Aliados Do Bem E Do Mal

Por Adão Braga Borges | 13/06/2007 | Contos

A reunião havia começado. Ele não estava satisfeito em estar de fora. Ficou andando por ali, desgostoso por ter sido preterido, e tendo também um momento diferente em sua existência.

Nunca antes algum outro ser, havia tido tais sentimentos. Era tudo muito estranho. A reunião sem convidá-lo. Novos Pensamentos e imagens diferentes surgindo em sua mente. Não obstante, talvez por ser novidade, ele inquiria e condenava a si mesmo.

Questiova a si mesmo por estas novidades. Rejeitava os pensamentos e desejos que afloravam, porém, desejava ardentemente continuar. Era novo, era estranho, entretanto, muito fascinante, e havia uma imensa força atraindo-o para o desconhecido para estas emoções e sentimentos ainda nunca antes experimentados e ansiados.

A Inveja como mecanismo de aperfeiçoamento.

Após a reunião as portas fechadas, Pai e Filho sairam. O Filho estava radiante. Alegre e esboçava aquele sorriso de satisfação e gratidão. Um abraço e o comunicado de que deveriam estar todos no pavilhão central - Ele os acompanhou de perto. Olhava para ambos e sentia inveja. Desejava não apenas ser o que era; ele desejava ser o Filho. Ele queria ser igual a Ele. Receber o mesmo tratamento e atenção.

Entretanto, a reunião no pavilhão central fora frustrante para ele. Enquanto todos os outros estavam alegres e felizes com as novas diretrizes e ordens, ele se sentiu rebaixado e inferiorizado. - Eu mereço mais, quero mais, afinal minhas funções e ações aqui dentro são importantes, porque não recebo nenhuma atenção? - Resmungava dentro de si mesmo.

A inveja corroia-lhe o coração e o intelecto. A inveja com suas raizes fortes e penetrantes despertava insatisfação e rancor. Despertava naquele ser até então puro e enlevado - Que poderia até, ter despertado noutros estes sentimentos - foi o primeiro a sentir inveja, rancor e desprezo. Não obstante, ele ter privilégios, cargos elevados e enlevados, ele desejava mesmo era ser aquele que agora recebia toda atenção: o Filho do chefe.

A inveja não era má em si mesma. Era talvez o mecanismo a disposição para se crescer e tornar-nos melhores, afinal, é desejando ser aquilo que não somos que estamos progredindo. É sentindo-nos desgostoso conosco e com nossa situação em comparação a alguém em situação diferente, que podemos traçar metas e fazer planos a sermos melhores e termos aquilo que agora não temos, ou que agora não somos.

Certamente, a inveja é um instrumento de aperfeiçoamento. O que há de errado com isto? Só estou ampliando e progredindo. Não há erro. Estou trilhando o caminho a mim traçado e permitido. Afinal, se estou sentindo assim, o Mestre, chefe Todo-Poderoso, conhecedor de tudo e de todos sabe o que está acontecendo comigo.

- Não estou entendendo a história!
- Não é complicada... é que este inicio é mesmo complicado, mas depois ficará claro.
- Não tem como você adiantar, não?
- Não! não tem. Se adiantar muito você não vai entender algumas situações lá adiante. Tenha paciência.
- Eu não sou paciente! E sou muito curioso. Você sabe disso. Você me criou e viveu comigo este tempo todo
- E verdade!

Eu o conhecia. Afinal, muito da personalidade dele, era parte de mim mesmo. Mas mesmo assim, eu tinha que ser mensurável e ir aos poucos. A assimilação de certas verdades são mais demoradas e mais intrigadas do que mentiras.

- O mundo como temos hoje, não pode ser compreendido se não entender e saber desse inicio.
- Sei! - Disse-me com desgosto e irritação - É que isso enche! Onde é que ter paciência é boa coisa? - Questionou. - O mundo hoje, é muito nervoso, veloz e nem tão eficiente, atropelando quem fica parado na pista. Ir aos poucos, devagar quase parando, é estar contra a correria do mundo atual... então despeja logo!

Falava-me como se já estivesse preparado para qualquer mensagem rude, abrupta e ou diferente do que a vida o havia preparado até o momento.

- Mal sabe o que te espera menino! Não tenha pressa agora. Está tudo dentro do prazo. Não se apresse. No momento de correr e acelerar, você correrá e acelerá, mas no momento, não queira me adiantar, você não vai conseguir. Espere! Não queire atrapalhar nossos planejamento com sua pressa. A arrogância, a pressa e o entusiasmo, principalmente, a festa de "Já ganhou!" nunca estiveram em nossa turma. Assim, fique na sua.

Cobiça e rancor - fontes de energia

Naquela altura dos acontecimentos, muitos já estavam sabendo desta novidade. Havia algo de novo e que ninguém tinha como explicar. Souberam o que estavam acontecendo, mas não sabiam responder outras questões tais: Como começou, porque começou, quando começou e também ninguém sabia se teriam estas explicações, mas também não sabiam se teria um fim.

Ocorreram debates exaltado entre eles. Houveram aqueles que abraçaram o novo movimento com entusiasmo e obstinada paixão entretanto, sabiam do caminho sem volta que estavam tomando.

- Tudo teve inicio com a inveja.

A inveja, que é hoje vista, como um sentimento de desgosto pela prosperidade ou alegria de outrem, nesta época era tâo somente um descontentamento com a não realização de desejos e a realização de ambições própria daquele ser. Inveja, e ambição são hoje, graças aos movimentos religiosos, termos pejorativos e perigosos, mas nem sempre foi assim. Houveram tempos em que nenhum ser era distituído ou proibido de sentir inveja ou ter ambições.

O rancor no entanto, foi o sentimento que por mais tempo ficou oculto ou melhor, que demorou a gestar-se e nascer, vicejar e tornar-se útil. Porém muito útil.

O rancor, foi e ainda é hoje, juntamente com a cobiça, dois sentimentos fortissimos entre aqueles que almejam ser melhor do que aquele, ou aqueles que estão no poder. O rancor e a cobiça, na maioria das vezes, podem servir de trampolim para se alcançar os alvos elegidos pelo sentimento de inveja e também pela cobiça. Todavia, não justificamos o uso da violência como meio de se adquirir qualquer coisa, posição, ou qualquer objetivo, meta , ou qualquer que seja, que se tenha invejado ou cobiçado.

A violência, não é nosso meio. Usamos a cobiça, a inveja e o rancor, mas isto não necessariamente gera violência e morte. O ódio profundo provocado pelo rancor inicial gerou energia, não violência.

Essa energia serviu para se buscar honras e glórias a nós proíbidas. E um escritor de alguns poucos séculos disse: "É melhor ser rei no inferno do que ser servo no Céu" (1)

- Você terá que aprender a usar a cobiça e a manipular o rancor como fontes de energia e estratégia para se alcançar objetivos e metas.

---------------------------------------------------------
(1) - Paraíso Perdido - Poema Épico de John Milton, com tradução de Francisco Bento Maria Targini - Impresso em 1823 - digitalizado pelo Google.