Abu ghraib (presídio do iraque) e a caminhada da humanidade
Por Ciro Toaldo | 27/12/2011 | CrônicasABU GHRAIB (PRESÍDIO DO IRAQUE) E A CAMINHADA DA HUMANIDADE
Prof. Me. Ciro José Toaldo
É possível afirmar que figuras tão sarcásticas, como Adolf Hitler e suas ‘diabólicas’ pretensões, deixarão de existir? Os massacres dos Horripilantes Campos de Concentração, de Pearl Harbour, de Hiroshima e Nagasaki e da Guerra do Vietnã são algumas das lembranças amargas que fazem parte da dramática História da Humanidade. Entretanto, quando pensamos que ‘estamos evoluindo’ para uma convivência mais harmoniosa, somos surpreendidos, como no início de maio, com lamentáveis e estarrecedoras fotos do presídio de Abu Ghraib, nas vizinhanças de Bagdá, causando grande indignação e demonstrando novamente até onde, os domínios de uma guerra podem chegar. Ao que tudo indica, nessa guerra entre Estados Unidos e Iraque tudo é válido.
As fotos do presídio de Abu Ghraib, mostrando soldados norte-americanos e, pelo que a imprensa veiculou, é uma prática também de soldados britânicos, torturando, abusando sexualmente e humilhando civis e militares iraquianos, justamente nos locais de tortura e execução tradicionais de Saddam Hussein, demonstram que a prática dos Campos de Concentração e, massacres, como os de civisem My Lai(Guerra do Vietnã - cometidos pelos EUA) ainda estão presentes em nosso mundo. A gravidade e a dimensão da guerra entre EUA e Iraque, levou o ex-presidente do Brasil, Ferrando Henrique Cardoso, afirmar em recentemente entrevista, que a ocupação do Iraque é pior para os EUA que a Guerra do Vietnã.
Parte da imprensa internacional, não comprometida com os interesses de Washington, classificou a atitude do governo americano, em relação aos fatos do presídio de Abu Ghraib, como "cinicamente omissa" e, que o Pentágono já sabia das praticas de torturas com soldados iraquianos, mas ocultava os fatos. Dizer que tais atos ‘selvagens’ são fruto da falta de disciplina de soldados estressados, é não explicar nada. Talvés, as respostas encontrem-se nas falhas graves do sistema criado pelos próprios americanos: ambigüidade de sua liderança, controle insuficiente e noção de justiça totalmente nula. Na luta contra terroristas e grupos iraquianos de resistência, os padrões morais e legais caíram por terra.
E, vimos a sarcástica declaração da soldado Lynndie England, tentando explicar que os soldados (americanos) de Abu Ghraib tiraram fotografias dos detentos nus amontoados com sacos plásticos sobre a cabeça, simplesmente afirmando: "Nós achávamos aquilo engraçado então as fotos foram tiradas". Sua declaração, em tom insensível, descrevendo o abuso como uma rotina e às vezes divertido, mas quase nunca, para ela, fora dos limites.
Todas esta considerações, novamente nos fazem refletir a respeito do que é a GUERRA e para onde caminha a humanidade. Mais uma vez vemos o poder e a ganância dos que tudo podem e tudo tem, na verdade são seus interesses, vontades e desejos que prevalecem. Como cristãos e, cônscios de nossa missão neste mundo, precisamos repudiar os atos que colocam nossos semelhantes em condições animalescas. Não nos iludamos: toda essa trama encontra-se no famigerado e obcecado desejo de poder e ambição – por eles tudo é possível e explicado. Infelizmente, as expressivas autoridades mundiais, que possuem o poder, o que estão fazendo para findar estes conflitos abomináveis e desumanos? E a Organização das Nações Unidas – ONU – o que está fazendo???
Em mais de cinco mil anos de caminhada da humanidade parece que a guerra e a atrocidade tornaram-se as únicas formas para a ‘convivência’ humana. Neste sentido as conseqüências serão cada vez mais trágicas: fome, ganância e destruição. E, na lógica da dominação prevalece a máxima: quem conquista o poder continua o ciclo do domínio e destruição.
No rol de toda essa tramóia, estamos nós, simples mortais, com nossos sonhos e vontade de conviver com outro tipo de mundo, entretanto, somos obrigados a caminhar na convivência da hipocrisia de dominadores que tudo podem e tudo fazem em nome do poder no qual estão revestidos. Sem esquecer de mencionar, em pleno ano eleitoral, que existem muitos lobos vestidos com pele de cordeiro. Tudo fazem para chegar ao poder, depois que conseguiram-no, a história é outra.
Quem sabe, em meio a tantos tropeços, acertos e erros, consigamos abrir um pouco os nossos olhos e modificar alguns aspectos dessa fatigante história da humanidade.