Análise de qualidade do Gcompris: software que auxilia o processo de ensino-aprendizagem e desenvolvedor de habilidades de crianças com dislexia

Por Jucelio Soares dos Santos | 13/02/2012 | Educação

ANÁLISE DE QUALIDADE DO GCOMPRIS:

Software que auxilia o processo de ensino-aprendizagem e desenvolvedor de habilidades de crianças com dislexia

 

Jucélio Soares dos Santos

Licenciando 5º Período em Computação pela UEPB – Campus VII

Universidade Estadual da Paraíba

<tel_santos14@hotmail.com>

 

Resumo: O objetivo desse artigo é demonstrar a necessidade da utilização de software educacional como ferramenta terapêutica que facilite o processo de ensino-aprendizagem, na construção do conhecimento pelo disléxico e do seu desenvolvimento como pessoa, revendo a consciência do reconhecimento de suas dificuldades e de suas possibilidades e fazendo pleno uso delas. O artigo apresenta alguns métodos de avaliação de software seguindo orientações de órgãos normalizadores do setor, ressaltando entre outras necessidades a importância de analisar tecnicamente qualquer ferramenta antes de aplicá-lo. Aqui vamos utilizar para julgamento o software Gcompris, a fim de verificar se o mesmo está ou não apto a desenvolver habilidades com crianças disléxicas. Esta avaliação irá se basear nas orientações da ISO/IEC 9126 (NBR 13596), organismos normalizadores com importância internacionalmente reconhecida no setor de software, como também, expor algumas experiências realizadas a partir da utilização do Gcompris. Como resultado, analisamos e concluímos que o Gcompris através de atividades lúdicas e de caráter educacional desenvolve os processos cognitivos, emocionais e perceptivos de crianças com dislexia.   E, também foi possível perceber a dificuldade em avaliá-lo, por se tratar de um problema genérico, muito amplo, complexo e controverso. Para avaliar o Gcompris tivemos que adaptar as normas da engenharia de software da ISO 9126 e analisar algumas noções pedagógicas para garantir, que essa avaliação não se tornasse mecânica.

Palavras-chaves: Dislexia, Habilidades sócio-motoras, Gcompris.

Abstract: The purpose of this paper is to demonstrate the need to use educational software as a therapeutic tool to facilitate the teaching-learning process, the construction of knowledge by dyslexic and its development as a person reviewing the awareness of recognition of their difficulties and their abilities and making full use of them. The paper presents some methods of software evaluation guidelines following standard-setting bodies in the sector, noting among other requirements important to analyze technically any tool before applying it. Here we will use the software GCompris for trial in order to verify whether it is or is not able to develop skills in dyslexic children. This evaluation will be based on the guidelines of ISO / IEC 9126 (NBR 13596), standard-setting bodies with internationally recognized importance in the software industry, but also present some experiences from the use of GCompris. As a result, and concluded that GCompris through play activities and character education develops cognitive, emotional and perceptive of children with dyslexia. And it was also possible to realize the difficulty in evaluating it, because it is a generic problem, very broad, complex and controversial. To evaluate the GCompris had to adapt the software engineering standards ISO 9126 and to examine some pedagogical concepts to ensure that this assessment does not become mechanical.

Keywords: Dyslexia, social and motor skills, GCompris.

 

Introdução

Entrar na rede, frequentar ambientes on-line, bate-papo no MSN e pesquisar na internet são atividades que entraram no cotidiano de milhões de pessoas que tem acesso a um computador e uma conexão.

Hoje, a internet é um dos principais meios de se informar, trabalhar, gerar e compartilhar conteúdos e é claro que a educação tirou muito proveito de toda essa nova ferramenta. Nos últimos anos, foram criados diversos softwares educativos que podem ser baixados pela internet e abrir um novo aprendizado no aluno, dentre eles: tutoriais, softwares de exercício e prática, jogos educacionais, aplicativos, demonstração e dentre outros que auxiliam no processo de ensino-aprendizagem.

Apesar de todos os avanços, toda essa tecnologia ainda gera dúvidas sobre sua aplicação no ensino convencional, e esse grau de dificuldade aumenta ainda mais quando aplicada para crianças que apresentam dificuldades na aprendizagem, sendo assim, faz necessário um processo de seleção criteriosa, desde ações motivacionais a ações psicopedagogas.

O que vai indicar se um software esta ou não apto para que possa auxiliar na aplicação de determinado conceito está em analisá-la tecnicamente. Na qual, essa análise orienta de forma adequada à utilização da ferramenta como software educacional, através deles é possível explicitar até que ponto tal ferramenta pode ser empregada no auxílio à aprendizagem do conceito esperado pelo usuário.

Em presença dos vários modelos de softwares educativos já desenvolvidos, esta investigação ficará restrita a efetivação da análise de qualidade do Software Gcompris, a fim de expor seus recursos e limitação enquanto ferramenta de software educacional, em promover a multiplicidade das inteligências, a diversidade de talentos e estilos cognitivos do indivíduo, bem como desenvolver uma postura que vise à maior qualidade de vida do disléxico, para tanto, seguiremos as normas da International Organization for Standardization (ISO) e a International Electrotechnical Comission (IEC) que se concretizaram em ISO/IEC 9126, publicada no ano de 1991 e que na versão brasileira de agosto de 1996 recebeu por denominação NBR 13596.

  1. 1.      Referencial teórico

1.1  Softwares na educação inclusiva

Para Machado (2007), o computador passou a ser uma nova perspectiva que inova o processo de ensino-aprendizagem, possibilitando alunos e professores numa relação dinâmica processo do conhecimento. Mas, contudo, essa relação gera críticas e questões sobre sua aplicação. Afinal os softwares são paradigmas ou fontes perspectivas na educação?

1.1.1        Paradigmas ou Perspectivas educacionais

Aprender através de sons, imagens e muita interatividade tornou-se crucial para o alunado. Tudo através de softwares capazes de auxiliar o processo de ensino-aprendizagem pela boa prática do professor e ao incentivo do aluno em adquirir a informação de forma acessível e ainda atrativa. Mas para alguns, tornou-se um “tabu”, o medo do professor de utilizar a inovação em seus métodos de ensino e o medo do aluno em aprender a vivenciar com a tecnologia digital suscitou uma grande dificuldade na sua aplicação.

Segundo Mercado (2002), a inclusão das novas tecnologias na escola ainda enfrenta outro problema, dificuldades com o investimento exigido para a aquisição de equipamentos. Esse problema é um dos maiores empecilhos, já que muitas escolas faltam o básico em seu funcionamento, dificilmente haverá verbas suficientes para a aquisição de máquinas de última geração, em números suficientes para atender a demanda da escola, onde essas estão superlotadas.

Conforme Lepeltak e Verlinden (2007), a utilização da tecnologia exige grandes competências pedagógicas. A preparação desses métodos de ensino na formação inicial de professores são condições precedentes para um sistema educacional satisfatório.

Os softwares na educação ajudam ao professor a se atualizar e concorrer com outros meios que estão disponíveis, como TV e rádio. Mas diante dessa visão multifacetada sobre a educação e diante de uma gama de informações, a escolha dessas ferramentas ainda é um problema, pois o conceito de qualidade para educadores partem do senso comum, e não de uma visão geral sobre qualidade desses aplicativos. É preciso ser critico e objetivo na escolha, não visando no programas apenas aspectos divertidos e agradáveis, mas tendo conteúdo e prática.

Segundo Wilhelm (2008), o conceito de qualidade de um software é extremamente amplo. Para que o conceito de qualidade não se torne subjetivo, existem fatores que devem ser associados e observados enquanto de forma objetiva, através das métricas de qualidade de software de órgãos normalizadores do setor, permitindo assim, uma maior implantação na localização de partes de um plano que se adéqua, ou procedimentos incorporados de forma efetiva.

Afinal, qual é o papel dos softwares educacional?

1.1.2        O papel dos softwares na construção da sociedade inclusiva

A educação inclusiva é um termo amplo, mais significa a inserção de crianças com alguns distúrbios neurológicos na educação convencional. Glet (2007, p.17-18) afirma que essa modalidade de ensino encontra-se passos largos para o seu pleno funcionamento, cujo objetivo é a possibilidade de ingresso e permanência dos alunos na escola com sucesso acadêmico, mas nem sempre acontece isso.

O mundo está mergulhado na informação automática, mas de forma intrinsecamente relacionada a essa, a sociedade excluem uns aos outros, devido ao mercado competitivo.

Pensar que a educação é uma maneira instrumental é pensar no cruel mercado de trabalho, onde o pobre em formação individualista no mais diversos percursos tende a pensar sobre educação de forma obsoleta, assim a desestimulação e o fracasso escolar é o resultado do mesmo.

Conforme Santos (2011) a admissão da sociedade inclusiva é considerada como um procedimento dilatado, e a tecnologia é uma ferramenta facilitadora desse processo, pois a acessibilidade da informação de trabalhar na percepção, emoção e cognição abordam um estímulo pragmático sobre aprendizagem, na qual, permite no âmbito escolar maximizar o tempo e suas potencialidades e melhorar a condições de vida de pessoas com dificuldades, quebrando assim, barreiras arquitetônicas que desestimula e que promove o fracasso escolar.

Entre meio termo, segundo Whitaker, Pinto e Veloso (2000) o software tem a possibilidade de promover o raciocínio do aluno, pois permite trabalhar a informação através de procedimentos no processamento de dados. Pois estimula a percepção na descriminação da coordenação viso-motora, a cognição na capacidade de representação do mundo simbólico e a emoção no trabalho do erro de maneira construtivista, elevando assim auto-estima.

1.2  Dislexia

A dislexia é uma dificuldade de aprendizagem. Ela é caracterizada como transtorno da leitura e da escrita, que interfere no desempenho escolar, sempre deixando o aluno abaixo do rendimento esperado em relação aos demais. Essa dificuldade consiste na criança não conseguir identificar símbolos gráficos (letras e/ou números) no processo da linguagem.  De acordo com Schirmer, Fontoura, Nunes (2004), a aquisição da linguagem envolve em quatro sistemas interdependentes nos seguintes desenvolvimentos: pragmático, que se representa o uso da comunicação na linguagem do contexto social, o fonológico, envolvendo a percepção e a produção de sons para formar palavras; o semântico, respeitando as palavras e seu significado; e o gramatical, compreendendo as regras sintáticas e morfológicas para combinar palavras em frases compreensíveis.

A Dislexia está classificada em dois tipos: a dislexia adquirida e a dislexia de desenvolvimento. Na adquirida, o ser consegue ler e escrever sem problemas, mas devido ao um acidente ou um derrame cerebral, por exemplo, perde essa capacidade. Já na dislexia de desenvolvimento, o ser já nasce com essa condição, por se tratar de um distúrbio genético-neurológico, apresentando problemas de habilidades sócio-motora e processamento visual e auditivo que pode afetar diretamente no fracasso escolar.

Porém se a criança estiver diante de pais ou professores especialistas, a dislexia poderá ser detectada mais precocemente, pois a criança desde pequena já apresenta algumas características que denunciam suas dificuldades, tais como:

-     Demora em aprender a segurar a colher para comer sozinho, a fazer laço no cadarço do sapato, pegar e chutar bola;

-     Atraso na locomoção;

-     Atraso na aquisição da linguagem;

-     Dificuldade na aprendizagem das letras.

A dislexia pode ser detectada a partir da alfabetização, período em que a criança inicia o processo da leitura de textos. Seu problema torna-se bastante evidente quando tenta soletrar letras com bastante dificuldade e sem sucesso.

Segundo Whitaker, Pinto e Veloso (2000), os professores devem estar atentos durante o processo de aprendizagem da leitura e da escrita nas crianças, em especial as disléxicas. Pois é necessário estimulá-las através de diferentes atividades perceptivas e cognitivas. Assim alguns softwares proporcionam a oportunidade de treinar a percepção e a discriminação auditiva, sons associados a figuras e criação de melodias, também utilizando o mouse que desenvolve aspectos da coordenação viso-motora.

1.3  Gcompris

Gcompris é um pacote de atividades educacionais que ajuda crianças com 2 a 10 anos de idade a desenvolver o raciocínio e o conhecimento. É um software livre, o que significa que pode adaptá-lo, melhorá-lo e o mais importante, compartilhá-lo com os educadores de toda a parte pela licença GLP. Ele compreende numerosas atividades educacionais que auxiliam no processo de ensino-aprendizagem, através de brincadeiras e orientações lúdicas.

Para crianças disléxicas, a equipe pedagógica encontra nele um meio terapêutico, que possibilita a percepção, cognição e emocional. Dentre algumas atividades destacam-se:

-     Descoberta do computador: teclado, mouse e diferentes usos do mouse.

-     Matemática: memorização de tabelas, enumeração, tabelas de entrada dupla e imagens espelhadas.

-     Ciências: controle do canal, ciclo da água, o submarino e simulação elétrica;

-     Geografia: colocar os países no mapa;

-     Jogos: xadrez, memória, ligue 4 e sudoku;

-     Leitura: prática de leitura;

-     Outros: aprender a identificar as horas, quebra-cabeças com pinturas famosas, desenho vetorial e produção de quadrinhos.

O Gcompris ganhou o prêmio Free Software Awards que ocorreu na França, na cidade de Soisson em 24 de maio de 2003, como a melhor ferramenta motivacional e educativa do ano. Ele está disponível para download no site: (http://gcompris.net/-pt-br-) para o sistema operacional Windows e Mac. Não necessariamente é preciso preencher cadastro requisitado para baixar, basta apenas clicar em download e executar sucessivamente. No Linux Educacional, o software já compreende como um suíte de pacotes inclusos nos programas educacionais pelo MEC.

  1. 2.      Procedimentos metodológicos

2.1  Descrição da pesquisa

A pesquisa realizada foi do tipo qualitativo e exploratório, na qual foi escolhido um software educacional e, a partir do uso e observação de todos os aspectos do software foi realizada uma avaliação das características de qualidade do software. Partimos do conceito da importância de avaliar ferramentas tecnológicas na qual desenvolvam o potencial cognitivo, perceptivo e emocional de crianças com dislexia.

2.2  Métodos de avaliação

Utilizamos normas do modelo ISO 9126 que avalia um software segundo suas características, são:

-     Funcionalidade – Satisfaz as necessidades?

-     Confiabilidade – É imune a falhas?

-     Usabilidade – É fácil de usar?

-     Eficiência – É rápido e “enxuto”?

-     Portabilidade – É fácil de utilizar em outros ambientes?

-     Manutembilidade – É fácil de modificar?

O software avaliado em questão é o Gcompris que possibilitou diante muitas análises, alguns atributos que foi considerado relevante na avaliação, tais como: a facilidade no uso do software, a estimulação para o disléxico, ter instruções claras, ter uma orientação processual e dentre outras que se deve ficar atento quanto a sua avaliação.

O objetivo foi obter informações que permitisse estabelecer uma análise sobre o Gcompris como um software que auxilia o processo de ensino-aprendizagem e desenvolvedor de habilidades de crianças com dislexia.

  1. 3.      Análises e resultados

3.1  Avaliação enquanto a ISO 9126

Respondendo dentro das possibilidades do Gcompris ao modelo proposto pela ISO/IEC 9126, o qual define seis características e vinte uma subcaracterísticas que determina a qualidade de um software. Dentre elas veremos algumas análises.

3.1.1        Quanto à funcionalidade

       O Gcompris possui um ambiente agradável, com uma interface simples que foi projetada para ser manipulada facilmente por crianças pequenas. O Gcompris se apóia nas ferramentas do computador como teclado e mouse. Utilizando-as separadamente, permitindo o fácil manuseio de crianças com dislexia e gerando maiores habilidades sócio-motoras no processo pragmático do conhecimento. Assim satisfaz as necessidades enquanto ferramenta terapêutica.

-        Adequação - Ele se adéqua perfeitamente enquanto software educacional, a desenvolver o potencial cognitivo e emocional de crianças disléxicas, isso é possível graças ao seu conjunto de ferramentas integradas estrategicamente posicionadas e perfeitamente funcionais.

-        Acurácia - A saída correta dos resultados gerados pelo trabalho realizado no Gcompris é garantida através dos recursos numa perspectiva pedagógica convincente, que simula todas as atividades de forma lúdica no processo de ensino-aprendizagem do convencional, tudo pelo uso da multimídia no ensino, assim com o uso de imagens e sons, a criança aprende com muito mais significado.

-        Interoperabilidade - O Gcompris interage perfeitamente com os sistemas para os quais foi projetado. 

-        Conformidade - Não foi possível verificar que o Gcompris esta dentro das leis ou normas, por causa do não acesso a documentações que se comprova o mesmo.

-        Segurança de Acesso - O Gcompris apresenta restrição ou segurança de acesso, o administrador do software poderá concretizar quais atividades momentâneas serão expostas durante a aula, assim efetivando de forma adequada ao professor, permitindo que os demais usuários não possam utilizar outra ferramenta fora do objetivo da aula.

3.1.2        Quanto à confiabilidade

O Gcompris como qualquer outro software não é imune a falhas em um processo de avaliação de uso, pôde se observar que ele apresenta falta de backup da informação processada, o tratamento para os erros envolve mais a emoção do que os procedimentos naturais para tratá-los, e erros na tradução. Mas, contudo não tiram o seu valor como ferramenta educacional.

-        Maturidade - Em 12 execuções do software nenhuma falha grave foi observada; a maturidade se estende as várias ferramentas que não apresentam qualquer tipo de erro ou inconveniência, ao serem acionadas, elas respondem exatamente a seus objetivos.

-        Tolerância a falhas – O software é passivo em relação ao tratamento de falhas.

-        Recuperabilidade – Durante as falhas no sistema como uma queda de energia ou o aplicativo ser fechado por acidente, pode-se notar que o Gcompris não salva a informação durante o processamento do jogo e tão pouco as recupera, ele ao ser executado e depois interrompido, o usuário terá que iniciá-lo novamente.

3.1.3        Quanto à usabilidade

O Gcompris expõe uma interface bastante intuitiva e prática, ele traz suporte cerca de 60 línguas incluindo o português Brasil para interação entre usuário e software. Além dos menus escritos estarem todos em português, a narração dos jogos e exercícios também é feita em nosso idioma. Apesar de ser narrado em português de Portugal, é muito fácil de ser compreendido por quem está utilizando. As adaptações nos efeitos, o tamanho da tela, música e o tempo de execução das atividades são oferecidas no menu de configuração, podendo ser alterado a qualquer momento.

-        Inteligibilidade - O entendimento sobre a funcionalidade do Gcompris está na compreensão sobre o agrupamento das atividades propostas, os ícones e sua percepção, os botões e os nomes atribuídos às janelas são representativos. A interface do Gcompris é composta de um menu principal. À esquerda, estão todas as sessões principais, cada ícone representa uma atividade. Quando o mouse de posiciona sobre ele, a atividade, o ícone e o objetivo da atividade aparecem no visor. Ao clicar, encontram-se pequenos ícones que darão informações adicionais do aplicativo ou levando a outro menu de atividades. Veja a figura 1 em anexo.

-        Apreensibilidade - Apreender no Gcompris não exige do usuário outros softwares como tutoriais ou blogs, cada atividade ao ser executada apresenta um barra que sempre fica no quanto inferior, ao qual fica evidente a existência de orientações que o usuário conheça as funcionalidades do mesmo para manipulá-lo.

-        Operacionalidade – Por se tratar de um jogo digital, o Gcompris possibilita que a criança disléxica através de brincadeiras em um processo lúdico e educativo, os primeiros contatos com o mouse e teclado, visualizarem o desenvolvimento perceptivo de habilidades sócio-motoras, através do manuseio mecânico. Diante disso o software é fácil de ser operado por não permitir muitos recursos na hora da execução.

3.1.4        Quanto à eficiência

O Gcompris no requisito tempo de execução tem excelente desempenho e esse melhora ou piora quanto melhor ou pior for o desempenho do hardware em que o software está instalado.

-        Comportamento em relação ao tempo - Em todas as atividades observadas, o software não apresentou nenhum problema quanto ao tempo de execução dos procedimentos.

-        Comportamento em Relação aos recursos - Em todo o decorrer do programa se faz uso de recurso de áudio. Essa ferramenta representa uma excelente forma de promover a inclusão de pessoa que possuam limitações, no foco – os disléxicos.

3.1.5        Quanto à manutembilidade

O usuário tem permissão para modificar ou aplicar alteração a partir do código fonte do Gcompris.

-        Analisabilidade - Ocorrendo falhas de execução do programa é fácil de detectá-la.

-        Modificabilidade – O Gcompris é software livre e gratuito, mas ele possui limitações nesta versão gratuita. Apesar de ser um aplicativo de código aberto (open source), para acessá-lo em sua totalidade é necessário realizar o pagamento.

-        Estabilidade - Como o software oferece permissão sobre o código fonte, o usuário final tem a possibilidade de modificá-lo na visão mais diversas abordagens e verificar possíveis existências de bugs (erros) decorrentes das falhas, assim pode atualizá-las e testá-las.

-        Testabilidade - Os testes de alterações sobre seu código fonte para futura alterações no programa podem ser realizados pela equipe ou pelo usuário que tenha conhecimento de programação para modificar o código.

3.1.6        Quanto à portabilidade

No site http://gcompris.net/-pt-br- está disponível para download versões para os sistemas operacionais: Windows e Mac, isso faz com que a adaptabilidade aos vários sistemas esteja condicionada ao fato de que para cada sistema operacional tem uma versão exclusiva do Gcompris sendo que a versão para Linux não pode ser instalada no Windows e vice versa.

-        Capacidade para ser instalado – O Gcompris é muito simples, não necessita ser configurado e sua instalação é extremamente simples, tendo como efetivação a não investigação nas plataformas Mac e Linux. Apesar de que alguns sistemas educacionais já vêm integrados com o sistema Linux, tais como: Linux Educacional 4.0 e Kurumim.

-        Capacidade para substituir - Como o Gcompris apresenta vários aplicativos integrados e com objetivos bem definidos facilmente pode substituir talvez com mais excelência softwares equiparáveis. Veja a figura 2 em anexo.

-        Conformidade – Esta de acordo com os padrões da portabilidade, tendo em vista que apresenta versões para cada sistema específico.

3.2  Algumas análises pedagógicas do Software para crianças disléxicas

Para avaliar um software educacional não é fácil, pois temos que considerar além das características citadas pelo um sistema mecânico, além delas, existe alguns atributos inerentes pedagógicos sobre as teorias de aprendizagem que refletem visões profundamente diferentes sobre como ocorre à aprendizagem e estas visões têm impacto nos softwares educacionais. Dentre algumas destacamos algumas.

-        Idade Apropriada – o software é compreendido para crianças de 2 a 10 anos de idade, podendo estimular os três primeiros estágios de aprendizagem, são eles: sensório-motor, pré-operacional e operações concretas. Nele o professor tem auto-ajuda na escolha das atividades. No inicio de cada aplicativo, a estrela indicará a faixa etária para o qual foi desenvolvida. Veja a figura 3 em anexo.

            Segundo Santos, Hetkowski (2008), os jogos do suíte Gcompris compreendem os três primeiros estágios da vida, são eles:

-        Estágio sensório-motor (0 a 2 anos) – A criança percebe o ambiente e agi sobre ele. Na qual a percepção áudio-visual é presente através de sons e imagens e desenvolve posteriormente coordenação através do mouse e do teclado.

-        Estágio pré-operacional (2 a 6 anos) – A criança não depende unicamente de sensações de seus movimentos, mas já distingue uma imagem, palavra ou símbolo daquilo do objeto ausente, elas passam a identificar figuras, objetos e cores do jogo, passando a entender as ações do mesmo.

-       Estágio operacional concreta (7 a 11 anos) – A criança já percebe ter um sistema cognitivo coerente e integrado com o qual organiza e manipula o mundo. As atividades permitem exercitar e organizar inúmeros elementos que precisam compor uma decisão pelo aluno.

-        Instruções claras – O usuário pode controlar o software, pois tem instruções claras. O usuário rapidamente aprende a confiar no mecanismo e ratifica em longo prazo o conhecimento adquirido pelo software.

-        Complexidades – O Gcompris não é complexo de usar, ele compreende atividade para crianças de 2 a 10 anos de idade. O administrador do aplicativo possui um painel, na qual seleciona o nível de complexidade, tempo e dentre outras. Ver figura 4 em anexo.

-        Orientação processual e expectativas didáticas– o Gcompris é objetivo, tem uma concepção pedagógica bem persuasória, cada atividade tem um começo, meio e fim.

-        Utilização de modelos do mundo real - O tratamento do mundo real é presente, pois reflete no aluno e tira aquela visão do mundo irreal (fantasias, bruxarias e dentre outras).

-        Não violência – A irritação e a agressividade presente nos disléxicos podem ser tratadas com algumas atividades do aplicativo Gcompris, a fim de evidenciar a adaptação e a aceitação dos seus próprios erros e no seu desenvolvimento como pessoa;

-        Interface do Gcompris é cheia de desenhos e intuitiva. Um ambiente agradável e atrativo aos olhos de qualquer criança.

-     Efeitos de áudio - A sua trilha sonora também não deixa nada a desejar, repleto de melodias calmas que ajudarão ainda mais no desenvolvimento dos disléxicos como ferramenta terapêutica desenvolvedora do pensar próprio.

-        Feedback - Destacamos também a importância do feedback presentes no jogo, pois através de um feedback construtivo que a criança disléxica poderá fazer uma reflexão a respeito da resolução de um problema associando uma palavra a uma imagem.

-        Tratamento aos erros – Muitos softwares educacionais não possuem qualidade em relação ao tratamento de erros, alguns chegam a rotular o aluno de “burro” e “preguiçoso”. É a parte mais delicada dos softwares educacionais, pois a criança que tem dislexia já sofre com esse preconceito. O Gcompris possui um tratamento adequado para os erros naturais de qualquer criança, principalmente as disléxicas.

 

  1. 4.      Considerações finais

O Software educacional é um recurso que exige do professor, o conhecimento de todos os procedimentos para sua utilização, sendo indispensável à concordância entre o objetivo do planejamento da aula com o mesmo do software. Assim o interesse do professor em conhecer, avaliar e aplicar as tecnologias são essenciais para o avanço qualitativo dos recursos para a educação.

O Gcompris é uma grande ferramenta educacional, devido a sua usabilidade e facilidade de ser utilizado pelo aluno, pois disponibiliza um leque de atividades que atende as necessidades de um disléxico. É um software educacional completo e de alcance abrangente, dentro do público alvo e se propõe atender os seus objetivos de forma correta.

Referências

DELORS, J. (Org.); autores LEPLTAK, J.; VERLINDEN, C. Ensinar na era da informação: problemas e novas perspectivas. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 206-222.

GLET, R. Educação inclusiva: cultura e cotidiano escolar. Rio de Janeiro: 7 letras, 2007. p. 17 – 18.

MACHADO, R. C. Um software educativo de exercício-e-prática como ferramenta no processo de alfabetização infantil. 2007. 68 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Elétrica, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2007.

MERCADO, L. P. L. (Org); Novas tecnologias na educação: reflexões sobre as práticas. 1. ed. Maceió: EDUFAL, 2002.

SANTOS, A. J. P.; HETKOWSKI, T. M. GT - Jogos eletrônicos e educação. In: VI Seminário: jogos eletrônicos, educação e comunicação: construindo novas trilhas, 2008, Salvador. Gcompris: brincando e percebendo a colaboração do software livre com o desenvolvimento educacional infantil. Salvador: Uneb, 2008. p. 1-9. Disponível em: <http://www.comunidadesvirtuais.pro.br/seminario4/trab/ajps.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2011.

SCHIRMER, C. R.; FONTOURA, D. R.; NUNES, M. L. Distúrbios da aquisição da linguagem e da aprendizagem. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, Abr. 2004 vol.80, p.95-103 Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jped/v80n2s0/v80n2Sa11.pdf>. Acesso em: 16 nov. 2011.

SOUSA, R. P.; MOITA, F. M. C. da S.C.; CARVALHO, A. B. G. (Org.); autores SANTOS, L.P. Novas tecnologias e pessoas com deficiências: a informática na construção da sociedade inclusiva?.Paraíba; Ed. EDUEPB. 2011. p. 73 – 102.

WHITAKER, R C.; PINTO, S. A. de M.; VELOSO, A. F. Informática na dislexia. Disponível em: <http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=263>. Acesso em: 12 nov. 2011.

WILHELM, E. D. Informática na educação: Qualidade de software educativo. 2008. 115 f. Dissertação (Graduado) - Curso de Sistemas de Informação, Departamento de Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas, Centro Universitário Feevale, Novo Hamburgo, 2008.

Anexos

           

           Figura 1 - Tela do Gcompris apresentado sua Interface.

 

Figura 2 - Alguns aplicativos do suíte Gcompris.

 Figura 3 - Classificação das atividades

Figura 4 - Painel administrativo do Gcompris