ABORDAGENS REFERENCIAIS EM TORNO DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NO ÂMBITO DA LÍNGUA PORTUGUESA

Por Elison Ferreira Alves | 31/10/2024 | Educação

ABORDAGENS REFERENCIAIS EM TORNO DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NO ÂMBITO DA LÍNGUA PORTUGUESA

 

Elison Ferreira Alves

Especialista em Metodologia do ensino de Língua Portuguesa pela Faculdade Atual, FAAT, Brasil, 2015.

Especialista em Educação Especial com Ênfase em LIBRAS pela Faculdade Atual, FAAT, Brasil, 2010.

Graduando em Direito pela Faculdade Estácio de Macapá, Brasil, 2021.

Graduado em Letras – Inglês pelo Centro Universitário ETEP, 2024.

Graduado em Licenciatura em Educação Física pelo Centro Universitário Venda Nova do Imigrante, UNIFAVENI, 2022.

Graduado em Pedagogia pela Faculdade Educacional da Lapa, FAEL, 2018.

Graduado em Licenciatura em Letras pela Faculdade Madre Tereza, FAMAT, 2011.

Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/3209623203023081

E-mail: elisonn.ap@gmail.com

 

RESUMO

 

Objetivo desse artigo é expor e analisar os conceitos de Alfabetização e Letramento, no processo de aprendizagem de habilidades necessárias aos atos de ensinar a ler e a escrever, já que representa um dos principais objetivos das instituições escolares, além de se constituir como um de seus maiores desafios, porém, já há muitas décadas, discussões sobre a formação de sujeitos que sejam capazes de lidar de maneira competente com as situações sociais que envolvem a leitura e a escrita permeiam espaços de formação inicial e continuada de profissionais que atuam na educação. Pode-se dizer que tanto o letramento e a alfabetização possuem várias para exemplificar, como também de conceituar. Demonstrando um posicionamento sempre social ou pedagógico. Entretanto, com a realização deste trabalho teórico percebe-se que a alfabetização e o letramento são elementos um tanto complexos como multifacetados. De forma geral, educadores não possuem a clareza conceitual sobre a alfabetização e o letramento, o que por consequência reflete negativamente na prática cotidiana. Durante anos a alfabetização tem-se bastantes controvérsias teóricas e metodológicas, exigindo que a escola e os educadores se posicionem em relação às mesmas. Tais mudanças nas práticas de ensino podem acontecer tanto nas definições dos conteúdos a serem desenvolvidos como na natureza da organização do trabalho pedagógico. No entanto, este trabalho tem com base conceituar abordagens para considerar que a alfabetização não é apenas pré-requisito para o domínio da leitura e escrita, não deve haver uma dicotomia entre a alfabetização e o letramento em termos unificados. Já que por haver certa ideia semelhante, muitos confundem como a mesma ideia. São processos que caminham juntos, porém, com partes bem distintas, mas que devem ser ensinados acoplados no âmbito escolar, ou seja, é preciso que os educadores não apenas alfabetize o educando, e sim ‘alfabetize com letramento, para que possa orientar o mesmo, o ato de ler e de escrever no contexto das práticas educacionais e sociais.

 

PALAVRAS-CHAVE: Alfabetização; Letramento; Leitura; Escrita.

 

 

ABSTRACT

 

This article aims to expose and analyze the concepts of literacy and literacy in the process of learning necessary skills to acts of teaching reading and writing, as it is one of the main goals of educational institutions, besides being as one of its biggest challenges, however, since many decades, discussions on the formation of subjects who are capable of dealing competently with social situations that involve reading and writing permeate spaces of initial and continuing education of professionals working in education. But most of the time the discussions held on the subject in Brazil had its focus on the most effective method to be used in literacy period.

Note that there are numerous attempts to conceptualize, describe or explain literacy and literacy. All demonstrate a political, social or teaching position. However, to accomplish a theoretical deepening we realized that literacy and literacy are complex and multifaceted phenomena. Most of the time the teachers lack the conceptual clarity on the topics literacy and literacy, being influenced by "fads" which consequently reflected in the daily practice of these professionals. It was observed that over the years literacy has been the subject of numerous theoretical and methodological controversies, requiring that schools and teachers are positioned in relation thereto. These changes in teaching practices can occur both in the definitions of the contents to be developed as the nature of the pedagogical work organization. However, this work has based breaks traditional barriers that considers literacy as a prerequisite for reading and writing area, there should be a dichotomy between literacy and literacy in unified terms. Since many confused as the same idea. Are processes that go together, but with distinct parts, but that should be taught coupled in schools, that is, it is important that educators not only alfabetize or 'letre' the student, and yes alfabetize letrando 'so that can guide the same, the act of reading and writing in the context of social practices.

 

KEYWORDS: Literacy; literacy; Reading; Writing.

 

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

O presente trabalho abordará a ideia de que a alfabetização deve acontecer em um ambiente letrado e que o nível de letramento é determinado pela variedade de gêneros de textos escritos que a criança ou adulto reconhece. O educando que vive em um ambiente em que se leem livros, jornais, revistas, bulas de remédios, receitas culinárias e outros tipos de literatura, apresenta nível de letramento superior ao de uma outra cujos pais não são alfabetizados, como também de outras pessoas de seu convívio que não lhe favoreçam contato com a leitura.

O profissional de língua portuguesa, ao ter uma base teórica sólida e experiência prática em texto, ressalta a importância da leitura para a formação de um grupo social ou de um indivíduo, o que é resultado da apropriação da leitura. Como bem argumenta Freire (1989), a leitura do mundo precede a leitura da palavra, o que implica que a compreensão textual não pode dispensar a continuidade dessa leitura. Para que se alcance uma compreensão crítica do texto, é necessário perceber as relações entre o texto e seu contexto.

Como citado, a leitura é um instrumento imprescindível na construção do saber, não somente para a construção de um texto, mas também para construção do indivíduo, para a promoção de sua ampliação de visão de uma maneira que saiba equilibrar os saberes populares e acadêmicosEm outros pesquisadores que arriscam procurar as razões da impotência de iniciativas voltadas à alfabetização e à leitura, Zilberman, (1995: 126-127) diz:

 

As causas do fracasso talvez não estejam nos próprios projetos, e sim em circunstâncias bem mais amplas, incontornáveis por quem propõe/ aquelas iniciativas: um modelo econômico que se apoia na concentração de renda, extremando a polarização da estrutura de classes da sociedade brasileira e deixando grande parte da população sem condições de sobreviver, nem de comprar livros.”.

 

Assim, a falta de leitura é uma das razões que levam um educando a não adquirir uma produção escrita bem sucedida. A educação brasileira preocupa-se e objetiva a alfabetização, o que acarreta ao aluno apenas se tornar um decodificador de símbolos gráficos, não o permitindo às entrelinhas do texto e fazer uma leitura mais aprofundada. Conforme relata Yunes, 1990. p.8.):

 

A crise da leitura não se origina unicamente nos problemas relacionados com os métodos educativos, produção de livros infantis e circulação, e sim é fruto de uma crise geral de uma sociedade discriminatória que não fornece igualdade de oportunidade e acesso à cultura e da situação de dependência em que se encontram os países latino-americanos.

 

Logo, esta crise não é mais que um dos efeitos de um problema social de aspecto mais amplo. Isto se torna um problema não apenas na escola, mas afeta todas as outras áreas da vida do indivíduo que em decorrência de não ser “letrado”, aceitará sofrer por falta de senso crítico, impedindo-o de viver sua cidadania de maneira plena.

Sendo assim, um indivíduo que escrever com maior facilidade e ao ler consegue ter uma facilidade de entendimento e compreensão, tenha tido um maior contato com o hábito de ler e sempre orientado a posicionar-se com a maneira compreendida da leitura. Ou até mesmo, imposto a desenvolver uma escrita a partir de tal leitura, facilitando assim suas competências para filtrar e desenvolver conhecimentos a cerca daquilo que se ler e entender.

Portanto, diante deste trabalho bibliográfico fara-se as abordagens que compreenderão as mais diversas formas de assumir um posicionamento diante das concepções que se envolve sobre a alfabetização e letramento, para de fato subsidiar a escrita e a leitura por partes dos indivíduos, e propriamente dizendo, os educandos.

 

 

2 A DIFERENÇA ENTRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

 

O que é a alfabetização? O que é letramento? Um questionamento de cada função na escrita dentro de uma sociedade? Estas e outras questões serão abordadas a seguir.



 

2.1 O QUE É ALFABETIZAÇÃO?

 

O processo de alfabetização deve se envolver em um contexto, onde é preciso o contato necessário com a escrita, onde o desenvolvimento para a assimilação da leitura irá ampliar as habilidades para que se envolvam a escrita e o caminhar da relação com a leitura.

Segundo o dicionário Aurélio (2010, p.32), alfabetização - substantivo feminino - é o ato ou efeito, modo ou processo de alfabetizar. Entendendo que a alfabetização e letramento devem ter tratamento metodológico diferentes e com isso alcançar o sucesso no ensino aprendizagem da língua escrita, falada e contextualizada nas nossas escolas. Conforme Soares (2004, p.90):


Alfabetização e letramento são conceitos frequentemente confundidos ou sobrepostos, é importante distingui-los, ao mesmo tempo em que é importante também aproximá-los: a distinção é necessária porque a introdução, no campo da educação, do conceito de letramento tem ameaçado perigosamente a especificidade do processo de alfabetização; por outro lado, a aproximação é necessária porque não só o processo de alfabetização, embora distinto e específico, altera-se e reconfigura-se no quadro do conceito de letramento, como também este é dependente daquele.



 

Visto que a alfabetização não pode ser encarada apenas como o processo de ler um livro. Mas também, pode-se envolver com a própria leitura, conhecendo os seus personagens, suas características, ou até mesmo, como tais personagens sentem. É poder viver como se estivesse lá.


2.2 SOBRE LETRAMENTO

 

Quando se fala em letramento, pensa-se logo como uma peculiaridade que as ciências linguísticas assumem. Não é para tanto, já que um dos primeiros surgimentos está no livro de Mary Kato de 2009 (No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística): a autora acredita que a língua falada culta “é consequência do letramento”. Conforme Castanheira, Maciel e Martins (2009, p. 16):


Acreditar que é possível alfabetizar letrando é um aspecto a ser refletido, pois não basta compreender a alfabetização apenas como a

aquisição de uma tecnologia. O ato de ensinar a ler e escrever, mais do que possibilitar o simples domínio de uma tecnologia, cria condições para a inserção do sujeito em práticas sociais de consumo e produção de conhecimento e em diferentes instâncias sociais e políticas.

 

Compreender que a leitura reflete e altera positivamente os aspectos sociais de um indivíduo, não há dúvida. Mas, ir além desses mecanismos e possibilitar a aquisição do conhecimento é imprescindível para o seu estado emocional.  Para Soares (2009, p. 18):


É esse, pois, o sentido que tem letramento, palavra que criamos traduzindo "ao pé́ da letra" o inglês literacy: letra-, do latim l ittera, e o sufixo -mento, que denota o resultado de uma ação (como, por exemplo, em ferimento, resultado da ação de ferir). Letramento é, pois, o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita.

 

 

O letramento envolve aspectos tanto em comum, como também distintos, pois o simples fato de ler, requer que o indivíduo consiga codificar as silabas e formar as palavras. Como também, escrever trata-se de conjuntos de habilidades e comportamentos que se estende a partir de textos adequando a leitura do que se escreveu.

 


2.2 ALFABETIZAR EM MEIO AVALIAR



 

O mundo dinâmico em que vivemos, com bastante influência do meio tecnológico, pede a todo momento respostas urgentes para questões globais e clama por transformações nas diversas esferas, principalmente na alfabetização de indivíduos/alunos.

 Logo as práticas diárias de oralidade, percorridas desde a infância, e posterior o contato com o ambiente de sala de aula, presenciam de múltiplas ações para serem descomprometidas com a realidade vivida de cada aluno e identificar as principais permanências de aprendizados cognitivos que os mesmo já trazem atribuídos no seu conhecimento de mundo, que há muito tempo atrás, onde o homem era apenas um receptor do conhecimento dito e aproveitar-se do “pronto e acabado” de cada indivíduo que caminha para a concretização do que chamamos de alfabetização e letramento.

Até os dias modernos, a avaliação em meio a alfabetização e letramento, vem atuando como uma problemática no seu desenvolvimento muito agravante por parte de professores desde o início da sua aplicação no processo ensino-aprendizagem, considerada condicionadora dos fluxos de entradas e saídas dos alunos do sistema escolar. Pois Luckesi (2003, p.17), afirma que:


A característica que de imediato se evidencia na nossa prática educativa é de que a avaliação da aprendizagem ganhou um espaço tão amplo nos processos de ensino que nossa prática educativa escolar passou a ser direcionada por uma “pedagogia do exame” [...].

 

Porém, a avaliação não deveria ser trabalhada desta forma, pois, a alfabetização deve envolver todos os mecanismos necessários para que os alunos consigam construir seu próprio avanço e a finalidade principal é que ser possa de fato alfabetizar sem prover meios negativos para a aprendizagem, já que a mesma é um processo normal nos sistemas educativos, assim, deveria ser instrumento de verificação do rendimento escolar principalmente no ensino da língua portuguesa.

Ao se pensar no processo avaliativo utilizados em sala de aula, deve-se fazer um regresso histórico e relembrar como o homem vivia em meados do século XX e fazer um comparativo com o seu comportamento nesse início do século XXI. Em pouco tempo houve grandes transformações, misturas culturais, expansão tecnológica e avanços científicos que contribuíram para o processo de formação dos educandos. As Escolas recebem alunados diversificados. Onde todos têm direito a educação, inúmeros prédios escolares surgiram em todo País. Um número elevado de alunos e muitos professores.

Mas a educação ainda está em processo de construção e de qualificação. E um dos principais fatores que mais tem contribuído para essa deficiência é a falta de capacitação dos educadores principalmente na área de língua portuguesa, que faz com que desconheçam os verdadeiros sentidos de cada parte específica da educação, como é o caso da avaliação educacional diante do procedimento de alfabetizar, que objetiva auxiliar o educador desde o primeiro momento na escola, e principalmente em todos os dias na sala de aula com seus alunos, assim, Hoffmann (2008, p. 79) diz que, “o processo avaliativo acompanha o caráter dinâmico e espiralado da construção do conhecimento, assumindo diferentes dimensões e significado a cada etapa dessa construção. [...]”.

Cabendo ao educador através da avaliação conhecer e investigar todas as dimensões e significados que possam surgir na educação para poder diagnosticar as facilidades e as dificuldades de seus discentes. Ao se tornar uma problemática bastante discutida, isso porque é utilizada como instrumento classificatório nas escolas, a avaliação vem desviando-se do seu verdadeiro sentido. Bem como afirma Vasconcellos (2005, p.32):


Todos nós sabemos a dificuldade que a avaliação escolar apresenta e as consequências drásticas que pode trazer para a educação: de um modo geral, podemos dizer que praticamente houve uma inversão na sua lógica, ou seja, a avaliação que deveria ser um acompanhamento do processo educacional acabou tornando-se o objetivo deste processo, na prática dos alunos e da escola; é o famoso estudar para passar.

 

Nessa vertente deve-se perceber que a avaliação é um momento privilegiado do processo ensino-aprendizagem. Ela deve estar presente em todas as etapas do aprendizado, de forma que alunos e professores percebam em que grau estão envolvidos no processo de ensino e aprendizagem e como acompanham a sua dinâmica. Assim, como é um momento de fundamental importância para que o aluno compreenda como está se desenvolvendo em seu processo de aprendizagem, também é para que o professor possa compreender como está desenvolvendo seu processo de ensino.

Para que a avaliação seja compreendida na sua totalidade, há que se considerar que a mesma faz parte do processo de construção de conhecimento. Concebendo sua ação educativa como processo que garanta continuidade, orientação e organização do conhecimento construído. Para que as escolas sejam inclusas, elas terão que mudar num todo, o professor terá que deixar de olhar apenas para o cognitivo e fazer com que a avaliação torne-se diagnóstica, dinâmica, contínua e integrada ao aluno.

 

2.2.1 O conceito de leitura

 

Podemos dizer que a leitura tem como base o processo de alfabetização e na formação da cidadania. Ao se deparar com uma história, o indivíduo amplia todo um potencial crítico, assumindo reflexões sobre o texto lido. Segundo o dicionário latino-português (Saraiva, 1993) Etimologicamente, ler deriva do latim "lego/legere", que significa recolher, apanhar, escolher, captar com os olhos.

Nesta reflexão, mais do que que aprender a ler, que é na realidade um marco importante na vida de cada um, é de extrema importância fundamental para qualquer cidadão, já que a leitura faz partes de todos os momentos na vida das pessoas. Quando uma pessoa aprende a ler, ela simplesmente abre inúmeras possibilidades de conhecimentos, dos mais variados gêneros literários, podendo conseguir múltiplos raciocínios acerca do que se ler.

Deve-se entender também que o ato de ler, não é apenas um processo continuo sem obstáculos. Ao contrário. É uma situação que pode envolver formas bem complexas e de difíceis acessos para o entendimento dos leitores.

A leitura é fundamental para o ser humano, pois, é através dela que se pode enriquecer o vocabulário, obter conhecimento, dinamizar o raciocínio e a interação. Muitas pessoas dizem não ter paciência em ler um livro, no entanto isso acontece por muitas vezes não terem tidos incentivos para a prática e gostar assíduos da leitura, pois, se a leitura fosse parte do gostar satisfatório das pessoas saberiam apreciar uma boa obra literária, por exemplo. A literatura de modo geral, amplia e diversifica nossas visões e interpretações sobre o mundo e da vida como um todo.

O correto seria que o indivíduo tivesse e fosse estimulado desde pequeno com o hábito da leitura, o que faria a leitura se tornar algo importante e prazeroso e quando grande assumiria um papel de adulto culto e com formas dinâmicas de entender um texto.  Assim com demonstra a autora Tim (2015, p.1.):

 

Pesquisas do mundo todo mostram que a criança que lê e tem contato com a literatura desde cedo, principalmente se for com o a companhamento dos pais, é beneficiada em diversos sentidos: ela aprende melhor, pronuncia melhor as palavras e se comunica melhor de forma geral. "Por meio da leitura, a criança desenvolve a criatividade, a imaginação e adquire cultura, conhecimentos e valores".

 

 

De tal modo, na formação de cada cidadão bem como de um povo, a leitura contribui para a familiaridade com o mundo da escrita. Com a facilidade da escrita fica fácil alcançar o sucesso significativo da alfabetização, contribuindo com todas as disciplinas que os alunos contemplam na educação escolar. Além do mais, a leitura faz com que os alunos consiga assimilar as palavras. Então quem é acostumado a ler desde a infância, se torna mais preparado para a vida escolar, limitando as dificuldades de compreender assuntos e até mesmo para uma vida profissional ativa.

 

2.2.2 Com relação à escrita

 

Um fator que muito pode contribuir para o aprendizado da escrita das crianças é o incentivo dos pais. Já que escrever é um conjunto de habilidades necessárias para poder adquirir o hábito da leitura. Quem ler mais, escreve mais. O simples fato de um indivíduo começar e aderir a construção de textos, mostra que a leitura tem feito parte de sua vida.

Qualquer pessoa pode até ser capaz de escrever algum texto, mas dificilmente será capaz de escrever uma argumentação defendendo um ponto de vista do que se leu. Escrever um ensaio sobre determinado assunto também requer um conjunto de habilidades que compõem um longo e complexo continuo.

No entanto ensinar a escrever é uma tarefa de uma escola disposta a olhar para frente e não para a repetição do passado que nos trouxe a escola que temos hoje. Trabalhar com o texto implica trabalhar com a incerteza e com o erro e não com a resposta certa, porque escrever é produzir e não reproduzir velhas certezas, pois, as certezas nos deixam no mesmo lugar, já o erro que nos leva na direção do novo.

Finalmente, é necessário que o professor seja professor e examine esses textos para orientar. Orientar a reescrita não é apenas adequar o conteúdo mas principalmente, levar o autor do texto a repensar a ligação dos dados com que está lidando a perceber as informações de que dispõe e a se perguntar para que vai servir o que está escrevendo.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p. 54) dispõem que formar um leitor competente supõe formar alguém que compreenda o que lê; que possa aprender a ler também o que não está escrito, identificando elementos implícitos; que estabeleça relações entre o texto que lê e outros já lidos; que saiba que vários sentidos podem ser atribuídos a um texto; que consiga justificar e validar a sua leitura a partir da localização de elementos discursivos.

 

3 LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO: ONDE ESTÁ A DIFERENÇA?

 

Em termos gerais entende-se por a lfabetização o processo de ensino das letras que constituem no alfabeto silábico e as diversas formas de utilizá-las. Isto é, como por meio das letras do alfabeto, formando sílabas, construindo frases e criando textos, poderá se comunicar com a sua cultura em geral, sendo este o processo fundamental para a comunicação. Afirma-se ainda que é através da alfabetização que determinada comunidade consiga ser capaz de compreender a gramática e as possíveis mudanças que possam acontecer.

Desta forma, entender que o letramento, trata-se de um processo em que o indivíduo é visto em atividade desenvolvendo suas habilidades de escrita e leitura com perfeição ou ao menos com bastante facilidade. Um indivíduo letrado é capaz de conseguir assimilar vários conteúdos distintos, tais como: sobre determinado assunto em destaques nos jornais, como a características que envolvam o lugar onde ele mora.

Associar diversos assuntos relacionados a política e as tecnologias e entre outros que possam ser de anseio seu ou não. Letramento portanto é o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita, ou seja, o indivíduo que após algum tempo de aquisição da escrita e da leitura (alfabetização) obteve maior experiência para desenvolver as práticas de uso das letras.  Como argumenta-se Lima (2007, p.1):


Nem todo aluno é estudante. O salto para ser estudante implica numa mudança de atitude de saber mais-e-mais, de questionar, problematizar as informações, esforçar-se para aprofundar os conhecimentos. O aluno-estudante aprender a selecionar o que deve ler, o que efetivamente pode contribuir para sua formação intelectual e melhorar sua compreensão sobre a complexidade do mundo atual. É preciso que o aluno supere a condição de passividade, de apenas ler os textos que o professor mandou.

 

No entanto, existem muitos indivíduos que mesmo sem terem tido a aquisição da leitura e escrita conseguiram desenvolver as práticas das mesmas por meio do contato direto diariamente, em que proporcionou uma compreensão e aquisição das práticas da leitura e da escrita. Mas, para o aproveitamento dessa ideia, Carvalho (2008, p. 46) afirma que:


Para a professora, seja qual for o método escolhido, o conhecimento das suas bases teóricas é condição essencial, importantíssima, mas não suficiente. A boa aplicação técnica de um método exige prática, tempo e atenção para observar as reações das crianças, registrar os resultados, ver o que acontece no dia-a-dia e procurar soluções para os problemas dos alunos que não acompanham.

 

De modo geral, um certo indivíduo que é alfabetizado não é essencialmente um indivíduo letrado; pois, alfabetizado é quem sabe ler e escrever; já o indivíduo letrado, vive em estado de letramento, não é só aquele que sabe ler e escrever, mas que utiliza a leitura e a escrita, prática a leitura e a escrita, contrapondo adequadamente as demandas sociais em relação a essas práticas.

 

3.2 O PAPEL DO EDUCADOR NO LETRAMENTO COMO “PROFESSOR-LETRADOR”


As pesquisas e práticas pedagógicas despontam que não basta apenas ensinar para os alunos as características e o funcionamento da escrita, pois, isso não será suficiente para que o aluno saiba utilizar a linguagem em diferentes situações comunicativas. Outra é que não basta colocar os alunos como protagonistas das variadas situações de uso da linguagem, pois o conhecimento e compreensão do funcionamento da escrita não decorrem naturalmente desse processo.

A língua deve entrar na escola através de práticas sociais de leitura ou escrita, pois a perspectiva é formar alunos que saibam produzir e interpretar textos de uso social –orais e escritos- e que tenham trânsito livre nas várias situações comunicativas que permitem plena participação no mundo letrado.


Para Val (2006, p. 19):


pode-se definir alfabetização como o processo específico e indispensável de apropriação do sistema de escrita, a conquista dos princípios alfabético e ortográfico que possibilitem ao aluno ler e escrever com autonomia. Noutras palavras, alfabetização diz respeito à compreensão e ao domínio do chamado “código” escrito, que se organiza em torno de relações entre a pauta sonora da fala e as letras (e ouras convenções) usadas para representá-la, a pauta, na escrita.


          Sendo assim, para que se formem usuários da língua, é preciso planejar situações didáticas em que a leitura e a escrita façam parte da vida de cada aluno e que eles possam se colocar na posição de leitor e escritor para praticar, para adquirir o hábito, para sentir prazer naquilo que está fazendo, ou seja, para poder ser arrebatado pelo conhecimento.

Porém, esse tipo de capacidade só se desenvolve com o tempo e progressivamente, mas se a prática pedagógica não estiver orientada nesse sentido, pode não se desenvolver em momento algum. Instituir contexto de letramento desde a Educação Infantil até a Educação de Jovens e Adultos é uma tarefa das mais importantes quando o objetivo é formar leitores e escritores desde o início do processo de alfabetização, e essa tarefa cabe ao educador identificado como “professor-letrador”. Cagliari (1998, p. 15) afirma que:


Na antiguidade, os alunos alfabetizavam-se aprendendo a ler algo já escrito e depois copiado. Começavam com palavras e depois passavam para textos famosos, que eram estudados exaustivamente. Finalmente, passavam a escrever seus próprios textos.

 

O trabalho de leitura e cópia era o segredo da alfabetização, não é só um simples transmissor de conteúdos e técnicas que se assume então na escola. O papel de ser um orientador pela aprendizagem. Para que isto ocorra ele precisa aprofundar-se no conteúdo referente às questões de leitura e também, ter conhecimento dos educandos que lhes foram confiados; ter atitudes positivas e atentas frente aos alunos e sensibilidade pelos interesses e possibilidades de cada um.

É necessário que o professor atenda a partir de uma organização através do trabalho docente, a interação entre as crianças, os conhecimentos anteriores, de qualquer natureza, a individualidade, a heterogeneidade, o nível de desafios apresentados pelas atividades e as conquistas possíveis.

O professor é mais que mediador entre seus alunos e os elementos que favorecem o conhecimento, propicia espaços e situações de ensino/aprendizagem, em que são articulados os recursos afetuosos, emocionais e cognitivos de cada criança aos conhecimentos prévios em cada área. É através do professor que compete a empreitada de singularizar as conjunturas de aprendizagem, ponderando todas as suas competências e potencialidades e planejar as condições de aprendizado, com base em necessidades e ritmos individuais e características próprias.

O pensamento e a linguagem dos alunos necessitam ser levadas em conta pelos educadores, bem como seus conhecimentos prévios e interesse naquele assunto, organizando situações de aprendizagem, nas quais novas experiências possam ser vivenciadas, acomodadas e já existentes. Essas experiências promoverão o crescimento e o equilíbrio necessário para que aconteça a aprendizagem. Deve proporcionar situações de conflito, que causem desequilíbrio nas estruturas cognitivas do aluno que precisa buscar sua reequilibração com a leitura.

 

 

3.3 A IMPORTÂNCIA DO LETRAMENTO NO ENSINO EXTRA-ESCOLAR

 

As demandas por práticas de leitura tornaram-se cada vez mais centralizadas no meio social, mas também na nova cultura da tela com os meios eletrônicos, cada vez mais presentes no meio social, fortalecedor de práticas à leitura. Mas isso será insuficiente para ser apenas alfabetizado. Sem a escrita e a leitura, o homem deixa de se comunicar adequadamente com seus semelhantes e se torna um ser alienado em relação ao mundo. A leitura de modo geral amplia e diversifica nossas visões e interpretações sobre o mundo e da vida como um todo.

A ausência da leitura na vida de qualquer indivíduo bloqueia a possibilidade e acaba de certa forma, excluindo dos acontecimentos e a imaginação proposta pelo autor, assim, é preciso estar atentos a esta questão, seja em qualquer tipo de textos, livros ou até mesmos em artigos curtos. Enfim, são inúmeras as possibilidades de mergulhar no mundo da fantasia e da realidade encontradas no mundo das palavras.

Portanto, é importante que não necessariamente se decodifique símbolos, é preciso envolver a funcionalidade da língua escrita que o cidadão torna-se mais atuante, participativo e autônomo, de forma significativa na sociedade na qual está inserido.

Ao permitir que as pessoas cultivem além dos hábitos de leitura e escrita e respondam aos apelos da cultura “grafocêntrica”, podendo se inserir criticamente na sociedade. A aprendizagem da língua escrita deixa de ser uma questão estritamente pedagógica para se alçar a esfera política, evidentemente pelo que representa o investimento na formação humana e alfabetizada.                   Segundo a autora Ferreiro (2002 p. 92), estar alfabetizado nos dias de hoje é:

 

[...] poder transitar com eficiência e sem temor numa intrincada trama de práticas sociais ligadas à escrita. Ou seja, trata-se de produzir textos nos suportes que a cultura define como adequados para as diferentes práticas, interpretar textos de variados graus de dificuldade em virtude de propósitos igualmente variados, buscar e obter diversos tipos de dados em papel ou tela e também, não se pode esquecer, apreciar a beleza e a inteligência de um certo modo de composição, de um certo ordenamento peculiar das palavras que encerra a beleza da obra literária.

 

 

Uma pergunta interessante em fazer é por que será que tantas crianças e jovens deixam de aprender a ler e a escrever? Será que a certo ponto é tão difícil interagir nas práticas sociais e educativas para o ensino da leitura e escrita?

Bem como diante de uma criança com dificuldades de aprendizagem, isso não significa que essa criança não possa aprender, contudo que seu processo de aprendizagem se depara desequilibrado e que as aprendizagens são efetivadas de maneira distinta da esperada. Segundo a autora Fernandez (2001, p.33):

 

Fracasso escolar afeta o aprender do sujeito em suas manifestações sem chegar a aprisionar a inteligência: muitas vezes surge do choque entre o aprendente e a instituição educativa que funciona de forma segregadora. “Para entendê-lo e abordá-lo, devemos apelar para a situação promotora do bloqueio.



 

Desta forma, é preciso lidar com certa cautela e cuidado diante das formas diversas em expor sobre a informação da escrita, bem como seus diferentes usos, variadas linguagens, e os possíveis posicionamentos adotados para familiaridade esta temática, as alternativas de instrumentos, portadores de textos e de práticas de produção e interpretação. Significa muitas vezes percorrer uma longa trajetória, cuja duração não está prevista nos padrões inflexíveis da programação curricular. Conforme Sacristan (1998, p. 43):


A acepção do currículo como conjunto de experiências planejadas é insuficiente, pois os efeitos produzidos nos alunos por um tratamento pedagógico ou currículo planejado e suas consequências são tão reais e efetivos quando podem ser os efeitos provenientes das experiências vividas na realidade da escola sem tê-las planejado, às vezes nem sequer ser conscientes de sua existência. É o que se conhece como currículo oculto.


                  Outra, é preciso analisar a reação do aprendiz em procedimento da proposta pedagógica, muitas vezes pouco expressiva. Na dificuldade de esforçar-se com a lógica de aprender primeiro e em seguida saber para quê, muitos alunos semelham pouco convencidos a movimentar os seus esforços cognitivos em acrescentamento do aprender a ler e a escrever, procedendo nessa peculiar atitude de aversão ao artificialismo pedagógico em uma conjuntura de falta de harmonia entre alunos e professores. Por último, ao considerar os princípios do alfabetizar letrando (ou do Modelo Ideológico de letramento), deve-se admitir que o processo de aquisição da língua escrita esteja fortemente vinculado a uma nova condição cognitiva e cultural.

E Paradoxalmente, a assimilação desse s tatus (justamente aquilo que os educadores esperam de seus alunos como evidência de “desenvolvimento” ou de emancipação do sujeito) pode se configurar, na perspectiva do aprendiz, como motivos de resistência ao aprendizado: a negação de um mundo que não é o seu; o temor de perder suas raízes (sua história e referencial); o medo de abalar a primazia até então concedida à oralidade (sua mais típica forma de expressão), o receio de trair seus pares com o ingresso no mundo letrado e a insegurança na conquista da nova identidade (como “aluno bem-sucedido” ou como “sujeito alfabetizado” em uma cultura grafocêntrica altamente competitiva).

A análise do impacto e reforço dos estudos sobre letramento aqui adiantado, marca para a precisão de aproximar, no campo da educação, teoria e prática. Na alta moda entre concepções, implicações pedagógicas, reconfiguração de metas e quadros de referência, hipóteses explicativas e perspectivas de investigação, talvez seja possível encontrar subsídios e alternativas para a transformação da sociedade leitora no Brasil, uma realidade politicamente inaceitável e, pedagogicamente, aquém de nossos ideais.

 

3.4 AS DIMENSÕES DO SABER LER E ESCREVER

 

Na década de 50, alfabetizada era a pessoa que, segundo a Unesco (2005), fosse capaz de ler e escrever, mesmo que frases simples. No fim da década de 70 surgiu um novo conceito, o de alfabetismo funcional. Este termo é usado para aquele que é capaz de utilizar a leitura e escrita para suas demandas no cotidiano.

Desse modo, a alfabetização foi percebida muito tempo como a sistemática do processo de silabação, ou seja, apenas entre códigos de fonemas e grafemas. Em uma cultura caracterizada pelo grande número de analfabetos e pouca prática de leitura e escrita, essa sistematização que permitia o sujeito associar sons e letras era suficiente para diferenciar o alfabetizado do analfabeto.

Com o passar dos anos a complexidade de nossa sociedade e o analfabetismo foram crescendo e a sistematização do B+A=BA, já não era o suficiente para que o indivíduo fosse considerado alfabetizado.O final do século XX praticamente impôs ao indivíduo a exigência da língua escrita, até mesmo para condição de sobrevivência e a conquista da cidadania. Com relação a escrita, Cagliari (1998, p. 14) confirma que:


De acordo com os fatos comprovados historicamente, a escrita surgiu do sistema de contagem feito com marcas em cajados ou ossos, e usados provavelmente para contar o gado, numa época em que o homem já possuía rebanhos e domesticava os animais. Esses registros passaram a ser usados nas trocas e vendas, representando a quantidade de animais ou de produtos negociados. Para isso, além dos números, era preciso inventar os símbolos para os produtos e para os proprietários.

 

E foi neste contexto que surgiu o termo: letramento, haja vista que, já não basta apenas saber ler e escrever, é necessário investir em práticas qualificadoras desses conhecimentos tão básicos.

Assim, a alfabetização e o letramento não podem ser vistos como processos isolados, mas como interdependentes, que se complementam na formação de indivíduos críticos e aptos a navegar em um mundo cada vez mais complexo. O conceito de letramento amplia a compreensão do que significa ser alfabetizado, pois envolve a capacidade de usar a leitura e a escrita de forma eficaz em diferentes contextos sociais e culturais.

 

À medida que a sociedade evolui, as exigências relacionadas ao uso da língua escrita também se transformam. A leitura e a escrita devem ser compreendidas como ferramentas essenciais para a participação ativa na sociedade, possibilitando ao indivíduo expressar suas ideias, interpretar informações e interagir de forma consciente com o mundo ao seu redor. Nesse sentido, a escola desempenha um papel crucial, ao proporcionar não apenas o aprendizado das habilidades básicas de leitura e escrita, mas também o desenvolvimento de competências que permitam aos alunos aplicá-las de maneira significativa em suas vidas cotidianas.

Para isso, é fundamental que os educadores adotem metodologias que integrem a alfabetização e o letramento, estimulando práticas que promovam a reflexão crítica sobre os textos e a produção escrita em diversas situações. Isso inclui o incentivo à leitura de diferentes gêneros textuais, à discussão de conteúdos relevantes e à produção de textos que dialoguem com a realidade dos alunos. Somente assim será possível formar cidadãos mais conscientes e preparados para enfrentar os desafios do século XXI, contribuindo para uma sociedade mais inclusiva e democrática.

Portanto, ao considerar as dimensões do saber ler e escrever, é essencial que as instituições de ensino estejam atentas às transformações sociais e às novas demandas que surgem, garantindo que a educação oferecida vá além do mero aprendizado mecânico. A alfabetização e o letramento devem ser encarados como processos contínuos e dinâmicos, que requerem comprometimento e inovação por parte de todos os envolvidos na educação, a fim de efetivar o pleno potencial dos indivíduos e, consequentemente, da sociedade.

Neste contexto, cabe a reflexão de que a escola deve investir no processo de letramento, não apenas para formar indivíduos alfabetizados. Mas sim, alfabetização e letrados.

 

4 CONCLUSÃO

 

O presente trabalho destacou a relevância da compreensão dos conceitos de alfabetização e letramento no âmbito da Língua Portuguesa, enfatizando sua interdependência e a necessidade de abordagens pedagógicas integradas. Ao longo da pesquisa, ficou evidente que a alfabetização vai além do simples domínio das habilidades de leitura e escrita, sendo um processo que deve incluir o desenvolvimento da capacidade de utilizar esses conhecimentos de forma crítica e reflexiva nas diversas situações sociais.

A falta de clareza conceitual sobre esses temas, observada em muitos educadores, é um fator que impacta negativamente a prática pedagógica, refletindo em um ensino que muitas vezes se limita à mera decodificação de palavras. Portanto, é essencial que as instituições educacionais promovam uma formação continuada que não só esclareça os conceitos, mas também forneça estratégias práticas para a implementação de um ensino que contemple tanto a alfabetização quanto o letramento.

Além disso, as mudanças nas práticas educativas precisam considerar as especificidades e a diversidade dos contextos nos quais os alunos estão inseridos. Isso implica uma reorganização dos conteúdos e uma reavaliação da abordagem pedagógica, de modo a garantir que o processo de alfabetização seja sempre acompanhado de práticas de letramento. Dessa forma, os educadores devem atuar como mediadores que orientam os alunos na compreensão e na utilização da leitura e da escrita, não apenas como habilidades técnicas, mas como ferramentas essenciais para a participação ativa na sociedade.

Portanto, no que foi exposto e referenciado acerca dos processos de leitura e escrita, como base para um levantando do processo de alfabetização e letramento, é preciso que a sociedade não firme como uma sociedade grafocêntrica, não bastando ao indivíduo simplesmente ser alfabetizado, ou seja, aprender meramente a decodificar. É necessário que o mesmo seja também letrado para que possa desempenhar as aprendizados sociais de leitura e escrita nesta sociedade. Percebemos que tudo que já foi feito ainda é pouco e que muita teoria e discussão não foram suficientes para mudar as estatísticas.

Para que se possa propiciar a edificação de conhecimentos das crianças é preciso analisar, pensar, escolher novas situações problemas não só para desafiá-las, mas para inferir cada vez mais sobre seu processo de construção de conhecimento.

Podemos ainda dizer, que os atuais educandos necessitam de uma postura diferenciada para o processo de alfabetização e letramento, pois, como foi demonstrado neste trabalho, o letramento precisa ser o foco principal no ensino de alfabetização dos alunos.

As vivências na sociedade contemporânea destacam os que de fato são letrados, e não somente os alfabetizados. Haja vista, que o próprio mercado de trabalho anseia por profissionais não só com dedicação, esforço e compromisso, mas também com um padrão de conhecimento elevado, e esse conhecimento elevado, perpassa por indivíduos que não foram somente alfabetizados, mas que foram educandos altamente letrados e que conseguem contribuir com seus conhecimentos sobre os mais diversos assuntos e situações cotidianas.

Assim, os desafios que se colocar para os anos iniciais da educação fundamental é o de conciliar esses dois processos (alfabetização e letramento), garantindo aos alunos a assimilação do sistema alfabético-ortográfico e categorias possibilitadoras do maneira da língua nas práticas sociais de leitura e escrita. Não se discute de indicar entre alfabetizar ou letrar; trata-se de alfabetizar letrando.

Portanto, alfabetizar é parte do processo de ensino escolar e não se pode despreza, mas o letramento deve ser primordial já que é preciso que sempre se tenha indivíduos/educandos em meio a sociedade dispostos a contribuir de forma correta e culta nas mais diversas áreas do conhecimento.

 

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