Ami-amor
Por Bárbara Kelly de Oliveira Pessoa | 21/09/2011 | ContosQuando pensei que tudo era sonho foi aí que surgiu aos meus olhos a realidade.
Acordar naquela manhã para mim era um sacrificio ao pensar que aquele sonho nao saía da minha mente, era tudo tão real! Os projetos que às vezes criamos nem sempre são programados e como o vento passa pela terra sem avisar ou pedir licença, assim aconteceu comigo.
Tudo aconteceu quando em conhecimentos à terra estranha, estava eu andando por meio à praça de Lisboa, avistando ao longe os prégios a rodear conheci Eduardo, jovem alto e de fixante olhar ao brilho azul, nascera no mesmo dia que eu, porém, ha um ano mais cedo. Sua simpatia demonstrava-se por um sorriso e dóceis palavras ao dirigir-se a mim. Era frágil mas bradava-se de tamanha coragem e determinação. Ficamos amigos e, por longos tempos, apreciamos o companheirismo em meio a essa amizade.
A minha estagem naquele lugar chegara-se ao fim, e por nao muita vontade era obrigada a retornar ao Brasil. Como foi triste a despedida! Nunca tínhamos nos abraçado antes; pela primeira vez em tanto tempo, ví-lo derramar lágrimas ... Seus olhos me passavam uma intensa dor ao tocar nossos corpos em despedida. Queimei me por dentro. E, como se nao bastasse, rios de lágrimas banhavam o meu rosto. Ele foi mais do que um amigo, em segredos que só nós dois sabemos, aquele era então o fim ...
Meu corpo estava distante mas minha mente o gravara intensamente nao me permitindo cessar o choro ao acreditar que sua presença nao se encontrava a mim. Por dias nao saí de casa e a ansiedade ao esperar por um telefonema me consumia. Será que já se esqueceu de mim?, maquinava essa duvida que acalmava-se ao querer tornar óbvio as lembranças.
Vi que trancar me em solidão nao iria me fazer feliz. Resolvi sair com os amigos... ah, os "amigos", que somente sabiam falar sobre ex namorados, a partida de futebol da semana passada... Não queria aquilo! Apenas aumentava mais em mim a saudade dos momentos com ele. Nossas conversas eram diferentes, nos tínhamos como assunto, compartilhávamos sentimentos, sofríamos juntos, sorriamos de simples coisas mas manisfestávamos a nossa alegria simplesmente de termos um ao outro por perto. Havia um mês que estava ali, e o silencio do Edu me enfraquecia na luta por reconhecer que fui esquecida. Estava cheia daqueles chatos assuntos que me cercavam. Sentia falta de um alguem a me ouvir.
Procurando uma fuga, mesmo que minima dali, resolvi ir ao banheiro. Antes nao tivesse ido! Ao voltar, uma das que ali estavam me disse que um tal de "Eduardo" havia me ligado. Sei que existem varios por aí mas algo me fazia acreditar que era ele. Um numero desconhecido estava na chamada, não podia retornar e saciar o meu desejo de ouvir sua voz . Agora me restava apenas esperar.
Dia após dia se passava e a revolta por nao ter ficado ali e atendido a ligaçao me intrigava. Por que ele nao ligou novamente, por quê?
Não conseguia dormir e, olhando fotos, lembrava de cada instante que passamos juntos. A saudade somente aumentava. Havia pensado em fugir e ir até lá ... Se fosse tão facil! Um oceano nos separava... A minha cabeça revirava-se em diversos pensamentos e por menos esperar algo começou a chamar na estante. Levantei mais que depressa pela intuição de que podia ser ele... Era chamada desconhecida e, ao responder, quase sem voz, um silencio se acendeu... Repeti novamente e mesmo sem perceber acabei dizendo o seu nome na esperança de que obtivesse resposta. Apenas ouvi um "Sinto falta de você"... Desligara sem mais nem menos. Não consegui conter as lágrimas e abraçada ao travesseiro pus me a pensar que pudesse estar apaixonada por ele. Mas, éramos apenas amigos... Começava a crer que algo havia mudado. Tinha em mim, a cada passar de tempo, o desejo de estar do seu lado, passar, como antes, horas e horas ouvindo o barulho do vento a jogar as folhas da arvore de lado a outro. A ansiedade de uma terceira ligação brotava por dentro. Estava feliz por ter ouvido aquelas palavras, poucas, mas era tudo, ou quase, que eu queria ouvir.
A sua imagem nao saía da minha mente. Aquele "sinto falta de você" se repetia por várias e varias vezes, meu sorriso se demonstrava a cada instante, eu realmente estava feliz!
Meses se passaram e ele novamente havia sumido. Era o meu primeiro ano na faculdade, o que ja foi o suficiente para Marcos, da mesma turma que eu, me pedir em namoro. Indignei me e antes que percebesse já havia dito um não. Não conseguia esquecer Eduardo. Sei que não éramos namorados mas me sentia ligada a ele e estava disposta a esperar o tempo que fosse necessário para revê-lo.
... Dezenove de junho, um dia antes do nosso aniversário. Fazia cinco meses desde a ultima ligação. Meu pensamento naquela noite se voltou mais ainda ao jovem. Por dentro, o coração fechava em si e apertando o meu peito me pus a chorar. Queria crer que era saudade e tão longe estávamos um do outro, mas, algo em mim dizia que nao era somente isso.
Passei a noite em claro e ao amanhecer o que era para ser festa nao fez muita diferença. Um dia qualquer ao meu ver. Ansioso, sim, pela expectativa de receber um telefonema dele, mas, nao passava de apenas mais um dia.
Meu mundo desabou ao ler o noticiário e fixar os meus olhos no nome dele escrito entre os desaparecidos pela queda do avião em Santos. Não conseguia ler o resto e antes que me tomasse a si já estava a caminho do acidente. Queria ter esperança naquele momento. Ele nao podia morrer, pelo menos sem antes eu dizer que o amava. Parecia um pesadelo!
Com algumas mentiras consegui entrar na equipe de busca. Precisava encontrá-lo o quanto antes. Procurava dia e noite. Queria poder acreditar que estava vivo mas ao mesmo tempo tinha medo de estar errada. Meu coração ardia em chamas por querer logo tê-lo ao meu lado e ao mesmo tempo dominava-o pelo pavor de encontrá-lo sem vida.
Após revirar os destroços do avião um agente de busca encontra a bolsa dele destruída, de fato, porém o estranho ocorreu, havia por cima dela os documentos e uma carta. Estavam intactos. Pedi a ele para ver o olhando a foto nao pude conter o choro que se tornou em prantos ao ler o que estava lá, que aliás, era pra mim. Estavam escritas palavras que me fizeram ter certeza de que estava realmente apaixonada por ele. Nela ele dizia o quanto me amava e sofreu ao longo do tempo que passamos distantes. Havia me escrito várias cartas mas nunca teve coragem de enviá-las. No dia em que me ligou queria me dizer tudo que estava sentindo mas faltou-lhe forças para isso. Tentou esquecer esse amor mas nao o resistiu e veio atrás de mim dizer o quanto me ama... Chorei ainda mais ou ler o final que dizia...
... "O destino nao quis que ficássemos juntos, impôs barreiras e medo a esse meu sentimento, fomos amigos por tanto tempo e cada segundo com você, acredite, foi motivo dos meus sorrisos. Apenas queria ter ouvido de você o que dentro de mim pulsa... Eu te amo e tenha a certeza de que um dia vamos nos encontrar! ... Ainda que leve mais um tempo, esteja certa de que esse dia chegará... e, a propósito, eu sabia que você viria!"
Enxuguei as lágrimas e sorri. Agora tinha certeza de que ele estava vivo e me ama! ...
Sim, ELE ME AMA!