Análise comparativa do VO2 máx entre praticantes de musculação e crossfit

Por Edilson Nunes da Silva | 22/02/2017 | Adm

EDILSON NUNES DA SILVA

ADELMO JOSÉ DE SOUSA FILHO

JEANE MARINHO MUZZI

JOSLAINE DE SOUZA SANTOS

 

RESUMO 

Esta pesquisa promoveu um estudo documental sobre a análise comparativa do VO² máx entre os praticantes de crossfit e musculação em uma academia  da cidade de Itumbiara Goiás, no período de janeiro a outubro de 2016. O problema estabelecido pautou-se nos seguintes questionamentos: Existe diferença no VO² máximo entre praticantes de Crossfit e praticantes de musculação? Diante deste problema, procuramos responder se o método CrossFit de treinamento oferece uma melhor condição física através da aferição do  VO² máximo quando comparado aos métodos usados na musculação. Para se chegar a este resultado, temos como objetivos específicos verificar a diferença do VO² máximo entre os gêneros. Compararam-se o VO² máximo através de um teste de corrida realizado nas esteiras ergométricas, sendo ao todo 20 voluntários, 5 mulheres praticantes de musculação e 5 mulheres praticantes de Crossfit; 5 homens praticantes de musculação e 5 homens praticantes de Crossfit. Este resultado forneceu dados do VO² máximo dos 20 voluntários, sendo 10 homens e 10 mulheres praticantes de somente uma das modalidades. O desenvolvimento da investigação foi baseado em bibliografia tendo como foco os resultados documentais fornecidos pela academia que oferece ambas as modalidades na Cidade de Itumbiara Goiás. Observou-se um resultado positivo do nível de condicionamento físico dos praticantes de ambas as modalidades, no entanto, praticantes de Crossfit tiveram um resultado consideravelmente melhor do que praticantes de musculação. Desta forma, finalizamos com uma comprovação de que existe sim diferença significativa no VO² máximo dos praticantes de Crossfit quando comparado aos praticantes de musculação. 

Palavras-Chave: Crossfit. Musculação. VO2max.

Introdução

O fenômeno da urbanização ocorrido em escala mundial e a consequente adoção do que se convencionou chamar de estilo de vida moderno estão entre os principais fatores utilizados para entender e explicar alguns dos problemas mais amplos e generalizados que assolam bilhões de homens e mulheres de diferentes faixas etárias e classes econômicas em termos de bem estar e saúde.

O que se tem repetido em diferentes veículos de comunicação e informação, bem como em pesquisas especializadas de diversas áreas ou campos do conhecimento, é que o modo de vida moderno, marcado por um ritmo avassalador de escassez de meios de aproveitamento de espaços e de tempos no ambiente das médias e grandes cidades, leva um número assustador de pessoas ao sedentarismo depois de suas rotinas diárias de atividades estafantes focadas principalmente no trabalho com vistas, em última análise, a garantir o que é indispensável à sua sobrevivência.

Não é possível contrapor tal realidade esboçada com um sem número de exemplos práticos que se repetem cotidianamente e é verificável sem muito esforço, posto que é suficiente olhar para os lados e identificar colegas de estudos e de profissão, parentes e vizinhos que repetem a mesma desculpa de que lhes falta tempo para cuidarem-se melhor e, desse modo, terem melhores condições no âmbito do que é comumente chamado de vida saudável.

Embora esse quadro um tanto desolador, observa-se também o aparecimento, crescimento e consolidação de um movimento contrário em que se confronta esse estilo de vida marcadamente sedentário e evidentemente prejudicial, popularizando-se a tese de que se é indispensável cuidar da saúde do corpo e da mente.

Nesse movimento envolvem-se profissionais de diversas áreas, notadamente das ciências da saúde, merecendo destaque o campo específico da educação física com o seu expressivo número de educadoras e educadores físicos que, ou no ambiente escolar ou como treinadores pessoais, têm contribuído significativamente para a mudança da cultura comportamental do sedentarismo e suas consequências nefastas para o corpo e a vida de inúmeros indivíduos.

O que se tem visto mais ou menos desde o início dos anos de 1980, num primeiro momento, é o crescimento do número de profissionais comprometidos com diferentes pesquisas sobre as melhores formas, maneiras e modalidades de práticas de exercícios físicos que beneficiem homens e mulheres em suas individualidades biológicas, independentemente da faixa etária e classe social.

Somam-se a esses profissionais outros tantos que tomam para si a difícil tarefa de popularizar esses exercícios, colocando-os então ao alcance das pessoas que reconhecem a necessidade de se romper com costumes e hábitos impostos por um modelo de sociedade que não lhes oportuniza as condições indispensáveis para o cuidado de si.

São esses profissionais que tornam tangíveis os benefícios advindos com a prática dos exercícios aeróbios e anaeróbios, que desmistificam lendas sobre a caminhada e a musculação, que explicitam a necessidade de se combinar nutrição adequada e exercícios físicos somada à disciplina pessoal quando se tem como foco o emagrecimento, dentre outros pontos.

Esses mesmos profissionais incumbem-se ainda de introduzir novas modalidades de exercícios físicos como o High Intensity Interval Training (HIIT) e o CrossFit na rotina de treinos coletivos ou individualizados que, certamente, devem passar constantemente pelo crivo de análises e avaliações que comprovem sua eficácia em relação aos resultados esperados levando-se em conta diferentes testes definidos como incontornáveis para que sejam recomendadas como eficientes e seguras para os seus praticantes.

Muitos desses testes consideram variáveis como ganho de massa corporal, perda de gordura, ganho de força, melhora na coordenação motora, risco de lesão, melhora no consumo máximo de oxigênio (VO2max), dentre outras. Essas variáveis e tantas outras são utilizadas em pesquisas que analisam e avaliam modalidades de treinos que envolvem diferentes movimentos de exercícios físicos assistidos e resistidos com o escopo de validá-los ou não recomendá-los, sob pena de causarem danos aos seus praticantes. Além disso, esses estudos comparam também os diversos exercícios físicos com vistas a identificar qual deles é mais eficiente em relação a uma ou outra variável.

A definição da problemática desse estudo consiste então, a partir do exposto, em responder ao questionamento: existe diferença entre o consumo de VO2max entre praticantes das modalidades musculação e CrossFit?

A hipótese que direciona a realização dessa pesquisa a partir da definição de sua problemática geral leva em conta a ideia ou pressuposto de que os praticantes de CrossFit têm um consumo maior e melhor de VO2max em comparação com os praticantes de musculação.

Considera-se que a realização desse trabalho a partir da explicitação de sua problemática e de sua hipótese gerais se justifica diante da possibilidade de integrar os estudos ainda muito limitados acerca dessa modalidade de treino, apresentando os resultados de uma pesquisa de campo que compara as diferenças em termos de vantagens em relação ao consumo de VO2max entre praticantes de musculação e aqueles que praticam o CrossFit.

O objetivo geral dessa pesquisa consiste, por sua vez, em comparar o consumo de VO2max entre praticantes de musculação e CrossFit, tendo-se como objetivos específicos: (i) dissertar sobre o VO2max, (ii) discutir os benefícios da musculação, (iii) apresentar os pressupostos gerais do CrossFit, (iv) abordar os testes mais conhecidos e mais praticados para a aferição do VO2max.

Essa monografia apresenta-se em três capítulos, além dessa seção introdutória e das seções destinadas às considerações finais do estudo, às referências bibliográficas que fundamentaram a pesquisa tanto em suas linhas teóricas quanto práticas e, por fim, aos apêndices e anexos.

No primeiro capítulo tem-se o referencial teórico que abarca as temáticas abordadas nesse estudo, ou seja, é onde se discorre acerca do VO2max e se disserta sobre musculação, CrossFit e os testes mais utilizados na aferição ou medição do VO2max.

Com o segundo capítulo faz-se a exposição dos procedimentos metodológicos utilizados para a comparação do consumo do VO2max entre praticantes de musculação e CrossFit, apresentando-se também a discussão acerca das classificações dessa pesquisa em relação aos seus objetivos, ao seu alcance e às formas ou procedimentos metodológicos usadas para a coletas de dados.

No terceiro e último capítulo traz-se a análise e a discussão dos resultados apurados em relação ao teste utilizado para a aferição do VO2max dos participantes da pesquisa, isto é, praticantes de musculação e praticantes do CrossFit, oportunidade em que se verifica se a problemática geral foi respondida e, ainda, a confirmação ou não da hipótese geral desse estudo. 

 

CAPÍTULO I

REFERENCIAL TEÓRICO 

 

O objetivo desse capítulo consiste em apresentar as discussões sobre as temáticas que compõem a elaboração desse estudo como atividade física, exercício físico, modalidades de exercícios físicos, com destaque para o CrossFit e a musculação, o consumo máximo de oxigênio (VO2max) e alguns dos protocolos usados nos testes para sua aferição em diferentes situações de práticas de modalidades de treinos envolvendo exercícios físicos. 

1.1 Atividade física e exercícios físicos e a promoção do bem-estar e da saúde

 

McArdle, Katch e Katch (2011) apontam que existe uma diferença entre atividade física e exercício físico, enfatizando que a atividade física refere-se a todo e qualquer movimento corporal que implica em gasto calórico, enquanto o exercício físico tem a ver com uma atividade estruturada, planejada e repetitiva com o escopo de manter e melhorar a saúde dos seus praticantes que, em termos gerais, são determinados por três fatores principais: (i) duração, (ii) frequência e (iii) intensidade.

No tocante à duração, de acordo com Robergs e Roberts (2002), já se tem definido que será eficaz e eficiente em termos de benefícios após decorrido o tempo mínimo de 30 minutos. Em relação à frequência, sua determinação se dá pela quantidade de vezes em que se realiza, recomendando-se entre três a cinco vezes por semana. No tocante à intensidade, por fim, é aferida com base na frequência cardíaca que, dentre outros pontos, é considerada como saudável quando praticada num ritmo correspondente entre 60% e 70%.

Powers e Howley (2014) explicitam que os exercícios físicos são classificados, comumente, em dois tipos: (i) aeróbios e (ii) anaeróbios. O mecanismo aeróbio possibilita a obtenção de energia sem a produção de oxigênio (O2). É o primeiro desses mecanismos a ser ativado, não obstante de forma breve, o que se explica diante da constatação de que as células musculares esgotam rapidamente suas reservas de energias, ou seja, em poucos minutos. Embora essa brevidade no que diz respeito à sua ativação, o mecanismo aeróbio é fundamental na realização de qualquer esforço muscular, mesmo que breve, o que pode ser exemplificado a partir de uma modalidade como a do halterofilismo.

No mecanismo anaeróbio, por outro lado, Mascarenhas (2005) pontua que a obtenção de energia pelas células musculares se dá com base na utilização de O2 absorvido na circulação sanguínea, o que gera a produção de algo como um resíduo, isto é, o gás carbônico (CO2) que é eliminado pelos pulmões quando passa pelo sangue. A ativação desse mecanismo, o anaeróbio, é ativado tempos depois de se iniciar um exercício em que prevalecem esforços prolongados ou atividades que requerem mais resistência fisiológica, o que pode ser exemplificado com as corridas de rua, o ciclismo e a natação.

Quanto aos efeitos do exercício físico, Keney, Wilmore e Costil (2013) esclarecem que são normalmente classificados em agudos, imediatos, agudos tardios e crônicos. Nos efeitos agudos, denominados também como respostas, acontece uma associação direta com a sessão de exercício, sendo subdivididos em imediato ou tardios. Já os efeitos agudos imediatos correspondem àqueles cuja ocorrência é verificada nos períodos identificados como pré, per e pós-imediatos do exercício, cujos exemplos mais comuns são o aumento da frequência cardíaca, a sudorese e a ventilação e sua associação ao esforço.

No tocante aos efeitos agudos tardios, de acordo com Zatsiorsky e Kraemer (2008), correspondem àqueles que são observados ao longo das primeiras 24 horas depois de decorrida uma sessão de exercício, momentos em que se identificam uma redução discreta dos níveis tensionais e, concomitantemente, um aumento do número de receptores de insulinas nas membranas das células musculares.

Em relação aos efeitos crônicos, finalmente, que são conhecidos também pela denominação genérica de adaptações, Powers e Howley (2014) explicam que são aqueles originados da exposição frequente e regular às sessões de exercício e, desse modo, representam os aspectos o que se chama de aspectos morfofuncionais que, dentre outros pontos, são responsáveis pela diferenciação de um indivíduo fisicamente treinado daquele identificado como tipicamente sedentário, o que pode ser exemplificado com a hipertrofia muscular e o aumento do VO2max.

A apresentação do exercício físico pode se dar de diversas formas que, conforme McArdle, Katch e Katch (2011), acarretam diferentes efeitos agudos ou crônicos, o que impossibilita qualquer classificação rígida nesse sentido, ademais quando se leva em conta a dificuldade de se realizar cotidianamente um exercício que seja estritamente dinâmico ou estático, bem como outro genuinamente aeróbico ou anaeróbico. Os autores esclarecem ainda que quaisquer atividades físicas ou exercícios físicos detêm componentes ou elementos de todos os itens que compõem um e outro mecanismo, aeróbio e anaeróbio, existente apenas uma variação no que se pode nomear de proporção relativa de cada um deles.

Uma classificação mais geral relacionada com as diversas formas de apresentação dos exercícios físicos pode ser observada, então, no Quadro 1.

Quadro 1: classificações dos exercícios físicos

DENOMINAÇÃO CARACTERÍSTICA
Pela via metabólica predominante:
ü Anaeróbico alático
ü Anaeróbico lático
ü Aeróbico
Ø Grande intensidade e curtíssima duração
Ø Grande intensidade e curta duração
Ø Baixa ou média intensidade e longa duração
Pelo ritmo:
ü Fixo ou constante
ü Variável ou intermitente
Ø Sem alternância de ritmo ao longo do tempo
Ø Com alternância de ritmo ao longo do tempo
Pela intensidade relativa:
ü Baixa ou leve
ü Média ou moderada
ü Alta ou pesada
Ø Repouso até 30% do VO2 máximo  (Borg <3)
Ø Entre 30% do VO2 máximo e o limiar anaeróbico (Borg 3 a 6)
Ø Acima do limiar anaeróbico (Borg > 6)
Pela mecânica muscular:
ü Estático
ü Dinâmico
Ø Não ocorre movimento e o trabalho mecânico é zero
Ø Há movimento e trabalho mecânico positivo ou negativo
Fonte: adaptado de McArdle, Katch e Katch (2011)

O que se tem claro a partir do que se dissertou até aqui é que, conforme enfatizam Howley e Franks (2000), privilegiar práticas mais constantes e intensas de práticas de exercícios físicos é propor a adoção do estilo de vida saudável. Ademais quando se leva em conta que, por um lado, o aumento dessas atividades, em intensidades baixas a moderadas, leva a uma diminuição do risco de doenças cardíacas. Por outro lado, lembram os autores, a prática regular e vigorosa de exercícios físicos propicia um aumento significativo da capacidade cardiorrespiratória

Mesmo tendo-se clara a importância e a necessidade da prática de exercícios físicos de forma mais regular e vigorosa, o que se constata é que o sedentarismo é uma das principais características das sociedades modernas, cuja marca mais sensível é a facilitação da execução de atividades e de movimentos físicos em função dos confortos proporcionados pelos avançados técnicos e tecnológicos advindos com o processo de industrialização, chegando inclusive ao sedentarismo do lazer, ou seja

[...] a não participação em atividades físicas nos momentos de lazer, considerando atividade física como qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética que resulte em gasto energético, tendo componentes e determinantes de ordem bio-psicosocial (sic), cultural e comportamental, podendo ser exemplificada por jogos, lutas, danças, esportes, exercícios físicos e deslocamentos (PITANGA; LESSA, 2005, p. 870).

A percepção de que o sedentarismo é uma realidade no cotidiano de bilhões de homens e mulheres – em diferentes sociedades, com faixas etárias diversas e de classes sociais distintas – tem gerado, por sua vez, uma preocupação cada vez maior em parcelas expressivas da população mundial em relação à qualidade de vida das pessoas que, dentre outros pontos, direciona esforços consideráveis na promoção de ações para a conscientização de que a prática de exercícios físicos é fundamental para que se evitem problemas em termos de bem estar e saúde, isto é

A vida moderna tende a ser pouco saudável, uma vez que provoca estresse e estafa, agravada por uma alimentação inadequada e pela não regularidade na prática de exercícios físicos. Com todos esses fatores mencionados, a qualidade de vida da população fica bastante abalada, tanto em nível físico quanto psicológico. Atualmente, cada vez mais pessoas no mundo são completamente sedentárias, sendo, justamente, estas as que mais teriam a ganhar com a prática regular de atividade física, seja como forma de prevenir doenças, promover saúde ou sentir-se melhor (TAHARA; SCHWARTZ; SILVA, 2003, p. 8) 

Balbinotti et al. (2011) comentam que o quadro que se tem, em termos de inatividade e inadequação alimentar de diferentes populações de vários países, é assustador. Enxerga-se  que, no entanto, desde meados dos anos 1960 o inicio de um movimento crescente de enfrentamento dessa situação envolvendo, de acordo com Capozzoli (2010), tanto organismos governamentais quanto organizações não governamentais no sentido de se informar o maior número possível de pessoas acerca da necessidade de se reverter esse quadro ainda desolador motivando-as, nesse sentido, à prática regular da atividade física.

Na realidade brasileira, um exemplo desse envolvimento oficial é a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) no âmbito do Sistema Único da Saúde (SUS) divulgado em 2006, em que se vê claramente que ao priorizar as práticas corporais, o Ministério da Saúde “[...] reconhece a relevância epidemiológica do tema do sedentarismo” (MALTA et al., 2009, p. 81).

O foco nas práticas corporais regulares e vigorosas tem propiciado, por sua vez, o aparecimento e a consolidação de diferentes modalidades de práticas de exercícios físicos em academias de ginásticas e ao ar livre fortalecendo, de acordo com Menezes (2013), o conceito de fitness que, por sua vez, liga-se tanto à definição de uma boa forma física quanto à imagem de boa adiposidade de músculos aparentes e desenvolvidos.

O fitness é proposto atualmente a partir de práticas de exercícios funcionais, mas dividindo-se em duas visões distintas quanto às formas de execução, conhecidas comumente entre seus defensores e praticantes como fitness convencional e fitness não convencional, sendo que

O fitness não convencional é uma das partes que compõe o que se chama de
treinamento funcional, mas nem tudo o que está contido no treinamento funcional é
parte do fitness não convencional. Algumas das práticas do treinamento funcional não guardam qualquer correlação com a atitude predominante no fitness não convencional, ao contrário: em diversas academias de fitness convencional métodos de treinamento do fitness não convencional vêm sendo introduzidos como formas de diversificação dos produtos, como é o caso do Pilates (MENEZES, 2013, p. 68).

O CrossFit é outra modalidade de prática de exercícios funcionais inserida na concepção de fitness não convencional que tem crescido e ganhado adeptos mundo afora, inclusive no Brasil, assunto que será aprofundado no tópico abaixo.

 

1.2 CrossFit

 

 O CrossFit, de acordo com Araújo (2015), já conta com mais de duas décadas de criação, desenvolvimento e estruturação enquanto método de práticas corporais fundamentado em exercícios funcionais no âmbito do que se convencionou chamar de fitness não convencional, pois iniciou-se por volta do ano de 1995.

 Em tradução livre, conforme esclarecem Manske e Romanio (2015), a palavra cross significa cruzar e/ou atravessar, enquanto o termo fit quer dizer ajuste e encaixe, ou seja, CrossFit consiste no atravessamento ou cruzamento de exercícios funcionais encaixados em práticas fitness não convencionais, podendo então ser descrito como

[...] a adaptação por meio da hibridização de métodos, técnicas e equipamentos. Poucas palavras são tão capazes de definir o modelo do CrossFit, seja do ponto de vista de negócios, ou da prática de exercícios, quanto à palavra híbrido. Se o fitness não convencional pode eventualmente fazer uso de diversos equipamentos e modelos de negócios, o CrossFit tem esse uso como regra e ponto de partida (MENEZES, 2013, p. 70).

A prática do CrossFit consiste, basicamente, em um tipo de treinamento cujo escopo ou meta é propiciar um condicionamento geral aliado a uma melhor adaptação fisiológica do corpo do praticante. Manske e Romanio (2015) lembram que foi utilizada inicialmente como uma das diferentes técnicas de treinamentos de grupos especiais das forças armadas norte-americanas e de grupos especiais como a Special Weapons And Tactics (SWAT), sendo então apresentada, tempos depois, como uma prática possível por parte de qualquer pessoa, claro que passando por adaptações.

A chegada do CrossFit no universo fitness brasileiro, conforme Manske e Romanio (2015), se dá mais ou menos a partir do ano de 2009, através do atleta, instrutor e também chamado de “professor” Joel Fridman que, dentre outros pontos, apresenta a modalidade como uma prática diferente das que eram oferecidas e trabalhadas nas academias de ginástica dentro e fora do país, tendo como um dos seus focos principais trabalhar isoladamente as várias capacidades físicas, servindo ainda para fuga da alegada monotonia da repetição dos mesmos exercícios, demonstrando um crescimento significativo em termos de adeptos em função de suas propostas de inovação envolvendo equipamentos, espaços e práticas, ou seja

Ao longo de 20 anos desde a sua criação em 1995, a modalidade cresce de forma muito rápida e, segundo dados do CrossFit.com, existem mais de 12.000 academias filiadas em todo o mundo, sendo mais de 500 delas situadas no Brasil. No ano de 2007 foi criado o CrossFit Games, o campeonato mundial da modalidade disputado por atletas selecionados a partir de torneios regionais e nacionais (ARAÚJO, 2015, p. 5).

  O que se pode dizer em relação à chegada e consolidação do CrossFit no contexto brasileiro é que um dos principais veículos desse sucesso tem a ver com o uso da internet como meio de comunicação e divulgação entre seus praticantes e “professores”, o que pode ser exemplificado com um dos maiores e mais completos sites, o CrossFit Brasil (Figura 1).

 

Figura 1: imagens do site CrossFit Brasil

 

Fonte: disponível no site < http://www.crossfitbrasil.net/portal/Home.aspx>.

A homepage do CrossFit Brasil disponibiliza descrições da modalidade indicando-a como uma prática facilmente acessível e, ao mesmo tempo, nega que se trate de uma franquia no país, mas que integra uma comunidade internacional de praticantes e de “professores” cuja meta é ajudar no desenvolvimento e no alcance do melhor potencial físico. Um dos membros responsáveis pela homepage e seu respectivo box é Joel Fridman. Um box de CrossFit corresponde a uma sala ou estúdio em que se desenvolvem as atividades com espaços e materiais específicos para as práticas corporais em termos de treinamento (Figura 2).

 

Figura 2: box para a prática do CrossFit

 

Fonte: disponível no site < http://www.crossfitbrasil.net/portal/Home.aspx>.

Tendo-se já claro que o CrossFit é uma modalidade de práticas corporais baseada em exercícios funcionais com adaptações equipamentos e espaços, demonstra-se na Figura 3 algumas das configurações possíveis de box e instrumentos para essa atividade que são disponibilizadas em algumas academias de ginástica.

Figura 3: configurações de box e equipamentos para a prática de CrossFit

 

Fonte: adaptado de Menezes (2013).

Reconhecer o crescimento cada vez maior do CrossFit no universo fitness, tanto internacional quanto nacional, possibilita a percepção de que, embora tratando de questões intimamente relacionadas com as práticas corporais e sua importância para a promoção do bem estar e da saúde dos seus praticantes, Menezes (2013) esclarece que seu sucesso condiz mais com a forma como é trabalhada a sua apresentação para o seu público, já cativo e potencial, em função de suas promessas em termos de resultados para temas como o sedentarismo e o aumento do potencial físico, pois são poucas ainda as pesquisas tratando dos seus benefícios, malefícios e riscos, notadamente aqueles relacionados com possíveis lesões, ademais quando se leva em conta que

Os treinamentos abrangem uma grande variedade de exercícios, como movimentos cíclicos (corrida, remo, pular corda), levantamento de peso, e movimentos ginásticos (saltos, subida de corda, e outras atividades com o peso corporal como elevação corporal na barra, flexões de braços e ginástica de argolas) (ARAÚJO, 2015, p. 5-6).

A carência de estudos acadêmicos tratando dos benefícios e riscos da prática do CrossFit sob diferentes abordagens justifica-se, em alguma medida, diante da constatação de que se trata de uma modalidade ainda recente, seu surgimento é de pouco mais de duas décadas, o que não acontece com outra modalidade de práticas corporais como a musculação, cujas pesquisas são muito mais abundantes e será o centro da abordagem no tópico abaixo.

 

1.3 Musculação

 

A musculação refere-se a uma das várias formas ou maneiras de práticas corporais focadas nas questões do bem estar e da saúde dos seus praticantes, consistindo em um exercício resistido que, de acordo com Fleck e Figueira Jr. (2003), é controlado sob diversas variáveis como a carga, intensidade, tempo e velocidade, dentre outras, não existindo restrições em relação à faixa etária e gênero.

Os estudos contemplando a prática da musculação são realizados já há algum tempo, existindo então uma vasta literatura, tanto internacional quanto nacional, sobre essa temática com inúmeras correlações entre seus resultados sob diversas variáveis, não obstante esteja claro a coexistência de um número considerável de praticantes e profissionais da área demonstrando conhecimentos limitados baseados, não raras vezes “[...] em “mitos”, práticas infundadas e conceitos sem bases científicas quanto aos aspectos fisiológicos e metodológicos relacionados à musculação” (FERREIRA et al., 2009, p. 2).

A prática da musculação tem passado por algo que se pode chamar de revolução nas últimas cinco décadas, deixando de ser uma atividade restrita a pequenas parcelas da sociedade a partir dos anos 1960, alcançando popularização nos anos 1990. Fleck e Figueira Jr. (2003) informam que entre os anos de 1930 e 1930 era acessível a poucos atletas como fisiculturistas e halterofilistas. Os autores enfatizam ainda que nesse período era forte a crença de que os treinamentos com pesos seriam prejudiciais à saúde, “mito” que perdura até mais ou menos o final dos anos de 1960 e início dos anos de 1970.

As explicações e motivações para o que se convencionou chamar de revolução em termos de adesão à prática da musculação, notadamente a partir dos anos 1990, são várias com prevalência da percepção da importância que se dá ao “[...] treinamento de força tanto para a manutenção da saúde, quanto para o aprimoramento do desempenho de atletas, o aumento da massa muscular e a reabilitação” (FERREIRA et al., 2009, p. 2). Dito em outros termos, tem-se claro que

As melhorias proporcionadas pelo treinamento realizado na musculação nos aspectos neuromusculares (como o ganho de força), antropométricos (como redução do percentual de gordura), metabólicos (como o aumento do metabolismo devido ao ganho de massa muscular) influenciam diretamente os aspectos psicológicos, como por exemplo, aumento da auto-estima (sic) e da motivação para a prática do exercício (SIMÕES et al., 2011, p. 108).

A atividade da musculação é estruturada levando-se em conta algumas variáveis como frequência dos treinos, intensidade (controle de carga, intervalo para recuperação), repetição dos exercícios, séries e volume (repetições e séries), dentre outras. Fleck e Figueira Jr. (2003) esclarecem que a variável repetição consiste na contração e relaxamento da musculatura de forma ritmada realizada por meio de amplitudes variadas de movimento e de acordo com o objetivo do praticante.

No que diz respeito às séries, Fleck e Kraemer (2006) enfatizam que corresponde a um conjunto de repetições que, dentre outros pontos, define o volume total do treino e estão intimamente relacionadas com a intensidade. Na execução das séries, ainda conforme os autores, segue-se um intervalo de descanso estipulado previamente.

A eficiência e qualidade dessas e de outras variáveis que perpassam as rotinas de um treinamento de musculação depende, de acordo com Ferreira et al. (2009), do controle adequado que se faz sobre elas possibilitando, por sua vez, as adaptações agudas e crônicas, sem abandonar o princípio de que, em qualquer treino, é imprescindível o respeito à individualidade, às metas e/ou objetivos do praticante.

É comum entre os adeptos da musculação, instrutores e praticantes, referirem-se à atividade da musculação ora como levantamento de pesos, ora como treinamento de força ou como treinamento resistido. Benedet et al. (2013) esclarecem que, nesse sentido, utilizar a expressão levantamento de pesos nada mais é do que uma apelo à figura retórica da metonímia, pois associam-se a atividade com o uso de pesos livres, do próprio peso do corpo do praticante, de máquinas, de bandas elásticas ou outros dispositivos ou meios.

Já em relação às expressões treinamento resistido e treinamento de força no contexto da prática da musculação, o que se deve ter claro é que

Entende-se que o termo “treinamento resistido” abrange um alcance mais amplo de modalidades de treinamento e uma maior amplitude de expectativas de treinamento. O treinamento de força é definido como o uso de métodos de resistência para aumentar a capacidade para exercer ou resistir à força (BENEDET et al., 2013, p. 41).

Treinamento resistido na prática da musculação remete à realização de exercícios contemplando um determinado segmento corporal com o escopo de contrair um músculo ou um grupo muscular em relação a uma força de movimento oposta. Negrão e Barreto (2010) esclarecem que esses exercícios se efetivam por meio de equipamentos de musculação, pesos livres, elásticos e, ainda, pelo próprio peso do corpo (Figura 4).

 

Figura 4: musculação com elásticos, equipamentos e pesos livres

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Fonte: adaptado de Menezes (2013).

Negrão e Barreto (2010) comentam que os exercícios resistidos recebem muitas denominações entre os praticantes da atividade de musculação e na literatura especializada, merecendo destaque expressões como exercício de força, exercício com peso, exercício contra a resistência, exercício localizado, exercício de resistência muscular localizada. Os autores pontuam ainda que esses exercícios são realizados em séries separadas por intervalos com variação de tempos entre ativos e passivos. Uma série pode ser definida como sequências que envolvem continuidade e repetições dos movimentos.

O exercício resistido recebe também a classificação entre isotônico e estático. No isotônico, esclarecem Fleck e Kraemer (2006), as contrações musculares alternam-se entre concêntricas e excêntricas. Já nos isométricos, as contrações musculares são estáticas, momento em que não se recomenda a realização do movimento articulado. Os autores lembram também que os movimentos isométricos são usados no treinamento de atletas para a definição de força máxima valendo-se de grandes cargas. Outro uso desses exercícios classificados como isométricos se dá nas aplicações terapêuticas, mas dessa vez com uso de poucas cargas.

As práticas corporais envolvendo as diversas modalidades de prática de exercícios, com destaque para o CrossFit e a musculação nessa pesquisa, têm a finalidade de proporcionar melhores condições de bem estar e saúde dos seus praticantes. É considerável o número de pesquisas contemplando o alcance dos resultados dessas atividades e divulgadas através da literatura especializada que, dentre outros pontos, apresenta as contribuições de diferentes estudos sobre a eficácia e a eficiência da execução de diferentes exercícios comparando diversas variáveis como aptidão aeróbia, ganho de força, ganho de massa muscular, melhorias no condicionamento físico, etc.

O ponto relacionado especificamente com os testes de aptidão física aeróbia envolvendo testes de aferição do VO2max é fundamental nesse sentido, temática que será aprofundada no tópico abaixo.

 

1.4 VO2max

 

A fisiologia do exercício tem-se desenvolvido rapidamente nas últimas décadas graças à importância que se tem dado nos últimos anos à questão do movimento, mas mesmo assim constitui-se em uma área relativamente nova. O primeiro livro tratando dessa temática veio à lume apenas em 1889, o Phisiology of bodily exercise de Fernand La Grange, reconhecendo que “[...] muitos detalhes estão ainda em formação, sendo um capítulo da Fisiologia que está ainda em processo de revisão, não se podendo formular conclusões neste momento” (DENADAI, 1995, p. 85).

Keney, Wilmore e Costil (2013) comentam que outro estudo impactante na área da fisiologia do exercício foi publicado quatro décadas depois, mais exatamente no ano de 1941, pelo ganhador do Prêmio Nobel Archibold Hill, trazendo seus achados acerca do metabolismo energético. Suas pesquisas se concentraram nessa época em músculos de rãs e, posteriormente, conduziu alguns dos seus primeiros estudos fisiológicos em corredores.

Uma das áreas que tem recebido atenção significativa em estudos e pesquisas no âmbito da fisiologia do exercício é a que se relaciona mais diretamente com o metabolismo energético que, de acordo com Denadai (2000), ocorre porque é a partir dessas informações que se consegue avaliar, controlar e prescrever um treinamento físico, bem como prever a performance de diferentes tipos de exercícios e, por fim, identificar vários mecanismos ou pontos correlacionados com a fadiga.

Dantas (2014) explicita que o conhecimento da capacidade anaeróbia de indivíduos envolvidos com práticas corporais centradas no bem estar e na saúde, como o CrossFit e a musculação nesse estudo, é fundamental para a avaliação da eficácia e da eficiência dessas atividades, sendo indispensáveis também para controle e planejamento da preparação cardiovascular e física desses praticantes, o que remete à necessidade de avaliações.

As avaliações da capacidade anaeróbia de praticantes de atividades físicas têm a finalidade de identificar índices que reflitam a integração esperada entre os sistemas cardiovascular, muscular e respiratório para, consequentemente, entender-se o aumento da demanda energética que se dá durante o exercício. Grande parte do interesse na realização dessas avaliações tem a ver com “[...] preocupações de qual será intensidade do esforço das intervenções nas áreas da atividade física, do esporte, da clínica, reabilitação e do crescimento e desenvolvimento (GOMES et al., 2009, p. 337).

Laurentino e Pellegrinoti (2003) esclarecem que um dos índices que refletem satisfatoriamente a integração existente entre os sistemas cardiovascular, muscular e respiratório e, ainda, possibilita o entendimento do aumento da demanda energética exigida por cada intensidade para a realização de práticas corporais como o CrossFit e a musculação é o consumo máximo de oxigênio (VO2max).  

O metabolismo aeróbio, de acordo com os posicionamentos de Denadai, Ortiz e Melo (2004), é fundamental para que qualquer pessoa consiga realizar exercícios de média e longa duração e esclarecem que um dos índices mais utilizados na avaliação dessa capacidade é o consumo máximo de oxigênio (VO2max), cuja aferição pode acontecer através de testes de laboratórios, devendo-se ter em mente que

Embora o consumo de oxigênio (VO2) em repouso seja muito similar entre indivíduos sedentários e treinados, durante o esforço máximo, os indivíduos treinados possuem valores de VO2max, que são, em média, maiores do que aqueles apresentados por indivíduo sedentário (GOMES et al., 2009, p. 338).

O que se tem claro a partir do exposto é que, de acordo com Costa et al. (2007), o VO2max consiste em um indicador da eficiência que engloba os sistemas cardiovascular, muscular e pulmonar, sendo então usado largamente para a avaliação cardiorrespiratória máxima, bem como da reserva funcional. Os autores pontuam ainda que, além disso, é usado como índice “padrão ouro” na difícil tarefa de se determinar a aptidão cardiorrespiratória e a saúde cardiovascular.

O VO2max, ou seja, o consumo máximo de oxigênio, é expresso em litro/minuto ou ml/kg.min-1, e corresponde “[...] a maior quantidade de oxigênio que o sistema cardiovascular é capaz de entregar aos tecidos do organismo, durante trabalho físico máximo” (LOPES; PORCARO, 2007, p.2).

Essa quantidade de oxigênio, de acordo com Lopes e Porcaro (2007), é obtida em valores numéricos por meio de diversas medições, o que lhe confere então a condição de parâmetro fisiológico para a prescrição de atividades físicas para atletas que apresentem condicionamento físico normal (idosos, obesos e sedentários), especial (cardíacos, diabéticos, penumopatas), bem como para a prescrição de atividades físicas ocupacionais no ambiente de trabalho, isto é, ginástica laboral.

Os testes para a expressão dos valores numéricos do VO2max são divididos em diretos e indiretos. A determinação direta durante a realização de um exercício se dá através da análise dos gases respiratórios, isto é, da relação entre o consumo de oxigênio (O2) e da produção de gás carbônico (CO2), com destaque para a ergoespirometria, uma metodologia que, de acordo com Duarte e Duarte (2001), tornou-se mais eficaz nos últimos anos na determinação do CO2 e na identificação da produção do dióxido de carbono (VCO2), sendo que a vantagem desse teste sobre os de campo ou indiretos reside na “[...] possibilidade de monitoração das respostas fisiológicas, o que proporciona maior segurança e precisão nos resultados, porém, o seu custo é muito elevado (LOPES; PORCARO, 2007, p. 3).

Um dos requisitos da aferição direta do VO2max, de acordo com Robergs e Roberts (2002), é a medida das frações dos gás que é expirado, bem como da ventilação que ocorre durante a prática do exercício e, na ergoespirometria tem-se então um sistema tubular interligado a equipamento eletrônico, cuja calibração prévia permite a passagem dos gases que são expirados para análise seguindo intervalos de tempos variáveis.

Os ergômetros mais comuns para a realização da ergoespirometria disponibilizados para o fisiologista do exercício, de acordo com Lopes e Porcaro (2007), são a esteira rolante, o cicloergômetro, o ergômetro de natação, o ergômetro de braço, o ergômetro para esqui, para remar e dos tipo escadaria. Os pacientes que se submetem a esse teste, lembram os autores, respiram por meio de uma peça tubular introduzida na boca, onde há um clipe para obstruir a respiração pelo nariz (Figura 5).

 

Figura 5: teste ergoespirometria

 

Fonte: disponível no site < http://www.hcorceara.com/exames>.

Os testes diretos baseado na ergoespirometria, explica Lorenzi (2006), geralmente são inviáveis em função do seu alto custo, o que levou à proposição de testes indiretos diversos como o Teste de 12 minutos, o Teste de 9 minutos, o Teste da Milha (1.600 m ou 1,6 km), o Teste do Vai-e-Vem, conhecido também como Shutle Rum, Yo-Yo, Corrida Navette e Pacer, não obstante existam diferenças entre eles, claro que não muito acentuadas, tornando-se indispensável validá-los. A validade nesse caso, explica o autor, refere-se à extensão que que um dado instrumento ou teste mede em relação ao que ele propõe medir, sendo que

No caso de testes de característica predominantemente aeróbia, a medida critério ou o padrão ouro é VO2max, pois esta medida é, até então, considerada a mais precisa e válida das técnicas para a avaliação da aptidão cardiorrespiratória. Enfim, entendemos que se os índices obtidos em determinado teste aeróbio de campo se correlacionar fortemente, e de forma significativa com a medida padrão, poderemos inferir que o teste está medindo aquilo que se propôs. Assim, para que possamos estimar a potência aeróbia ou a aptidão cardiorrespiratória de crianças e jovens, é necessário que os índices obtidos no teste indireto tenha uma relação aceitável com a medida padrão de VO2max (LORENZI, 2006, p. 24).

Os valores numéricos relacionados com a medida padrão do VO2max contemplando variáveis dos indivíduos ou pessoas como idade, gênero, práticas corporais ativas ou não, dentre outras, já estão definidos pela American Heart Associaton (AHA), conforme se pode visualizar no Quadro 2 e no Quadro 3.

 

Quadro 2: nível de aptidão física para mulheres – VO2max em ml(kg.min) – do American Heart Association – AHA

 
Idade Muito Fraca Fraca Regular Boa Excelente
20-29 -24 24-30 31-37 48-48 >49
30-29 -20 20-27 28-33 34-44 >45
40-49 -17 17-23 24-30 31-41 >42
50-59 -15 15-20 21-27 28-37 >38
60-69 -13 13-17 18-23 24-34 >35
Fonte: adaptado do site .

 

 

Quadro 3: nível de aptidão física para homens – VO2max em ml(kg.min) – do American Heart Association – AHA

 
Idade Muito Fraca Fraca Regular Boa Excelente
20-29 -25 25-33 34-42 43-52 >53
30-29 -23 23-30 31-38 39-48 >49
40-49 -20 20-26 27-35 36-44 >45
50-59 -18 18-24 25-33 34-42 >43
60-69 -16 16-22 23-30 31-40 >41
Fonte: adaptado do site .

Machado, Caputo e Denadai (2004) compararam a intensidade do exercício correspondente ao VO2max em 10 ciclistas treinados (VO2max correspondente a 64,5 ± 5,9 ml.kg1.min1) a partir de quatro critérios diferentes (submáximo com exercício incremental, submáximo com exercício constante, potência máxima e máxima), concluindo que

[...] os critérios aqui analisados (submáximos e máximos), podem determinar diferentes valores de IVO2max em indivíduos treinados no ciclismo. Em princípio, a escolha de um critério deveria ser feita com base na sua finalidade dentro do processo de avaliação (predição de performance, controle ou prescrição do treinamento) e/ou da disponibilidade de equipamentos para a análise de gases. Finalmente, especial atenção deve ser dada na comparação dos valores de IVO2max entre os estudos, já que estes podem ser dependentes do critério e/ou protocolo utilizado (MACHADO; CAPUTO; DENADAI, 2004, p. 339).

Moraes e Herdy (2008) avaliaram o consumo máximo de oxigênio ((VO2ml/kg/min) através do Yoyo test endurance, nível 1, com vistas à proposição de um perfil normativo entre as categorias e posições de atletas de futebol de uma categorial de base com 109 participantes divididos em cinco grupos com idades entre 13 e 20 anos. Os resultados obtidos entre os cinco grupos em relação aos valores do VO2max foram 49.66 ±2.50, 51.55±6.18, 53.14 ±4.24, 59.11 ±4.10 e 54.96 ±2.87, concluindo então que

[...] pode-se confirmar que o VO2 de meio campistas e laterais seja maior que as demais posições, mas que a diferença não foi significativa segundo a análise estatística feita. O VO2 destes atletas se mostra maior pela exigência a que são submetidos dentro de campo, além de percorrer uma maior distância durante a partida o seu tempo de recuperação entre um estimulo e outro, é relativamente menor que comparado com atacantes e zagueiros, os tornado assim, os atletas com uma maior necessidade de um melhor condicionamento aeróbio. Sugere-se que sejam feitas sessões de treinamento que possa atender as especificidades de cada grupo de jogadores [...] pois os dados obtidos neste estudo mostraram que os jogadores analisados mesmo em diferentes posições não apresentaram diferença significativa, logo necessitam de treinamento específico para sua função dentro de campo (MORAES; HERDY, 2008, p. 23-24).

Gomes et al. (2009) analisaram e compararam dois protocolos de avaliação de VO2max aplicados em 22 sujeitos homens fisicamente ativos (20,04 ± 20,10 anos), sendo um de método direto com a utilização de um espirômetro e, o outro, indireto baseado no 20m Shuttle Run Test. Os resultados obtidos demonstraram que o teste direito apresentou 52,86 ± 7,06ml.kg1.min1; o indireto 50,8 ± 6,34ml/kg/min. Diante dos resultados obtidos, os autores concluíram que

[...] a avaliação indireta do VO2max, Shutlle Run de 20m, não apresentou diferença significante com a avaliação direta, ergoespirometria. Assim, conclui-se que o método utilizado, Shutlle Run de 20m pode permitir a determinação da capacidade aeróbia de homens fisicamente ativos. Além disso, o Shutlle Run de 20m é de fácil aplicabilidade e de baixo custo em relação aos laboratoriais (GOMES et al., 2009, p. 341).

Pinto et al. (2016) realizaram estudo semi-experimental com abordagem quantitativa com 16 atletas de ambos os gêneros e idades variando entre 13 e 34 anos, ativos fisicamente e praticantes de karatê na cidade João Pessoa-PB, com o objetivo de conhecer a capacidade cardiorrespiratória desses atletas. Procederam a duas avaliações – um ano mês de julho e outro no mês de novembro no ano de 2011 – com período de intervenção de quatro meses. A intervenção realizado se deu com base em um programa de treinamento que combinou corrida contínua e treino intervalado, conhecido como Fartlek, com regularidade de três vezes por semana e duração de 50 minutos e intensidade de 70-80% da força máxima e de 70% do VO2max, tendo-se como resultados a verificação de que

[...] entre a primeira e a segunda avaliação foram notórias as diferenças dos níveis de capacidade cardiorrespiratória dos atletas avaliados. Os dados finais do VO2max mostraram que, na segunda avaliação, houve um aumento da aptidão física cardiorrespiratória de 0% para 13% no nível Excelente, de 6% para 44% do nível Boa, de 13% para 38% do nível Regular, a diminuição de 44% para 6% do nível Fraca, e de 38% para 0% do nível Muito Fraca (PINTO et al., 2016, p. 333).

Encerradas as considerações que serviram para a elaboração desse embasamento teórico abarcando as temáticas principais desse estudo, dissertar-se no capítulo seguinte sobre os procedimentos metodológicos que embasaram a realização dessa pesquisa cujo foco é a análise comparativa do VO2max entre praticantes das modalidades CrossFit e musculação.

 

CAPÍTULO II

METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

 

 

O objetivo desse capítulo consiste em detalhar os procedimentos metodológicos que nortearam a efetivação desse estudo. Marconi e Lakatos (2011) comentam que são muitas as possibilidades de escolhas das categorias metodológicas na realização de uma pesquisa, cuja classificação leva em conta alguns aspectos chaves como o objetivo, a natureza da pesquisa e o objeto do estudo.

A apresentação das escolhas metodológicas e técnicas desse estudo, que levam em conta muitas especificidades relacionadas com categorias específicas como natureza, objeto, objetivos, procedimentos técnicos para a coleta de dados, formas de análise e interpretação dos dados, dentre outras, são apresentadas nos tópicos abaixo.

 

3.1. Abordagem da pesquisa quanto aos seus objetivos

 

Em relação aos seus objetivos, esse estudo enquadra-se nas classificações de pesquisa exploratória e descritiva. A pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema e torná-lo claro, possibilitando também as condições de construção de hipóteses e fundamenta as conclusões vindas do contato com o objeto da pesquisa (SELTIZ et al., 1975 apud GIL, 2010).

Além de ser classificada quanto aos seus objetivos como exploratória, essa pesquisa caracteriza-se também como descritiva, tendo então como objetivo a descrição de um fenômeno a partir do delineamento do que é e como ocorre. Para Marconi e Lakatos (2011) os estudos descritivos apresentam singularidades presentes em determinadas situações, indivíduos ou grupos, o que leva à formulação de hipóteses e/ou proposições que, aparentemente, não estão intimamente relacionadas com eles.

 

3.2. Abordagem da pesquisa quanto à sua natureza e escolha do objeto

 

Em relação à natureza da pesquisa, esse estudo enquadra-se na classificação de pesquisa qualitativa que apresenta, de acordo com Marconi e Lakatos (2011), a possibilidade de descobertas que não demonstrem relações com o tratamento estatístico dos dados, o que faz vir à tona experiências vividas pelos indivíduos como comportamentos, sentimentos, percepções, fenômenos, o que reforça o argumento de que o papel do sujeito e pesquisador é fundamental no processo de condução, pois o que se busca é uma observação e um entendimento que supera o que é visível.

 

3.3. Técnicas para a coleta de dados

 

Em relação a sua classificação quanto à técnica de coletas de dados nessa pesquisa, ela se deu pela pesquisa bibliográfica e pela pesquisa documental, por aferições do índice de VO2max nas práticas corporais de atividades físicas nas modalidade CrossFit e musculação, compreendendo participantes de ambos os sexos e de diferentes idades.

No caso dessa pesquisa, muitas informações acerca das práticas corporais envolvendo exercícios aeróbios e anaeróbios, práticas de exercícios funcionais trabalhadas em diferentes modalidades como o CrossFit e a musculação, índices de aferição de capacidade  aeróbia e consumo máximo de oxigênio (VO2max), dentre outras basearam-se na pesquisa bibliográfica que, conforme Marconi e Lakatos (2011), são fontes secundárias que propiciam um conhecimento melhor de como essas temáticas tornaram-se importantes para responder a problemática geral desse estudo, bem como confirmar a hipótese que norteou a realização da pesquisa.

A pesquisa documental nesse trabalho deu-se pelo acesso e pela consulta aos arquivos de uma academia de ginástica sediada no município de Itumbiara-GO que atende praticantes de diversas modalidades de práticas corporais como CrossFit, dança, musculação, pilates, dentre outras. Os dados acessados e trabalhados para a efetivação desse trabalho relacionam-se com as avaliações físicas que são realizadas periodicamente com esses praticantes, sendo que uma das avaliações que constam de seus protocolos junto aos seus clientes é a aferição da capacidade cardiorrespiratória baseada no Teste de 5 minutos, ou o T5, realizado em esteira.

Diante dos registros que constam dos arquivos dessa academia de ginástica, selecionou-se então um total de 20 fichas correspondentes, por sua vez, a 20 clientes que se submeteram entre ao Teste T5 entre os meses de janeiro a outubro de 2016. A escolha dessas fichas correspondentes a esses clientes deu-se no sentido de se dividir 10 praticantes de CrossFit e 10 praticantes de musculação. Em seguida, procedeu-se a outra divisão, dessa vez separando-se entre os 10 praticantes de CrossFit pelo gênero, chegando-se então a cinco praticantes femininos e cinco masculinos. Esse mesmo procedimento foi estendido aos 10 praticantes de musculação, divididos então em cinco praticantes femininos e cinco masculinos.

Os dados relacionados com a idade não serviram de critério para a seleção da amostra, mas foram considerados no momento em que se analisou e discutiu os valores apurados do VO2max em comparação com os valores definidos pela American Heart Associaton (AHA) e já disponibilizados no Quadro 2 e Quadro 3 desse estudo.

Após os levantamentos dos dados constantes das fichas dos 20 clientes da academia de ginástica que passaram a compor a amostra desse estudo, os dados foram tratados estatisticamente no software Excel-MS e, desse modo, os resultados e discussões do que se apurou nessa pesquisa documental junto aos arquivos da academia de ginástica em relação às avaliações das capacidades aeróbias de seus clientes são apresentadas no capítulo seguinte.

 

CAPÍTULO III

RESULTADOS E DISCUSSÕES

 

 

O objetivo desse capítulo consiste, num primeiro momento, na apresentação dos resultados apurados dos dados junto aos arquivos da academia de ginástica relacionados com 20 praticantes de atividades corporais nas modalidades de CrossFit e musculação. Desse total, separou-se cinco homens e cinco mulheres que praticam CrossFit e, por sua vez, outros cinco homens e outras cinco mulheres praticantes de musculação.

Tem-se no Gráfico 1 a indicação da média das idades desses clientes cujos dados serviram para o embasamento desse estudo em termos comparativos de VO2max.

 

Gráfico 1: média das idades dos participantes (n=20)

 

Fonte: dados da pesquisa.

A visualização do Gráfico 1 leva à percepção de que, em relação à idade média dos participantes da pesquisa é de 27,2 anos para os homens que praticam musculação, 23,8 para os homens praticantes do CrossFit, 23,2 anos para as mulheres praticantes de musculação e, por fim, de 25,6 anos para as mulheres que praticam CrossFit, explicitando-se com isso que, de acordo com Capazolli (2010) e Balbinotti (2011), as práticas corporais têm alcançado um número considerável de jovens antes dos 30 anos de idade, não se tendo apurado junto a esses 10 homens e 10 mulheres que compõem a amostra desse estudo quais seriam as motivações para aderirem a um programa de prática corporal na modalidade de CrossFit e musculação, embora a literatura especializada aponte questões como culto ao corpo e o aumento da consciência da necessidade de que se terá melhores condições de bem estar e saúde voltando-se para uma prática regular e vigorosa de exercícios físicos, bem como enfrentando-se o grave problema da insegurança alimentar e nutricional.

Os valores apurados relacionados com o VO2max dos cinco homens praticantes de musculação aferidos entre os meses de janeiro e outubro de 2016, portanto, no início da prática dessa atividade e, também, meses depois de decorridos uma rotina de treinos regulares, são demonstrados no Gráfico 2.

 

Gráfico 2: valores apurados do VO2max dos homens praticantes de musculação (n=5)

 

Fonte: dados da pesquisa

Os dados demonstrados no Gráfico 2 deixam patentes as diferenças dos valores do VO2max apurados no início da atividade da musculação em comparação com os dados obtidos tempos depois, observando-se na fase inicial a média é de 33,15, um valor que se enquadra na classificação de fraca quando se consulta o Quadro 3 com o nível de aptidão física do American Heart Association (AHA). Mas na aferição identificada no gráfico como final, a média do VO2max corresponde 48,56, tida então como boa conforme a indicação da AHA.

A constatação dessa melhora em termos de capacidade cardiorrespiratória é amplamente referenciada na literatura especializada que, de acordo com Lopes e Porcaro (2007), correlaciona esses efeitos com a adoção de práticas corporais regulares e vigorosas nas modalidades de vários exercícios funcionais que são trabalhados tanto no CrossFit quanto na musculação, por exemplo.

Já os valores do VO2max dos praticantes do CrossFit na amostra dessa pesquisa aparecem no Gráfico 3.

 

 

 

 

 

 

 

Gráfico 3: valores apurados do VO2max dos homens praticantes do CrossFit (n=5)

 

Fonte: dados da pesquisa

Observa-se no Gráfico 3 que os valores do VO2max dos cinco homens praticantes do CrossFit na sua primeira aferição enquadram-se na classificação de nível de aptidão física do Americam Heart Association (AHA) como regular, posto que a média desses valores é de 36,38. Já a aferição meses depois demonstra resultados que apontam uma melhora significativa, notando-se que pela média de 49,64 do valor de VO2max, esses praticantes enquadram-se na classificação do AHA como “boa”.

A comparação entre o VO2max dos praticantes de CrossFit e musculação que compõem a amostra desse estudo é visualizada no Gráfico 4.

 

Gráfico 4: comparação do VO2max dos homens praticantes de CrossFit e musculação (n=10)

 

Fonte: dados da pesquisa.

  O que se tem claro na observação do Gráfico 4, em que se comparam os valores do VO2max dos cinco praticantes homens de musculação e dos outros cinco praticantes homens do CrossFit, é que as diferenças são significativas quando consideradas isoladamente, ou seja, de indivíduo para indivíduo. Mas quando se consideram as médias em que os praticantes da musculação obtiveram valor de VO2max de 48,56 e os praticantes de CrossFit com 49,64, não se vê nada além de uma leve diferença.

Desse modo, os dados apurados a partir da amostra que compõe essa pesquisa não corroboram a tese de que uma e outra modalidade de práticas corporais regulares e vigorosas é mais indicada ou mais adequada para a melhora da capacidade cardiorrespiratória de seus praticantes, ademais quando se leva em conta outros estudos que avaliaram o VO2max de praticantes de outras modalidades de práticas corporais como o ciclismo, o fisiculturismo, o karatê, dentre outras.

O VO2max relacionado com as cinco mulheres que compuseram a amostra desse estudo e são praticantes da modalidade da musculação, são demonstrados no Gráfico 5.

 

Gráfico 5: valores do VO2max das mulheres praticantes de musculação (n=5)

 

Fonte: dados da pesquisa.

O que se tem explicitado no Gráfico 5 é que, como se verificou com os praticantes homens tanto do CrossFit quanto da musculação, os valores do VO2max alteram-se sensivelmente no final de ambas as atividades em comparação com as aferições realizadas no início, o que aponta mais uma vez para a confirmação da constatação, já largamente reportada pela literatura especializada, dos benefícios das práticas corporais em termos regulares e vigorosos como a atividade de musculação para a melhoria da capacidade cardiorrespiratória. Os valores médios apurados do VO2max tempos depois de iniciada a atividade pelas praticantes de musculação desse estudo foram de 40,89, o que leva à classificação do nível de aptidão física do American Heart Association (AHA) como “boa”, dado também apurado em relação aos praticantes homens, independentemente de praticarem CrossFit ou musculação.

Os dados apurados sobre os valores do VO2max das praticantes de CrossFit são demonstrados no Gráfico 6.

 

Gráfico 6: valores do VO2max das praticantes de CrossFit (n=5)

 

Fonte: dados da pesquisa.

As inferências que se podem fazer diante da observação dos valores do VO2max constantes do Gráfico 6 é que se repete a constatação já presente na análise e discussão dos outros dados relacionados com os cinco praticantes de musculação, os cinco praticantes de CrossFit e as cinco praticantes de musculação, ou seja, os participantes da amostra demonstram aumento significativo após um tempo decorrido das práticas corporais tanto na modalidade de CrossFit quanto na da musculação. Quanto ao valores médios do VO2max das praticantes de CrossFit, correspondeu 43,66, dado que autoriza inseri-las na classificação de nível de aptidão da AHA como “boa”.

Já a comparação entre os valores obtidos do VO2max das praticantes de CrossFit e musculação é demonstrada no Gráfico 7.

 

 

 

 

 

 

Gráfico 7: comparação dos valores do VO2max entre as mulheres praticantes de CrossFit e musculação (n=10)

 

Fonte: dados da pesquisa.

A observação dos dados do Gráfico 7 em que se demonstram os valores de VO2max das mulheres praticantes de CrossFit e das mulheres praticantes de musculação, leva à percepção de que se tem uma diferença significativa em muitos casos individuais, com vantagem para as praticantes do CrossFit, com apenas um caso de retração no valor. Ao se observar também as médias dos valores de VO2max das praticantes de uma e outra atividade, com 43,36 para as praticantes de CrossFit e 40,89 para as praticantes de musculação, a diferença chega a quase três pontos, já não tão leve entre o que se verificou entre os homens (pouco mais de um ponto).

O que se infere então diante desses resultados é que a comparação dos valores de VO2max envolvendo as praticantes de CrossFit foi mais significativa em comparação com as praticantes de musculação. Essa diferença foi observada também entre os homens praticantes de CrossFit e musculação e que compuseram a amostra desse estudo, não obstante uma diferença não tão acentuada como as das mulheres.

Esses resultados estão de acordo com os poucos estudos realizados recentemente que, de acordo com Araújo (2015), têm apresentado resultados de melhoras estatísticas para o aumento da capacidade metabólica e da composição corporal dos praticantes de CrossFit em comparação com outras atividades de práticas corporais como a musculação.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

A efetivação desse estudo contemplando a comparação dos valores de VO2max entre praticantes de CrossFit e praticantes de musculação, tanto homens quanto mulheres, possibilita concluir que, em primeiro lugar, ambas as atividades contribuem consideravelmente para a melhora os níveis de aptidão física e cardiorrespiratória definida pelo American Heart Association (AHA).

A análise dos dados disponibilizados nos arquivos da academia de ginástica da cidade de Itumbiara, oportunidade em que se selecionou 20 fichas de seus clientes contendo aferições de VO2max, sendo 10 homens e 10 mulheres, com cinco praticantes de cada gênero do CrossFit e da musculação respectivamente, possibilitou perceber uma ligeira diferença entre os homens que praticam o CrossFit em relação àqueles que praticam a musculação. Essa diferença correspondeu a valores mais positivos para os praticantes do CrossFit.

Já em relação às mulheres praticantes de CrossFit em comparação às praticantes de musculação, as diferenças foram mais sensíveis, posto que as mulheres que praticam CrossFit apresentaram resultados estatísticos consideravelmente superiores àquelas que praticam musculação, tanto em valores percentuais quanto em valores médios.

Diante do que se apurou, com a comprovação de que os praticantes de CrossFit apresentam resultados melhores em suas capacidades cardiorrespiratórias em comparação aos praticantes de musculação, convém lembrar que esse estudo compôs-se de um número pequeno de participantes, o que não autoriza estender muito seus resultados para um universo maior. Mesmo assim, essa pesquisa soma-se a um número ainda pequeno de trabalhos que tratam dessa temática, mas que têm apresentado conclusões similares às que se chegou no final da realização desse estudo.

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

 

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