AI DE QUEM FIZER UM DESTES PEQUENINOS TROPEÇAR
Por Edevaldoleal | 19/01/2013 | CrônicasCrônica
AI DE QUEM FIZER UM DESTES PEQUENINOS TROPEÇAR
Edevaldo Leal
Ser especial em formação, nem uma criança deveria jamais ser maltratada. A criança precisa ter a inocência protegida. Qualquer que seja sua cor, sua nacionalidade, sua condição social, sua origem religiosa ou política, a criança precisa ser preservada de toda maldade humana. Toda criança é uma pequena partícula de Deus. Ou não é das crianças o reino dos céus, como afirmou Jesus?
Porém a criança, hoje, parece ter sido escolhida para ser vítima preferencial de assassinos, de estupradores, de pedófilos e, agora, se não bastasse, até de certos políticos.
Não são poucas as coisas que me deixam indignado. Contudo, nada me indigna tanto do que ver uma criança sendo maltratada, ainda mais por quem, por direito ou por obrigação, deveria defendê-la.
Toda criança é um ser especial por sua inocência, a qual se revela na incompreensão da realidade que a circunda. Ser criança é tão especial que, até para entrar no reino dos céus, qualquer adulto precisa experimentar a transformação de mudar e se tornar como criança.
‘’E disse (Jesus): Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus’’. (Mateus 18: 3).
Há muito tempo venho tentando ver o mundo através de uma lente menos embaçada. Busca, até aqui, vã. Enquanto isso, vou dando meu jeito para não ser tão amargo. Quase sempre o espelho me desmente. É quando tento forçar um sorriso. Mas nada consegue deter minha indignação, se vejo tirarem o pão da boca de crianças famintas. E alguém poderia não se revoltar diante de tamanha maldade?
Sem muito esforço, eu me vejo, naquele a quem negaram o pão, a criança quase sem infância, para quem a merenda distribuída na escola pública, muitas vezes, era o mais importante alimento do dia.
‘’Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse no pescoço uma grande pedra de moinho e fosse afogado na profundeza do mar’’. (Mateus 18: 6).
Nestas últimas eleições para prefeitos e vereadores, candidata eleita a prefeita de um município teve o registro da candidatura cassado, segundo li em um jornal. Não pode assumir o cargo. Foi prejudicada pelo ex-prefeito do mesmo munícípio citado na notícia. O candidato era ele, mas por impossibilidade jurídica de concorrer, indicou uma senhora em seu lugar. Indicação, porém, nula. Nula de pleno direito, como gostam de dizer os advogados. O ex-prefeito patrocinador da candidatura dessa mulher era, também, o dirigente do partido e subscreveu documentos estando com direitos políticos suspensos. O TRE não deixou por menos: considerou nulos todos os atos praticados por ele. O segundo colocado assumiu a prefeitura.
Pasmem, cidadãos de bem do Brasil.
Pois esse político subscritor de documentos viciados, e que indicou uma mulher para ser candidata a prefeita, é réu condenado pela Justiça Federal por desvio de merenda escolar quando era prefeito, segundo informa a notícia que li.
Bendita Justiça Eleitoral e abençoada Justiça Federal.
‘’ E quem receber uma criança tal como esta, em meu nome, a mim me recebe’’. (Mateus 18: 5).
Meu Deus, ainda há esperança nos homens? Gestor do próprio bolso, esse ex-prefeito condenado queria continuar furtando a merenda das crianças através de uma mulher.Não seria ela,também,mãe?
Quantas criancinhas, famintas, vão à escola mais para comer do que para estudar?
Quantas?
Brincar com a inocência de quem tem na merenda escolar a única certeza de continuar vivendo, é comportamento próprio de monstros assassinos. Político que furta a merenda escolar das crianças deveria ser preso por tentativa de homicídio. Ou quem elimina a possibilidade de alguém se alimentar, quer o quê, senão matar?
Por favor, respondam: o povo sabe votar?
Esse ex-prefeito não está só. Ele faz parte da turma de políticos que se mira nos espelhos que sobem a rampa do poder: os espelhos da pilantragem.
‘’ Trouxeram-lhe, então, algumas crianças, para que lhes impusesse as mãos e orasse; mas os discípulos os repreendiam.
Jesus, porém, disse: deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus’’. (Mateus 19: 13,14).
A sentença, que impediu a continuidade do furto da merenda das crianças, é uma luz nas trevas do mundo, uma esperança de que nem tudo está perdido e soa como um aviso: deixem em paz as criancinhas.
Ananindeua/PA, 18 de Janeiro de 2013.