Aluno invisível

Por Luis carlos leal | 06/10/2010 | Educação

A construção de identidade da criança comprovadamente acontece a partir da qualidade da vida afetiva que será construída ao longo dos seus primeiros anos de vida e nesse crucial e delicado momento de sua formação, a mediação da família é fundamental para que ela desenvolva habilidades e consiga, ao longo do seu desenvolvimento, ser mais competente em suas escolhas.
São inúmeras as influências para a formação de uma criança, por esse motivo, pais, escolas e cursos extracurriculares devem obrigatoriamente percorrer, o por vezes longo e tortuoso caminho da formação profissional, como se fossem uma família a passear no parque de mãos dadas em um dia de verão e assim alcançar de forma mais satisfatória a tarefa de transmitir valores necessários para essa formação.
No entanto, parece natural que os pais tenham o papel principal nesse processo e escolas e demais instituições adotem a condição de co-responsáveis por essa orientação e formação, visto que tanto um, a escola, quanto os outros, ou seja, as demais instituições, lidam com o resultado direto da orientação que a família produz nos filhos.
O processo pós-globalização, intitulado como mundialização, solidificado ao extremo no momento pós-crise-mundial, reestruturou os conceitos de formação educacional ao redor do globo e elevou os "tempos" de permanência de crianças em escolas e cursos, de forma física ou virtual, oferecendo um novo cenário de inversão de valores, no qual a criança passou a aprender, desde a tenra idade, a ter sonhos e objetivos orientados por pessoas que talvez não sejam as mesmas as quais estarão passeando pelo parque na figura de sua formatura representada pelo dia de verão.
A atitude dos pais no processo de formação são aspectos que interferem, de forma positiva no desenvolvimento da criança e o comportamento de ministrantes, da mesma forma e eventualmente com a mesma intensidade, devem interferir em iguais parâmetros e ambos devem contribuir para que a personalidade do "aluno invisível" não seja construída.
O incentivo, a participação, a demonstração palpável de reconhecimento por conquistas educacionais, que pairam no horizonte do sucesso e certamente não são frutos de processos mecânicos, lineares ou orgânicos, desde a dedicação aos estudos até a conquista de prêmios educacionais, os quais objetivam contribuir para o despertar de novos talentos, transmitem a formação de valores quase que indestrutíveis e proporcionam condições para o melhor desenvolvimento na construção do profissional do amanhã, mas da mesma forma na qual um produto depende das condições do solo para florescer, o aluno precisa da oportunidade para descobrir seus talentos naturais.
Que sejam os incentivadores de movimentos que propiciam "o solo educacional para o florescimento de talentos" aqueles que estarão no mesmo parque, representando a mais longínqua das memórias no gramado do amanhã, saboreando as dádivas de um dia de verão e observando, com um sorriso de cúmplice satisfação, a família a passear, de mãos entrelaçadas e assim como o universo acadêmico, possam "enxergar" os talentos naturais do aluno não-invisível.

LLEAL
Luis Carlos Leal
lleal.english@gmail.com
Tradutor e escritor bilíngue