Analise crítica do Livro Metodologia do Ensino da Geografia

Por Regina Butelho Delmondes Santos | 10/02/2021 | Educação

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA

PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

POLO DE GOVERNADOR NUNES FREIRE

CURSO DE PEDAGOGIA

DISCIPLINA FUNDAMENTOS E METODOLOGIA DO ENSINO DE GEOGRAFIA

PROFESSOR VILMAR MARTINS DA SILVA

 

 

Análise crítica do livro:

FANTIN. M.E; TAUSCHECK.N.M. METODOLOGIA DO ENSINO DE GEOGRAFIA. Curitiba: Ipbex, 2005.

Resenhado por Regina Butelho Delmondes Santos

 

METODOLOGIA DO ENSINO DA GEOGRAFIA

 

Esta análise é uma resenha dos capítulos 4, 5, 6 e 7 do livro Metodologia do Ensino da Geografia, das autoras Maria Eneide Fantin e Neusa Maria Tauscheck.

O capítulo quatro trata-se sobre o quadro teórico conceitual que é trabalhado a geografia nos dias atuais. Nos mostra também como os conceitos são apresentados por diversas propostas curriculares.

No quinto capítulo as autoras relatam sobre a importância de entender e considerar o enfoque geográfico antes de pensar sobre a interdisciplinaridade no âmbito da construção das Ciências, e neste mesmo capítulo trás uma reflexão sobre as possibilidades da disciplina Geografia.

No sexto capítulo aborda sobre os procedimentos de alfabetização cartográfica e sua importância para a leitura do espaço geográfico.

No capítulo sete as autoras trazem um enfoque para a importância do planejamento de ensino e do uso de recursos didáticos no ensino, mais precisamente no ensino da geografia.

LER O ESPAÇO GEOGRÁFICO: A FORMAÇÃO DE CONCEITOS

O espaço geográfico não tem um conceito determinado, mas há um consenso de que ele é o objeto de estudo da geografia por tanto um importante conceito, mas para isso deve ser entendido que para compreender precisa ser investigado a realidade no seu aspecto social, quanto aos seus aspectos naturais.

Podemos observar nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2000, p. 109). “O espaço geográfico é historicamente produzido pelo homem, enquanto organiza econômica e socialmente sua sociedade”. Visto que nesta abordagem deve ser ressaltado que o ensino da geografia compreende o estudo do meio sob o aspecto do resultado da ação do sujeito social.

As autoras ressaltam que “ao ler o espaço geográfico, estaremos lendo, compreendendo a sociedade que o criou”. Mas para que isso aconteça cabe ao professor a tarefa de adequar a sua metodologia com a realidade e a diversidade presente na turma, para que tenha uma real compreensão e alcance melhores resultados no que se refere a seus objetivos de ensino da formação de conceitos.

AS POSIBILIDADES INTERDISCIPLINARES E AS ESPECIFICIDADES DO ENFOQUE GEOGRÁFICO

Ao longo dos anos a geografia deixou de ser vista apenas como a ciência da localização e da descrição dos fenômenos, entende-se que ela vai além, pois torna-se a ser seu próprio objeto de estudo, além de investigar a relação do homem com a natureza, considerando cada fato e época histórica pelo qual o ser humano passou/vivenciou.

Por tanto este capitulo nos faz pensar/repensar sobre antes de falar em interdisciplinaridade, conhecer sobre as especificidades do enfoque geográfico, para que assim possamos nos remeter as mais diversas temas como os transversais.

As autoras nos trazem reflexões sobre as temáticas de como seria a abordagem interdisciplinares, e como ela pode ocorrer e se a mesma pode comprometer a identidade da disciplina em questão. As autoras ainda citam que tal questionamentos geram uma preocupação para o profissional da educação, para que esses ensinamentos não venham se distorcer e acabar confundindo ou embaraçando na hora de transmitir o conhecimento de determinada matéria, onde elas citam como uma “salada mista” e afirmam que se isso ocorrer pode comprometer e dificultar no processo de ensino/aprendizagem.

Diante disto vale lembrar que as mudanças são significativas e que já não podemos nos prender a ensinar apenas uma ciência de cada vez, cabendo ao professor a tarefa de estar sempre atualizados para que esse ensino/aprendizagem tenham uma abordagem com mais sentido, tendo em vista que esse aprendizado pode fazer parte da sua existência.

Um fato importante o qual as autoras vêm contextualizar é a associação da disciplina Geografia que ocorreu a partir da reforma educacional 6692/71, onde foi criado a disciplina Estudo Sociais, que eram a unificação de conteúdos diferentes em uma mesma matéria, mas que teve uma visão negativa.

Leme nos diz que ao fazer uma somatória de campo de estudos diferentes, em uma única disciplina, “soa insatisfatório”, mas que a interdisciplinaridade é consideravelmente positiva, enriquecedora, em termos educacionais, mas que jamais deve ser confundida com a tentativa de fusão de conhecimentos diferentes num conteúdo único”. Por tanto a Geografia e a História, devem ter seus lugares garantidos, nas propostas curriculares nas séries iniciais para preservar a identidade da Geografia e seus aspectos.

As autoras dizem que é um desafio garantir na pratica pedagógica a especificidade do ensino da Geografia nas séries iniciais, e que deve ser mantida a sua identidade.

Por tanto este capitulo é finalizado com a seguinte afirmação: “As aproximações interdisciplinares são mais claras quanto mais evidentes forem as possibilidades de interface entre as diversas disciplinas”.

A ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA: SUA IMPORTÂNCIA PARA A COMPREENSÃO/LEITURA DO ESPAÇO GEOGRÁFICO

A alfabetização cartográfica é o domínio que permite o sujeito ler o mundo associando o espaço com o cotidiano vivenciado por ele, tornando o capaz de codificar e decodificar os símbolos e seus significados. Mas essa leitura não é tão fácil como parece, para que uma criança tenha um bom desempenho na leitura desses mapas, o professor necessita de um entendimento da importância de trabalhar certas noções espaciais, para que a criança possa fazer uma interpretação correta.  Alguns erros nos anos iniciais é colocar os alunos para simplesmente fazer copias, sem intender do que se trata, fazendo uma atividade mecanizada, por tanto sem uma reflexão do que está sendo proposto.

Esse ensino cartográfico deve ser incentivado nos anos iniciais de acordo com a faixa etária da criança, para que a mesma desperte o interesse por assuntos ligados a Geografia. O mapa é a representação real do que está ao nosso redor, podendo ter noções de largura, altura e comprimento, nos dando a orientação sobre a localização que buscamos.

A compreensão dessa representação se dá de um longo processo, que por sua vez está ligado a noções de lateralidade, anterioridade e profundidade, além das noções topológicas, euclidianas e projetivas.

Por tanto o que as autoras chamam atenção nesse capítulo é que elas não estão para dar receitas e dizer o que deve ser feito, mas mostrar sinalizadores que indicam alguns caminhos metodológicos, para que venham ser despertados o interesse e a criatividade do professor.

RECURSOS/METODOLOGIAS PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA

Ao pensar em recursos e metodologias para ser utilizados em sala de aula, o professor não pode abrir mão dessa iniciativa, mas desempenhar um papel fundamental para promover a aprendizagem significativa, pautada pelo o conhecimento, este por sua vez deve ser dinâmico e inovador para tornar o momento em sala de aula produtivo para que o aluno sistematize o que aprendeu.

Este capitulo é um convite para uma reflexão sobre recursos e metodologias para o ensino da geografia, abordando três momentos que devem ser contemplados no planejamento das aulas listado por Vasconcelos, que são:

  • A mobilização para o conhecimento;
  • A construção do conhecimento e a elaboração;
  • Expressão da síntese do conhecimento.

Essa mobilização para o conhecimento requer um vínculo entre o sujeito da aprendizagem e o objeto de estudo, este visa um aprofundamento do que é posto diante do sujeito.

No segundo ponto abordado por esse autor é um momento de analise, o sujeito deve ter uma relação com esse objeto por meio da pesquisa e do diálogo.

No último ponto citado, é o momento em que o sujeito se torna critico, construindo, elaborando e expressando e o seu próprio conhecimento.

De acordo com Libânio (1994), O planejamento é um meio para programar as ações docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação.

Esses autores entram em concordância quando é discorrido sobre um bom planejamento.

As autoras chamam a atenção para antes de se apropriar de metodologia prontas para o ensino da geografia, precisa ser analisado, refletir sobre o proveito que a turma possa ter, para que não venham cair em “armadilhas de aulas-espetáculos”, o professor deve pensar em seu planejamento recursos que sejam aproveitados para auxiliar na construção do conhecimento.

Ao longo desse capitulo as autoras trazem alguns exemplos de como fazer um planejamento com metodologias eficazes, que podem ser simples, mas com um grande significado. Por tanto quando é feito um bom planejamento pode obter um excelente êxito, quando este é programado com ações que visam promover o ensino/aprendizagem.

 

CONCLUSÃO

 

Ao longo dos anos a Geografia tem sido visto como uma disciplina descritiva e fragmentada, tornando o seu ensinamento enfadonho, exigindo do aluno atenção a muitos conteúdos que deveriam ser memorizados e por sua vez ficava apenas no abstrato, sem ser trabalhado a realidade vivenciada por eles.

Por tanto para que seja proveitoso o ensino da Geografia, o professor tem uma árdua tarefa de trazer metodologias que incentiva uma melhor relação do objeto de estudo com o sujeito, tornando-os críticos capazes de romper paradigmas de conceitos prontos, mas que juntos possam construir seus próprios conceitos.

Nessa obra Metodologia do Ensino da Geografia fica evidenciado que as autoras trouxeram reflexões visíveis para despertar o professor para uma realidade onde tudo está em constante mudanças e que o ensino em sala de aula jamais deve ser estático, visando um melhor envolvimento nas aulas de Geografia nas séries inicias do ensino fundamental.

 

 

REFERÊNCIAS

 

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: primeiro e segundo ciclos do ensino fundamental: Caracterização da Área de Geografia. Brasília: MEC/SEF, 2000.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994 (Coleção magistério 2° grau. Série formação do professor).

Artigo completo: