ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO

Por Mayara dos Santos | 12/12/2016 | Educação

 

KAKTIN, Daniely Ienerich[1]

LUHM, Daiana Cristina[2]

SANTOS, Mayara dos [3]

 

[1] Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Cascavel (2015), professora de educação infantil da Rede Pública Municipal de Ensino de Céu Azul – PR.

[2] Aluna do Mestrado em Educação da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Cascavel, professora de educação infantil da Rede Pública Municipal de Ensino de Céu Azul – PR.

[3] Aluna do Mestrado em Educação da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Cascavel.

INTRODUÇÃO 

A elaboração desse artigo tem como objetivo elencar um breve estudo sobre uma das diferentes áreas que compõem a educação especial, sendo as altas habilidades e superdotação a temática aqui tratada. Dessa forma o que se pretende é não apenas definir, conceituar e caracterizar tal necessidade educacional especial, mas principalmente apontar os aspectos educacionais com ênfase na educação inclusiva, instrumentalizando o leitor e nós mesmas enquanto futuras educadoras, para o uso de estratégias educacionais inclusivas que propiciem ao aluno oportunidades de desenvolvimento.

Entendemos como crucial o estudo acerca do trabalho pedagógico do professor na perspectiva da educação inclusiva, pois sabemos das dificuldades encontradas por muitos profissionais que se deparam com alunos que apresentam necessidades educacionais especiais e não sabem de que forma trabalhar com estes, acarretando numa prática que mais exclui do que inclui.

ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO 

Definição / Conceituação

De acordo com o Ministério da Educação (MEC) no documento sobre Diretrizes Gerais para o Atendimento Educacional aos Alunos Portadores de Altas Habilidades/Superdotação e Talentos de 1995, Altas habilidades ou superdotação referem-se:

[...] aos comportamentos observados e/ou relatados que confirmam a expressão de ‘traços consistentemente superiores’ em relação a uma média (por exemplo: idade, produção ou série escolar) em qualquer campo do saber ou do fazer. Deve-se entender por ‘traços’ as formas consistentes, ou seja, aquelas que permanecem com frequência e duração no repertório dos comportamentos da pessoa, de forma a poderem ser registradas em épocas diferentes e situações semelhantes. (BRASIL, 1995, p. 13).

É importante salientar que o conceito de altas habilidades/superdotação vem sofrendo mudanças ao longo dos tempos e, conforme a cultura, as definições vão se transformando.

Outra proposta considerada é a de Renzulli que é diretor do Centro Nacional de Pesquisa sobre o Superdotado e Talentoso da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, e eminente pesquisador da área. Segundo ele é necessário a junção de três círculos para se caracterizar como superdotado, mesmo que em diferentes percentuais. Esses círculos seriam criatividade, envolvimento com a tarefa e a habilidade acima da média. Em sua fala “as crianças superdotadas e talentosas são aquelas que possuem ou são capazes de desenvolver estes conjuntos de traços e que os aplicam a qualquer área potencialmente valiosa do desempenho humano.” (Renzulli 1986, p.11-12 apud SEED/PR, 2010).

Segundo Soares (2004) o círculo da criatividade apresenta as mais variadas formas criativas do pensar e agir, que podem ser expresso de maneira gestual, verbal, plástica, teatral, musical, entre outras; o envolvimento com a tarefa se refere à grande motivação, esforço, paciência, interesse e vontade na execução do trabalho a ser realizado; habilidade acima da média é a capacidade de dar diferentes respostas à um mesmo problema, comportamentos observados no sujeito que sejam comprovadamente acima da média em qualquer campo do saber ou fazer. 

Caracterização 

Apesar do desenvolvimento nos estudos e na ciência, ainda não existe uma definição universal de altas habilidades/superdotação. Há diversas concepções a esse respeito influenciando no processo de identificação daqueles que são encaminhados para programas especiais. 

No Brasil, para definir as características de um sujeito com altas habilidades utiliza-se o Departamento de Saúde, Educação e Bem-estar dos Estados Unidos, de 1972. Sendo assim são consideradas pessoas com altas habilidades/superdotação aquelas que possuem, uma ou mais das seguintes características: “Capacidade intelectual; Aptidão acadêmica específica; Pensamento criador ou produtivo; Capacidade de liderança; Talento especial para artes visuais, artes dramáticas e música e Capacidade psicomotora” (ALENCAR; FLEITH, 2001, p. 56).

Considerando que os sujeitos com altas habilidades apresentam características distintas, citadas acima, é pertinente que sejam explicitadas cada uma delas para melhor compreensão. Os seguintes termos são adotados pelo MEC.

A capacidade intelectual é quando o sujeito apresenta flexibilidade, fluência de pensamento, capacidade de pensamento abstrato para fazer associações, produção ideativa, rapidez do pensamento, compreensão e memória elevadas, capacidade de resolver e lidar com problemas. A aptidão acadêmica evidencia capacidade específica de atenção, concentração, rapidez de aprendizagem, boa memória, gosto e motivação pelas disciplinas acadêmicas de seu interesse; habilidade para avaliar, sintetizar e organizar o conhecimento; capacidade de produção acadêmica.

A criatividade ou o pensamento criador relaciona-se às seguintes características: originalidade, imaginação, capacidade para resolver problemas de forma diferente e inovadora, sensibilidade para as situações ambientais, podendo reagir e produzir diferentemente, e até de modo extravagante; sentimento de desafio diante da desordem de fatos; facilidade de auto-expressão, fluência e flexibilidade.

A capacidade de liderança caracteriza-se por demonstrar sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, sociabilidade expressiva, habilidade de trato com pessoas diversas e grupos para estabelecer relações sociais, percepção acurada das situações de grupo, capacidade para resolver situações sociais complexas, alto poder de persuasão e de influência no grupo.

A característica Talento Especial se destaca tanto na área das artes plásticas, musicais, como dramáticas, literárias ou técnicas, evidenciando habilidades especiais para essas atividades e alto desempenho. E a capacidade Psicomotora destaca-se por apresentar habilidade e interesse pelas atividades psicomotoras, evidenciando desempenho fora do comum em velocidade, agilidade de movimentos, força, resistência, controle e coordenação motora.

Muitas vezes questionamos como uma pessoa nasce superdotada, pois bem, segundo estudos científicos isso ocasiona por meio da herança biológica e pelos estímulos ambientais que a pessoa sofre, ambos contribuem para o desenvolvimento de uma pessoa superdotada, porém quanto mais estímulos a pessoa tiver mais fácil manifestará suas características.

Por ser difícil de identificar, o MEC juntamente com a Secretaria da Educação Especial e Desporto, desenvolveram alguns procedimentos para facilitar a identificação de pessoas com altas habilidades. Sendo eles :

[...] avaliação realizada por professores, especialistas e supervisores; percepção de resultados escolares superiores aos demais; auto-avaliação; aplicação detestes individuais, coletivos ou combinados e demonstração de habilidades superiores em determinadas áreas. (BRASIL, 1995b, p. 23)

É importante que nesse processo de diagnóstico seja feito o máximo possível de procedimentos para obter o resultado completo e correto se o sujeito possui ou não altas habilidades, pois quando realizado apenas um teste procede-se resultados apenas de uma área do conhecimento, e o que pode acontecer é de o aluno possuir maior habilidade em outras áreas e passar despercebido, por isso a necessidade de aplicar todos os testes e métodos ao aluno avaliado. Não tem como obter uma avaliação estática e definitiva quando pretende-se mensurar a inteligência, pois é um processo dinâmico que precisa de constante avaliação e acompanhamento.

Para identificar um aluno com altas habilidades não basta apenas levar em conta seu rendimento escolar e nem mesmo os testes de inteligência. É pertinente que seja observado o contexto social, cultural e econômico em que o sujeito se encontra, entre outros aspectos também. Quando o professor desconfia de um aluno com altas habilidades é necessário que o mesmo faça uma observação sistemática do comportamento e do desempenho do educando, percebendo as ações do cotidiano e a rotina do aluno na escola (como em passeios, no recreio, em jornadas e atividades de lazer) e se possível em sua vida familiar, conhecendo seus interesses e comportamentos perante várias situações vividas.

Além desse processo importante que o professor pode contribuir outros procedimentos podem ser realizados como as entrevistas, as técnicas de avaliação de habilidades e de interesses, bem como os testes psicológicos específicos.

São consideradas pessoas com altas habilidades, pois se diferem das consideradas normais por possuírem um grau mais elevado de habilidades em certa área do conhecimento. Contudo, as pessoas diagnosticadas com altas habilidades ou superdotação não necessariamente apresentam as mesmas características, pois como qualquer outro indivíduo, possui suas singularidades, isso porque fatores como o ambiente social e cultural tem grande influência. Temos que considerar que a criança com altas habilidades:

[...] é primeiramente uma criança essencialmente igual às outras crianças. Portanto, muitos dos seus comportamentos e características são atributos próprios de sua faixa etária e estágio de desenvolvimento em que se encontra, e vão existir nas outras crianças, como seres humanos que são. (GUENTHER, 2000, p. 44 apud RECH, 2005)

Devemos ter em mente que nem todos os alunos com altas habilidades/superdotação exibem as mesmas características e habilidades, nem todos possuem o mesmo potencial. Cada um tem um perfil próprio e uma trajetória singular de realização, mas todos necessitam de atendimento especial.

            Renzulli (2004) apud Virgolim (2007) aborda duas categorias amplas e distintas de habilidades superiores que são a superdotação escolar e a superdotação criativo-produtiva. As crianças que apresentam superdotação na área escolar tiram boas notas, apresentam um amplo vocabulário, lê por prazer, gosta de questionar, facilidade em aprender o conteúdo sem precisar repetir várias vezes, possui boa memória, tende a agradar aos professores e gostar do ambiente escolar, entre outras.

            Algumas das características afetivo-emocionais desse grupo são a busca por novas aprendizagens, pois necessita saber sempre mais, tem paixão em aprender. Nas atividades motivadoras a ele, demonstra perseverança, porém necessita de estimulação mental. Apresenta grande intensidade emocional e é perfeccionista. Muitas vezes, estabelece metas altas e sofre por medo de não realizá-las.

            As características do segundo grupo de superdotados, criativo-produtiva, são de desenvolver materiais e produtos originais, trabalha naquilo que tem relevância para ele e considerado desafiador. O aluno nessa categoria é visto como um “aprendiz em primeira-mão”. As crianças que apresentam esse tipo de superdotação não necessariamente apresentam o QI superior, pensam por analogias, são criativas, não ligam para as convenções, não gostam de rotina, entre outras características.

            Há toda uma problemática no que concerne ao ajustamento sócio-emocional da pessoa superdotada. Alguns estudos apontam que a pessoa com altas habilidades está mais propensa a ter problemas sociais e emocionais alegando que os mesmos têm maior predisposição para desenvolver depressão e ideias suicidas. Portanto existem algumas discordâncias entre os estudiosos dessa área, pois por outro lado afirmam que não há evidências de alto grau que confirmam isso. O que se tem, por meio de pesquisas e observações, é que as pessoas excepcionalmente inteligentes podem sim encontrar dificuldades no seu desenvolvimento sócio-emocional, assim como traz Alencar (2007):

[...]

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