ACOLHIMENTO DE CIDADÃOS: UMA EXPERIÊNCIA EM CAPACITAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO AS DROGAS

Por Estela Márcia Rondina Scandola | 02/11/2012 | Sociedade

Estela Marcia Rondina Scandola

Maria Beatriz Almeidinha Maia 

RESUMO

A metodologia problematizadora foi a base para o desenvolvimento da capacitação da rede de atenção ao enfrentamento as drogas, na temática do acolhimento. Esta disciplina compõe 16 horas aulas do Curso de Aperfeiçoamento em crack e outras drogas, destinado aos profissionais do SUS e SUAS, bem como coordenadores e outros trabalhadores das comunidades terapêuticas.  A carga horária total do curso e de  120 h/a, destinada a uma turma de 60 participantes, sendo executado pelo Centro Regional de Referencia no Enfrentamento e Combate ao crack e outras drogas, vinculado a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, na cidade de Dourados e atendendo a macrorregional com 34 municípios. A modalidade predominante até então no curso foi uma pedagogia transmissora com muitas fontes de conhecimentos e forte enfoque proibicionista, baseado em estudos clínicos e casos policiais, reforçados por uma forte presença das religiões, sendo estas consideradas fortes aliadas no atendimento aos dependentes químicos.

A ementa do trabalho da equipe de educação popular foi: Acolhimento em Rede e Trabalho em Rede. O trabalho foi realizado em equipe por educadores com forte experiência na temática das drogas a partir da abordagem em diferentes ambientes, educação de rua e com o compromisso com a redução de danos. O trabalho foi desenvolvido por meio de jogos, conhecimento do grupo, questões geradoras, problematização de situações e vivencias que proporcionavam compreender as contradições das realidades vividas pelo outro e por si como participes da mesma realidade.

A avaliação da atividade pelo grupo do processo formativo demonstrou as próprias contradições existentes na temática. Enquanto um grupo registrou insatisfação porque não foi repassada a forma do acolhimento, as regras do acolhimento e as obrigações da rede de atenção, ou seja, não havia determinação de como os procedimentos devem ocorrer. De outro lado, houve uma aprovação da metodologia de trabalho, falando da importância de um novo olhar para o usuário de drogas (visto como sujeito de direitos) e a relação com a rede de atenção, especialmente o conhecimento entre os participantes, a rede de serviços, as fragilidades e as possibilidades de vínculos profissionais. 

Palavras-Chaves: Educação Popular; Centro de Referência ao Crack e outras Drogas; Trabalho em Rede.