ANALISE DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO E NOS CUIDADOS EM FERIDA CRÔNICA NO HOME CARE

Por Paulo César Ferreira | 17/01/2017 | Saúde

RESUMO

O objetivo geral desse estudo é verificar quais os cuidados de enfermagem utilizados pelo enfermeiro a fim de prevenir e tratar feridas crônicas. Para a concretização do objetivo proposto foi realizada uma pesquisa um estudo descritivo, exploratório, de abordagem qualitativa. A coleta de dados foirealizada durante os meses de janeiro e fevereiro de 2016 nas bases dos dados da internet. Dos resultados encontrados verificou-se que a enfermagem tem papel relevante em relação as ulceras venosas atuando tanto em ações preventivas por meio da prática da educação em saúde, bem como no atendimento clinico do usuário portador da ferida crônica por meio da sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE que constitui na anamnese, diagnóstico, planejamento das ações, implementação da assistência e a avaliação dos resultados. Todas essas ações quando realizadas por meio do home care tende a promover um atendimento de qualidade, holístico e humanizado, pois o paciente além da atenção e cuidado do profissional de enfermagem conta também com oapoio, atenção e carinho da família, terá maior privacidade, bem como permanecerá em um ambiente que não sugestiona a ideia de enfermidade. Todos esses fatores contribuem para que a recuperação aconteça no menor tempo possível com menos probabilidade de ocorrer riscos de infecções.

Palavras – chave:Ulcera Venosa. Home Care. Enfermagem. Prevenção. Cuidados Clínicos.

INTRODUÇÃO

As feridas crônicas constituem-se ainda um desafio para o sistema de saúde mesmo em uma época de considerável avanço tecnológico que colocaà disposição dos profissionais de saúde novos medicamentos e terapêuticas. Vencer esses desafios constitui-se preocupação dos profissionais de saúde, principalmente a enfermagem que devem ir além da preocupação com a cura da doença mais sim promover a saúde, o bem estar e a qualidade de vida do paciente.

Assim, no caso das úlceras venosas, vulgarmente conhecidas por feridas crônicas faz-se necessário que a enfermagem colha informações detalhadas sobre o cliente e o ambiente em que se encontra inserido, dos problemas a ele relacionados e a forma como a doença interfere nas atividades da vida diária, pois assim poderá elaborar um plano de cuidados individualizado, que forneça resposta às suas reais necessidades. A assistência de enfermagem implica não somente o cuidado da úlcera em si, mas com a pessoa enquanto ser complexo e integral.

Uma das formas de cuidados em relação a úlcera venosa é por meio doatendimento domiciliar (AD) que compreende fundamentalmente o ato de cuidar, de oferecer atendimento de forma humanizada, pois, por estar próximo dos seus familiares essa prática torna-se muito mais favorável ao paciente.

A justificativa para a realização desse estudo é por perceber que a literatura aponta mais vantagens do que desvantagem da assistência domiciliar e o próprio histórico da mesma demonstra a sua significativa efetividade. Assim, a escolha desse tema justifica-se pela sua contribuição para avaliação e divulgação dos benefícios dessa prática não só para a sociedade como para as próprias empresas de saúde.

O objetivo geral desse estudo é verificar quais os cuidados de enfermagem utilizados pelo enfermeiro a fim de prevenir e tratar feridas crônicas. Os objetivos específicos são: identificar as lesões cutâneas, diferenciar feridas agudas das crônicas e avaliar diagnóstico de enfermagem em feridas crônicas.

Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, de abordagem qualitativa, porque esse tipo de pesquisa permite a análise dos fenômenos que cercam a vida do indivíduo. No caso de paciente portador de feridas crônicas está envolvido tanto o sofrimento físico como o psicológico.

O estudo foi realizado nas bases de dados LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), BDENF (Base de Dados da Enfermagem), SciELO (ScientificElectronic Library Online), Revista Eletrônica de Enfermagem, Revista de Enfermagem e Saúde, Revista da UFG,  Revista Brasileira de Enfermagem; Revista Latino-Americana de Enfermagem, Legislações, Resoluções, Portarias, livros, trabalhos de conclusãode curso e dissertações que versam sobre Assistência Domiciliar, Assistência de Enfermagem e Ulcera Venosa.

Os artigos que abordam a temática foram selecionados, independente do ano de publicação, cuidando para que não excedessem 15 anos.Foram selecionados de acordo com o tema trabalhado, após, os dados relevantes contidos nos mesmos foram organizados em fichas e, organizados em forma de texto, respeitando as normas da ABNT para apresentação de trabalhos monográficos.

Entretanto, para compreender a importância da enfermagem na prevenção e tratamento da ulcera nervosa é imprescindível conhecer melhor a referida doença, como os seus aspectos clínicos, suas complicações, formas de diagnóstico e tipos de tratamento.

1 ULCERA VENOSA

A úlcera venosa (UV) constitui em lesão crônicade perna, vulgarmente conhecida como feridas complexase estão associadas com hipertensão venosa dos membros inferiores.  Ela além de provocar intenso sofrimento aos pacientes também o impossibilitam de realizar suas atividades laborais, já que normalmente ficam por muito tempo abertas (SILVA et al., 2009).

Concordando com o exposto, Barbosa e Campos (2010, p. 03) ressaltam que aproximadamente 70% das úlceras abrem novamente após a cicatrização. Além disso, é uma doença recorrente, por isso não se deve negligenciar os cuidados com a mesma.

Segundo Queiroz et al. (2012) a úlcera venosa atualmente é considerada um problema de saúde pública não somente no Brasil mas em todo o mundo. Faz parte de um conjunto de doenças crônicas, cuja incidência gradativamente aumenta em todo o mundo. Vários estudos realizados em distintos países ressaltam que sua incidência varia de 0,18% até 5,69%, sendo que é mais frequente em pessoas do sexo feminino e com mais de 65 anos.

No Brasil, apesar dos dados não serem precisos estima-se que 2% da população possui úlcera venosa elevando a incidência para 10% em caso de pessoas acometidas pela diabete e correspondem de 80 a 90% das feridas localizadas nas pernas. Dados bastante expressivos já que elevam o número de aposentadorias precoces e consequentemente perda de mão de obra ativa (SILVA et al., 2009).

Segundo Barbosa e Campos (2010, p. 03) a causa mais comum das úlceras da perna é a insuficiência venosa crônica, que pode comprometer tanto o sistema venoso superficial, como também o profundo, ou mesmo, os dois concomitantemente.

De acordo com Queiroz et al. (2012) a úlcera venosa compromete o estilo de vida do indivíduo em consequência da dor crônica, do desconforto, da incapacidade para o trabalho, hospitalizações ou visitas ambulatoriais frequentes. Aspectos que levam a depressão, perda da autoestima, isolamento social.

São várias as formas de diagnóstico da úlcera nervosa. Segundo Barbosa e Campos (2010) ele pode ser feito por meio da pressão arterial do tornozelo e dos braços, usando um esfignomanômetro e um aparelho de dopplerultra-som manual e portátil.

De acordo com Abbade e Lastória (2006) o diagnóstico clínico é realizado por meio da história clínica do paciente e exame físico, dando atenção especial aos sinais e sintomas bem como a palpação dos pulsos. Caso houver a necessidade de realizar exames complementares é aconselhável a utilização da ultra-sonografia e exames não agressivos, como, por exemplo, o duplex scan, indicado na avaliação do sistema venoso superficial, profundo e perfurante.

As ulceras normalmente se acham na região do maléolo interno, possui bordas superficiais e irregulares esão extremamente exudativas, mas podendo se tornar profunda, com bordas bem definidas e comumente com exsudato amarelado; a dor é comumente variada, existe presença de edema e oprogresso é lento, possui manchas varicosas castanhas, eczema e é quente ao toque (BARBOSA; CAMPOS, 2010). A lesão tem caráter crônico e recidivante, sendo que em uma grande porcentagem dos pacientes a lesão é recorrente (SILVA et al. 2009).

Queiroz et al. (2012) o quadro clínico é caracterizado por edema, varizes, coroa flebostática ou ankle fare, lipodermatoesclerose, atrofia branca, hiperpigmentação ou dermatite ocre, celulite ou erisipela, eczema ou dermatite de estase e a úlcera, como procedimento máxima dessa doença.

Do ponto de vista de Sant'Ana et al. (2012) as úlceras podem apresentarcoloração pálida, vermelha brilhante,vermelho escuro ou ainda esverdeada, sangram com certa facilidade e também apresentamhipergranulação. No local da ulcera a pele se apresenta bastante fina, com cor viva, descamativa, com hipertermia e hiperemia. As bordas normalmente são aquiescidas, circunscritas, regulares e içadas com forte odor; algumas podem levar meses para cicatrizar.

As úlceras tendem a se localizar na região do maléolo interno, apresentam bordas superficiais e irregulares, podendo se tornar profunda, com bordas bem definidas e com exsudato amarelado.  A dor é geralmente variada, melhorando com a elevação do membro; há presença de edema e a evolução é lenta, apresenta manchas varicosas castanhas, eczema e é quente ao toque (BARBOSA; CAMPOS, 2010).

Podem ser únicas ou múltiplas - apesar de que o mais comum é se apresentar de forma única - de dimensões e localizações variáveis, normalmente acomete oterço médio distal da perna, com maior prevalência nas proeminências ósseas, sobretudo, nos maléolos mediais, caso não for tratada precocemente podem evoluir chegando a abranger todo ocontorno da perna (COSTA et al. 2011).

Segundo Malaquias et al. (2012) as úlceras por serem um processo crônico, de intensa dor erecorrente, tende a provocar impacto negativo nas atividades da vida diária do indivíduo, bem com na sua qualidade de vida.

Em relação ao tratamento são várias as recomendações, Barbosa e Campos (2010) recomendam fazer repouso e a terapia compressiva; terapia tópica, com coberturas locais que mantenham úmido e limpo o leito da ferida e sejam capazes de absorver o exsudato e controle da infecção com antibioticoterapia sistêmica.

Queiroz et al. (2012) também recomendam a terapia compressiva, porque esse tipo de tratamento contribui para aampliação do fluxo venoso, que favorece o transporte de oxigênio à pele e tecido subcutâneo, diminui o edema e reduz a inflamação.

De acordo com Abbade e Lastoria (2006) a limpeza deve ser feita apenas por meio da utilizaçãodo soro fisiológico ou água potável, caso haja tecidos deteriorados existe anecessidade de desbridamento, além disso, pode-se utilizar drogas como pentoxifilina, aspirina, diosmina e manter-se em repouso com o membro inferior elevado acima do nível do coração cerca de três a quatro vezes durante o dia e por 30 minutos.

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