ANALISANDO "LADY LILITH", DE DANTE GABRIEL ROSSETTI
Por Fabiane Tamara Rossi | 20/04/2010 | ArteO século XIX consiste num período histórico de profundas transformações na Inglaterra. No auge da Revolução Industrial e da Lógica Puritana, encontrava-se o país em uma situação econômica favorecida, em razão da crescente industrialização possibilitada pela introdução das máquinas e do sistema fabril, em contraposição às manufaturas do período anterior.
A Época Vitoriana, que vai de fins do século XIX ao início do século XX, foi, porém, uma época de contradições. Numa sociedade puritana, que enfatizava os valores éticos como o respeito, a polidez e a discrição, na verdade consistia num desumano contexto para aqueles de classes sociais menos abastadas, sendo destituídos de sua própria consciência de sociedade pelo capitalismo industrial. Quanto a isso, Argan escreve: "(...) O custo do progresso industrial era a impiedosa exploração dos trabalhadores, o aviltamento do povo, a degradação cultural das classes dirigentes"[1], um tempo de repressão moral e preconceito, acobertado por um puritanismo que se restringia a poucos.
Nesse contexto, a arte torna-se igualmente um sub-produto do capital econômico, algo que suprisse as necessidades imediatas de uma nobreza e burguesia ociosa, decaindo a um nível de baixo anedotismo, de moral utilitária, de entretenimento.
Em favor de uma renovação no campo da Arte, surgem teóricos e pensadores com a necessidade de sanear esta forma utilitária de ver a arte,entre elesJohn Rustink. Poeta e desenhista romântico, Rustink enfatiza a sensibilidade estética, o subjetivo em contraponto à razão, apontando para a necessidade de mudança social para que se houvesse realmente uma Arte Moderna com princípios estéticos[2]. Para isso, defende o retorno ao gótico na arquitetura e à arte figurativa o retorno aos primitivos – artistas anteriores à Rafael e Michelangelo.
Em torno desses ideais surge um grupo de artistas dispostos a renascer a arte inglesa, auto-intitulados Pré-Rafaelitas, dentre os quais analisaremos neste trabalho em especial Dante Gabriel Rossetti e sua obra "Lady Lilith".
A fim de realizarmos este intento, orientar-nos-emos pelos métodos iconográfico e iconológico, descritos por G. C.Argan em "Preâmbulo ao estudo da Arte"[3], entendendo a Arte como um agente social, possuidora de valor artístico e realidade histórica. Para este fazer, primeiramente, problematizaremos a Irmandade Pré-Rafaelita e Dante Gabriel Rossetti quanto sua realidade histórica e poética, para então fazermos uma análise de "Lady Lilith".
A Irmandade Pré-Rafaelita
A Irmandade Pré-Rafaelita[4] consistia em um grupo organizado ao modo de uma confraria medieval, formado por 7 membros, entre eles Dante Gabriel Rossetti (1828-82), Holman Hunt (1827-1910) e John Everett Millais (1829-96), os quais dedicavam-se principalmente à pintura, mas também à poesia e à crítica de arte.
Tendo como figura principal Rossetti, a Irmandade surge como reação ao academicismo da cultura oficial, sobretudo à arte vitoriana de seu tempo, a qual seguia os moldes dos artistas clássicos do Renascimento. Os Pré-Rafaelitas objetivavam devolver à arte sua pureza e honestidade anteriores, que consideram existir no Gótico final e no Renascimento inicial (anterior aos grandes mestres renascentistas), tentando readquirir o sentido ético do operar artístico primitivo, almejaram uma arte mais espontânea e voltada para a natureza, prenunciando, ao mesmo tempo, conteúdos da modernidade.
Pretendiam o retorno a uma época anterior à Rafael, anterior à industrialização, o do artista artesão, como sendo uma forma de reação contra o capitalismo, à razão e à técnica materialista da indústria.
Causou o Pré-Rafaelismo uma revolução, tanto na pintura quanto na literatura, crendo que o papeldo artista seria o de ensinar a fazer coisas que sejam simultaneamente naturais e espirituais, úteis e belas. Para eles, independentemente do tema retratado, a obra de arte deveria transmita uma idéia autêntica, fruto da individualidade do artista, não precisando este submeter-se à regras rígidas de representação.
Como temática o Medievalismo (inspirados em Dante Alighieri, lendas como a do Rei Artur,), cenas religiosas, composições carregadas de misticismo e mitologia escandinava e celta. Os títulos de suas telas são geralmente sugestivos quanto à temática retratada. Escreve Luciana de Campos: "Ao recorrerem a esses temas os pré-rafaelitas não pintavam somente cenas descritas nas narrativas, mas permitiam-se novas interpretações não só de alguns episódios narrados mas também de toda a narrativa"[5].
Recomendavam o uso da técnica pura, humilde, honesta, como uma prática religiosa – um retorno à condição social, ao oficio humilde, cuidadoso, moral e religiosamente saudável dos antigos artistas-artesãos.
Segundo Argan, "o movimento pré-rafaelita também está ligado indiretamente à corrente religiosa do chamado redespertar católico, que reage moderadamente à escandalosa conivência do puritanismo anglicano com o capitalismo e seu respectivo imperialismo"[6], sendo a componente religiosa um importante eixo na poética pré-rafaelita.
O movimento, contudo, não foi, em sua época, bem aceito, nem pelo público, tampouco pela crítica. No mesmo ano de sua fundação, a Irmandade promoveu, na Royal Academy, de Londres, sua primeira exposição, em que as obras causaram escândalo estético e ético. Acusavam-nos a retomada pelo medievalismo e o excesso de detalhes. Todavia, John Ruskin, reconheceu-lhes o valor no que se referia à devoção à natureza e à rejeição aos métodos tradicionais de composição.
Antes de prosseguir para a análise da poética de Rossetti, gostaríamos fazer uma breve contextualização do papel da mulher na época vitoriana e em como os artistas pré-rafaelitas a retratava.
Na Inglaterra do século XIX, em razão de contexto sócio-histórico, acabou por propiciar o surgimento de um estereótipo muito bem delimitado de mulher e de feminino. Nessa época, instável em razão das grandes transformações estruturais na sociedade inglesa, suscitou a necessidade em se buscar um ponto de equilíbrio entre o público e o privado, uma base sólida e estável. Esta base, naturalmente, era o lar, e como seu representante elegeu-se a mulher vitoriana, um anjo do lar, exemplo de castidade e subserviência. A mulher com o perfil assim delineado tinha todo apoio da rainha Vitória, que atribuía o sucesso do seu reinado à moralidade da corte e à harmonia da vida doméstica.
Já as mulheres nas obras pré-rafaelitas são diferentes do convencional ideal Vitoriano da mulher frágil, mostrando-as como donas do poder, seres que usam sua beleza e sensualidade para tentar dominar os homens. Seres fortes, por vezes andróginos, com referências à femme fatale.As expressões dessas mulheres sugerem enigma e distância. E assim o faz Rossetti na pintura que analisaremos adiante.
Dante Gabriel Rossetti
Dante Gabriel Rossetti nasceu em Londres, Inglaterra, em 12 de Maio de 1828, e morreu em Birchington-on-Sea, no Kent, Inglaterra, em 9 de Abril de 1882. Nascido Gabriel Charles Dante Rossetti, mudou seu nome para Dante Gabriel, por admiração à Dante Alighieri.
Poeta, ilustrador e pintor, o objetivo de Rossetti era vasto, dedicando-se na Irmandade à poesia e à pintura, assim como ao idealismo social, inspirado pela obra do crítico de arte John Ruskin, Modern Painters, publicada a partir de 1843.
Suas obras visuais transitam entre desenhos e pinturas, na sua maioria de representações femininas, mas também se encontram obras de narração figurada da obra de Dante Alighieri.Muitas de suas pinturas têm o mesmo caráter intelectual e polêmico de suas poesias. São características suas o intenso uso de cores e suas fortes e complexas composições. Ele também foi um dos artistas a utilizar a fotografia como meio de disseminar o conhecimento acerca de seu trabalho.
Quanto às suas personagens femininas, Rossetti as representa com aura de androginia, com ares evanescentes, com olhares lânguidos, com postura inacessível e sensual, fria e carnal, modelo absoluto da femme fatale. São estruturas fortes, com lábios cheios e cabelos longos e ondulados.
Sua obra pictórica, contudo, não pode ser entendida por completo se desvinculada de sua obra literária, pois frequentemente o artista criava tanto poema quanto pintura sobre uma mesma temática. Ele chamava este processo de "double work of art", ou seja, pinturas que fazia para ilustrar ou interpretar seus trabalhos literários. Um exemplo de double work of art consiste na representação pictórica e literária de Lilith.
A palavra Lilith provém do hebreu e dá nome a uma das mais antigas mitologias existentes. Em razão da grande quantidade de povos nos quais a mitológica Lilith existe, os relatos de sua biografia e origem são vários: figura como um demônio da noite nas escrituras hebraicas; é o mitológico demônio-mulher mesopotâmico da tempestade, associado com o vento e portadora de doenças e morte; é a prostituta no épico babilônico Gilgamesh (2000 a.C.); assume natureza maligna, demoníaca, de espírito violento e tempestuoso dos judeus. Há referências sobre ela no Talmud, no Zohar e no Tora. É também referida na Cabala como a primeira mulher do bíblico Adão, sendo que em uma passagem ela é acusada de ser a serpente que levou Eva a comer o fruto proibido. No folclore popular hebreu medieval, ela é tida como a primeira esposa de Adão, que o abandonou, partindo do Jardim do Éden por causa de uma disputa, vindo a tornar-se a mãe dos demônios.
Segundo o significado da própria figura mitológica, Lilith "(...) representa antes de tudo a busca de sua própria afirmação. É também a mulher tentadora, sedutora, e que fascina por seus poderes perturbadores. Ela é silenciosa, secreta, cortante. É aquela que os homens temem embora se sentindo atraídos por ela"[7].
O mito de Lilith foi também inspiração para a literatura e artes plásticas do Período Romântico Inglês (1789-1832). Podemos encontrá-la na obra de Keats e também em Fausto, de Goethe (1808), que irá mencioná-la como a primeira esposa do Adão bíblico, tendo esta obra grande influência da obra Rossetti no que diz respeito à Lilith.
Como dito acima, Rossetti pintou "Lady Lilith", assim como escreveu um soneto intitulado Lilith (título mais tarde alterado em 1881 para Body´s Beaty). Utilizando-se do mesmo viés de Goethe, Rossetti baseia-se no mito de que Lilith seria a primeira esposa de Adão, contradizendo assim, o primeiro capítulo bíblico Gênesis, ao dizer que primeiro Deus criou Adão e Lilith, mas, quando esta recusou subserviência e fugiu, Deus fez a Adão outra ajudante, Eva.
Rossetti estava ciente que sua Lilith contrastava com a tradição judaica, escrevendo em 1870 que sua personagem representaria a Lilith Moderna: " [Lady Lilith]...represents a Modern Lilith combing out her abundant golden hair and gazing on herself in the glass with that self-absorption by whose strange fascination such natures draw others within their own circle."[8]
Rossetti intenta em pintar uma Lilith da época Vitoriana, uma representação do narcisismo e beleza como produto. Porém, a pintura retrata mais que isso. O ato de a figura central estar absorta em sua própria imagem remete para o fato da busca de uma auto-afirmação, de uma auto-suficiência,contrastando com o que pretendia a moral puritana.
'Lady Lilith', Oil on canvas, dated 1868, 97.8 x 85.1cm
Bancroft Collection, Wilmington Society of Fine Arts, Delaware
Rossetti compõe sua obra utilizando cores quentes e vibrantes, com áreas bastante iluminadas e também áreas escuras e indefinidas, tal como o fundo da obra. Possui bastante movimento visual, com um ritmo suave e sensual. É uma obra figurativa que representada uma cena fechada, tendo como figura central Lilith em um momento de auto-contemplação: não se importa com o mundo exterior, apenas com o interior, o olhar de auto-satisfação, completamente absorta em si mesma. Cercada por flores, está sentada em uma poltrona e penteia seus cabelos com uma luxuosa escova de cobre. Ela não está vestida tal qual o conceito de moda da época: está aparentemente com uma camisola que cai por seus ombros, revelando seu longo pescoço. A tonalidade de sua pele e sua roupa são parecidas, confundindo uma e outra: a utilização do branco na figura de Lilith confunde seu corpo sua vestimenta, um efeito intensificado pelas áreas luminosas trabalhadas pelo artista. Seus seios em particular quase não possuem definição e volume, assim como seu ombro e pescoço. O tom pálido de sua pele contrasta com seu cabelo, meticulosamente detalhado e iluminado, o qual dá movimento visual à obra.
Lilith encontra-se em um ambiente aparentemente luxuoso, o que pode ser percebido pela mobília apresentada na cena: uma penteadeira e poltrona ricamente adornadas. Por detrás de Lilith encontra-se um espelho, que, além de refletir a imagens das velas que estão à sua frente, mostra uma paisagem que sugere um jardim, ou uma floresta. Em cima da penteadeira, um candelabro, flores e um vaso.
Ao analisarmos a composição espacial, entretanto, encontramos uma ambiguidade quanto sua definição: O momento íntimo em que a personagem encontra-se (absorta em si mesmo, com roupas íntimas), e mobília representada pelo artista sugerem um quarto. Porém o espaço permanece indefinido em razão de uma densa mata refletida no espelho (acima no detalhe) e de todo o interior do quadro estar cercado por rosas e papoulas. O que o espelho poderia estar retratando seria o Jardim do Éden, local negado por Lilith anteriormente e igualmente ignorado por ela na cena pintada.
A semi-coroa com rosas brancas no colo de Lilith significam o amor frio e sensual, assim como as papoulas brancas significam sono, furtividade e morte. Em detalhe abaixo, nota-se a presença também de uma rosa vermelha, no canto direito (quarto quadrante), repousada em uma vasilha de vidro: de acordo com a lenda, as rosas tornaram-se vermelhas quando Eva foi criada – o que poderia sugerir uma narrativa dentro da obra:a) ao fundo o Jardim do Éden do qual Lilith fugiu; b) Lilith em sua auto-contemplação, cercada pelas flores que atribuem-lhe o caráter de sensualidade e de amor estéril por qual escolheu; c) e a rosa vermelha, símbolo de Eva, indicando talvez o que Lilith poderia ter sido ou representado se não tivesse fugido, ou até mesmo o amor verdadeiro, a paixão, sendo Lilith uma combinação entre os dois amores. Lady Lilith é uma nova interpretação, feita por Rossetti, da pré-biblica Lilith. Não a vê como um demônio, mas sim como a mulher essencial, que combina tanto o amor carnal quanto o divino. Um dos elementos mais importantes da pintura é a beleza sedutora de Lilith. Seus cabelos representam a luxúria e a vigorosa sensualidade: seus voluptuosos cabelos ruivos preenchem o espaço pictórico e dão movimento à tela. O seu não-olhar para o espectador instiga o olhar. Um olhar moderno para uma figura mítica, na crítica à uma sociedade hipócrita e andrógena, cuja era a sociedade inglesa da Época Vitoriana.
Conclusão
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Referências on-line
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CAMPOS, Luciana de. O Rei Marcos e Isolda: interpretando uma pintura oitocentista de temática celta. Brathair 5 (1), 2005. Disponível em http://www.brathair.cjb.net.
____ & LANGER, Johnni. Resenha do livro "Curso de Literatura Inglesa", de José Luís Borges. Brathair 5 (1), 2005. Disponível em http://www.brathair.cjb.net
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Dante Gabriel Rossetti´s Poem "Lilith", later published as "Body/s Beauty (1868)". In: http://feminism.eserver.org/theory/papers/lilith/bodybeau.html
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Referências impressas
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ARGAN, G. C. Preâmbulo ao estudo da Arte IN: ARGAN & FAGIOLO. Guia de História da Arte. Lisboa: Editora Estampa, 1992.
[1] ARGAN, G. C. Arte moderna. 4ª reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p.175.
[2] Idem, ibidem.
[3] IN: ARGAN & FAGIOLO. Guia de História da Arte. Lisboa: Editora Estampa, 1992.
[4] Do original em inglês Pre-Raphaelite Brotherhood(PRB)
[5] CAMPOS, Luciana de. O Rei Marcos e Isolda: interpretando uma pintura oitocentista de temática celta. Brathair 5 (1), 2005, p.96. Disponível em http://www.brathair.cjb.net.
[6] ARGAN, op.cit., p.176
[7] http://www.senhoradalua.com/lilith.htm
[8]Rossetti, W. M. ii.850, D.G. Rossetti's emphasis. Apud http://www.rossettiarchive.org/docs/s205.rap.html.