Adeus, ao repórter Wanderley Doná
Por Edson Terto da Silva | 08/02/2010 | ArteAdeus, ao repórter Wanderley Doná
Edson Silva
Dia desses, o amigo Pedro Pereira ficou chateado comigo, e com razão, por não tê-lo incluído entre tantos repórteres que faziam crônica policial em Campinas para rádios e jornais. Mas, a história a seguir é para lembrar, agora postumamente, o Wanderley Doná,que andava adoentado e infelizmente faleceu. Fiquei devendo a última visita ao “paizão”, já que quando começamos Doná já era repórter veterano e chamava a todos nós de meu filho. Após Dona adoentar-se, fui na casa dele apenas uma vez e confesso que ao saber que ele estava quase sem movimentos e nem reconhecia as pessoas, achei melhor preservar a imagem enérgica do repórter, que quase sempre saia com as noticiais policiais em primeira mão. Esteja com Deus, Doná e relembro o “causo” a seguir em sua homenagem.
O título é "Além de epiléptico, maníaco sexual!". Confesso que levamos baita susto na história ocorrida na metade dos anos 80, em Campinas(SP), época em que a cidade não tinha a gigante Delegacia de Investigações Gerais(DIG) e as instalações do Setor de Investigações de Crimes Contra o Patrimônio e Pessoas (SIPPES) eram um predinho acanhado, na frente da mercearia do Tuca e do Nino. Policiais experientes, como o delegado Ricardo Paiva Prado; os investigadores Lazinho, Aírton, Bussab, Clemente, Claret, Edson, entre outros, integravam as equipes.
Naquela tarde, os policiais apresentavam no piso superior do 1ºDP um suspeito de integrar facção criminosa, especializada em grandes assaltos e denominada "Falange". Salvo engano, o preso era especialista em abrir cofres com maçaricos e os levantamentos em sua ficha criminal constaram envolvimentos em atentados ao pudor. O lendário radialista campineiro Doná fez a tradicional contagem: 1, 2,3,4, 5 ..., realizou breve abertura e começou entrevistar o suspeito, que respondia as perguntas. Os demais jornalistas anotavam as respostas e tudo corria bem, até o acusado sofrer crise epiléptica e cair bruscamente ante aos olhares assustados de todos.
A situação voltou ao normal, mas ainda tive tempo de ouvir a declaração inusitada de um dos policiais ao Dona, que trabalhava para a Rádio Cultura e era um dos mais ouvidos de Campinas. Ao abrir a entrevista, Doná falou do suspeito de pertencer ao crime organizado e destacou na pergunta: "Além de ser assaltante, o elemento seria maníaco sexual?" E o “tira” respondeu com o clássico: "Positivo e além de maníaco sexual, ele é epiléptico, como vocês acabaram de ver..." Como epilepsia é doença e não crime, houve silêncio e depois alguns risos baixinhos...
Edson Silva, foi repórter policial e é jornalista da assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré