Alvore-ser: poetar nas vias do ser.
Por Frei Jonas Matheus | 05/04/2012 | Poesias1- CAIU A ULTIMA FOLHA
Caiu a ultima folha!
Floresta já secou.
O húmus tornou-se areia,
E a água rara ficou.
Senhor Deus! Cristo!
Agora sim, tenho fé!
Senhor, piedade! Destruímos!
Christe Eleison! O que fizemos?!
Tornamo-nos irresponsáveis!
Pois da vida não cuidamos.
Matando, sem compaixão,
Quebramos os nossos laços.
Queremos vida!
Não comportamo-nos mais como animais!
Animal não raciocina!
Animal não sabe amar!
Cadê, o pacato céu?
-Chuva-ácida o aniquilou!
E a harmonia do planeta?
-Nosso egoísmo matou!
Matamos a natureza,
Matamo-nos mutuamente!
Agora pagamos caro;
No “purgatório” das gentes.
É preciso ter esperança!
Ainda é tempo de mudar.
É preciso encontrar com Cristo;
Sua palavra nos há de salvar!
Queremos viver o amor,
Reparando o nosso mal;
Construir um mundo novo,
Fazer da Terra novo lar.
São Luís, 29 de julho de 2007.
2- VEJO A ÁRVORE: SABOR DA VIDA!
Desperto na tarde,
É grande o calor;
O sol é ardente!
O vento cessou.
Janela aberta!
Do chão, no qual deito,
Acordo e vejo:
Céu e nuvens luzentes.
Apoiando-me nela, a velha janela;
Contemplo a paisagem,
Deparo-me com a árvore.
A árvore velha, agora é diferente.
Da angiosperma de traços: mortos, desarmônicos..
Surge uma primavera rosada, envolvendo seus rudes galhos.
Destacam-se femininos cachos,
Contrastando com o céu alvi-azul.
Uma harmonia lírica!
Milagre da natureza.
Fecundidade vital!
Momentos que são singelos; segundos que são eternos...!
Neste maravilhoso êxtase, estou imerso.
Agora sim, vejo a árvore.
Sim, a brisa volta, agora.
E a árvore me traz vida.
Sim!
A harmônica natureza...,
Traz-me vida!
Vivacidade! Sabor da vida!
São Luís, setembro de 2007.
3- MISTÉRIO QUEBRADO
No raiar de um novo dia,
Da janela de meu quarto, contemplo,
O despertar da natureza que não dorme;
Natureza enriquecida pela luz,
Luz sem descanso que dá ar de eternidade,
Ocaso sem nuvens, douradas, prateadas, áureas...
Prateada brisa da manhã inovadora,
Ventos novos da esperança que se faz!
Ó pássaros, cantai e voai!
Cantai lá no alto, alvi-azul,
Fazei vós a festa do céu!
Galos que cantam e anunciam a luz, fies a sua mais pura tradição, hoje;
E que seus pintinhos cantem o amanhã!
A vida que entoa o seu canto eterno,
Cantiga cândida, canto materno.
Árvores que dançam num ritmo divino,
Vida que nos traz um novo sentido.
Novo mistério, espalhado no mar,
De anjos que incensam alegres a cantar.
Alegria inebriante, liturgia lúdica,
De um Deus que dança com suas criaturas.
Alturas baixas, pertinho de nós
Esperando que juntemos a elas, nossa voz.
Contemplação eterna, visão sincera,
Cera que queima sem se consumir...
Dim-dom! Tic-tac! Rude quebra do mistério...
Rude vida da cidade.
Capanema-PA, julho de 2006.