Ainda Temos Futuro?
Por Adriana Moellmann | 18/04/2009 | EducaçãoQuando pensamos no
futuro, no que estaremos fazendo daqui a 5, 10 ou 20 anos, quase sempre
é um expectativa egoísta. Imaginamos como e onde estaremos, mas não
como estará o ambiente e o mundo em que vivemos.
Os ambientalistas,
cientistas e alguns cidadãos realmente preocupados, há 30 anos atrás,
enxergaram o que seria a nossa realidade hoje e nos alertaram. Mas não
demos atenção à eles. Os colocamos na categoria de pessimistas extremos
e continuamos com nossa intensa utilização dos recursos naturais.
As conseqüências de nossa despreocupação com o planeta onde vivemos
estão aparecendo agora e parecem pior do que se tinha imaginado. Mas os
prejuízos não foram só ambientais...
Atualmente no Brasil, existe uma grande falta de
educadores, principalmente de ensino médio. Além disso, a atual política
educacional prefere números à qualidade, ou seja, não reter o aluno em série
alguma, mesmo que ele não saiba nem escrever.
Isto gerou, segundo dados do próprio governo, uma defasagem de duas décadas na
formação e inserção de mão de obra qualificada no mercado de trabalho. Faltam
técnicos em muitos setores industriais e de prestação de serviço. Soma-se a
isso jovens trabalhadores que não sabem ler, escrever, não respeitam a
hierarquia profissional, mas se acham "os bons". Existem exceções, é claro, mas
não em número suficiente para cuidar do Brasil no futuro. Afinal, eles serão os
futuros médicos, advogados, enfermeiros, policiais, vendedores, cozinheiros que
herdarão nossas funções e atividades. Já imaginaram como eles irão cuidar de
nós quando estivermos aposentados? Certamente é de dar calafrios.
Hoje os alunos da 5ª série sabem que a Terra é redonda, mas eles não sabem
situar essa informação na sua vida cotidiana, somente a decoraram. Ou seja, a
escola não ensina mais a resolver problemas, mas sim muito conteúdo, que no
final acaba não sendo assimilado porque não faz sentido decorar tudo o que é
dado na escola, afinal, hoje em dia, os conteúdos escolares são encontrados
facilmente na Internet. A aplicação prática virou utopia, tanto que muitos
professores não sabem dizer o porquê estão lecionando determinado conteúdo,
frutos eles mesmos de um sistema educacional viciado, que foi imposto durante a
ditadura militar brasileira.
Algumas pessoas, instituições e políticos já se deram conta da situação e estão
tentando implementar novos projetos pedagógicos, mas será que não é tarde
demais? Como iremos preencher essa lacuna deixada por gerações perdidas durante
três décadas? Trabalhar até os 80 anos? É difícil pensar em uma solução em
longo prazo, mas se não tomarmos nenhuma atitude agora, imediatamente, nosso
futuro será muito difícil.
Como ensinar a pensar logicamente milhares de crianças, adolescentes e jovens
integrantes do ensino básico e superior? Como combater este paradigma cultural
que vivemos atualmente? Como faremos para as pessoas acordarem da vida medíocre
que tem e perceberem o futuro real que lhes virá? Como tirarmos elas deste
comodismo marqueteiro que impregnou a sociedade global?
As pessoas não se preocupam mais! Ou melhor, se
preocupam, mas com o seu próprio bem estar e não no bem coletivo. E pensar no
coletivo é identificar aquelas pessoas que podem prejudicá-lo e não ajudá-lo,
ou que possam o favorecer em alguma coisa. Ninguém mais pensa no bem altruísta
e na manutenção da vida no planeta.
Quando o clima mudar mais ainda, a fome e o medo farão com que eles agarrem
seus escapulários ou escrituras sagradas, rogando serem absolvidos e poupados
do que eles acham ser o Apocalipse.
Alguns sobreviverão, mas o mundo não será mais o mesmo, e toda uma civilização
nova terá que ser constituída, durante muitos séculos.
Quem me conhece sabe que sempre fui adepta do lado dos pessimistas, o que não adiantou
muita coisa, pois eles só falavam e não agiam. No fim, o final será o mesmo
para todos, seja ele qual for.