AFINAL, QUEM INTERESSA PELA EDUCAÇÃO?
Por Maria Eunice Gennari Silva | 07/01/2019 | EducaçãoAFINAL, QUEM INTERESSA PELA EDUCAÇÃO?
Maria Eunice Gennari Silva
Quem se preocupa com a Educação?
Quem, de fato, está interessado nela?
É o professor e a professora?
É a Diretora da escola?
É o Prefeito da cidade?
É o Presidente da República, o Governador do Estado?
É o Secretário de Educação?
São as instituições e órgãos que se reúnem, discutem, escrevem e publicam normas e regras infinitas, de como deve ser e acontecer a Educação pelo país afora?
Todos os dias eu me faço estas e outras perguntas a respeito do que vejo e do que gostaria de ter visto, na esperança de um fato novo e transformador. Mas... infelizmente, entra ano, sai ano e a maioria das escolas continua distante dos planejamentos e dos projetos propostos, para o ano letivo. Todos eles com objetivo de oferecer, ao aluno, uma aprendizagem diferenciada, inovadora, de qualidade e coerente com a realidade e necessidade, para as novas gerações.
Quando leio, juro que acredito, empolgo e fico, primeiro, na expectativa de que a escola terá profissionais capacitados e estrutura adequada, para garantir essa aprendizagem. Em seguida, fico animada com a animação dos mais comprometidos e que se envolvem apaixonadamente. Então, consigo enxergar a perspectiva de que será possível, afinal a proposta sempre é iniciada.
Aí... o tempo passa. As dificuldades surgem. O recurso de material é escasso. O recurso humano é um problema indecifrável. E ninguém considerou que tudo isso faria parte do processo. E ninguém se interessou em aprender como lidar com essas questões.
Acontece que quando elaboramos os planejamentos e projetos, quando criamos regras e normas, a gente o faz contando com uma estrutura maior, para prosseguir. Uma estrutura que nos dê retaguarda frente aos obstáculos.
Pode parecer impossível, mas gente sonha e acredita. Porque temos um Presidente da República, um Governador de Estado, um Prefeito e um Secretário de Educação, junto aos seus colaboradores (que não são poucos), para garantir a continuidade de um bom trabalho, conforme o prometido no discurso de cada um.
Acontece que nem sempre isso é verdade. E, lá na escola, ficam “a ver navios” a diretora, a professora e os alunos.
Sabe por que?
Porque, a diretora está ocupada e cansada de tanta papelada para atender a burocracia exigida pela Secretaria de Educação. A professora e o professor vão se desgastando, enquanto procuram alternativas para driblar os contras e continuar convencendo os que estavam a favor.
E o aluno?
Este, começa a duvidar do que lhe foi proposto. Então, muda de postura. Critica. Agride. Desmoraliza e enfrenta com argumentos, muitas vezes, concretos e, outras vezes, irônicos. Para quem conhece bem o vocabulário das “novas gerações”, sabe do que eu estou falando.
Mas, tudo isso tem jeito?
Tem. Eu acredito.
Eu acredito se considerarmos que, na Educação, se trabalha com quem a ama, com quem interessa, entende e se compromete com ela.
Na Educação, se trabalha com quem está preocupado com o que acontece lá dentro da escola.
Na Educação, precisa-se de poucas pessoas, visitando as escolas, amigavelmente, no mínimo, duas vezes por semana, para saber o que ela precisa. Ou seja, pessoas que providenciam o que falta para desenvolver um Plano de Ação. Pessoas que se empenham para que aprendizagem tenha continuidade, conforme o tempo previsto no seu cronograma - lembrando que não combina com esta contribuição o caráter de fiscalização autoritária e depreciativa.
Nesta visão, só há espaço na Educação, para um processo educativo sem falsas expectativas, mas a certeza de perspectivas de resultados significativos na aprendizagem do aluno. Trocando em miúdos, resultados positivos mediados por equipes que trabalham para a Educação, e por ela.
Gosto de registrar que vi acontecer muita aprendizagem nas escolas por onde passei, porque tive a oportunidade de conviver com profissionais mágicos, malabaristas, equilibristas e teimosos. Eles se entregavam na luta de começar, continuar e finalizar propostas inteligentes e com grandes perspectivas até para o próximo ano letivo.
Agora, o que falta é ampliar o quadro de mais profissionais com os mesmos interesses, fazendo tudo isso, com habilidades e competências naturais da sua vocação.
O que falta é inserir mecanismos eficientes e eficazes, para efetivar e/ou contratar esses profissionais.
O que falta é o pretendente ao cargo ou função de educador, mostrar que conhece a realidade da escola, do bairro e de toda comunidade da instituição em que ele vai atuar.
O que falta é este candidato à profissional da Educação apresentar um projeto integrado e inserido na realidade dessa escola/bairro e comunidade que ele conhece, e como pretende desenvolver.
O que falta é sensibilidade de equipes específicas da Secretaria de Educação, apoiando e acompanhando o aperfeiçoamento desse educador, para que suas propostas não sejam frustradas. Basta ajudá-lo a retirar as pedras que, certamente, aparecerão no meio do caminho.
E o pedagogo? Ele não pode fazer isto sozinho?
Até poderia. Mas, na verdade, ele também precisa de socorro. É só ir à escola e ver sua ginástica diária. Na maioria das vezes, ele apaga fogo para que a escola inteira não se queime e nem sufoque na fumaça.
Olha, não adianta cursos de capacitação, textos, mensagens, vídeos e tantos outros recursos de última tecnologia, sendo informados longe da escola. Eles só serão produtivos, se utilizados lá dentro da escola, na companhia de quem sabe como fazer, para o aluno aprender. Eles serão compreendidos, pelos alunos, dentro da sala de aula, com a presença de profissionais da Secretária de Educação que disponibilizam tempo e afetividade, para compartilhar ensino e aprendizagem com o professor.
Então, eu pergunto novamente:
Afinal, quem interessa pela Educação?
E respondo: Eu interesso.
Interesso porque esta foi e continua sendo a minha vocação. Porque no percurso do meu envolvimento, com ela, fui ser professora e continuo professorando por aí. Dei a minha contribuição no tempo e no espaço em que me colocaram, até assumir a Educação numa outra perspectiva.
E agora eu te pergunto:
Você se interessa pela Educação?
Antes de responder é bom observar que vivemos tempos de grandes ousadias, para que quer fazer o melhor, sem gastos desnecessários, sem corromper e ser corrompido, longe de parasitas e perto de gente educada para a Educação.
Se é assim que você se interessa por ela, então, aproveite, porque a Educação precisa de gente como você!