ALUNOS ELÉTRICOS

Por Cristiane Ortega Lopes | 18/09/2010 | Educação

Em quase toda sala de aula tem um aluninho que não consegue parar no lugar. Ele entra na classe, coloca sua mochila em cima da mesa, ensaia que vai sentar, mas na verdade não senta. A professora entra, cumprimenta os alunos, espera que todos se acomodem e percebe que o menino senta por cima das pernas. Abre a mochila e despeja tudo na mesa sem critérios. A professora resolve fazer a chamada e lá está o aluno em pé mexendo no material do colega ao lado. O vizinho reclama, a professora interrompe a chamada e diz:
_ Já vai começar?
O menino dá um sorrisinho maroto e senta novamente. Ela retoma a chamada, ele observa os colegas matutando o que fará agora. Resolve abrir o caderno e sacrifica uma página em branco para a confecção de uma bola. Mira um indivíduo e arremessa. O outro reclama, ou devolve a bolada. A professora ralha:
_ Pára ou vai sair!
A mestra resolve começar a aula propondo a cópia do conteúdo que vai passar na lousa. O menino elétrico até abre o caderno, copia o primeiro parágrafo e decide que sua caneta não é boa o suficiente. Levanta do lugar, dá a volta nas fileiras e vai buscar caneta com o colega do outro lado da classe. Volta parando em todas as carteiras, mexendo em todos os materiais até que rouba o boné de um dos meninos e corre em direção ao corredor de sua carteira. O dono do boné grita:
_ Professoraaaaa!!!!!!!
A professora para de escrever, vira irritada e já aumenta o tom:
_ Você quer ir para a diretoria? Já está me irritando!!!!
O menino responde:
_ Não senhora! Eu já ia devolver o boné, só estava olhando!
_ Vai copiar a lição, já! ? briga a mestra.
O aluno retoma a cópia, escreve mais três palavras e olha pela janela para ver quem está passando lá fora...
Essa história se repete em muitas salas de aula, seja de uma maneira ou de outra, o aluno com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade não produz e nem deixa os outros aprenderem. Ele interrompe a aula tantas vezes que tira o professor do sério provocando bons tempos de sermão.
Os pais são chamados, ouvem chamar o filho de preguiçoso, desinteressado, reclamam para essa mãe que ela não toma providências, enfim, é um desastre.
Mamãe, se você está acostumada com tais reclamações, procure um psicólogo ou neurologista e conte a eles o que ocorre com seu filho, pois este precisa de ajuda. O aluno ligado em 220, como se diz popularmente pode sofrer de TDAH e necessita aprender a lidar com isso, muitas vezes precisando de tratamento medicamentoso. Dificilmente um aluno com esse problema consegue se concentrar em algo. Ele começa, mas nunca termina. Mas é importante lembrar que em frente a um computador que oferece estímulos visuais, essa criança consegue parar por muito tempo, o suficiente para os próprios pais acharem que ele não fica quieto na escola porque não quer.
A escola precisa ter conhecimento dos relatórios profissionais que atestam tais problemas para saber lidar com a situação. Esse aluno não pode sentar próximo a portas ou janelas, nem deve estar no fundo da classe. De preferência sentar próximo ao professor para que este possa monitorar suas ações, e no auge da ansiedade, sugerir que ele saia um pouco da classe para fazer algum favor como buscar um copo com água, giz, etc.
Os pais devem estar atentos a isso, pois se não tratar, como adultos seus filhos poderão ter vários problemas.