Abaixo os olhos de urubu

Por Divina Bertalia | 22/07/2012 | Sociedade

Abaixo os olhos de urubu !

                                            

 

Há pouco tempo, recebi um e-mail que demonstra de forma inequívoca o quanto,  na maioria das vezes, somos absolutamente incapazes de ver as  boas coisas da vida, identificando as suas mazelas com a maior facilidade e rapidez. Um pequeno proprietário rural, decepcionado com o seu  sítio, resolveu colocá-lo à venda. Como a mera placa de “vende-se” não atraiu nenhum interessado, pediu a um  letrado amigo que redigisse um anúncio para jornal.  Recebeu , logo depois, o texto enviado por seu vizinho, ninguém menos que Olavo Bilac.  Nele, a sensibilidade do grande poeta brasileiro enaltecia a tranqüilidade do lugar, valorizava o barulho das águas da pequena cachoeira, o amanhecer com o canto dos pássaros, o sol que batia na janela da casa, a beleza das encantadoras noites,  a riqueza do ar puro,  a gostosura da rede na varanda, enfim, evidenciava aspectos que não eram mais apreciados por aquele que com eles convivia diariamente. Tempos depois, Olavo Bilac foi informado que o sítio não  estava mais à venda, tamanha a alegria do seu amigo por descobrir que era o felizardo dono de tudo aquilo. A nossa visão do mundo, das pessoas e da nossa própria vida pode, efetivamente, assumir uma grande semelhança com o olhar dos urubus.  Lá do alto, eles só enxergam o que lhes interessa: os animais agonizantes ou já mortos, ou seja, a carniça.  São experts  em mirar o seu daquele que, no seu dia-a-dia, abandona o olhar de urubu e consegue vislumbrar e valorizar as preciosidades interesse única e exclusivamente nessa direção, passando desapercebidas todas as outras fontes de alimentação que a natureza oferece. É  o grande lixeiro da humanidade, exalando,  por conseguinte, um fétido odor.  Já um operário da mineração tem o olhar treinado para garimpar as pedras preciosas de uma mina, relegando a segundo plano tudo o que encontrar pela frente: terra, lama, pedregulhos.  Feliz do seu trabalho, da sua família, da sua cidade, da sua igreja, dos seus amigos... É fato que ambos os componentes fazem parte do nosso viver, mas fixar a atenção só no negativo não nos leva a lugar nenhum, além de transformar-nos em pessoas azedas, chatas, infelizes...  De tanto buscar o feio das coisas e das pessoas, acabamos incorporando-o.   Se há algo que se pode mudar para melhor, é impositivo a toda pessoa de bem que, pelo menos, o tente. É inegável também que valorizar o presente e  ver o lado bonito das pessoas e dos acontecimentos pode ser um trampolim para  novas conquistas.  Reconhecer a presença de Deus em tudo que se tem e é,  rendendo-Lhe graças diariamente,   é a garantia de uma harmoniosa existência, a própria felicidade.  Incluamos, ,pois, mais esse propósito e compromisso para as nossas vidas: abaixo os olhos de urubu !