ALFABETIZAÇÃO EM CARTOGRAFIA GEOGRÁFICA
Por Luana Caroline Künast Polon | 26/11/2018 | GeografiaA Cartografia se relaciona com a Geografia quando possibilita e auxilia na compreensão das formas pelas quais a sociedade organiza o espaço. A Educação Cartográfica é fundamental para promover um ensino de Cartografia atrelado aos conhecimentos da Geografia, através da relação entre as bases conceituais, os procedimentos e a formação pedagógica. A alfabetização cartográfica é um processo essencial para que os alunos tenham interesse na Cartografia, compreendendo-a como meio pelo qual eles poderão pensar o espaço. Para isso, é preciso desconstruir a visão rígida, cartesiana, dos recursos cartográficos. “A alfabetização cartográfica é uma proposta de transposição didática da Cartografia Básica e da Cartografia Temática [...] em que se aborde o mapa do ponto de vista metodológico e cognitivo” (PASSINI, 2015, p. 147). Neste sentido, busca-se a constituição de um aluno-mapeador, uma vez que “o espaço lido e mapeado e ressignificado” (PASSINI, 2015, p. 147). A alfabetização cartográfica começa na infância, a partir de categorias ou critérios de classificação. No entanto, como processo, ela deve continuar durante todo processo formativo. Para além do exercício de leitura dos mapas, é importante que os alunos consigam construir seus próprios signos. E ainda, vivenciar técnicas de mapeamento (observação, levantamento de dados, seleção, classificação, ordenamento, generalização). Esse processo inverso os permite compreender como as relações sociais modificam o espaço, e como a Cartografia é a representação destas relações através dos conhecimentos geográficos. Visão oblíqua e visão vertical: A padronização de que “todo mapa é uma visão vertical” (SIMIELLI, 2011, p. 90) é um dos primeiros problemas ao se trabalhar Cartografia. “A visão que se tem no dia a dia é lateral, isto é, oblíqua” (SIMIELLI, 2011, p. 90). Por isso, a visão vertical é uma abstração. Imagem tridimensional e bidimensional: Corresponde a “passagem do espaço concreto, da realidade em que se vive, para o espaço do papel” (SIMIELLI, 2011, p. 91). Dificuldade na passagem do caráter tridimensional para o caráter bidimensional (plano). O nível de complexidade aumenta quando são trabalhadas as formas topográficas. “As representações cartográficas são feitas a partir de elementos básicos, que são: ponto, linha e área” (SIMIELLI, 2011, p. 91). Esse trabalho pode ser feito representando primeiro objetos do cotidiano dos alunos, para posteriormente expandir para áreas maiores, como fotografias aéreas. Pode-se começar pela representação dos objetos, e posteriormente representar bidimensionalmente o espaço. Estruturação da legenda: A legenda é um dos elementos em que mais se apresentam dificuldades no momento de trabalhar com materiais cartográficos. Precisam ser levados em consideração: “observação, identificação, hierarquia, seleção e agrupamento na representação” (SIMIELLI, 2011, p. 92). Este tipo de trabalho também parte dos objetos mais próximos ao aluno (concreto), para depois chegar aos níveis mais abstratos (locais desconhecidos, fotografias aéreas, etc.). Proporção e escala: “Para chegar a ter o conceito de escala, deve-se inicialmente trabalhar com a noção de proporção” (SIMIELLI, 2011, p. 92). Atividade: papel quadriculado em várias proporções. Perceber que o objeto pode ser representado de vários tamanhos. Lateralidade, referência e orientação cartográfica: “O conceito de orientação espacial deve, antes de qualquer coisa, ser trabalhado pelas noções de lateralidade e referências” (SIMIELLI, 2011, p. 92). Há um erro muito comum em se começar o trabalho com representações a partir do espaço bidimensional, quando na verdade deveria se começar no espaço tridimensional, e só depois abstrair ao plano. Especialmente alunos com problemas no domínio das referências e da lateralidade, enfrentarão dificuldades na orientação. “Na orientação, o aluno precisa da lateralidade para construir referências aos astros, como o Sol por exemplo, e relacionar o sentido (Norte, Sul, Leste e Oeste) à sua direita ou esquerda” (TEIXEIRA; CASTROGIOVANNI, 2014, p. 07).
Para concluir
- A Educação Cartográfica é um processo.
- Quando há uma falha no decorrer desse processo, todo restante pode ser afetado.
- A Cartografia deve ser compreender como mais do que uma mera técnica ou ferramenta. Ela não é apenas localização dos elementos, ela é uma linguagem que demonstra a organização do espaço.
- A alfabetização cartográfica deve ser um momento de aprendizagem significativa ao aluno, não mero processo de reprodução de materiais já existentes.
- É preciso que haja uma Educação Cartográfica. E se vocês, futuros professores, compreenderem a importância da Cartografia, certamente os alunos terão possiblidade de gostar e entender a importância desta no âmbito da Geografia.
Referências
ALMEIDA, Rosângela Doin de (Org.). Cartografia Escolar. 2ª Ed. São Paulo: Contexto, 2011.
LUDWIG, Aline Beatriz; NASCIMENTO, Ederson. Os conhecimentos cartográficos na prática docente: um estudo com professores de Geografia. Caminhos de Geografia, Uberlândia v. 17, n. 60, dezembro/2016 p.183–196. Disponível em: < >. Acesso em 06 Mar. 2017.
PASSINI, Elza Yasuko (Org.). Prática de ensino de Geografia e estágio supervisionado. 2ª Ed. São Paulo: Contexto, 2015.
SIMIELLI, Maria Helena. O mapa como meio de comunicação e a alfabetização cartográfica. In: ALMEIDA, Rosângela Doin de. Cartografia Escolar. São Paulo: Contexto, 2011. p. 71-93.
TEIXEIRA, Christiano C.; CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos. Orientação e lateralidade: uma proposta à luz da epistemologia genética. In: ENCONTRO DE PRÁTICAS DE ENSINO DE GEOGRAFIA DA REGIÃO SUL, 2, 2014, Florianópolis. Anais eletrônicos... Florianópolis: UFSC, 2014. Disponível em: < >. Acesso em 08 Mar. 2017.