Ações De Estímulo à Leitura Do Diário Do Comércio Em Universidades E Faculdades Da área De Ciências Gerenciais
Por Yvan Muls | 01/11/2007 | EducaçãoCentro universitário de belo horizonte – UNI-BH
Pró-reitoria de pós-graduação, pesquisa e extensão.
Curso de especialização “Lato Sensu” em Marketing e Comunicação
AÇÕES DE ESTÍMULO À LEITURA DO DIÁRIO DO COMÉRCIO EM UNIVERSIDADES E FACULDADES DA ÁREA DE CIÊNCIAS GERENCIAIS
Yvan Muls 1
Carlos Calic 2
RESUMO
Este artigo tem como proposta demonstrar o papel do jornalismo ao longo da história na formação da comunidade, da cidadania e da democracia. Em especial o papel do jornalismo econômico no desenvolvimento econômico-social e a importância do jornal impresso, como instrumento na formação de alunos dos cursos de ciências gerenciais. É analisada no artigo uma nova abordagem do marketing no segmento jornalístico contribuindo para o estimulo de leitura do jornal Diário do Comércio, através de uma melhor relação com o público acadêmico e a partir de seu posicionamento como o único jornal especializado em economia, gestão e negócios, editado em Minas Gerais, uma história de 75 anos, que se confunde com o próprio desenvolvimento econômico do Estado.
Palavras-chave: Jornalismo. Jornalismo econômico. Desenvolvimento econômico de Minas Gerais. Marketing. Estímulo à leitura de jornal.
ABSTRACT
This article has the intention to show the journalism role in the formation of community, citizenship and democracy throughout history. Specially the role of the economic journalism in the social-economic development and the importance of the print newspaper as an instrument for the education of students of management sciences courses. It is analyzed in the article a new approach of marketing in the journalistic field, contributing to the reading increase of the paper Diário do Comércio (Commerce Journal), through a better relationship with the academic community and from the moment it stood out as the only newspaper specialized in economy, management and business, edited in Minas Gerais, a 75-year historic paper that blends in with the economic development of the State itself.
Keywords: Jornalism. Economic journalism. Social-economic development off Minas Gerais. Marketing. Increase in the newspaper reading.
1 INTRODUÇÃO
A importância do conhecimento da realidade sócio-econômica de um país é fundamental na formação profissional, sobretudo nas áreas das ciências aplicadas, que contam com profissionais que lidam diretamente com a questão econômica, seja ela nos setores público, privado, acadêmico, industrial, comercial, de serviços, agrícola, primário, secundário ou terciário, sendo protagonistas diretos e indiretos do desenvolvimento econômico social de um país, estado, cidade ou região.
Nessa perspectiva, um jornal econômico, que lida diretamente com diferentes facetas dessa realidade desempenha um papel importante como instrumento complementar desta formação na medida em que apresenta e analisa fatos relacionados com a conjuntura econômica regional, nacional e Internacional, necessárias à formação prática do aluno, possibilitando-lhe assim, maiores facilidades de inserção no mercado de trabalho.
A partir desse contexto, o presente artigo demonstra a importância da leitura do jornal econômico regional nas faculdades de ciências gerenciais, em específico da cidade de Belo Horizonte e apresenta estratégias para o estímulo de sua leitura pelos alunos desses cursos através de uma nova abordagem de marketing, que leva em conta as mudanças dinâmicas em indústrias e mercados, que enfatiza a formação de relações e a comunicação de conceitos e não a promoção de produtos (MCKENNA, 1999). Dando ênfase ao marketing das relações e pela relevância da proposta, do tema abordado e da qualificação do público alvo, ressalta a função do jornal em contribuir com a seletividade das informações geradas em todos os outros meios, sendo, além disso, uma espécie de filtro, um “auditor”, que confere confiabilidade às informações, e ainda um meio analítico das informações geradas. Soma-se a isso o fato de levar ao leitor as questões relevantes para sua formação e conhecimento e contribuir com sua inserção no mercado de trabalho. Desta forma, o estudo ressalta a importância de um jornal econômico no processo de transformação do conhecimento de nossa realidade sócio-econômica e de contribuir na formação desses profissionais, que têm papel fundamental na busca de uma formação mais justa para nossa sociedade, além de defender a análise e o potencial trabalho no segmento como uma importante estratégia de marketing para o diário especializado.
O estímulo à leitura do Diário do Comércio nas faculdades de ciências gerenciais é necessário para ampliar a conquista de novos leitores no meio acadêmico e proporcionar amplitude de posicionamento do jornal no mercado e conseqüente aumento de sua penetração junto à população.
Além disso, como instrumento complementar, a leitura diária de jornal econômico permitirá ao aluno aprofundar seus conhecimentos em ramos específicos de finanças e gestão, contribuindo para ampliar seu conhecimento sobre a situação das empresas e de todo o cenário econômico regional, uma vez que o aluno precisa ter uma sólida base de conhecimentos econômicos, micro e macroeconomia aplicados à gestão empresarial, assim como informação ágil.
O jornal econômico também contribui com sua capacidade analítica, através do conhecimento dos processos econômicos no setor público e privado, e uma visão crítica da realidade social, por meio de uma formação histórica e humanista, além de interagir com meio empresarial e mercado de trabalho e capaz de se adaptar à dinâmica de diferentes cenários.
2 O JORNALISMO E A FORMAÇÃO DA CIDADANIA
Certa época, os antropólogos descobriram que desde as mais isoladas sociedades tribais na África até as mais remotas ilhas do Pacífico, seus habitantes tinham uma definição básica do que é notícia. Dinamismo, exatidão e envolvimento já eram características essenciais no trato da informação. Os historiadores chegaram à conclusão de que os mesmos valores básicos da notícia atravessaram firmes tempos e épocas. “Os humanos sempre trocaram uma mistura similar de noticias ao longo da história e através das culturas”, escreveu o historiador Stephens (1988) citado por Kovach (2004 p.17).
Como explicar essa consistência? A resposta de historiadores e sociólogos é que as notícias satisfazem um impulso humano básico. As pessoas têm necessidade intrínseca de saber o que acontece além de sua própria existência. Assim, estar a par dos fatos cria uma sensação de segurança, de controle, de confiança.
A partir dessa conclusão é fácil perceber a importância do jornalismo em um contexto moderno; o jornalismo para construir a comunidade, a cidadania, a democracia. O papel da imprensa na construção da cidadania engloba vários elementos. Ajuda a definir nossas comunidades, a criar uma linguagem e conhecimentos comuns com base na realidade, funciona como uma espécie de guardiã, tirando as pessoas da letargia e oferecendo voz aos esquecidos. É por meio da comunicação entre os homens que se faz a vida social e é a vida social que configura a comunicação. Segundo Barroso (1999) o espaço público de maior visibilidade é a mídia. Nela insere-se o jornal, onde assuntos, questões, acontecimentos e atores sociais têm a chance de serem vistos e conhecidos por um grande número de pessoas, e com isso, ampliam-se os limites originais dos debates. A imprensa então, torna-se um fórum importante do debate crítico.
2.1 Conceitos Técnicos do Jornalismo
O teórico alemão Groth (1968) citado por Rego (1984) atribui ao jornalismo as seguintes características: atualidade (consiste na transmissão de fatos novos), periodicidade (aparecimento regular e oportuno de fatos correntes), universalidade (compreende o acervo de informações de todas as áreas do conhecimento humano) e a difusão (se processa através de seus veículos; a imprensa, o rádio, a televisão, o cinema e agora a Internet).
Do primeiro objetivo da comunicação surge um gênero jornalístico que tem como produto básico à notícia, o relato puro dos acontecimentos. Segundo Hayakawa (1963) também citado por Rego (1984) excluem, na medida das possibilidades, as interferências e julgamentos. As matérias inseridas neste gênero se identificam nas notícias e reportagens comuns.
Os atos de seleção e interpretação das informações fornecem-nos elementos para fundamentar outros dois gêneros jornalísticos: o interpretativo e o opinativo. O interpretativo, “noticiário de profundidade”, conduz o leitor ao palco das ações, demonstrando o sentido dos fatos, relacionando-os com as diferentes dimensões da realidade social-econômica, política, religiosa. Estão dentro deste gênero as grandes reportagens, os comentários políticos e as matérias de pesquisa.
O gênero opinativo agrupa todas as mensagens que objetivam orientar, persuadir ou influenciar a conduta: editoriais, crônicas, artigos e todas as matérias onde esteja claramente expressam a opinião da fonte.
2.2 A importância do Jornal Impresso
A forma de recebermos as informações passou por transições importantes a partir de mudanças significativas no campo social, econômico e tecnológico: em 1830 com a chegada do telégrafo; na década de 1880 com a queda do preço do papel; 1920-1940 com a invenção do rádio, a chegada da televisão e da guerra fria; e hoje com advento da internet e da televisão a cabo.
Diante de tudo isso, o grande desafio é justamente a manutenção da qualidade da informação independente, para que ela continue exercendo seu papel de contribuir para a formação de uma sociedade democrática.
Em todo esse contexto, o jornal impresso é o meio de comunicação que reflete melhor a importância da informação na valorização das comunidades na construção da cidadania e no fortalecimento da democracia. A ele é atribuída a responsabilidade de ser uma espécie de filtro, de analisar as informações que realmente possam interessar. É o veículo que goza de maior credibilidade, conforme pesquisa realizada pelo Ibope em maio de 2005.
Em vez de enfraquecer a importância de serviço público do jornalismo impresso, a tecnologia atual vem fortalecer esse papel. “O que precisamos na nova economia e na nova cultura de comunicação é dar sentido as coisas. Temos necessidade de encontrar pontos sólidos neste mundo louco”, segundo afirma Brown (2000) apud Kovach (2004 p.40) ex-diretor da Xerox. Numa era em que qualquer pessoa pode virar repórter, o jornalista se converte num moderador de discussões, além de checar se a informação é confiável e ordená-la, de forma que o leitor possa entendê-la.
2.3 Vantagens do Jornal Impresso
O jornal impresso consegue reunir em uma mesma edição grandes atributos: portabilidade (podem ser levados facilmente), praticidade de uso, acessibilidade, rico conteúdo que pode ser relido, além de ter característica de registro físico.
Uma vantagem do jornal impresso sobre os outros meios é que este é muito mais adequado à análise dos fatos e tendências, uma vez que dispõe de informações mais abrangentes. Além disso, conta com um acervo extremamente valioso: sua coleção de informações do passado, o que significa que é indispensável para pesquisa.
Pesquisa encomendada pelo Ibope (2005) comprova cientificamente que quem lê jornal tem maior consciência social e política, liderança de opinião, é mais bem colocado no mercado de trabalho e também conquista maior realização profissional. A leitura de jornal traz benefícios para a vida dos cidadãos, sobretudo no que se refere à sua inserção na sociedade.
3 AS DIMENSÕES ECONÔMICAS, SOCIAIS E POLÍTICA DE UMA SOCIEDADE E A IMPORTÂNCIA DE SEU CONHECIMENTO
A economia, atividade através da qual se produz, se distribui e se troca os bens necessários à sobrevivência e a reprodução humana, constitui, assim, como atividade fundamental dos seres humanos, enquanto grupos sociais.
E a forma com que se organizam para produzirem estes bens, que vai através dos tempos e da sociedade, determina de certa forma, todas as outras dimensões da sociedade humana: as relações sociais, o direito, a visão de mundo, a arte, a religião, os valores, as aspirações, as mentalidades, os comportamentos. Desta forma, conhecer as origens e as configurações da dimensão econômica da sociedade onde se está inserida é essencial para nela se situar, melhor compreender as suas necessidades e melhor contribuir para seu desenvolvimento e aperfeiçoamento.
Conhecendo-a do ponto de vista de sua economia e sua história, temos maiores condições de questionar, propor soluções, ou seja, participar de forma ativa, no sentido de buscar, democraticamente, enquanto cidadão e profissional, uma sociedade mais desenvolvida e mais justa.
3.1 O Jornalismo Econômico
Jornalismo econômico cobre todas as áreas de interesse da produção e do consumo, aí incluídos processos legais, políticos e de gestão.
As primeiras coberturas de economia surgiram no século XVII, na forma de boletins noticiosos publicados por banqueiros e comerciantes europeus. No início da imprensa industrial, estas editorias tinham destaque tímido e publicavam matérias de interesse restrito, como cotações de moedas estrangeiras, valores de gêneros alimentícios, informes sobre falências e concordatas, entre outras, com foco na prestação de serviços.
As pautas de economia incluem dede cobertura de eventos, feiras, lançamentos de projetos, relatórios, negociações entre empresas, questões judiciais, instituições que geram produtos e fatos (empresas, indústrias, mercado financeiro, órgãos oficiais, institutos de pesquisa econômica), às políticas públicas para a área e o dia-a-dia do setor.
Incluem-se também políticas monetárias, índices econômicos, controle dos preços, obras públicas, orçamentos do Estado, reajustes salariais, previsões sobre vendas, estimativas de produção, safras e colheitas agrícolas.
Jornais e noticiários de TV ou de rádio costumam informar diariamente também as cotações das bolsas de valores, do petróleo, do ouro e das principais moedas internacionais. Também são privilegiados assuntos que digam respeito diretamente à vida do consumidor, influenciando nos hábitos de compra e venda, modificando seu poder aquisitivo ou alterando a economia doméstica.
Segundo o site Wikipédia, as editorias de economia de jornais de grande circulação brasileiros costumam se dividir em quatro setores ou subeditorias:
Macroeconomia - cobre as políticas de Estado para economia, preços, inflação, salários, emprego, desemprego, crescimento, recessão, orçamento, endividamento, contas nacionais, balança comercial, importação e exportação.
Finanças - cobre o mercado financeiro, bolsas de valores, mercado de ações, títulos públicos, juros bancários, bancos, Banco Central, bolsas de mercadorias e futuros, especulação, câmbio (moedas estrangeiras), commodities.
Negócios - cobre as empresas (estatais e iniciativa privada), fusões, aquisições, separações, parcerias, pesquisa & desenvolvimento e tecnologia, marketing, casos de sucesso entre empresários e executivos.
Infra-estrutura - cobre obras públicas, investimentos e manutenção em energia, eletricidade, combustíveis, transportes, telecomunicações, telefonia, radiodifusão.
4 O DIÁRIO DO COMÉRCIO NA TRANSFORMAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE MINAS
O Diário do Comércio, sua história, seus objetivos e ideais ilustram bem o papel do jornal econômico quando participa ativamente da construção da independência econômica do país, seu progresso e desenvolvimento sócio-econômico e na formação da sociedade.
Na década de 30, quando a imprensa de Belo Horizonte começava a se afirmar em termos de jornalismo mais moderno e noticioso, surge o Diário do Comércio, na época ainda “Informador Comercial”. Era um boletim modesto, mimeografado, que se propunha órgão defensor das classes produtoras de Minas Gerais, oferecendo-lhes informações necessárias ao cotidiano de empresas, no comércio, na indústria e na agricultura.
Dos primeiros focos de suas páginas eram as relações de mercadorias que chegavam à cidade, manifestos que informavam a movimentação das mercadorias trazidas pela rede ferroviária e aquelas que seriam despachadas. Essas informações eram sumamente importantes, pois, comerciantes e industriais precisavam saber, com presteza, a situação de suas mercadorias e encomendas, sob pena de pagarem mais caro pelo armazenamento ou terem seus produtos deteriorados, já que eles eram essencialmente agrícolas.
Em 1982, José Costa citado por PEREIRA (2007) fundador do Diário do Comércio, declarou os caminhos percorridos pelo seu jornal e objetivos alcançados:
Peguei uma linha diferente...informações comerciais, de interesse dos comerciantes e industriais em geral. E seguimos a nossa trilha, até conseguirmos ampliar o boletim e nos transformarmos em jornal especializado em economia.
Em seu princípio o jornal já apontava os rumos para uma economia fundada não mais na agricultura e na exportação de matéria prima e produtos agrícolas, mas na transformação industrial e nos recursos minerais e agrícolas, em uma economia marcada pelo progresso, independente e soberana. Passava pelas questões cambiais, tributárias, financeiras e orçamentárias. Comparava também os impostos cobrados em São Paulo e em Minas, destacando a situação de inferioridade de Minas.
Nessa posição, o jornal passa a publicar artigos que traziam analises de diferentes setores da economia brasileira. Através de suas páginas o jornal defendia o desenvolvimento econômico de Minas Gerais e do País, independente do capital externo, as vantagens da industrialização brasileira, da coesão política e econômica entre os estados. Assumiu a luta pelo petróleo, cuja produção, possibilitaria ao país sair da pobreza. Defendia a energia elétrica e a solução do problema siderúrgico; no primeiro caso, mostrava a necessidade de aproveitamento dos recursos hídricos disponíveis e a ineficiência das empresas estrangeiras; no segundo, insistia no fato de que, apesar da formidável riqueza do subsolo, o País importava produtos siderúrgicos, matéria-prima e produtos manufaturados.
O jornal tinha ainda um compromisso ético com o desenvolvimento, posicionando-se como o único especializado em economia, agindo como porta voz das reivindicações das classes produtoras, sendo uma caixa de ressonância das proposições defendidas.
O Diário do Comércio, ao longo de seus 75 anos de história, defendeu questões que até hoje são pautas de discussões como desafios do crescimento econômico. O transporte, por exemplo; sem meios adequados e eficientes sistemas ferroviário, fluvial e marítimo; a energia elétrica também era apontada como importante entrave para a economia do Estado de Minas Gerais. É nesse quadro que se movem os editoriais, matérias e colunas do Diário do Comércio, sempre defendendo o desenvolvimento independente do país e as soluções para os problemas de Belo Horizonte e de Minas Gerais.
4.1 O Diário do Comércio - Do Boletim a um Jornal Especializado em Economia
Nas palavras do atual presidente do Diário do Comércio, em discurso proferido em 12 de abril de 2007, na ocasião de solenidade de abertura do Centenário do nascimento de José Costa:
As lições e a ousadia de José Costa continuam presentes e vivas, pautando todas as nossas ações. São partilhadas por todos os nossos colaboradores porque também acreditam que o jornalismo pode e deve ser transformador e renovador. Queremos fazer mais, sabemos que podemos fazer muito mais na condição de único diário especializado em economia, negócios e gestão publicado em Minas Gerais.
O Diário do Comércio mantém sua posição de apontar as questões essenciais para o País como as reformas política, tributária e previdenciária que se arrastam inconclusas e têm que avançar. Defende sistematicamente as reduções das taxas dos juros afirmando que os níveis atuais ainda são insuficientes e que as mesmas são as mais altas do mundo e que a carga tributária brasileira representa quase 40% do PIB. Afirma também em seus editoriais que a política cambial seja revista para que não continue prejudicando a exportação e que exista menos burocracia aos que desejam empreender e desestimular a concorrência informal.
No plano regional, o Diário do Comércio ressalta o êxito de políticas públicas bem orientadas e sucesso reconhecido. Mas também aponta o fato de que mesmo sendo a terceira maior economia do país, o Estado ainda convive com indicadores de qualidade de vida que o situa em plano que não reflete esta realidade, conseqüência da excessiva concentração econômica, o que recomenda a alavancagem de pequenos e médios empreendimentos, aqueles que geram emprego e renda com menos custo e mais velocidade.
No Diário do Comércio o jornalismo tem como objetivo servir Minas Gerais e as empresas que atuam no Estado e reafirma o conceito da importância do jornalismo no desenvolvimento sócio-econômico de uma sociedade, através de defesas de boas causas, apontando caminhos, construindo e agregando.
5 O PROGRAMA JORNAL E EDUCAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS - ANJ
É conhecido o baixo índice de leitores de livros e revistas entre a população brasileira. Também no que diz respeito à leitura de jornais o percentual é baixo. O Programa Jornal e Educação, desenvolvido por associados da ANJ, tem o intuito de formar novos leitores, reverter os baixos índices de leitura entre os brasileiros, e abrir, inclusive, a oportunidade de facilitar o acesso às questões do cotidiano descritas nos jornais para que cada um sobre elas se posicione e faça suas escolhas em prol de uma sociedade melhor. Outros objetivos são: melhorar a imagem da empresa jornalística perante os leitores e anunciante, dar inicio a uma ação que expresse a responsabilidade social da empresa, contribuir com as escolas da região e favorecer o exercício da cidadania dos jovens leitores.
Segundo o programa há uma preocupação em se aproximar das escolas, de seus alunos e de seus professores. Assim é que se verificou, por exemplo, que é bastante comum à publicação de suplementos infantis e juvenis (até mesmo com conselho editorial formado por adolescentes e jovens), a doação de exemplares a escolas, o recebimento de alunos em visita à empresa, a realização de concursos, a publicação de cadernos, sejam dedicado ao vestibular, sejam dedicado à educação de um modo geral, a orientação a escolas na criação de seus jornais escolares ou mesmo a realização de palestras em instituições de ensino e a busca de parcerias com universidades locais.
Ensinar como o jornal é e estimular a sua leitura, ao lado da contribuição para a cidadania e do auxílio à escola em suas tentativas de desvendar o mundo, são as maiores conquistas promovidas pelos Programas Jornal na Educação. Na verdade, algo precisa ser aprimorado para que objetivos de tamanha dimensão sejam alcançados com maior margem de sucesso. As estratégias elaboradas a seguir vêm tentar contribuir e complementares “Programas” de estimulo ao hábito de leitura de jornais, como estes promovidos pela Associação Nacional de Jornais.
6 O MARKETING COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DO HÁBITO DE LEITURA DO DIÁRIO DO COMÉRCIO
Segundo McKenna (1999) para o produto conquistar uma posição sólida no mercado, a empresa precisa diferenciá-lo de todos os outros existentes no mercado.
A credibilidade passa ser a chave para o processo de posicionamento. Com número tão grande de produtos novos e tecnologias novas no mercado, os clientes ficam sem saber em quem acreditar e não sabem em quem confiar. (MCKENNA, 1999).
Diante da necessidade de se diferenciar, o marketing tradicional deu lugar ao marketing da experiência, ou seja, a experimentação das sensações. A experiência torna-se então um componente chave para a criação do valor a ser percebido pelo consumidor. As ações de marketing passam a levar em consideração o cliente e a possibilidade dele se relacionar com o produto. (SCHMITT, 2007).
O ponto chave das estratégias propostas parece ser a promoção do hábito de leitura do jornal Diário do Comércio nas faculdades da área de ciências gerenciais de Belo Horizonte através de uma maior aproximação dos acadêmicos com o conteúdo do jornal. O marketing de experiência pode posicionar o jornal como uma opção privilegiada de jornalismo econômico regional nas faculdades e como importante instrumento na complementação da formação do aluno. No estudo em questão a diferenciação está em dar importância ao hábito de sua leitura, reforçando o conceito de sua importância.
Para conquistar uma posição sólida, McKenna (1999) sugere enfocar fatores intangíveis do posicionamento.
Com fatores intangíveis a serem destacados neste enfoque estão: informação e conhecimento, melhor inserção na sociedade, consciência política social, melhora no processo de tomada de decisão, abrangência de visão de mercado. O Diário do Comércio se apresenta como único jornal especializado em economia, gestão e negócios, editado em Minas Gerias, tornando-se uma autêntica ferramenta de trabalho para alunos, professores e toda a comunidade acadêmica. Outro fator intangível é que meio jornal é o veículo que mais goza de credibilidade, segundo pesquisa Ibope (2005) e o Diário do Comércio, com 75 anos de história, é um dos veículos de maior credibilidade de Minas Gerais, conforme pesquisa com seus assinantes (2007). Além disso, o jornal pode ser um instrumento de redução de incertezas, através de suas informações regionalizadas, numa economia globalizada, em que os negócios, as empresas e os setores da economia transformam-se com muita rapidez.
6.1 Público-alvo
O meio acadêmico escolhido representa as classes produtivas de nossa economia e são referências de fonte de informações. Para McKenna (1999) os 10% das pessoas em uma indústria influenciam as outras 90%, como tendência social. As opiniões prevalecentes da sociedade podem influenciar intensamente o desempenho de um produto no mercado. Desta forma, o estimulo de leitura do Diário do Comércio nas faculdades gerenciais pode funcionar como propulsor de leitura no restante da sociedade.
6.2 Ações propostas
Segundo McKenna (1999 p.51) “a credibilidade é a palavra chave para o processo inteiro de posicionamento no mercado”. Compreendendo o mercado, as companhias podem influenciar a percepção de seus produtos ou serviços e criar uma imagem mais forte para eles.
A credibilidade pode ser formada, criada e estimulada de várias maneiras. Para Mckenna (1999) as mais importantes são: a inferência, a referência e a evidência. A inferência ocorre quando uma empresa tem um relacionamento com uma grande empresa de respeito, dando lhe credibilidade. A referência ocorre quando pessoas de credibilidade dão referência sobre um determinado produto ou serviço. E a evidência, é quando o próprio sucesso de um produto ou serviço reforça seu posicionamento.
6.2.1 Ações de inferência
- Utilizar Professores e Coordenadores dos cursos como fonte do jornal. O corpo docente dos cursos da área gerencial pode funcionar como importante gerador de conteúdo e conhecimento teórico. Diante disso, pode-se propor aos professores que utilizem o jornal como meio para exposição de suas opiniões, idéias, pesquisas, análises dos fatos através da criação de um “espaço acadêmico” (página ou coluna) no Diário do Comércio.
Além de criar um maior relacionamento com o corpo docente, o jornal poderá ser utilizado, nas faculdades, como fonte de informação para as aulas.
- Estratégia de audiência com corpo docente. Estabelecer ações através de marketing de relacionamento com os professores, solicitando a indicação de nomes de pessoas e colaboradores de seu interesse, para que seja enviado o Diário do Comércio por um período de 30 dias, sem ônus.
O objetivo é criar e formar relações estratégicas, do ponto de vista de formadores de opinião. O conteúdo do jornal é alimentado de várias fontes. Os jornais devem aliar-se a elas e tentar o máximo de qualificação nestas parcerias.
6.2.2 Ações de referência
- Oficinas e palestras. Surgem cada vez mais novas mídias contribuindo para o excesso de informação. Uma das ações propostas é incentivar debates e aplicabilidade do conteúdo do Diário do Comércio ao dia a dia dos estudantes instruindo-os acerca das informações contidas no jornal, a relevância para seu contexto e estimulo de sua leitura através de oficinas de leitura, debates, fóruns acadêmicos com presença de jornalistas e editores.
- Interação com o leitor acadêmico. Utilizar o espaço “acadêmico” a ser criado no jornal como um meio para os estudantes publicarem artigos e texto relacionados à linha editorial do jornal (economia, gestão e negócios). Esta interação com leitor é importante na medida em que cria uma maior interação do estudante com o jornal e incentiva a sua leitura.
- Programas de visitas à redação. Desenvolver um programa de visitas ao jornal com o objetivo de apresentar, todo o processo de produção de um jornal - da produção das matérias à sua impressão, estimulando a familiaridade com a empresa e produto.
6.2.3 Ações de evidência
- Campanha publicitária educativa direcionada para o público acadêmico. A campanha utilizará os meios de comunicação utilizados pelas faculdades para abordar o conceito da importância do hábito de leitura de jornal na formação do aluno, além de destacar o jornal econômico regional como meio de credibilidade frente à massificação de informações hoje existentes.
- Ação de distribuição de jornal nas Faculdades. Essa ação consiste em um primeiro momento oferecer acessibilidade do jornal por um período de 90 dias no meio acadêmico, a partir de suas bibliotecas, D’As e Empresas Juniors com objetivo de provocar interesse por parte dos alunos e posteriormente, de forma exclusiva, formar parcerias com as faculdades visando subsidiar a continuidade da leitura do Diário do Comércio através de assinatura.
7 CONCLUSÃO
É reconhecida a importância da informação e, consequentemente, da imprensa na construção da cidadania e no fortalecimento da democracia.
Em um mercado onde a informação torna-se necessária no que se refere à inserção do individuo na sociedade, um jornal econômico torna-se instrumento complementar e essencial à formação acadêmica dos alunos dos cursos gerenciais de Belo Horizonte. Neste sentido, o Diário do Comércio, surge como ferramenta de trabalho capaz de contribuir no melhor entendimento da conjuntura econômica regional.
Com número tão grande de novas mídias e tecnologias no mercado, o artigo propõe ao Diário do Comércio meios de se diferenciar através de ações de posicionamento e do marketing de experiência acreditando que a relação direta do público acadêmico com o jornal é a melhor forma de incentivar sua leitura e ampliar sua penetração junto a este meio.
REFERÊNCIAS
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ANJ, Os programas de jornal na educação dos brasileiros: um diagnóstico. Disponível em: www.anj.org.br. Acessado em 10/06/2007.
FERNADES, Adélia Barroso, O papel reflexivo da Mídia na Construção da Cidadania. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.
KOVACH, Bill; ROSENSTIEL, Tom. Os Elementos do Jornalismo. São Paulo: Geração Editorial, 2004.
MCKENNA, Regis. Estratégias de Marketing em Tempos de crise. Rio de Janeiro: Campos, 1989.
GAUDENCIO, Francisco; REGO, Torquato do. Jornalismo Empresarial, São Paulo: Summus, 1984.
SCHMITT, Bernd. O Marketing baseado na experiência. Revista Você SA, São Paulo, 12 set. 2007.
PEREIRA, Ligia Maria Leite; FARIA, Maria Auxiliadora de; MULS, Nair Costa. José Costa – Parceiro do Futuro. Belo Horizonte: GM3 Comunicação, 2007.
BIBLIOGRAFIA
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WAISBERG, Jonas. Como conquistar o consumidor através da experiência. Disponível em: www.mundodomarketing.com.br. Acessado em 15/09/2007.