Alguns Aspectos Relevantes Sobre A Introdução Da Informática Na Educação
Por Sirley Maykelle da Silva | 26/06/2007 | TecnologiaI - Introdução
A sociedade passa por uma nova revolução que não visa mais a substituição do trabalho humano por máquinas, mas a valorização excessiva da informação como elemento essencial para um indivíduo viver nessa sociedade. "As mudanças que a informática está produzindo em nossa sociedade são tão profundas que já estão alterando de forma significativa, o nosso estilo de vida". (FLORES, 1996).
Assim, nota-se que os estilos de vida dos profissionais da área da Educação também passa por mudanças, ou seja, eles precisam estar sempre se atualizando sobre os diversos avanços tecnológicos.
Palavras Chaves: Informática, Educação, mudanças.
II - Informática na Educação
A introdução da informática na educação iniciou-se aproximadamente nos anos 60, como experiência educacional na área de física na Universidade Federal do Rio de Janeiro (MORAES, 1997).
Com o desenvolvimento de novas máquinas para uso pessoal, tornou-se possível a implantação de salas de informática nas escolas, através de projetos públicos.
O primeiro projeto público implantando foi o Educação e Computadores (EDUCOM), que agregou diversos pesquisadores da área e teve por princípio o investimento em pesquisas educacionais.
O projeto EDUCOM, por sua vez, está interessado no desenvolvimento de novas metodologias de ensino, na promoção de uma aprendizagem mais ativa e significativa, numa educação básica de melhor qualidade. Este foi base para que um novo projeto fosse desenvolvido e posteriormente refeito, tornando-se um dos mais abrangentes, em território nacional, o Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO).
No PROINFO, são criados projetos educacionais que envolvem as novas tecnologias da informática e da comunicação e permitem a capacitação de professores através de computadores distribuídos em escolas públicas.
A informática na educação está permitindo que os estudantes tenham melhores oportunidades profissionais e maiores conhecimentos tecnológicos, já que o mercado de trabalho tornou-se muito exigente nesse aspecto.
Considerando a aplicação da informática nas escolas, esta permite que alunos e professores tenham maior interação dentro da sala de aula, promovendo maior aprendizado e relação entre ambos.
Além disso, possibilita o acesso á informação àqueles que não possuem condições de terem um computador em casa. Isso permite que estas pessoas tenham o mesmo grau de conhecimento que os que possuem melhores condições financeiras.
O surgimento da informática implica uma série de mudanças em diversos setores da sociedade, como comércio, comunicação, transporte, entretenimento, administração pública entre outros, e principalmente na educação.
A informática na educação deve ser bem utilizada para que não sirva somente para transmitir informações e se tornar rival do professor que não está aberto a novas tecnologias.
O professor, jamais perderá sua importância, uma vez que é ele quem auxilia e direciona o aluno a novas descobertas, e possui o papel de incentivar a aprendizagem e a curiosidade, a fim de implementar a tecnologia no espaço educativo, para que ao egressar da escola, o aluno esteja apto a entender e a manipular a tecnologia utilizada pela sociedade. Segundo CHAVES (1988), as escolas em geral e a educação, ainda resistem à introdução da informática no ambiente educacional, porém o impacto pode não ser tão grande, pois a informática possui uma influência muito maior quando é utilizada fora do ambiente escolar.
A questão, portanto, é saber se o sistema educacional irá, do mesmo modo como fez com os televisores, desprezar a difusão dos computadores, e todas as suas conseqüências, isto é, se o sistema educacional irá permitir que o conhecimento e as atitudes das crianças sejam mais influenciados pelo que aprendem fora da escola (hoje pelos televisores, amanhã pelos computadores residenciais) do que pelo que aprendem na escola propriamente dita.
A introdução do computador na escola deve ser bem definida para que o computador contribua para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem e não atrapalhe a causa daqueles que se preocupam com a eficácia do ensino ministrado e a qualidade de aprendizado.
III – O papel da Escola
O processo de informatização da sociedade caminha com espantosa rapidez e parece irreversível. A escola tem a responsabilidade de oferecer a melhor preparação possível para seus alunos, inclusive aos da rede pública, para que eles possam viver e atuar numa sociedade informatizada.
O computador tornou-se um componente essencial para formação geral e profissional do indivíduo, não havendo como pretender que a educação fique alheia a esse fato.
As escolas particulares estão introduzindo de forma ativa o computador no processo de ensino aprendizagem e as públicas ainda sofrem com os problemas que impedem tal informatização.
O que não pode ocorrer, é que a distância entre escolas públicas e particulares, aumente significativamente vindo a prejudicar o desenvolvimento futuro da rede de ensino no Brasil.
A escola tem de preparar cidadãos suficientemente familiarizados com os desenvolvimentos tecnológicos básicos, de modo a poderem participar do processo de geração e incorporação de tecnologia de que o país precisa, para sair do estágio de subdesenvolvimento econômico, de dependência cultural e tecnológica em que se encontra.
A informática está no centro de toda essa tecnologia. Quanto mais cedo os alunos se familiarizarem com ela, melhor será para o êxito deste processo. Sem que tenhamos pessoas, em número suficiente, preparadas para entender, utilizar e dominar tal tecnologia, não poderemos esperar que o Brasil venha a participar em condições mais favoráveis no quadro da economia mundial em que está incluído, quer queira, quer não. (CHAVES ,1988).
A aprendizagem do aluno deve-se também as interações feitas fora da escola. Quanto mais oportunidades de interação o aluno tiver, melhor será seu conhecimento proporcionando-lhe um desenvolvimento diversificado e acelerado. O computador não deve ser utilizado de forma como se fosse uma máquina de ensinar que ajuda o professor nos conteúdos tradicionais. Este deve ser utilizado como uma ferramenta que será de enorme valia para o desenvolvimento intelectual do aluno.
Alguns críticos dizem que o contato constante com o computador, levam o aluno a pensar de forma mecanizada. Segundo CHAVES (1988), em contato com o computador, a criança aprende muito cedo a distinguir o pensamento mecânico do que não o é. Essa habilidade poderá lhe permitir, em face de certo problema, escolher o estilo de pensamento mais adequado para resolvê-lo.
A análise do pensamento "mecânico", a percepção de como ele difere de outras formas de pensamento, a prática obtida na análise e a solução de problemas, podem, portanto, dotar a criança com um nível de sofisticação intelectual bastante elevado.
IV – O computador e suas utilidades
O computador pode ser utilizado nas mais diversas modalidades, desde na administração escolar, até o próprio ensino da computação.
Na administração escolar, pode ser utilizado para as mais diversas funções, minimizando tempo de serviço e custos e permitindo o compartilhamento de diversos recursos entre os setores.
No que se refere ao ensino da computação, as escolas, na maioria dos casos, não oferecem habilitações profissionalizantes no ensino Médio, devido ao investimento que é necessário para este tipo de ensino.
Portanto, são apresentados programas educativos, que visam familiarizar o aluno com o computador e permitem maior interação nas aulas, oferecendo suporte aos professores para as mais diversas atividades que antes eram apresentadas na sala de aula, porém sem interação nenhuma com a informática.
Esses métodos de ensino, despertam no aluno, um interesse maior para aprender, além de estimular sua curiosidade e criatividade. Porém, isto é muito criticado por alguns que ainda dizem que a melhor forma de se aprender, é através dos métodos tradicionais de ensino.
Conforme publicada na Revista Planeta na edição de fevereiro de 2003, foi realizada uma pesquisa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts(EUA), no qual os pesquisadores concluíram que o emprego de microcomputadores em sala de aula não traz benefícios visíveis para os alunos do ensino fundamental.
Segundo Samuel Filho (2003), profissional de educação física, o aprendizado se dá efetivamente pelos sentidos e pelo movimento corporal. Cabe ao professor, agregar a estes movimentos, noções das disciplinas e sentado em uma cadeira, em frente ao computador, é inviável que isto seja feito, dificultando assim o aprendizado do aluno.
Por outro lado, o uso de computadores em sala de aula, desperta o interesse no aluno em estar se informatizando, procurando novos conhecimentos e buscando cada vez mais aperfeiçoar a sua criatividade.
Possibilita também após que não possuem condições financeiras de ter um computador em casa, a oportunidade de se informatizar e adquirir noções básicas de informática, que nos dias atuais é primordial para o desempenho de qualquer profissão.
V – O computador e suas ferramentas
Uma das formas de utilização do computador na educação é o método por instrução programada. Trata-se de um método que coloca um microcomputador na posição de quem ensina o aluno, sendo um recurso ou auxílio instrucional que facilita a consecução de certos objetivos educacionais tradicionais através de métodos fundamentalmente convencionais.
São muito utilizados em exercícios repetitivos que levam o aluno a praticar operações aritméticas, ortografia entre outros, mas entretanto é muito criticado pela comunidade pedagógica.
Para o aluno, isto pode se tornar interessante e motivacional, pois alguns exercícios são extremamente maçantes e através desse método, podem ser feitos com maior grau de interesse e prazer. A apresentação gráfica do computador, torna-se algo muito mais atrativo do que o giz em um quadro negro.
O interessante desse método, é que ele pode ser aplicado a qualquer área, nível ou grau do processo educacional.
Outra ferramenta muito utilizada atualmente, são os pacotes de aplicativos, que possuem editores de textos, planilhas eletrônicas, gerenciadores de bancos de dados entre outros.Estes, além de proporcionarem ao aluno um método eficaz para cálculos, redações, também permitem que os professores façam um uso regular do computador em suas vidas profissionais.
Entretanto, a mudança que ocorre nos dias atuais na educação, faz com que muitos professores não se atualizem na área da informática e, portanto, acabam utilizando cada vez mais, métodos tradicionais, que é menosprezado pelos próprios alunos.
VI – O Professor e a Informática
O professor atualizado com a informática pode proporcionar aos seus alunos aulas mais didáticas e interessantes. Pois é visível a euforia dos alunos quando um professor entra na sala e apresenta exercícios e textos no computador.
Estes, também podem desenvolver seus trabalhos no computador e apresentar à sala, pois gera uma espécie de competição.
Um aluno quando apresenta seu trabalho no computador, através do Powerpoint, faz com seus amigos de sala queiram fazer uma apresentação igual, ou melhor, do que foi projetada. Assim, podemos perceber que, o aprendizado com o computador na escola é muito válido.
Ainda, podemos analisar aspectos muito positivos, na disciplina de Língua Portuguesa. Ao digitar textos, trabalhos e até mesmo consultar à Internet para qualquer pesquisa, os alunos têm mais contato visual com as palavras. Isso faz, com que, mesmo aqueles alunos que não gostam de ler livros, mas gostam muito de acessar a Internet, pratiquem a leitura e a escrita de uma forma divertida.
Porém, há aspectos negativos também nessa disciplina.
A tecnologia sempre afetou o homem: das primeiras ferramentas, por vezes consideradas como extensões do corpo, à máquina a vapor, que mudou hábitos e instituições, ao computador que trouxe novas e profundas mudanças sociais e culturais, a tecnologia nos ajuda, nos completa, nos amplia.... Facilitando nossas ações, nos transportando, ou mesmo nos substituindo em determinadas tarefas, os recursos tecnológicos ora nos fascinam, ora nos assustam...(FRÓES)
No que tange a área de pesquisa, muitos professores se deparam muitas vezes com trabalhos literalmente "copiados e colados" da internet.
Os alunos, que muitas vezes não se dedicam a fazer o trabalho pedido pelo professor, recorrem à internet, para tal realização. Ou seja, como sabemos, nos dias atuais qualquer coisa que se precise procurar no mundo inteiro, as pessoas utilizam a internet, por isso os alunos não são diferentes.
É justamente nessa hora que o computador e a internet se tornam vilões. Os alunos, muitas vezes nem se quer ao menos, têm o trabalho de ler, interpretar e escrever um texto com suas próprias palavras, eles apenas copiam e colam.
O que geralmente acontece e nos deixa triste é que, aqueles professores que não são informatizados, recebem estes trabalhos e consideram-os perfeitos, iludindo-se com seus alunos e incentivando-os mesmo que sem saber a continuar este tipo de ação.
Além disso, pode-se perceber que em alguns trabalhos, os alunos até se dedicam a fazê-lo, entretanto há algumas fontes na internet não seguras. Isso faz com que os alunos muitas vezes lêem tais informações e desconhecendo sua veracidade, fazem o trabalho baseado nela, o que provavelmente torna-se incorreto.
Ainda, o pior a acontecer é o professor também desconhecendo que a fonte é incerta, ou muitas vezes não estar a par por inteiro do assunto em questão, apodera-se da informação do trabalho do aluno e a transmite de forma impensada, sem verificar sua veracidade.
VII – A escrita e a Informática
Atualmente o mundo globalizado e conturbado em qual vivemos, faz-nos pessoas apressadas e de uma certa forma, também mais ágeis, rápidos e práticos. Assim, é notório, que muitos alunos (a maioria), incluindo até mesmo os "bons" alunos, que geralmente tem contato com a Internet, começaram a escrever de uma forma "errada" (no aspecto da escrita formal).
Errada, pois se costuma abreviar muitas palavras, você = vc, e até mesmo escrever em alguns casos apenas com fonemas, não = naum. Como já foi dito, isso se deve muitas vezes à pressa, que a pessoa têm de escrever rapidamente o que pensa, e em outras (no caso dos adolescentes), apenas para não escrever de um modo "careta".
Os recursos atuais da tecnologia, os novos meios digitais: a multimídia, a Internet, a telemática trazem novas formas de ler, de escrever e, portanto, de pensar e agir. O simples uso de um editor de textos mostra como alguém pode registrar seu pensamento de forma distinta daquela do texto manuscrito ou mesmo datilografado, provocando no indivíduo uma forma diferente de ler e interpretar o que escreve, forma esta que se associa, ora como causa, ora como conseqüência, a um pensar diferente.(FRÓES)
Em conseqüência disso, muitos professores, percebem que a informática está mudando o cotidiano escolar do aluno de forma negativa. Ao corrigir provas, por exemplo, os alunos esquecem da escrita formal e acabam escrevendo como se estivessem frente a uma tela de computador, conversando com seu amiguinho virtual. Ou seja, possivelmente, ao se deparar com uma prova assim descrita, os professores logo pensam, "maldito computador".
Entretanto, alguns professores não percebem que talvez essa seja a hora de trabalhar com esse tipo de erro de uma forma válida e divertida.
Através do computador, o professor pode explicar ao aluno que digita uma palavra errada no computador, o porquê do erro. E isso, apenas o professor informatizado pode realizar. Assim o professor percebe que pode fazer mais do que está acostumado e o potencial que a ferramenta lhe oferece, estando mais vulnerável as mudanças. Inicia-se então uma forma de exploração da ferramenta que ajudará no processo de aprendizagem.
VIII – Considerações Finais
Em virtude de todos os fatos mencionados no artigo, podemos concluir que há mais aspectos positivos do que negativos na aplicação da informática na educação.
Embora, os problemas que os professores enfrentam com relação à escrita errada, a pesquisas mal feitas e fontes duvidosas do qual os alunos podem extrair informações da Internet, há também um lado muito útil, viável e válido para estes futuros cidadãos.
É principalmente na visão cidadã que podemos avaliar o aspecto positivo da era tecnológica na educação. Pois, a concorrência do mercado de trabalho, faz com que as escolas tenham que preparar os alunos acima de tudo para esse futuro, e para tanto eles precisam estar informatizados, porque muitos, não tem como pagar um curso de informática, e atualmente é dever da escola ensinar a referida disciplina.
Para finalizar, segundo BORBA (2001) :
O acesso à Informática deve ser visto como um direito e, portanto, nas escolas públicas e particulares o estudante deve poder usufruir de uma educação que no momento atual inclua, no mínimo, uma 'alfabetização tecnológica'. Tal alfabetização deve ser vista não como um curso de Informática, mas, sim, como um aprender a ler essa nova mídia. Assim, o computador deve estar inserido em atividades essenciais, tais como aprender a ler, escrever, compreender textos, entender gráficos, contar, desenvolver noções espaciais etc. E , nesse sentido, a Informática na escola passa a ser parte da resposta a questões ligadas à cidadania.
Referência Bibliográfica
FLORES, Angelita. Informática na Educação: Uma Perspectiva Pedagógica. Tubarão - SC, 1996.
CHAVES, Eduardo O. C. eSETZER, Valdemar W. - O Uso de Computadores em Escolas. Scipione - SP, 1988, pp.5-67
FILHO, Samuel Ferreira da Silva. Informática no Ensino Fundamental: Benefícios ou Prejuízos? -. Revista Planeta, edição 365, ano 31, n.º 02. Mês de fevereiro do ano de 2003, da Editora Três.
FRÓES,Jorge R. M. Educação e Informática: A Relação Homem/Máquina e a Questão da Cognição - http://edutec.net/Textos/Alia/PROINFO/prf_txtie04.htm
BORBA, Marcelo C. e PENTEADO, Miriam Godoy - Informática e Educação Matemática - coleção tendências em Educação Matemática - Autêntica, Belo Horizonte – 2001.
COBURN, Peter e [et al.]; tradução de NOVIS, Gilda Helena B. C.- Informática na Educação – Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda., Rio de Janeiro– 1988.
ALMEIDA, Fernando José de – Educação e Informática – Os computadores na escola – Editora Cortez, São Paulo – 1988.