Analfabetismo Cibercultural e o Uso de Tecnologias da Informação na Sala de Aula

Por Marcio emilio dos santos | 20/01/2010 | Educação

 

O momento histórico atual, para os profissionais da Educação, é a repetição do que foi o processo de apropriação da escrita para os povos de cultura ágrafa. As práticas de leitura e escrita, bem como a produção do conhecimento baseados no papel e escrita manual, agora dão lugar a Cibercultura, onde os instrumentos tecnológicos permitem o acesso e a construção de Hypertextos multimídia, de uma forma tão simples e cotidiana para os Ciberletrados que não percebem a diferença entre escrever com lápis e caneta, ou construir um texto de um Blog ou Orkut.

A maior dificuldade que enfrentaremos é que os mediadores do processo formal de aquisição e construção do conhecimento, não são ciberletrados, ou seja, os professores são analfabetos ou analfabetos funcionais nos meios de produção da Cibercultura. Isso traz, novamente, o estigma que a escola não auxilia na compreensão para a vida, mas é um mundo a parte que devemos passar para obter certificações burocráticas. Se o que “rola” na Internet são instrumentos Microsoft, na escola apostamos em ferramentas Linux. Se a Cibercultura foi desenvolvida sobre ambiente Windows, estamos construindo uma base escolar Linux (software livre) que até o momento é uma proposta autista, sem vínculo com o mercado, com a vida profissional e adolescente que a Cibercultura desenvolve mundialmente.

Ensinar informática? Até o termo Informática acreditamos que não seja adequado pois é reducionista a programas e técnicas de processamento de informação. Hoje, vivemos num momento de transição, onde os pais e chefes em empresas proíbem seus filhos e funcionários de utilizarem as ferramentas (Internet) culturais que são usuais em suas vidas. Seria o mesmo que proibir uma criança em idade escolar de ler um livro e escrever em papel.

A maioria das crianças e jovens aprendem a utilizar os instrumentos ciberculturais, independente da ação da escola, pois tem acesso a lugares e comunidades que medeiam essa aquisição do conhecimento. No entanto, o grande papel da escola é o de massificar o acesso e a apropriação das práticas da Cibercultura (letramento) a todos os alunos, prioritariamente aos de escola pública. De forma extendida, a mesma massificação deverá ser oferecida aos profissionais de educação.

O uso de um instrumento ou tecnologia se dá na e pela cultura escolar e social que o professor possui, impossível compreender como algo externo e factível se não estiver no contexto de seu significados e práticas. Vislumbrar a possibilidade de separar ferramenta e processo, é caminhar para o fracasso pois a inovação e os projetos governamentais não terão onde se ancorar. Muitos governos percebem isso e hoje oferecem aos professores computadores pessoais para que se aculturem no seu dia a dia, o que já é o amanhecer para um futuro promissor no uso das tecnologias da informação no cotidiano escolar.



Referências



LÉVY, Pierre, Cibercultura.

LÉVY, Pierre, O que é o virtual?.

LÉVY, Pierre, Tecnologías da Inteligencia



Perrenoud, Philippe. As competências para ensinar no século XXI; trad. Cláudia Schilling e Fátima Murad. Porto Alegre. Editora Artes Médicas, 2002.