Alunos do Curso de Bacharelado em Turismo da faculdade Maurício de Nassau. E-mail: evelinmtermida@hotmail.com e flavioromerotc@hotmail.com

[2] Professor orientador: Bacharel em Turismo, Mestre em Gestão e Políticas Ambientais, professor do curso de Turismo da Faculdade Maurício de Nassau e das Faculdades integradas da Vitória de Santo Antão – FAINTVISA e coordenador do curso de Turismo do Vale do Ipojuca – FAVIP. E-mail: motarobson@gmail.com

[3] SISTUR – Sistema de Turismo: composto pelo conjunto da organização estrutural (superestrutura e infra-estrutura); conjunto das ações operacionais (ecológico, social, cultural e econômico); e conjunto das ações operacionais (mercado, oferta, demanda, produção, consumo e distribuição).