ACOLHIMENTO NA ATENÇÃO BÁSICA SEM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO: o olhar do enfermeiro

Por Eveline Machado | 17/01/2017 | Saúde

Eveline Machado

Enfermeira, graduada pela Universidade Salgado de Oliveira.

Belo Horizonte, 2017.


RESUMO EM PORTUGUÊS: Unidades Básicas de Saúde constituem-se de um componente da Rede de Atenção Básica de Saúde do qual compreende um conjunto de ações de caráter individual e coletivo, englobando os preceitos de promoção de saúde, prevenção de agravos, tratamento e reabilitação, constituindo o primeiro nível de atenção do SUS. Esta revisão integrativa pretende fomentar a discussão sobre o processo de trabalho do sistema de triagem/Acolhimento sem Classificação de Risco realizado em unidades básicas de saúde, tentando compreender as dificuldades enfrentadas pelo enfermeiro durante o processo do acolhimento diante da excessiva demanda sem a classificação de risco. Foi realizado uma revisão integrativa nas Bases de Dados da LILACS, SCIELO publicadas nos últimos 5 anos. O enfermeiro vivencia momentos de angústias através de situações de risco vividas pelo paciente ao aguardar atendimento numa fila única de espera, sem que haja conhecimento sobre seu quadro clínico e gravidade. A classificação de risco é um processo dinâmico de identificação dos pacientes que necessitam de intervenção e de cuidados de enfermagem, de acordo com o potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento. Atualmente, os quatro sistemas de triagem estruturada mais utilizados são: National Triage Scale (NTS) da Austrália, Canadian Emergency Department Triage and Acuity Scale (CTAS) do Canadá, Manchester Triage System (MTS) do Reino Unido e Emergency Severity Index (ESI) dos Estados Unidos. Constatou-se que a grande maioria dos artigos relacionados à questão norteadora deste estudo demonstra ser fundamental a utilização de ferramenta classificatória nas unidades básicas saúde. 

INTRODUÇÃO 

Instituída pelo Ministério da Saúde (Ministério da Saúde) em 2003, a Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), o HumanizaSUS, tem o objetivo de tornar a humanização um movimento capaz de fortalecer o SUS como política pública de saúde, garantindo que a assistência seja baseada em suas diretrizes - igualdade, universalidade e equidade.

O acolhimento representa uma das diretrizes do Programa Nacional de Humanização (PNH), pois acolher significa prestar um atendimento com qualidade, compromisso, dignidade e respeito a todos as pessoas que procuram os serviços de emergência. É buscar a resolutividade na assistência prestada, saber direcionar os pacientes de acordo com o grau de necessidade, estabelecendo uma articulação com outros serviços para que seja garantida a continuidade da assistência quando necessário. (BRASIL, 2004).

O acolhimento é um processo de trabalho que passa por constante transformação, que   busca   modificar   as   relações   entre profissionais de saúde e usuários dos serviços da atenção básica, tendo por objetivo um atendimento mais resolutivo, que saiba identificar e priorizar os atendimentos realizados nesse serviço, sem deixar de tratar os usuários de forma digna e humanitária.

Acolher de acordo com as políticas de saúde é uma forma de humanizar o atendimento, fazer com que os profissionais de saúde atendam melhor aos usuários e aos outros profissionais que fazem parte da equipe, de uma forma respeitosa, com empatia, ou seja, da mesma forma que gostariam ser atendidos. Essa abordagem deve ser ética e humana, pois garante um melhor vínculo entre profissional-usuário e profissional-profissional. (FILHO; SOUZA; CASTANHEIRA, 2010).

A classificação de risco é um processo dinâmico de identificação dos pacientes que precisam ser atendimentos imediatamente ou não, seguindo critérios de risco, agravos à saúde ou sofrimento dos mesmos. Esse sistema classificatório visa por ações de atenção e gestão que incentivem um relacionamento de confiança entre equipes, usuários e serviços de saúde. (BRASIL, 2009).

O acolhimento com classificação de risco se dissemina em todo o país, não apenas pelo fato de organizar os serviços de emergência, mas também por fazer que seja adotado em outros estabelecimentos de saúde tanto intra-hospitalares como nas redes de atenção primária, o que comprova ser um modelo que visa a um atendimento com mais qualidade. (FILHO; SOUZA; CASTANHEIRA, 2010).

Compreende-se que a classificação de risco é um instrumento que serve para vários fatores, como organização da fila de espera, priorizar o atendimento de acordo com grau de gravidade e não por ordem de chegada. Além disso, visa garantir um atendimento rápido nos casos mais críticos, melhorar as condições de trabalho da equipe. (NASCIMENTO, 2011).

Godoy (2010) complementa que por meio da escuta ativa das queixas dos pacientes pode-se construir uma relação de vínculo, uma troca de saberes, facilitando a interação entre profissionais de saúde e pacientes, construindo um serviço técnico assistencial com maior capacidade, resolutividade e qualidade.

A atenção básica caracteriza-se como um conjunto de ações, de caráter individual ou coletivo, voltadas para a promoção da saúde, prevenção de agravos, tratamento e reabilitação. Seu conceito surgiu e se consolidou no contexto de ampliação da descentralização do SUS e na mudança do modelo assistencial, com o intuito de destacar as ações preventivas e de enfrentamento dos determinantes de saúde.

O enfermeiro que atua nos Serviços de Atenção à Saúde, tais como as Unidades Básicas de Saúde (UBS), as Unidades de Estratégia de Saúde da Família (ESF) depara-se constantemente com fatores que favorecem ou dificultam a realização do seu trabalho. Dessa forma, esses fatores, em muitas situações, fazem emergir nesse trabalhador sentimentos ambíguos com relação ao trabalho, ou seja, podem fazê-lo compreender o trabalho como dual, com consequências de maior ou menor importância sobre a vida cotidiana.

Diante do exposto como gerenciar o tempo para a realização do acolhimento de uma unidade básica de saúde com equidade, diante da grande demanda de queixas dos usuários de sua área de abrangência, sem classificação de risco, tendo como fator dificultador, o número restrito de vagas para consultas médicas?

O presente estudo pretende mostrar as principais dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros numa unidade básica de saúde ao realizarem o “acolhimento” sem classificação de risco, diante da grande demanda de queixas dos usuários de sua área de abrangência, sem classificação de risco, tendo como fator dificultador, o número restrito de vagas para consultas médicas.

 

OBJETIVO GERAL

 

Compreender as dificuldades enfrentadas pelo enfermeiro durante o processo do acolhimento diante da excessiva demanda sem a classificação de risco.

 

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 

- Entender o processo de trabalho na atenção básica sem a classificação de risco;

- Descrever as dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros ao atenderem todas as demandas dos usuários da área de abrangência da UBS;

- Reconhecer o fluxograma do processo de acolhimento sem a classificação de risco.

 

 METODOLOGIA

 

O presente estudo foi realizado através de uma revisão integrativa de uma revisão da literatura dos últimos cinco anos, com artigos publicados nas Bases de Dados da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Librari Online (SCIELO) e Google acadêmico.

Foram pesquisados 21 artigos, onde analisamos de acordo com as palavras-chaves classificação de risco, enfermagem, acolhimento, atenção básica de saúde, desses 15 artigos realmente foram utilizados para a construção do artigo, no período de agosto de 2015 a maio de 2016. O trabalho visou identificar por meio da produção científica de que forma vem sucedendo a prática do acolhimento com e sem classificação de risco unidades de saúde. Utilizamos como critérios de inclusão de artigos em português, publicados à partir de 2010, relacionados a categoria de enfermagem. Critérios de exclusão: Artigos escritos por profissionais de saúde que não fossem da categoria de enfermagem e outros idiomas.

Artigo completo: