Alô mamãe! Alô papai!

Por ivan Ferreira Sampaio | 26/09/2014 | Crônicas

Alô papai, Alô mamãe...! Põe a vitrola pra tocar!

 

Eu sou formada! Desafiante, disse a moça as suas colegas de trabalho da churrascaria do clube que visito. Afinal, para melhor compreendermos a grandeza dessa informação precisamos sempre revisitar nosso passado que advém desde os tempos que éramos uma província e andávamos em bondes ou montados em burros. Era necessário pendurar os brasões e emoldurar diplomas a vista dos humildes cabanos e assim prestassem reverencia e respeito. Fazia sentido até o fim dos anos 70 ver o sujeito bater no peito e dizer “Me chama de doutor, vai...”. Afinal, ele teve acesso a conhecimentos que até então era algo impensável ao cidadão comum. Então, eles tinham razão...

Hoje a realidade é diferente. Com o acesso fácil e rápido ao conhecimento promovido pela internet, os tais doutores precisam demonstrar que realmente são capazes. É mais fácil identificar erros médicos, advogados relapsos e desorganizados e, professores medíocres que ainda estão aí graças ao corporativismo sindical. Enfim, como se sabe, o conhecimento continua a ser a ferramenta para se atingir fins e criar cidadãos, e hoje, disponibilizado a todos, tornou tudo tão igual. Os poucos e verdadeiramente bem sucedidos destacam-se na multidão de “doutores de mentirinha” que não chegaram lá. Nosso jovem atual, educado pela cartilha da acomodação e motivado pela soberba busca formar currículo para ingressar, quando conseguem, no escasso e competitivo mercado de trabalho ou, na busca pelo asilo confortável de um emprego publico qualquer.

            Hoje, tal formação de nada serve se a mesma não consegue atingir objetivos com a realização profissional. O aumento do numero de bacharéis trouxe consigo a exposição da banalidade da formação superior e o triste registro de que “quase todos” por serem semianalfabetos, não conseguem fazer boa leitura ou o resultado na conta de 2+2. A moça do clube talvez traduza melhor nossa cultura Tupiniquim. Se não foi por mérito, como todos imaginam, pouco interessa, afinal, ela completou seus estudos, orgulhosa, como bem disse... Chegou lá!... Em radioterapia...