AGRICULTURA URBANA COMO FORMA DE GERAÇÃO DE TRABALHO E RENDA PARA FAMÍLIAS RESIDENTES NO BAIRRO SANTA ROSA – ZONA NORTE DE TERESINA/PI

Por RAFAEL MACHADO DA SILVA | 22/03/2017 | Ambiental

 

AGRICULTURA URBANA COMO FORMA DE GERAÇÃO DE TRABALHO E RENDA PARA FAMÍLIAS RESIDENTES NO BAIRRO SANTA ROSA – ZONA NORTE DE TERESINA/PI

 

Rafael Machado da Silva

 

RESUMO

A cidade de Teresina na condição de capital estadual se destaca economicamente pela grande oferta de serviços, sendo este o setor de maior participação na geração de emprego, no entanto, o setor primário, especificamente o agropecuário, ainda que em menor escala continua absorvendo pequena parcela da população que busca sobrevivência em atividades como a agricultura urbana, visando garantir o acesso à alimentação para pessoas de baixa renda e/ou sem trabalho. A prática agrícola nas cidades é uma realidade antiga, que adquiriu maior expressão a partir da segunda metade do XX com a intensificação do processo de urbanização. Com a expressão das cidades em direção ao rural, a agricultura tende a permanecer no interior destes espaços e nos seus arredores, como acontece na cidade de Teresina. O objetivo geral deste trabalho é analisar a contribuição da agricultura urbana como forma de geração de trabalho e renda para famílias residentes no bairro Santa Rosa - Zona Norte de Teresina-Pi. Esta pesquisa se justifica pela necessidade de conhecer as características da agricultura urbana no referido bairro. Na metodologia utilizou-se pesquisa bibliográfica e documental, observação direta e pesquisa de campo, com aplicação de questionários com 30 agricultores urbanos. Nos resultados obtidos percebeu-se que os agricultores trabalham por conta própria, fazendo uso de ferramentas simples e sem apoio de política agrícola. A terra utilizada pelos agricultores, que é uma área bem próxima ao rio Parnaíba, pertence à União. Os principais produtos cultivados são arroz, feijão, milho, quiabo, maxixe, abobora, mandioca, batata-doce, macaxeira. Conclui-se que a agricultura urbana praticada na área pesquisada contribui para geração e complementação de renda para as famílias de agricultores.

Palavras-chave: Atividades rurais, Espaço urbano, Produtividade, Trabalho e renda.

 

1 INTRODUÇÃO

 

O intenso processo de urbanização, nas últimas décadas do século XX, trouxe graves problemas sociais e econômicos como exemplo: desemprego, insegurança alimentar – fome; além de danos ambientais – desmatamento, queimadas, compactação do solo, levando pessoas residentes na cidade – muitas delas de origem rural – a realizarem o manejo bem como a reestruturação de espaços antes não utilizados para produção de alimentos. Influenciada ao longo das décadas por transformações de cunho estrutural e geopolítico como acréscimos de novas tecnologias aos mecanismos culturais das atividades rurais; estas por sua vez sustentam a Agricultura, além de proporcionar dinamismo no plantio e colheita de legumes diferenciados no sistema capitalista que as integra. Sobre tal temática é imprescindível nesta introdução mencionar historicidade dos primórdios da Agricultura, nos quais sempre existiram colaboradores e agentes – como é o caso do agricultor; beneficiam a si e a seus familiares por meio da subsistência, resulta na ampliação suas áreas das áreas de plantio/colheita mais extensas, de início devido a necessidades socioeconômicas produziam sua renda mínima de 1 (um) salario. De acordo com Mazoyer & Roudart, é possível “[...], que se deva atribuir essas atividades aperfeiçoadas a precursores do Homo sapiens (Pré-neandertalianos ou Présapiens)”. Daí, com o passar dos milênios temporais e o consequente aperfeiçoamento das técnicas de produção como o cultivo de leguminosas a produção agrícola nas cidades se disseminou como resposta às fortes crises econômicas pelas quais têm passado tanto nos países desenvolvidos quanto nos subdesenvolvidos, onde as políticas de ajuste estrutural refletem o aumento dos preços dos alimentos, além da redução dos salários brutos e as diversidades no mercado formal de emprego assalariados, são fatores que intensificam as crises políticas e sócio-econômicas contribuem indiretamente ao fortalecimento da presença das práticas rurais nas cidades. Atender aos grandes contingentes populacionais residentes no ambiente urbano, a exemplo do acontece em Teresina no estado do Piauí. Da mesma maneira, o urbano, sofre relevantes alterações com o movimento de modernização agropecuária, na medida em que ele passa a exercer novas funções e desenvolve novas dimensões econômicas, sobretudo no que se refere às formas de ampliação do consumo consuntivo e do consumo produtivo (Santos, 1993).

Este trabalho justifica-se pela necessidade de complementar os conhecimentos teórico-metodológicos sobre atividades rurais dentro do urbano teresinense, em especial para o condicionamento da existência no povoado Santa Rosa, dentro da perspectiva das atividades rurais. Ou seja, apresenta como problemática base a seguinte indagação: qual a relação existente entre homem do campo (que progressivamente passa a exercer suas atividades longe do ambiente rural), e as ligações que realiza no seu ambiente de trabalho urbano. Para elegê-la inicialmente, colocou-se como objetivo geral deste trabalho: Analisar a contribuição da agricultura urbana como forma de geração de trabalho e renda para famílias residentes no Povoado Santa Rosa, Zona Norte de Teresina-PI Tendo por objetivos específicos identificar geograficamente a área ocupada com atividades rurais, exercidas pelos agricultores do povoado Santa Rosa; bem como caracterizar formas de ocupação da terra, uso do solo, relações de produção (familiar e/ou assalariamento), tipos de produtos cultivados; E, por conseguinte analisar a comercialização da produção (legumes produzidos), além da geração de trabalho e renda, concluindo na relevância da Agricultura, aos agricultores da delimitação desta pesquisa; caso seja constatada como tal inter-relação, serão apresentadas sugestões e/ou opções de melhorias das situações vivenciadas pelas famílias dos mesmos na região na qual praticam suas atividades. Desta forma o presente trabalho foi desenvolvido em duas etapas distintas. Na primeira foi feito levantamento bibliográfico, análise de gabinete (com órgãos governamentais) e pesquisa de campo. Na segunda etapa ocorreu a delimitação da área de estudo, que compreendeu aos espaços onde são desenvolvidas atividades rurais inseridas no povoado santa rosa. O método abordado foi o dialético discursivo, pois pretendeu-se averiguar pesquisas existentes a respeito da temática e correlaciona-las à realidade dos agricultores do povoado citado, permitindo interligações entre dados quantitativos e qualitativos coletados, em comparação com averiguações da fundamentação cientifica. Colabora cientificamente ao objeto da temática abordada demonstrando dentro das práticas de atividades rurais (agrícolas), pois o empenho dos agricultores reflete posteriormente na ampliação, bem como na perduração das mesmas – que em outras ocasiões eram exercidas e localizadas nas regiões interioranas do estado. Dividido em quatro capítulos, parte do 1 (primeiro) e do 2 (segundo) capitulo estruturam o histórico teórico metodológico sobre agricultura, já os capítulos 3 e 4 desenvolvem os dados coletados (por meio do questionário alocado nos anexos deste trabalho) com as constatações de autores assim como constatações de órgãos governamentais.

 

Distribuídas de acordo com a abordagem do objeto de estudo secções, contando com esta introdução, nas quais procurou-se expor um plano de reflexão multiescalar, confrontando lógicas, formas, processos, agentes e estruturas da acumulação, exploração, produção e reprodução social da presença de atividades rurais, especialmente a partir da realidade vivenciada no povoado Santa Rosa na Zona Norte de Teresina, que é a capital Piauiense, e procurando cimentar, no plano analítico, as articulações existentes entre este os “espaços” socioeconômicos, cada vez mais reforçadas pela mundialização da agricultura e consequente redução da agricultura familiar por possuir escala produtiva menor. Com as constatações de autores assim como constatações de órgãos governamentais como Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística - (IBGE), distribuídas de acordo com a abordagem do objeto de estudo. na qual procurou-se expor a reflexão, confronta lógicas, formas dos processos, agentes e estruturas de circulação de renda, exploração, produção e reprodução social da presença de atividades rurais, especialmente a partir da realidade vivenciada pelos agricultores da amostra; procura cimentar com isso articulações existentes entre os “espaços socioeconômicos”, cada vez mais reforçadas pela mundialização da agricultura e consequente redução da agricultura familiar por possuir escala produtiva menor. Esta pesquisa não visa, portanto, esgotar a temática ou as discussões já ocorridas, mas apresentar o temário das atividades rurais, dentro do contexto analisado, como fator em modificação constante da subsistência familiar e que continuam a ocorrer até mesmo quando este trabalho estiver sendo lido.

 

2 AGRICULTURA E CIDADE

Com o advento das novas tecnologias, até mesmo ao longo do século XXI a Agricultura passa por transformação, além do acréscimo de técnicas aplicadas pelos – e para os –, mecanismos de produção acelerada, como por exemplo, caminhões de colheita controlados a distancia. É nas cidades onde se instalam os suportes que permitirão as realizações do campo.

Ocorre, nesse contexto, o nascimento de um conjunto de cidades cujo papel é atender as novas demandas dos agricultores. Elas ganham centralidade diante do crescimento da agricultura produtivista (ALVES, 2005). Desde os primórdios existiram colaboradores que beneficiam a si e a seus familiares por meio das atividades rurais – plantio, cultivo e colheita. Com tal importância os povos beneficiados com tais atividades agrícolas – desde o plantio a colheita – foram os mais desenvolvidos dentre os demais povos que eram nômades, caçavam predatoriamente em ambientes que logo após quando as terras estavam sem utilidade (em senilidade) migravam para espaços mais jovens e com insumos de sobrevivência abundantes, com quantidade maior – animais e alimentos – Reesignificando os potenciais produtivos. Isto, sem mencionar colaboração enraizada massivamente.

 

Segundo Rocha (EMBRAPA CERRADOS) a prática da agricultura urbana compreende o exercício de diversas atividades relacionadas à produção de alimentos e conservação dos recursos naturais dentro dos centros urbanos ou em suas respectivas periferias, surge como estratégia efetiva de fornecimento de alimentos, de geração de empregos, além de contribuir para a segurança alimentar e melhoria da nutrição dos habitantes das cidades. O mesmo salienta que essa modalidade de atividade agrícola promove mudanças benéficas tanto a estrutura social, econômica e ambiental do local onde se instala. Entretanto, sua concretização depende fundamentalmente de decisões políticas e da participação dos governantes.

Ao contrario do que afirma ALVES (2005), “O novo rural que se impõe nos cerrados nordestinos destaca-se pelo uso de meios técnicos modernos que auxiliam a produção agrícola contribuindo para o aumento nos patamares de produtividade, além de formar um sistema de infraestrutura que proporciona maior rapidez no transporte das mercadorias até as fábricas de beneficiamento ou até os portos exportadores”.

Mesmo adotando uma perspectiva histórica e estrutural, pode parecer de imediato que a organização do espaço territorial pela ação dos grupos humanos é um mero reflexo da estrutura da sociedade onde esses grupos vivem. (ALVES, 1985). Mazoyer & Roudart (p.72) afirmam em suas argumentações que “A agricultura observada e caracterizada em um dado lugar e momento aparece em princípio como um objeto ecológico e econômico complexo, composto de um meio cultivado e de um conjunto de estabelecimentos agrícolas vizinhos, que entretêm e que exploram a fertilidade desse meio. Levando mais longe o olhar, pode-se observar que as formas de agricultura praticadas num dado momento variam de uma localidade a outra. E se estende longamente a observação num dado lugar, constata-se que as formas de agriculturas praticadas variam de época para outra”. Em outras palavras, a Agricultura se apresenta como um conjunto de formas locais, variáveis no espaço e no tempo, tão diversas quanto às próprias observações. No entanto, apesar dessa diversidade, observa-se também que as forma locais de agricultura, praticadas numa região, numa época determinada, se parecem suficientemente, para serem aproximadas e classificadas numa mesma categoria. Assim, pouco a pouco, refletem as múltiplas formas de agricultura antigas identificáveis podem ser classificadas em um número finito de categorias, cada qual ocupando um lugar determinado no tempo e no espaço. Se o processo de modernização produtivista da agricultura “aniquilou” uma determinada caracterização do rural, os problemas ambientais, econômicos, sociais e as críticas a tal processo “liga-se” novas representações desse espaço, redefinindo funções e valores constituidores de novas ruralidades (Wanderley, 2000). Isso criou novas alternativas de obtenção de rendimentos aos agricultores que permaneceram no campo e as políticas de desenvolvimento rural passaram a valorizar como bens de troca a diversidade da paisagem, das culturas e das tradições.

A definição de agricultura urbana refere-se à localização dos espaços dentro e ao redor das cidades ou áreas urbanas. A área intra-urbana refere-se a todos os, Segundo Armar- Klemesu (2000), o conceito de segurança alimentar está nas agendas internacionais desde 1948, quando da Declaração Universal dos Direitos Humanos, afirmando que “todos têm direito a um padrão de vida adequado para a saúde e alimentação”. Em 1996, na Convenção Internacional sobre os direitos econômicos, sociais e culturais afirmou-se que “o homem tem o direito de se livrar da fome”.

O direito à comida é, portanto, caracterizado como fundamental, mas esta questão continua sendo grave problema e traz sérias conseqüências à vida dos habitantes das cidades. Entre as principais contribuições da agricultura urbana, podemos destacar três áreas fundamentais: bem-estar, meio ambiente e economia. Mas, para ser desta forma devem ser posta em pratica além de constante fiscalização. O urbano, da mesma maneira, sofre relevantes alterações por meio da modernização agropecuária; na medida em que ele passa a exercer novas funções desenvolve novas dimensões (econômicas, sociais, culturais), sobretudo no referente às formas de ampliação do consumo consuntivo e consumo produtivo (Santos 1993). Assim, tal atividade continua a exercer influencia direta sobre o urbano. Pois, persiste com novas características, potencializa-se dentro urbano onde beneficia subsistência, além de convergir ao contexto atual (crescente capitalismo nas relações, sejam de produção, consumo ou colheita). Onde o homem do campo atua com autônima produtiva, fora do seu ponto de partida - o ambiente rural. Assim ROCHA (2005, pg. 48), afirma que mesmo residindo na cidade muitos habitantes provenientes das áreas rurais reproduzem os contornos do campo no espaço urbano, não somente pela vivencia, mas por serem representantes e estarem empregados na economia local. Ao contrario de épocas anteriores tal conceito passava a prolongar-se a vastas relações consentidas – onde já ocorreram. No percurso evolutivo atividades agrícolas constata-se característica do espaço geográfico. Isto sem duvida demonstra a relevância do meio no qual estão inseridas além de resultantes da ampliação do numero de pessoas que as exercem.

 

Dentro desta analise percebe-se a relação entre o rural e o urbano (cidades), pois, enquanto este com aquele direta-indiretamente beneficiarem-se, corresponde ao dialogo das relações atreladas ao „corpo das situações‟ representado pelo emaranhado de comercializações existentes. Ao passo que a malha rural se desenvolve dentro do urbano, evolui no tempo e no espaço geográfico. Cabe mencionar indagações que serão discutidas ao neste trabalho: Como a agricultura encaixa-se dentro do urbano?; Como os agricultores são beneficiados por tais transformações?; Ou seja, são indagações necessárias ao pleno desenvolvimento dos objetivos proposto inicialmente e da temática em destaque além de mostrar por meio da mesma, beneficiamentos das atividades rurais.

Transformadas frente aos afazeres, necessidades e busca de melhores condições de saúde, educação, saneamento, qualidade de moradia; assim o homem antes localizado no campo – (ares rurais do estado) gradativamente passa a exerce-las dentro dos perímetros periurbano1, habitual da concentração da força de trabalho devido a ultrapassagem da população rural ao urbano mais precisamente na década de 1960 em diante. Em contrapartida CORREIA (1995) afirma que as atividades agrícolas colaboram como condicionante social, um conjunto de símbolos e campo de lutas refletem anseios advindos de necessidades dentre elas o desejo pela posse da terra. Colabora com a tendência e interesse pela produção fora dos tradicionais espaços rurais, abre margem a presença continuada das mesmas dentro das cidades.

O espaço geográfico esta em constante alteração, e modificações, além de interacionar-se com fatores da organização espacial-social. Vale mencionar as relações sociais e econômicas existentes os processos resultam nas alterações potencializadas com suas intensidades. Ao passo que esta realidade é discutida faz parte colaborativa os movimentos reivindicatórios como: o movimento mundial (luta pelo direto a terra e plantio; Marcha das Margaridas); na década 1980 ate os dias atuais cresce na semelhança com a necessidade de acesso a alimentos. A multiplicação de atividades rurais em áreas urbanas assim como suas significâncias traz átona, princípios conceitos da ciência geográfica como: espaço geográfico, lugar e os coloca na discussão deste trabalho.

O conceito de espaço geográfico em especial destaca-se por possuir essencial significância ao desenvolvimento das atividades rurais, pois é o objeto de estudo da ciência geográfica que mais sofre alterações pela interação do homem no meio no qual vive e atua. Contudo, nem todas “agriculturas familiares” estão em condições de desenvolverem, com sucesso, tais alternativas. Dependem, dentre outros motivos, da quantidade prévia de capital econômico e terra, dinâmica do grupo doméstico (idade, número, sexo) e das condições culturais em que os agricultores expressam suas ações. Segundo CORREIA (2000), ”As múltiplas interações e transformações dentro das cidades estão atreladas a formas ambíguas, apresentando diferentes agentes dentre eles o Estado e os grupos sociais excluídos, sendo tecidas dentro de um espaço jurídico, que regem as ações de ambas partes incluídas neste bojo os proprietários dos meios de produção e os proprietários fundiários”.

Isto caracteriza que as lutas pela mínima qualidade de vida mostrando que são possíveis; persisti dentro dos ambientes onde se encontram além de proporcionar a fixação dos pequenos agricultores - foram abordadas em décadas anteriores e continuam, até mesmo, com força maior comparado a períodos anteriores, por não ser uma das atividades de assistência imediata pelos órgãos governamentais - pouco recebe assistência do governo. A produtividade agrícola exerce seu poder de influência desde a própria evolução da humanidade. As técnicas foram sendo construídas e reconstruídas, adequadas às condições necessárias à sobrevivência.

O campo foi aos poucos sendo alterado; cedendo lugar ao A existência do da relevância da utilização do espaço geográfico como elemento estruturante das atividades agrícolas. urbano, com mais avenidas do que árvores; o homem do campo pouco pôde fazer para modificar o desenvolvimento, mas por outro lado continuaram a existir segundo CORÉIA “rugosidades” que são espaços que apesar de serem considerados ultrajes exercem a mesma influencia que em tempos anteriores. Ainda sobre esta perspectiva e sobre as relações de trabalho que se identificam dentro do contexto onde se localizam os agricultores SANTOS (2000) menciona:

“O que na paisagem atual, representa um tempo do passado, nem sempre é visível como tempo, nem sempre é redutível aos sentidos, mas apenas ao conhecimento. Chamemos rugosidade ao que fica do passado como forma, espaço construído, paisagem, o que resta do processo de supressão, acumulação, superposição, com que as coisas se substituem e acumulam em todos os lugares. As rugosidades se apresentam como formas isoladas ou como arranjos. É dessa forma que elas são uma parte desse espaço-fator. Ainda que sem tradução imediata, as rugosidades nos trazem os restos de divisões do trabalho já passadas (todas as escalas da divisão do trabalho), os restos dos tipos de capital utilizados e suas combinações técnicas e sociais com o trabalho.”

Embora sufocado pelo crescente inchaço dos aglomerados urbanos, o diálogo com a natureza enquanto espaço rural faz-se necessário, pois o agricultor jamais esquece suas origens-tradições, e as transportam consigo para as cidades; na tentativa de assim perdura-las consigo. Assim o capital exerce influencia e desenvolvimento no campo, mas coabitam dentro desta situação consequências, como a saída do homem do campo para as cidades; desta forma quando não conseguem produzir o mínimo para a sua própria subsistência veem-se “forçados a desistirem de seus mais valiosos bens - as ligações existentes com suas terras”. Ainda sobre as relações existentes nas praticas rurais Mazoyer e Roudart (pg. 74), afirmam que “O sistema social produtivo (ou sistema técnico, econômico e social) é composto de homens e mulheres (força de trabalho, conhecimento e savoir-faire), meios inertes (instrumentos e equipamentos produtivos) e de matéria viva (plantas cultivadas e animais domésticos) que dispõe a população agrícola para desenvolver as atividades de renovação e de exploração da fertilidade do ecossistema cultivado, a fim de satisfazer direta (por autoconsumo) ou indiretamente (por trocas) suas próprias necessidades. Esses meios de produção e essas atividades produtivas são organizadas nos estabelecimentos que são caracterizados pelo sistema de produção que eles praticam, e pela categoria social à qual eles pertencem. O sistema de produção de um estabelecimento agrícola se define pela combinação (a natureza e as proporções) de suas atividades produtivas e de seus meios de produção.

A categoria social de um estabelecimento se define pelo estatuto social de sua mão de obra (familiar, assalariada, cooperativa, escrava, serviçal), pelo estatuto do agricultor e pelo seu modo de acesso à terra (livre acesso às terras comunais, reserva senhorial, posses servis, exploração direta, parceria, arrendamento.) e pela dimensão do estabelecimento agrícola.” periurbano1, habitual da concentração da força de trabalho devido a ultrapassagem da população rural ao urbano mais precisamente na década de 1960 em diante. Em contrapartida CORREIA (1995) afirma que as atividades agrícolas colaboram como condicionante social, um conjunto de símbolos e campo de lutas refletem anseios advindos de necessidades dentre elas o desejo pela posse da terra. Colabora com a tendência e interesse pela produção fora dos tradicionais espaços rurais, abre margem a presença continuada das mesmas dentro das cidades.

O espaço geográfico esta em constante alteração, e modificações, além de interacionar-se com fatores da organização espacial-social. Vale mencionar as relações sociais e econômicas existentes os processos resultam nas alterações potencializadas com suas intensidades. Ao passo que esta realidade é discutida faz parte colaborativa os movimentos reivindicatórios como: o movimento mundial (luta pelo direto a terra e plantio; Marcha das Margaridas); na década 1980 ate os dias atuais cresce na semelhança com a necessidade de acesso a alimentos.

A multiplicação de atividades rurais em áreas urbanas assim como suas significâncias traz átona, princípios conceitos da ciência geográfica como: espaço geográfico, lugar e os coloca na discussão deste trabalho. O conceito de espaço geográfico em especial destaca-se por possuir essencial significância ao desenvolvimento das atividades rurais, pois é o objeto de estudo da ciência geográfica que mais sofre alterações pela interação do homem no meio no qual vive e atua. Contudo, nem todas “agriculturas familiares” estão em condições de desenvolverem, com sucesso, tais alternativas. Dependem, dentre outros motivos, da  quantidade prévia de capital econômico e terra, dinâmica do grupo doméstico (idade, número, sexo) e das condições culturais em que os agricultores expressam suas ações.

Segundo CORREIA (2000), ”As múltiplas interações e transformações dentro das cidades estão atreladas a formas ambíguas, apresentando diferentes agentes dentre eles o Estado e os grupos sociais excluídos, sendo tecidas dentro de um espaço jurídico, que regem as ações de ambas partes incluídas neste bojo os proprietários dos meios de produção e os proprietários fundiários”. Isto caracteriza que as lutas pela mínima qualidade de vida mostrando que são possíveis; persisti dentro dos ambientes onde se encontram além de proporcionar a fixação dos pequenos agricultores - foram abordadas em décadas anteriores e continuam, até mesmo, com força maior comparado a períodos anteriores, por não ser uma das atividades de assistência imediata pelos órgãos governamentais - pouco recebe assistência do governo.

A produtividade agrícola exerce seu poder de influência desde a própria evolução da humanidade. As técnicas foram sendo construídas e reconstruídas, adequadas às condições necessárias à sobrevivência. O campo foi aos poucos sendo alterado; cedendo lugar ao A existência da relevância da utilização do espaço geográfico urbano como elemento estruturante das atividades agrícolas. urbano, com mais avenidas do que árvores; o homem do campo pouco pôde fazer para modificar o desenvolvimento, mas por outro lado continuaram a existir segundo CORÉIA “rugosidades” que são espaços que apesar de serem considerados ultrajes exercem a mesma influencia que em tempos anteriores. Ainda sobre esta perspectiva e sobre as relações de trabalho que se identificam dentro do contexto onde se localizam os agricultores SANTOS (2000) menciona: “O que na paisagem atual, representa um tempo do passado, nem sempre é visível como tempo, nem sempre é redutível aos sentidos, mas apenas ao conhecimento.

Ou seja, embora sufocado pelo crescente inchaço dos aglomerados urbanos, o diálogo com a natureza enquanto espaço rural faz-se necessário, pois o agricultor jamais esquece suas origens-tradições, e as transportam consigo para as cidades; na tentativa de assim perdura-las consigo. Assim o capital exerce influencia e desenvolvimento no campo, mas coabitam dentro desta situação consequências, como a saída do homem do campo para as cidades; desta forma quando não conseguem produzir o mínimo para a sua própria subsistência veem-se “forçados a desistirem de seus mais valiosos bens - as ligações existentes com suas terras”.

Ainda sobre as relações existentes nas praticas rurais Mazoyer e Roudart (pg. 74), afirmam que “O sistema social produtivo (ou sistema técnico, econômico e social) é composto de homens e mulheres (força de trabalho, conhecimento e savoir-faire), meios inertes (instrumentos e equipamentos produtivos) e de matéria viva (plantas cultivadas e animais domésticos) que dispõe a população agrícola para desenvolver as atividades de renovação e de exploração da fertilidade do ecossistema cultivado, a fim de satisfazer direta (por autoconsumo) ou indiretamente (por trocas) suas próprias necessidades. Esses meios de produção e essas atividades produtivas são organizadas nos estabelecimentos que são caracterizados pelo sistema de produção que eles praticam, e pela categoria social à qual eles pertencem.

O sistema de produção de um estabelecimento agrícola se define pela combinação (a natureza e as proporções) de suas atividades produtivas e de seus meios de produção. A categoria social de um estabelecimento se define pelo estatuto social de sua mão de obra (familiar, assalariada, cooperativa, escrava, serviçal), pelo estatuto do agricultor e pelo seu modo de acesso à terra (livre acesso às terras comunais, reserva senhorial, posses servis, exploração direta, parceria, arrendamento.) e pela dimensão do estabelecimento agrícola.”

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que a agricultura urbana praticada na área pesquisada contribui para geração e complementação de renda para as famílias de agricultores.

 

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