Amor e Humildade, a Essência do Lava-Pés

Por Geraldo Gerraro Goulart | 03/01/2015 | Religião

Amor e humildade, a Essência do lava-pés.

 Texto: Filipenses 2. 5, 9

Como crentes; muitas vezes dizemos que seguimos Jesus, mas nosso coração está longe de praticar o que ele ordenou que praticássemos. Nossa vida, como crentes no Senhor Jesus quase sempre é vivida segundo nosso ponto de vista e não segundo o dele. Nossa perspectiva de vida cristã é, às vezes, muito rasteira em profundidade e significado do que é amor e humildade. Não compreendemos muito claramente que ser discípulo é seguir os passos do mestre. Em tese, ser discípulo é praticar o que Jesus ensinou.

Ser humilde é abrir mão da minha vez na fila em privilégio de outro mais apressado, idoso, doente ou com limitações. Ser humilde é abrir mão de falar em uma reunião, para que o outro também possa expressar a idéia dele, mesmo que ela não esteja dentro do meu contexto. Ser humilde é não se importar quando outro recebe os aplausos e agradecimentos por algo que eu fiz. Ser humilde é viver para servir sem esperar recompensas ou prêmios.

Jesus nos ensinou a humildade e em como ser humilde. Contudo, não conseguimos expressá-la em coisas simples. Por exemplo, nunca pensamos primeiramente em ir para o final de uma fila mesmo que seja a fila de um almoço beneficente. O primeiro pensamento que nos ocorre é usar nossa “influencia” e furar a fila na frente das demais pessoas que aguardam.

Geralmente não permitimos, em uma preferencial, que o outro motorista passe primeiro que nós. “Invadimos” a rotatória rapidamente para que o outro motorista não tenha acesso a ela primeiro. Em uma entrada com grande circulação de pessoas, não gostamos de aguardar nossa vez depois dos outros.

Não aceitamos ainda, com muita facilidade, que determinada pessoa mais simples e “menos intelectual”, fique em uma posição ou função de superioridade em relação a nós. Gostamos de funções que nos colocam em evidência a frente de um grupo de pessoas. Servir e não ser servido, ser o último e não o primeiro, caminhar pacientemente mais uma milha com alguém de argumentos contrários ao nosso, ou ser o “menor” em detrimento de ser o “maior” não são primeiras opções em nossa vida cristã. (Mateus, 5.40,48).

Entretanto, ao lavar os pés dos discípulos (João, 13.1,17; Mateus, 20. 1,23). Jesus quis nos ensinar que o caminho para o céu, não combina com nossos sentimentos de orgulho, inveja, superioridade, ambição, egoísmo, e outros caminhos seguidos por nós. Olhando para Jesus notamos que a sua figura, a forma como ele viveu a conduta dele e suas palavras não combinam com a pressa, o stress, a arrogância, a indiferença, a intolerância e a vaidade presentes em nossa maneira de ser.

Almejamos diariamente uma coroa de ouro sobre nossas cabeças e esquecemos que o próprio Jesus, por causa do amor com que nos amou, usou uma coroa de espinhos sobre a dele. Jesus Cristo deixou sua glória no céu, viveu a limitação de Ser humano, sabendo que antes de voltar para o céu, deveria passar pelos caminhos da obediência, humilhação, solidão e morte de cruz.

Nós, ao contrário de Cristo, queremos ir para o céu sem carregar sobre nós qualquer cruz mesmo que seja a nossa cruz, mas queremos ir para o céu, levados confortavelmente sobre os ombros de anjos, paparicados por pastores. E se pastores, queremos ser paparicados por membros da igreja e embalados no colo por personalidades de destaque em nosso meio social, político e econômico.

Aceitamos ir para o céu morar com Deus sim, só que para isso, precisamos ser ninados em “berço esplendido”. Aceitamos ir para o céu, mas somente se formos rodeados de riqueza e amigos, gostaríamos muito de ir para o céu, mas seguindo nossa própria vontade, sendo aplaudidos e ovacionados com brados de júbilo por onde passarmos.

Vivemos uma vida cristã repleta de futilidades, acreditando piamente que seremos arrebatados ao céu. Usufruímos de uma vida cristã muito diferente daquela ensinada por Jesus Cristo. E tal qual almejaram os filhos de Zebedeu, também almejamos sentar em tronos ao lado do Senhor Jesus (Marcos, 10. 35,40; Mateus, 20.25,28). Contudo, não aceitamos beber do cálice que ele bebeu e muito menos ser batizados com o batismo com o qual ele foi batizado.

Este é um tempo para refletir, é um tempo para que pensemos em que ponto do caminho da vida cristã nós estamos. Quais vertentes deste caminho nós estamos seguindo, a do amor ao próximo ou a do amor próprio? Em qual vertente de humildade estamos? Na que prioriza o próximo ou na que prioriza a nós mesmos? Seguimos a vontade do mestre Jesus ou adaptamos a vontade dele à nossa? E finalmente, qual é a verdadeira dimensão do nosso compromisso com o Reino de Jesus Cristo?

Que Deus nos ajude a caminhar para chegar ao nível de varão perfeito e à medida da estatura completa de Cristo (Efésios, 4.13)

 

 

 

 

 

 

 Geraldo Gerraro Goulart.

 

 

 

 

 

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