ALFABETIZAÇÃO DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN

Por Amanda de Andrade Dias Tavares | 22/06/2017 | Educação

Resumo: A Síndrome de Down é gerada pelo excesso de material genético oriundo do cromossomo 21. A criança com Síndrome de Down terá potencialidades e também algumas dificuldades devido a doença, entre essas dificuldades está a alfabetização. A partir dessas potencialidades e dificuldades o artigo ressaltará algumas estratégias para que aconteça a alfabetização.

Palavras-chave: alfabetização, Síndrome de Down. 

Abstract: The Down's syndrome is generated by the excess of genetic material from the chromosome 21. A child with Down Syndrome and also has some potential difficulties due to illness among these difficulties is literacy. From these potential difficulties and the article highlights some strategies for what happens to literacy. 

Key words: Literacy, Down's syndrome.

  1.  INTRODUÇÃO 

 Ao longo da história da humanidade ocorreram inúmeras mutações de genes e modificações cromossômicas, a partir dessas mutações e desordens cromossômicas acredita-se que se originaram diversas doenças como a Síndrome de Down (SD).

Segundo as estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS) em cada 600 crianças nascidas, uma é portadora da Síndrome de Down e estima-se mais de 100 mil brasileiros nascido com a Síndrome de Down.

Esta Síndrome é ocasionada pelo excesso de material genético proveniente do cromossomo 21. Na célula normal da espécie humana existem 46 cromossomos divididos em 23 pares, já a pessoa com Síndrome de Down possui 47. A alteração genética se apresenta de três configurações:

  1. Trissomia 21 padrão

Incidi em aproximadamente 95% dos casos, no qual a pessoa com SD apresenta 47 cromossomos em todas as duas células, tendo no par 21  cromossomos.

  1. Trissomia por translocação

 Incidi em aproximadamente 3% dos casos, no qual a pessoa com SD apresenta 46 cromossomos e o cromossomo 21 extra está aderido a um outro par, em geral o 14.

  1. Mosaico

Incidi em aproximadamente 2% dos casos, no qual a pessoa com SD apresenta uma mistura de células normais (46 cromossomos) e células trissômicas (47 cromossomos).

O nascimento de uma criança com Síndrome de Down é mais freqüente conforme aumenta a idade materna, e apesar de já existirem exames que detectam algumas alterações do feto durante a gravidez, após o nascimento geralmente é possível identificar a Síndrome de Down na criança, devido a suas características fenotípicas, porém que variam de criança para criança, e que podem ser assim observadas::

  • Orelhas menores;
  • Boca menor;
  • Tônus muscular diminuído;
  • Inclinação das fendas palpebrais;
  • Pequenas dobras de pele no canto interno dos olhos;
  • Língua aumentada e proeminente;
  • Achatamento da parte de trás da cabeça;
  • Ponte nasal achatada;
  • Ligamentos soltos;
  • Mãos e pés menores;
  • Pele na nuca em excesso;
  • Palma da mão com uma linha cruzada (linha simiesca);
  • Distancia entre primeiro e segundo dedo do pé aumentada.

                As crianças também podem apresentar mal-formações em órgãos desde seu nascimento:

  • O coração (atingindo 30% dos portadores de síndrome de Dow);
  • Mal-formações do trato gastrointestinal, como estenose ou atresia do duodeno, imperfuração anal, e doença de Hirschsprung;
  • Perda auditiva condutiva;
  • Problemas de visão;
  • Alguns tipos de leucemia têm maior incidência crianças com síndrome de Down;
  • Pessoas com síndrome de Down desenvolvem as características neuropatológicas da doença de Alzheimer em uma idade muito mais precoce.

Devido a deficiência, a criança com SD tem um ritmo mais lento em seu desenvolvimento, mas consegue executar muitas tarefas a não ser que seja muito abstrato para criança.

Como qualquer outra criança, a pessoa com SD tem sua personalidade própria.  Claro que vai depender de suas experiências e educação. É muito freqüente, na educação de pessoas com deficiências, de modo geral, e com SD, de modo particular, que se abra mão de procedimentos limitadores ou diretivos. Tal procedimento constitui-se em um equívoco. Não é porque a criança tem uma deficiência que não se deve dar limites, ela demora mais tempo para aprender, mas com mais atenção e estimulação a criança terá um bom desenvolvimento.

 

  1.  ESTIMULAÇÃO ANTES DA ENTRADA NA ESCOLA  

As limitações físicas e intelectuais da criança com SD, podem ser modificadas por meio de manejo competente e do treinamento precoce (Lucia Helena p.116). Crianças com SD tem um potencial de aprendizagem maior do que indicam os registros escolares.

Estratégias específicas devem ser utilizadas para aumentar os níveis de interesse, atenção, habilidades da criança, tais técnicas podem ser aprendida e utilizadas com eficácia pelos pais das crianças com a síndrome. Embora a aprendizagem seja lenta, o processo deve ser contínuo, pois independente do nível de desempenho em um determinado momento, sempre há tarefas sensoriais, motoras ou cognitivas simples que fornecem estimulação vivência e diversão.

O aspecto mais importante de qualquer programa de estimulação é o de responder de forma positiva às reações que demonstram que o bebê foi exposto as novas experiências de aprendizagem e se beneficiou delas.Mesmo um progresso lento representa uma diferença na capacidade da criança de enfrentar melhor as experiências futuras.

 Todas as crianças têm necessidades, até as ditas normais, portanto para um pai com filho com SD é mais complicado atender as necessidades e a escola se torna muito importante, pois atende e entende a sensação da família e se torna um apoio.

A exposição pública é a melhor forma de introduzir a criança à comunidade. Por intermédio dos contatos cotidianos, eles se tornam confortáveis com pessoas menos familiares. Portanto antes de levar uma criança com SD à escola, o responsável deve levá-lo muitas vezes para visitas para que a criança tenha o reconhecimento e adaptação, evitando uma traumática permanência.

                Assim como as crianças normais apresentam talentos variados, as crianças com SD apresentam uma largas abrangência de desenvolvimento, trabalhando as atividades da vida diária, praticando coordenação motora (grossa e fina) e aprendendo a conviver  com diversas pessoas e comportamentos.

 

  1. DIFICULDADES NA ALFABETIZAÇÃO 

 

Para que ocorra a aprendizagem é necessária a influência de vários aspectos, e um deles é que o aprendiz seja capaz de aprender ou que pelo menos se esforce para isso. O papel da família e do professor é de fundamental importância. Sabemos também que embora existam muitas pesquisas referentes a aprendizagem, os pesquisadores afirmam que aprendizagem implica em mudança de comportamento. Para que a mesma aconteça, é necessário que a criança sinta o desejo de aprender, sendo fundamental que haja estímulo por parte da família e dos educadores.

 A prontidão para a aprendizagem depende da complexa integração dos processos neurológicos e da harmoniosa evolução de funções especificas como linguagem, percepção, esquema corporal, orientação têmporo-espacial e lateralidade.
É comum observarmos na criança Down, alterações de internalizações de conceitos de tempo e espaço, que dificultarão muitas aquisições e refletirão na memória e planificação, além de dificultarem muito a aquisição de linguagem.
Crianças com Síndrome de Down, não desenvolvem estratégias espontâneas e este é um fato que deve ser considerado em seu processo de aprendizagem, já que esta terá muitas dificuldades em resolver problemas e  encontrar soluções sozinhas.                                                                                      

Outras deficiências que acometem a criança Down e implicam em dificuldades no desenvolvimento da aprendizagem são: alterações auditivas e visuais; incapacidade de organizar atos cognitivos e condutas, debilidades de associar e programar seqüências.
Do ponto de vista motor, hipocinesias associada à falta de iniciativa e espontaneidade ou hipercinesias e desinibição são freqüentes. E estes padrões débeis também interferem a aprendizagem, pois o desenvolvimento psicomotor é à base da aprendizagem.
No entanto, o desenvolvimento da inteligência é deficiente e normalmente encontramos um atraso global. As disfunções cognitivas observadas no portador da síndrome de down não são homogêneas e a memória seqüencial auditiva e visual geralmente são severamente acometidas.

Os objetivos da alfabetização de crianças com Síndrome de Down, devem ser amplos, visto que o ritmo de cada criança deve ser respeitado e trabalhado cuidadosamente para que o processo de aquisição de conhecimentos seja alcançado de forma eficaz. Uma vez que sabemos que os processos de aprendizagem da criança com Síndrome de Down é igual a das outras crianças, porém mais lento.

Cabe ressaltar que o professor deve trabalhar a estimulação das crianças, tanto sensoriais como motoras ou cognitivas.Quando tratamos de aprendizagem, estamos nos referindo, a partir dos fundamentos de Piaget e Vygotsky,  a possibilidade que a pessoa tem de conhecer, de se organizar e de se estruturar no meio ao qual se insere. O que ocorre quando o indivíduo se relaciona com o meio que o cerca, buscando estruturas sobre a vivência e sobre os objetos que o rodeiam. É a partir da ação da criança com o ambiente que o conhecimento começa a se estruturar, possibilitando a troca entre o organismo e o meio.

 A aprendizagem da criança com Síndrome de down tem sempre que partir do concreto, pois ela tem dificuldade de abstração. Na alfabetização e no ensino da matemática, por exemplo, símbolos podem ser aprendidos com certa facilidade, embora seja difícil associá-los a conceitos e a quantidades. O processo de abstração é lento e difícil, mas possível. O aprendizado não pode ser isolado. Tem que acompanhar a vida prática tem que ser inserido num contexto real, em que a pessoa com Síndrome de Down possa perceber o seu significado concreto, na vida real.

De acordo com Hernandez (apud Bautista: 1993, p. 231), podemos constatar que “a gravidade do atraso de desenvolvimento nas crianças com Síndrome de Down, é muito variável de uma das outras, embora, apesar desta diferença, exista uma constância individual considerável ao longo da idade pré-escolar”. Neste caso, o professor deve  estar atento aos comportamentos dos educando, de forma a obter subsídios para a intervenção caso seja necessário. Por isso, acredita-se que este professor deva estudar e analisar as diversas formas para auxílio na educação da criança.

O professor especializado (aquele que deve estar minimamente preparado para receber um estudante com Síndrome de down, que conhece as formas de trabalho e métodos de intervenção para auxílio da aprendizagem), deve valorizar as reações afetivas de seus alunos e estar atento a seu comportamento geral, para solicitar recursos mais sofisticados como a revisão médica ou psicológica.

O professor deve considerar o aluno como uma pessoa inteligente, que acredita em seu potencial, que tem vontades e afetividades e estas devem ser respeitadas, pois o aluno não é apenas um ser que aprende. E ainda na visão de Hernandez (apud Bautista: 1993, p. 235),podemos notar que: (...) com a informação que possuímos sobre a síndrome,  pode-se estabelecer desde o princípio, um objetivo geral que, sem;menosprezar as diferenças individuais, permita o desenvolvimento de  um programa de estratégias específicas que auxiliem os problemas potenciais do desenvolvimento.

Ainda não sabemos quais as reais capacidades intelectuais da criança com Síndrome de Down, como afirma Bautista (1993, p. 231): “a gravidade do atraso de desenvolvimento nas crianças com Síndrome de Down é muito variável de umas para as outras, embora, apesar da diferença ao longo da idade pré-escolar”.

Sendo assim, é importante que se obtenha informações sobre o desenvolvimento da criança, pois o importante não é a deficiência, mas como apresenta seu processo de desenvolvimento, como ela interage com o mundo, como organiza seus sistemas de compensações, ou seja, a sua história de vida.

A criança com atraso mental necessita de experiências concretas, pois desenvolve pouco o pensamento abstrato. A escola deve livrá-la do excesso de método visual direto, que serve de obstáculos ao desenvolvimento do pensamento abstrato, dando-lhe condições para que a mesma possa superar suas limitações mentais. O que podemos constatar na abordagem de Bautista (1993, p. 233):

A criança com Síndrome de Down tem dificuldade em tudo o que requer operações mentais de abstração, assim como para qualquer operação de síntese, dificuldades que se concretizem na organização do pensamento, da fase, na aquisição de vocabulário e na estruturação morfossintática.

Deste modo, é importante que na escola existam profissionais qualificados que conheçam a Síndrome e saiba as melhores formas de se trabalhar a aprendizagem destas crianças, para um melhor aproveitamento de suas habilidades. 

  1. POTENCIALIDADES DA CRIANÇA COM SINDROME DE DOWN. 

 A  Síndrome de Down é a forma mais freqüente de retardo mental e é entendida como uma alteração genética que prejudica o funcional adequado das funções neurológicas, ou seja, esta deficiência decorre de lesões cerebrais e desajustes funcionais do sistema nervoso: “O fato de a criança não ter desenvolvido uma habilidade ou demonstrar conduta imatura em determinada idade, comparativamente a outras com idêntica condição genética, não significa impedimento para adquiri-la mais tarde, pois é possível que madure lentamente," (SCHWARTZMAN, 1999, p.246).

O processo de aprendizagem da criança Down acontece num ritmo mais lento, a criança demora mais tempo para ler, escrever e fazer contas. A maioria dos Down tem condições para ser alfabetizados, de se desenvolver e executar atividades diárias e até mesmo adquirir formação profissional, a linguagem e as atividades como leitura e escrita podem ser desenvolvidas a partir das experiências da própria criança.

O processo de alfabetização da criança down se dá quando a criança for capaz de descrever/ reconhecer objetos e ações, discriminar sons, identificar semelhanças e diferenças entre sons das palavras, identificar símbolos, gráficos, participar de atividades lúdicas e demonstrar criatividade.

A linguagem representa um aspecto importante no desenvolvimento de qualquer criança para se relacionar e interagir com as pessoas do seu meio social. Portanto, a criança com SD possuem dificuldades variadas no desenvolvimento da linguagem, ela apresenta atraso na aquisição e desenvolvimento, mas existem alguns fatores que podem facilitar o aprendizado, como:

  • Forte reconhecimento visual e habilidade visual de aprendizado;
  • Habilidade de aprender e usar sinais, gestos e apoio visual;
  • Habilidade para aprender e usar a palavra escrita;
  • Imitação de comportamento e atitudes dos colegas e adultos;
  • Aprendizado com currículo prático e material e com atividades de manipulação.

 O desenvolvimento da linguagem da criança se dá através de sua interação e experiências vivenciadas no seu dia a dia, a escolar pode ser um ótimo meio de interação, pois a legislação garante o direito à escolarização para todos, não importando raça, credo, sexo, ou se a pessoa tem necessidades especiais. Todas as escolas são obrigadas a inserir o aluno com SD em seu estabelecimento.          

  1. ALGUMAS ALTERNATIVAS PARA ALFABETIZAÇÃO  

O professor pode utilizar através de programações diárias didáticas lúdicas que estimulem o desenvolvimento, principalmente nos aspectos de independência e socialização. Desta forma a criança passa a entender através de brincadeiras, que os objetivos escolares devem ser alcançados.

A valorização da brincadeira é fundamental para o desenvolvimento da criança, a utilização do lúdico nas atividades para o desenvolvimento infantil é essencial. Quando a criança está brincando ela amplia as possibilidades de interação, consegue interagir tanto consigo mesmo, como com os outros, percebe que há regras para o convívio social e forma sua personalidade, vivencia sua inserção no mundo que o cerca.  

Assim, a aprendizagem pode-se ser trabalhada a partir de jogos, o conceito de grande/pequeno, alto/baixo, quente/frio, bem como noções de higiene, vestuário e alimentação devido a sua convivência como grupo, o que pode inclusive auxiliá-la no conceito de responsabilidade, e respeito para com o próximo.                                                                                      

É necessário ter como objetivo principal nas propostas pedagógicas situações onde o indivíduo seja bem sucedido, principalmente com as crianças com Síndrome de Down , de forma a resgatar a identidade do estudante. Os educadores devem oferecer condições para:

  • Propiciar atividades que levem a independência (no vestir-se, na higiene pessoal, na alimentação);
  • Atividades que auxiliem na integração com outras pessoas;
  • Atividades que desenvolvam a comunicação e sociabilidade;
  • Atividades que possam desenvolver a leitura, a escrita, matemática e conhecimentos gerais (de acordo com os conteúdos acadêmicos). 

Caso não seja possível a aprendizagem da leitura e escrita, pode-se trabalhar a leitura funcional, onde é ensinado a criança palavras que são úteis ao seu dia-a-dia, de forma que permita por exemplo que ela consiga pegar um ônibus sozinha, que utilizasse um banheiro público, etc. Com relação a matemática, caso não consiga desenvolver esta potencialidade,talvez consiga se ensinar o manejo de uma calculadora, trabalhos com dinheiro, o que o auxiliaria a conseguir fazer compras sozinho por exemplo.

 A preocupação principal é com a independência desta criança, e para tal podemos utilizar processos de dramatização, trazendo para o ambiente escolar experiências que poderão ser vivenciadas em sala de aula promovendo atividades “reais”.

Apesar de Vigotsky não ter formulado nenhuma teoria pedagógica, suas teorias ressaltaram o aprendizado humano. Formulou o conceito de zona proximal, a área que a criança consegue fazer sozinha atividades sem o apoio de outra pessoa, ou seja, o papel do professor é de estimular a criança a atingir um nível de compreensão e habilidade que ainda não domina completamente. Muitos fatores podem facilitar o aprendizado da criança com SD, principalmente em se tratando de alfabetização.

Uma estratégia para as crianças que tenha problema de visão é escrever com letras maiores e traze-la mais pra frente do professor, já os que problema de audição, procurar falar com mais expressão facial e utilizar auxilio visual.

 Fortalecer os pulsos e dedos é importantíssimo para alfabetização, portanto há necessidade de atividades de desenho, corte, massa de modelar etc.
Aumentar o vocabulário também é um fator que facilita a alfabetização, é importante que o responsável deixe a criança falar para que ela fortaleça também o musculatura da boca e repita as palavras e frases que ela disser errado, para que ela ouça a pronúncia correta.

As crianças com SD apresentam trocas na fala, como: b por p, d por t, v por f, g por c. Como esses sons são parecidos, desde cedo é indispensável um trabalho de discriminação auditiva. Os pais devem mostrar para a criança que esses sons são diferentes, falando-os em oposição em sílabas e início de palavras.

A criança tem maiores desenvolvimento com recursos visuais, porém um problema que afeta a linguagem da pessoa com SD é o déficit  na memória auditiva. Esta memória é responsável por manter, processar, entender e assimilar a língua falada o tempo suficiente para responder. Devido ao déficit a criança vai ter dificuldades em executar tarefas onde necessite apenas da audição, pois será mais difícil lembrar das instruções.                                                          Buckley (1992, citada em Troncoso, 1988, pg. 64) afirma: "a deficiência de memória a curto prazo e a informação que a criança com SD recebe por via auditiva lhe dificultam a compreensão da linguagem falada. As palavras faladas existem durante um breve período, enquanto que as palavras escritas, os  símbolos, os desenhos e fotos, podem permanecer todo o tempo que seja necessário".

Para facilitar o aprendizado, o professor deve dar mais tempo para criança processar e responder, evitar discussões muito longas e sempre que possível planeja atividades com recursos visuais, concretos e materiais que auxiliam nas falas que exijam compreensão auditiva e facilitar a concentração da criança com SD, que também é uma área afetada pela Síndrome.

Conceitos abstratos podem ser difíceis de entender e a capacidade de resolução de problemas pode ser afetada, portanto utilize variados método,  reforce os significados de palavras abstratas com figuras e símbolos, materiais concretos e visuais, dê mais exemplos, revisões para que não se esqueça das assimilações anteriores e utilize uma rotina, as crianças com SD podem se sentirem retraídas com outras atividades não esclarecidas previamente.


 Faça um Plano de Desenvolvimento Individual para atingir determinadas áreas que necessitem atenção e produza uma rotina de horários visíveis e atraentes para que cada criança entenda a rotina de seu dia.


A palavra escrita faz com que a linguagem se torne visual, os textos impressos superam a dificuldade do aprendizado pela audição. Um requisito importante para a  alfabetização é contextualizar as palavras com seu dia a dia, muitas crianças começam construir um vocabulário visual de palavras dos familiares .


Noção básica fonética pode ser adquirida por muitas crianças com Síndrome de Down e isso deve ser introduzido enquanto elas estão construindo seu vocabulário visual.
Devido as seus déficits apresentados anteriormente é muito complexo para criança com SD produzir qualquer forma de trabalho escrito

As principais dificuldades são:

  • Pôr as palavras em seqüência para formação da frase;
  • Pôr eventos-informação em sequência na ordem correta;
  • Organização de pensamentos e informação relevante no papel. 

Estratégias para o desenvolvimento motor é usar distintos instrumentos para escrever, apoio tátil para empunhar o lápis, linhas grossas, quadrados no papel para limitar o tamanho da letra, papel com pauta, quadriculado, quadro individual para escrever, programas de computador.

No âmbito visual utilizar cartões de leitura com figura ou foto e palavra, palavras-chave e símbolos gráficos escritos em cartões.

Para memorização sublinhar ou circular a resposta correta, seqüência de frases com cartões, programas de computador específico, no quadro destacar o mais importante e utilizar o método Cloze (subtração sistemática de palavras, substituídas por lacunas num texto a ser aprendido).
 
Na verdade não existe nenhum método especifico para alfabetização e aprendizagem da criança com SD, apenas são apresentadas algumas alternativas pensando nas dificuldades apresentada pela pessoa com SD, pois segundo Vigotsky, a criança cujo desenvolvimento foi afetado por alguma deficiência, não é menos desenvolvida do que as crianças ‘normais’, porém é uma criança que se desenvolve de outra maneira.

O desenvolvimento é a composição entre os aspectos orgânicos, socioculturais e emocionais, manifesta-se de forma peculiar e diferenciada em sua organização sociopsicológica, portanto cada pessoa se desenvolve de forma única e singular e devemos ter esse conceito em mente ao avaliar o desenvolvimento de qualquer criança tendo alguma deficiência ou não, e especialmente acreditar em suas potencialidades. 

  1. ADAPTAÇÃO DO CURRÍCULO 

As crianças com Síndrome de Down levam mais tempo para se desenvolver e, portanto precisam de um currículo mais diluído.O currículo deve referir-se a independência, autonomia e inclusão da criança com dm na sociedade. As atividades deveram adequar-se ao nível de desenvolvimento de cada criança seja ela com SD ou não.

Os assuntos trabalhados durante as aulas deverão ter um objetivo específico e bem determinado, para que haja o entendimento e aprendizado, e não será superficial e sim mais eficiente, pois com planejamento e apoio os objetivos e desenvolvimento cognitivo da criança com SD podem ser avançados com sucesso.

As crianças portadoras de Síndrome de Down são diferentes e é nestas diferenças que se deve permitir maior flexibilidade e fundamentar a adaptação do seu currículo. Tais adaptações curriculares são estratégias educativas para facilitar o processo de ensino-aprendizagem aos alunos com necessidades educativas específicas.

É levando em consideração a individualidade de uma criança com Síndrome de Down, que a escola deve ter uma programação a ser dirigida a este aluno especial estabelecendo os objetivos e as prioridades que serão alcançadas com base nas futuras aquisições necessárias. 

As adaptações curriculares significativas vão desde a modificar ou eliminar determinados objetivos do currículo, ou incluir outros que consideremos necessários. No caso das crianças com Síndrome de Down, as adaptações curriculares significativas vão ser mais numerosas à medida que avançam no sistema escolar.

No nível pré-escolar as instruções na área da comunicação e socialização devem constituir prioridade, a aprendizagem da fala articulada de forma clara e em frases completas deve ser trabalhada em ambiente natural, para que a criança perceba que suas tentativas lingüísticas influenciam e dessa forma poderá ter algum controle sobre seu ambiente,

Seguindo as prioridades curriculares em ordem de importância as habilidades de auto-ajuda eu incluem-se o vestir-se, alimentar-se, controle dos esfíncteres e higiene pessoal que geralmente são ensinadas em casa, porém se estes comportamentos não tiverem sido dominados até o momento em que a criança ingressa na escola, devem ser considerados de alta prioridade, pois são habilidades essenciais para a vida.

Em se tratando das habilidades motoras algumas crianças portadoras da síndrome de Down aprendem mais tarde, talvez até necessitando de fisioterapia para adquiri-las. Muitas crianças desenvolvem boas habilidades motoras que possibilitam a participação em programas de esportes, estas atividades proporcionam oportunidades para formação de amizade com pares não deficientes.

As crianças com SD podem permanecer nos programas formais de leitura enquanto apresentam progressos. Se o aluno não avança nos progressos é recomendável que  seja inserido num programa de leitura funcional que podem ser  utilizadas para propósitos funcionais como por exemplo a leitura do cardápio ou as placas no supermercado.

Se ainda assim não se obtiver êxito na aprendizagem da leitura funcional deve ser ensinada a leitura básica de placas como, por exemplo, “homem”, “mulher” para permitir que o aluno seja bem sucedido em atividades baseadas na comunidade onde a leitura é necessária.         

CONCLUSÃO 

Existem muitas discussões quanto à natureza do processo de desenvolvimento do portador de Síndrome de Down, existem argumentos que se dirige ao portador como apenas mais lento que o desenvolvimento neuropsicomotor típico, sendo assim se considera que os portadores de Síndrome de Down se desenvolve da mesma maneira, com limitações de aprendizagem e de desenvolvimento cognitivo, assim como de habilidades sociais.

 A ação educacional aplicada ao portador de Síndrome de Down leva em consideração a concepção de que há necessidades educacionais próprias de aprendizagem e alfabetização para a mesma,ou seja, deve ser investigada, reconhecidas e trabalhadas através de técnicas apropriadas e de outras compreensões do tempo/espaço escolar e pedagógico de maneira a propiciar que as informações sejam compreendidas. Por outro lado, as ações educacionais, devem levar em conta que cada aluno com SD possui um processo de desenvolvimento particular, fruto de condições genéticas e sócio-históricas próprias.

 

  1. REFERÊNCIAS 
  • Bibliográfica 

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PERREIRA, Olívia; MACHADO, Therezinha. Educação especial: atuais desafios. São Paulo: Interamericana, 1980. 

PUECHEL, S. – Síndrome de Down Guia Para Pais e Educadores. 4º ed. Campinas: Papitus, 1993.

SCHWARTZAN, J. S. Síndrome de Down. São Paulo: Mackenzie, 1999.

Tunes, Elis TUNES, Elizabeth & PIANTINO, L.D. Cadê a síndrome de Down que estava aqui? O gato comeu. 3ª ed. Autores Associados. Campinas, 2006.

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  • Virtual: 

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